Represa da Tudelândia - drm-rj

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Ponto de Interesse Geológico: Represa da Tudelândia
Mapa Topográfico da região de Santa Maria Madalena
A PEDRA DA BARRA
‘
A represa da Fazenda Tudelândia foi construida para aproveitar a energia do
ribeirão do Santíssimo, que nasce a cerca de dois quilômetros da área urbana de
Santa Maria Madalena, na direção do trevo para Trajano de Morais. Este ribeirão
vai desaguar no rio Grande, que se encontra a cerca de 10 quilômetros a norte
deste local.
Aqui o ribeirão do Santíssimo recebe um afluente, o ribeirão Vermelho, que você
pode observar passando abaixo da ponte. O ribeirão Vermelho tem suas
cabeceiras nas serras do Parque Estadual do Desengano (veja mapa).
As Rochas da Tudelândia
No sopé da Pedra da Barra, você pode verificar que existem blocos de rocha espalhados
pelas encostas sendo que sua maior concentração ocorre no vale do ribeirão Vermelho
(figura 3). Estes enormes blocos de rocha (ou matacões) chegam a pesar mais de vinte
toneladas. Alguns destes blocos, de menor tamanho, podem ser vistos na laje da represa.
Mas como se formam estes gigantescos blocos ?
Mesmo com toda a força das águas em épocas de cheia, não é possível que a força do rio
venha a mover dezenas de toneladas de rocha. Portanto, os matacões não se originam da
erosão e transporte dos rios. A resposta está na própria observação da paisagem (figura
3). Os matacões se originam do desplacamento de rocha da escarpa da Pedra da Barra.
Por isso eles se concentram nas proximidades do paredão. Os blocos caem em meio aos
detritos que escorrem do topo rochoso durante a chuva (argilas, areias), e se acumulam
no sopé do maciço rochoso. Estes depósitos são chamados de depósitos de encosta ou
leques aluviais (alluvial fans, em inglês) ou, simplesmente, tálus. Os depósitos de encosta
são, portanto, uma mistura de areias e argilas que contem matacões de rocha. Estes
sedimentos se concentram próximo ao paredão rochoso mas, com o acúmulo de
sedimentos ao longo do tempo geológico, acabam se estendendo para a planície dos rios.
E como se formam os campos de matacões como aquele que se vê no vale do ribeirão
Vermelho ?
Compare o desenho da figura 3 com o que se pode ver na paisagem. Observe que os
matacões se concentram somente no leito do rio e adjacências. Nas encostas eles são
encontrados em menor número, aflorando em meio ao solo argiloso ou arenoso. Observe
também que os depósitos de encosta atingem maior altitude longe do leito do rio. Há uma
depressão onde corre a água. Estas feições indicam que, onde corre o ribeirão Vermelho,
os depósitos de encosta foram parcialmente erodidos: o material argiloso e arenoso que
recobria os matacões foi removido, restando apenas a parte rochosa dos blocos e a rocha
nua onde eles foram depositados. Portanto, a erosão do rio expôs os blocos que estavam
imersos em meio às argilas do depósito de encosta.
Pedra da Barra
Figura 3
Escarpa Rochosa
Campo de Matacões
Talus, fan Leque Aluvial Blocos + solo Argiloso
Visite os demais Pontos de Interesse Geológico de Santa Maria Madalena a Cidade da Geologia do Estado do Rio de Janeiro. Localização no mapa acima.
Esta rocha tem a composição química e mineral equivalente a de um granito (*).
Mas o alinhamento dos pórfiros de feldspatos, e outros sinais que só podem ser
analisados ao microscópio, indicam que o granito, após a sua consolidação,
sofreu transformações minerais e texturais. Estas propriedades classificam a
rocha também como um gnaisse (**).
(*) Um granito é uma rocha ígnea, produto da consolidação do magma (líquido de
rocha fundida semelhante à lava de um vulção) em profundidades que podem a
chegar a dezenas de quilômetros. No interior da crosta terrestre, o resfriamento
do magma é lento (alguns milhões de anos), o que proporciona um crescimento
exagerado dos cristais (ou minerais) que se consolidam a partir do magma em
fusão.
(**) O gnaisse é uma rocha metamórfica, o que significa dizer que é o produto de
uma transformação geológica, em profundidade, de uma rocha anterior. Neste
caso, a rocha que o precedeu era da família dos granitos. Durante a consolidação
do granito, a crosta estava sofrendo tremendas pressões internas, causadas por
choques de placas tectônicas (***). Estas pressões fizeram com que o líquido em
consolidação se "amoldasse" nos espaços que sobravam entre as massas
rochosas que colidiam. Esta moldagem é refletida no produto final do gnaisse
através da orientação dos minerais em planos preferenciais na rocha.
Figura 4
“A Terra levou alguns bilhões de anos para construir
As rochas, os minerais, as montanhas e os oceanos.
Proteja esta obra-prima!”
(***) O movimento interno da Terra é conhecido como Tectônica de Placas.
PROJETO
O Charnockito
A maioria dos matacões que se pode verificar neste local, algumas lajes e,
possivelmente, a Pedra da Barra, são constituídos por outro tipo de rocha: o
Charnockito (figura 4). Esta rocha possui coloração esverdeada e os minerais
que a constituem têm, aproximadamente, o mesmo tamanho. Com o auxílio de
uma lupa de mão, pode-se ver minerais acastanhados e de formato prismático
(piroxênio), envoltos por outros minerais de cor preta (anfibólio). A parte
esverdeada da rocha é constituída por quartzo e feldspato (minerais comuns na
Terra).
Esta rocha tem uma origem semelhante àquela do granito. Difere deste último
apenas nas condições em que o magma se formou. No caso do charnockito,
acredita-se que a atuação de certos gases, como o gás carbônico, tenha gerado a
coloração esverdeada da rocha e permitido a formação do piroxênio, mineral que
não ocorre no granito.
SECRETARIA DE ESTADO DE ENERGIA,
DA INDÚSTRIA NAVAL E DO PETRÓLEO
CAMINHOS
GEOLÓGICOS
[email protected]
www.drm.rj.gov.br
TEKTOS
Grupo de Pesquisa em
Geotectônica - FGEL/UERJ
TurisRio
Prefeitura de Santa
Maria Madalena
ASILEIRA D
BR
OLOGIA
GE
Leque aluvial dissecado
Este mapa apresenta os rios, as localidades e a forma do relevo da região de Santa Maria Madalena. As curvas de nível
conferem, além do contorno do terreno, a altitude de cada ponto. A eqüidistância entre as curvas de nível é de 20 metros.
A escala do mapa é 1:50.000. Os pontos em vermelho representam sítios arqueológicos descobertos. Os triângulos em
azul indicam os outros pontos de interesse geológico com placas explicativas.
E
Só blocos
A laje exposta na base da represa é constituída pelo Biotita Granito-Gnaisse
Porfirítico. Se a rocha for observada com detalhe, pode-se perceber um grande
número de minerais (cristais) tabulares, todos alinhados segundo uma
determinada direção. Estes cristais são pórfiros de feldspato, um mineral comum
na crosta terrestre. A abundância destes cristais dá origem ao termo "porfirítico"
no nome da rocha. A parte mais escura da rocha, que se encontra entre os
pórfiros, tem uma granulação menor, não sendo possível observar os cristais,
mas com o auxílio de uma lupa, pode-se distinguir alguns minerais como a biotita,
o quartzo e pequenos feldspatos.
E
Os campos de matacões e
os depósitos de encosta
O Biotita Granito-Gnaisse Porfirítico
IEDAD
Antes de desaguar no córrego do Santíssimo, o ribeirão Vermelho corre no sopé de um
gigantesco paredão de rocha com mais de 400 metros de altura: a Pedra da Barra (figura
2). O ponto mais alto da Pedra da Barra se encontra a cerca de 1050 metros de altitude em
relação ao nível do mar. Este maciço rochoso faz parte da uma cadeia de montanhas que,
mais a nordeste, vem formar as serras que estão incluídas no Parque Estadual do
Desengano.
Elaboração: Prof. Miguel Tupinambá e Prof. José Renato
Nogueira(Grupo TEKTOS - Faculdade de Geologia - UERJ).
Coordenação: Kátia Mansur, Felipe Medeiros e Flavio Erthal
C
SO
Figura 2
As rochas que afloram em lajes e matacões neste local são as mesmas que
ocorrem em quase todas as grandes montanhas da região, como a serra do
Desengano e a Pedra Dubois. Portanto, se você conseguir identificar, nesta
represa, as rochas que estão descritas nesta placa, estará conhecendo a
constituição geológica desta bela região serrana.
FU
NDA A 1946
D
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