A independência dos Estados Unidos Até a metade do século XVIII

Propaganda
A independência dos Estados Unidos
Até a metade do século XVIII, a Inglaterra não
exercera um rígido controle sobre a América colonial,
dada sua insegura situação política e participação nas
guerras européias. O pacto colonial entre a metrópole
inglesa e a América do Norte era, na pratica, bastante
frágil. Nesse período, nem mesmo as leis inglesas
coloniais, como as de navegação, eram aplicadas. Isso
permitiu às colônias evoluírem com relativa autonomia,
ativando seu progresso econômico, especialmente como o
comércio e a produção de manufaturas das colônias do
centro-norte.
A situação só começou a se alterar quando as
colônias passaram a concorrer comercialmente com a
metrópole, e, em especial, a afetar seus novos anseios
econômicos: ao iniciar sua Revolução Industrial, a
Inglaterra necessitava de novos mercados, indispensáveis à
sua consolidação industrial. Além disso, as finanças
inglesas entraram em colapso com a Guerra dos Sete
Anos (1756-1763), pois, embora a Inglaterra tivesse
vencido a França e lhe tomado vasta áreas coloniais, como
o Canadá e a Índia, os custos da guerra e a necessidade de
ampliar a administração nas colônias levaram-na a uma
crise econômica.
Assim, gradativamente, tomaram-se medidas
restritivas à autonomia colonial, estabelecendo-se com
vigor o pacto colonial. O Parlamento inglês aprovou uma
série de impostos para as colônias, combatendo o seu
comercio e o contrabando. Essa política controladora
chocava-se com a difusão dos ideais iluministas de
liberdade, de autonomia, levando os colonos à revolta.
Em 1764, lançou-se o Sugas Act (Lei do Açúcar),
segundo o qual o açúcar que não sofreria uma alta taxação.
Essa lei afetava diretamente o comercio da Nova
Inglaterra, que, até então, adquiria das Antilhas nãoinglesas o melaço para a produção de rum, pagando-o com
produtos alimentícios. Com a venda do rum, os colonos
obtinham escravos na África, estabelecendo um comercio
triangular. Além de prejudicados, os infratores eram
considerados contrabandistas.
Em 1765, o governo inglês baixou o Stamp Act
(Lei de Selo), pelo qual todos os documentos, livros e
jornais publicados na colônia teriam de receber um selo da
metrópole, cujo valor era incorporado ao seu preço.
Sentindo-se diretamente afetados pela medida, os colonos
reuniram-se no Congresso da Lei do Selo, em Nova York,
e decidiram paralisar o comercio com a Inglaterra e não
pagar “nenhum imposto sem representação”, isto é, por
não terem representantes no Parlamento inglês sentiam-se
desobrigados a aceitar qualquer tributação da metrópole.
Na Inglaterra, alguns setores mostraram-se
contrariados, com o boicote comercial imposto pela
colônia e juntaram-se aos colonos criticando as taxações,
na chamada Questão dos Impostos. Nesse movimento,
destacou-se William Pitt, que num discurso no
Parlamento declarou: “Sou de opinião deque este reino não
tem direito de taxar colônias. Os americanos são filhos da
metrópole e não seus bastardos...”. Em 1766, a Lei do Selo
foi revogada.
Entretanto, a partir de 1767, o ministro Charles
Townshend voltou a intensificar a tributação colonial, com
impostos sobre vidro, papel, chá, etc. A reação colonial foi
imediata, culminando em manifestações de protesto, como
em Boston, principal porto colonial, onde as tropas
inglesas dispararam contra uma multidão de manifestantes,
no chamado Massacre de Boston.
O acirramento das animosidades levou a Inglaterra
a suspender os tributos impostos por Townshend, exceto o
que se referia ao comércio do chá, que a partir de1773,
com a elaboração do Tea Act(Lei do chá), passou a ser
monopólio da Companhia das Índias Orientais, com sede
em Londres. Objetiva-se o controle da venda do produto,
combatendo de chá holandês e excluindo os norteamericanos do comercio do chá britânico. Os colonos
reagiram ,organizando manifestações contra a metrópole.
Amais importante delas se deu no porto de Boston e foi
apelidada de Boston Tea Party.
The Boston Tea Party
Em Dezembro de 1773, cerca de vinte colonos
disfarçados de índios, portando plumas coloridas e
pintados nos rostos e braços, atacaram e ocuparam três
navios britânicos no porto de Boston, atirando ao mar o
carregamento de chá. Era um ultraje à autoridade de Sua
Majestade Jorge III, o que deixou os ingleses indignados.
Em resposta a esse incidente, o Parlamento inglês
determinou uma série de medidas coercitivas sobre a
colônia, chamadas pelos colonos de Leis Intoleráveis.
A resposta da Inglaterra às manifestações coloniais,
especialmente contra o incidente de Boston, foram as Leis
Intoleráveis ou Coercitivas (1774), que determinavam o
fechamento do porto de Boston, até que fossem pagos os
prejuízos aos navios britânicos; a ocupação militar de
Massachusetts (onde se localiza Boston), que perdeu parte
de sua autonomia política e administrativa; a realização do
julgamento de funcionários ingleses só em outra colônia
ou na Inglaterra. Determinou-se também que as terras do
centro-oeste ficariam sob o comando do governador inglês
de Quebec, medida que visava barrar a expansão territorial
dos colonos para noroeste, o que poderia prejudicar o
comércio de peles realizado entre os ingleses e os índios.
Além disso, essa medida conteria a população colonial na
faixa litorânea, o que facilitaria o controle político-fiscal.
Diante das leis Intoleráveis, os colonos realizaram,
em 1774, o Primeiro Congresso Continental de
Filadélfia, que decidiu pelo boicote total ao comércio com
a Inglaterra, caso essas leis não fossem revogadas. Em
1775, diante dos ataques ingleses às localidades de
Lexington e Concord, iniciava-se definitivamente a ruptura
entre a metrópole e a colônia, à qual só restava submeterse ou triunfar.
No Segundo Congresso Continental de Filadélfia
(1775) decidiu-se pelo rompimento com a Inglaterra.
Aceitavam-se as palavras de Thomas Jefferson, jornalista
autor do folheto Cammon Sense (Senso Comum), que
afirmava: “ Passou o tempo de falar. Neste instante as
armas têm a palavra...abaixo a Inglaterra”.
A 4 de julho de 1776, publicava-se a Declaração
de Independência , elaborada por Thomas Jefferson,
jovem jurista e profundo conhecedor de John Locke e dos
iluministas franceses, com a colaboração de Benjamin
Franklin, John Adams, Roger Sherman e Robert
Livingston. Declarada unilateralmente, a independência
das treze colônias teve de ser conquistada.
Declaração de Independência dos Estados Unidos
“Consideramos como uma das verdades evidentes
por si mesmas que todos os homens são criados iguais;
que receberam de seu Criador certos direitos inalienáveis,
entre os quais figuram a vida, a liberdade e a busca da
felicidade; que os governos foram estabelecidos
precisamente para manter esses direitos, e que seu
legitimo poder deriva do consentimento de seus
governados; que cada vez que uma forma de governo se
manifesta inimiga desses princípios, o povôo tem o direito
de mudá-la ou suprimi-la e estabelecer um novo governo,
baseando-se naqueles princípios e organizando seus
poderes segundo formas mais apropriadas para garantir a
segurança e a felicidade. A prudência exige que os
governos estabelecidos desde muito tempo não devem ser
modificados por motivos fúteis e passageiros. [...] Mas
quando uma série de abusos e usurpações convergem
invariavelmente para o mesmo fim e demonstram o
objetivo de submeter o povo a um despotismo absoluto, e
até seu dever, rejeitar tal governo e buscar novas
garantias de sua segurança futura. Tal é a situação das
colônias agora, e daí a necessidade que as obriga a mudar
seu antigo sistema de governo.”
Para ganhar apoio dos franceses, para a causa da
jovem nação, Benjamin Franklin foi a Paris como
representante do Congresso norte-americano, enquanto
George Washington (1732-1799), grande proprietário e
experiente militar, era nomeado comandante das tropas
americanas.
A desproporção de forças entre ingleses e o exército
norte-americano, formado por comerciantes, lenhadores e
camponeses, levou a sucessivas derrotas dos colonos.
Contudo, após a vitória obtida por Washington, em
Saratoga(1777), o exército americano reanimou-se e deu a
Benjamin Franklin meios de conquistar o apoio militar dos
franceses e espanhóis. A França almejava recuperar as
perdas coloniais da Guerra dos Sete Anos e a Espanha
participou da guerra da independência por causa de uma
aliança familiar entre o monarca Frances Luís XVI e o
espanhol Carlos III. Foram os generais franceses La
Fayette e Rochambeau que comandaram os seis mil
franco-espanhóis na guerra de independência dos Estados
Unidos.
Algumas divergências podem ser observadas entre
historiadores norte-americanos: uns interpretam os
fundadores dos Estados Unidos, os Patriarcas da pátria,
como “semideuses”, enquanto outros, numa postura
critica em relação à Constituição e seus construtores,
consideraram-nos “plutocratas e egoístas”. Nesse sentido,
vale considerar o texto de Charles Sellers que segue
abaixo:
“Os Patriarcas, então, talvez não tenham sido os
semideuses de Jefferson nem os Agentes da vontade de
Deus de que falava Bancroft, mas os estudiosos modernos
acham pouco mérito na acusação antifederalista de que
eles eram „aventureiros‟ e partidários da aristocracia.
Bem ao contrario, historiadores recentes concordavam
que a produto de seus esforços foi basicamente
democrático e que eles mesmo foram homens de grande
estatura e visão, cuja devoção ao país transcendia
preocupações com o bolso. Cabe notar, contudo,que
democracia nesse contexto não se aplicava aos negros, à
„parte servil‟ da própria nação de John Adams, ou às
mulheres. As energias criadoras de seus construtores
foram prodigalizadas na fundação de uma república para
homens brancos, e não para estender os benefícios da
liberdade a negros ou mulheres.Meio século após a
ratificação, quando o abolicionista William Lloyd
Garrison propôs que se queimasse a Constituição em
nome da liberdade, ele o fez sobre o fundamento
inatacável de que ela perpetuava a escravidão. Embora
gerações subseqüentes de norte-americanos celebrassem o
trabalho de seus autores como uma carta de liberdade
política, não se deve esquecer que , em 1787, ela não era
nada disso para negros, mulheres e índios.”
Download