Tratamento de Sementes com Biofertilizantes, Micronutrientes e

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Tratamento de Sementes com Biofertilizantes, Micronutrientes e Produtividade da
Cultura do Milho
Jéfferson J. Dias1, Adriano S. da Silva1, Cleython M. Viana1, Fernando W. Colaço1, Daniel
Miotto1, Elaine R. P.Lourente2 e Alessandra M. T. Alovisi2
Acadêmicos da. FAD/Dourados-MS. CEP 79925-150. [email protected] 2Professoras da
FAD/Dourados-MS. [email protected] e [email protected]
1
Palavras-chave: Zea mays, arranjo populacional, rentabilidade
A necessidade do aumento da eficiência produtiva em todas as áreas da
agricultura vem estimulando os produtores a buscar inovações que possam trazer resultados
positivos na produção vegetal e no retorno econômico da atividade. Para que se possam ter altas
probabilidades de sucesso no uso dessas técnicas, o embasamento científico se torna cada vez
mais imprescindível.
O milho (Zea mays L.) em função de seu potencial nutritivo, composição
química, constitui-se num dos cereais mais cultivados e consumidos no mundo (Fancelli &
Dourado Neto, 2000). Apesar de estar entre os três maiores produtores, o Brasil não se destaca
entre os países com maior nível de produtividade. A produtividade média mundial está pouco
acima de 4000 kg ha-1 (Duarte et al., 2006). O Brasil está abaixo desta média, porém, a
produtividade brasileira tem crescido sistematicamente, passando de 1874 kg ha-1, em 1990, para
5412 ha-1, em 2006 (IBGE, 2006)
O metabolismo, crescimento e morfogênese de plantas superiores dependem de
sinais transmitidos de uma parte à outra da planta por mensageiros químicos, e por hormônios
endógenos (Taiz & Zaiger, 2004). Alguns trabalhos de pesquisa, bem como, observações a campo
têm demonstrado um possível aumento na produtividade em função do uso de bioestimulantes
(Ono et al., 1999). De acordo com Vieira (2001), estes produtos referem-se à mistura de
reguladores de crescimento com outros compostos de natureza bioquímica diferentes, tais como:
aminoácidos, vitaminas, algas marinhas, micronutrientes e ácido ascórbico. De acordo com Long
(1996) citado por Vasconcelos (2006), os benefícios dos bioestimulantes são baseados na sua
habilidade de influenciar a atividade hormonal da planta bem como as respostas ao ambiente em
que se encontram, podendo aumentar a eficiência de absorção de água e nutrientes.
De acordo com, Malavolta et al. (1991), respostas significativas à adição de
micronutrientes podem ser obtidas em solos e culturas. O Zinco é essencial na síntese de AIA e
RNA, e sua deficiência na planta leva a diminuição na síntese protéica. O Boro, um dos nutrientes
cuja deficiência é mais comum em nível de campo, influencia positivamente na absorção iônica,
atua na formação da parede celular, na divisão celular e no transporte de carboidratos na planta e,
portanto, são fundamentais para o desenvolvimento das culturas. O molibdênio exerce papel
indispensável na assimilação do nitrato absorvido pelas plantas, atuando ao nível da redutase do
nitrato. Portanto, qualquer deficiência do elemento pode comprometer o metabolismo do
nitrogênio, diminuindo o rendimento das culturas. O zinco é o micronutriente mais limitante à
produção da cultura do milho e o que geralmente apresenta maiores problemas de deficiência nos
solos brasileiros (Ritchey et al., 1986; Faquin, 1994). Ferreira et al (2001), observou um
acréscimo no teor de proteínas e Zn nos grãos de milho, em função do uso de molidbênio e zinco.
Extratos de algas marinhas e algas marinhas são conhecidos por conter
citocininas naturais (Abreu, 2005). De acordo com Taiz & Zaiger (2004) as citocininas
promovem o crescimento das gemas laterais e retardam a senescência foliar, favorecem o
desenvolvimento de cloroplastos e regulam o crescimento de caules e raízes, além de influenciar
o movimento de nutrientes para a folha a partir de outras partes da planta, um fenômeno
denominado mobilização de nutrientes induzida por citocinina, portanto, possuem grande
importância no desenvolvimento das plantas.
Os resultados com o uso de bioestimulantes ainda são controversos e parece
estar associado a condições de fertilidade do solo e disponibilidade de água. Desta forma, o
objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos tratamentos de sementes de milho com
bioestimulantes e micronutrientes na massa de mil grãos e produtividade do milho em DouradosMS.
O estudo foi realizado, na Fazenda Escola pertencente à Faculdade Anhanguera
de Dourados-FAD localizada no município de Dourados, MS a 22º 14’ de latitude sul e 54º 49’
de longitude Oeste e altitude de 452 metros em LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico, sob
plantio convencional de preparo do solo. O solo apresentava alto nível de fertilidade (Souza &
Lobato, 2002) (Quadro 1).
Quadro 1- Análise de solo da área experimental. Dourados-MS, 2007.
pH
Al
Ca
Mg
(H+Al)
K
CaCl2
—————— (cmolc dm³)————————
5,2
0,0
5,4
3,0
4,5
0,65
P
SB
Melich
(mg dm-3)
23,30
CTC
V
(%)
9,05
13,5
67
O delineamento experimental foi de blocos casualizados com 6 repetições. As
sementes foram tratadas com 3 produtos comerciais distintos (Quadro 2)¸ nas doses
recomendadas pelo fabricante. Além dos tratamentos testados, as sementes de milho foram
tratadas com Imidacloprido + Tiodicarbe na dose de 250 ml do produto comercial para 60.000
sementes, visando o controle das pragas iniciais que atacam sementes raízes e plântulas de milho.
Os tratamentos foram: TA: aminoácidos + micronutrientes; TH: produto a base de algas
marinhas; TM: micronutrientes; T1: testemunha.
Quadro 2 Composição química dos bioestimulantes utilizados, de acordo com o fabricante.
TM
Micronutrientes
Mo; Co; Zn; B; Mn;
Fe; Cu
TA
Micronutrientes
Mo; Co; Zn; B; Mn; Fe; Cu
TH
Produto a base de algas marinhas
P2O5; N
Aminoácidos: Ac. aspártico,
Ac.
glutâmico;
Lisina,
Metionina, Prolina, Serina,
Alanina, Arginina, Cistina,
Fenilalanina, Glicina, Histidina,
Isoleucina, , Tirosina, treonina,
Triptofano, Valina.
O plantio do milho segunda safra foi realizado em 21 de Março de 2007 sob
cultivo irrigado utilizando o híbrido DKB 615, com espaçamento entre linhas de 0,9 m. As
parcelas foram constituídas por 9 linhas de milho com 10 m de comprimento. Na adubação de
plantio foram utilizados 270 kg/ha da fórmula 4-20-20 de NPK. Foram aplicados 222 kg/ha de
uréia em cobertura.
Para fins de avaliação foram colhidas 3 linhas centrais com 5 m de
comprimento. Foram avaliados números de espiga, massa de mil grãos e produtividade na área
útil. A massa de mil grãos foi obtida pela contagem manual e pela posterior pesagem de 100
grãos. Este valor foi corrigido para umidade de 13%, e por regra de três simples obteve-se a
massa de mil grãos. A produtividade foi obtida pela extrapolação da produção obtida na área útil
da parcela para um hectare, considerando-se a unidade padrão de 13% (base úmida). As análises
estatísticas foram feitas utilizando o aplicativo computacional SAEG 9.1 (Ribeiro JR, 2001). As
médias foram comparadas pelo teste de Duncan (≤ 0,05).
Apesar de não haver diferença estatística entre os diferentes tratamentos na
produtividade do milho houve uma redução de 25% no número de espigas quando as sementes
foram tratadas com micronutrientes, reflexo de um menor stand de “plantas”. É possível que a
redução na população de plantas tenha diminuído a competição entre plantas por adubo e água na
linha favorecendo o maior enchimento de grãos e, portanto, massa de mil grãos (Argenta et al.,
2001). Outro aspecto é que pode ter havido um incremento na produtividade do milho em função
dos micronutrientes aplicados.
De forma semelhante ao que ocorreu com a produtividade de grãos, não houve
diferença na massa de mil grãos entre os tratamentos de sementes testados, observou-se apenas
uma tendência de maiores produtividades quando as sementes foram tratadas com
micronutrientes, que conforme discutido pode estar associada a uma menor competição entre
plantas por nutrientes ou ainda por interceptação da luz solar na linha, o que pode maximizar a
eficiência fotossintética e uma conversão mais eficiente da radiação interceptada em matéria seca
e, portanto, com incrementos no rendimento de grãos (Marchão et al., 2005).
Não houve resposta na produtividade de grãos de milho em função dos
bioestimulantes usados (p≤0,05). De acordo com Karnok (2000) citado por Vasconcelos (2006),
as plantas se desenvolvem bem em ambientes favoráveis e nestas condições não é tão fácil
observar os benefícios dos bioestimulantes. Contudo, de acordo com o autor, sob condições de
estresse, bioestimulantes podem favorecer o sistema de defesa das plantas, além de incrementar o
desenvolvimento do sistema radicular favorecendo absorção de água e nutrientes (Vasconcelos,
2006). Neste estudo pode não ter havido resposta destes produtos em função das adequadas
condições ambientais para o desenvolvimento da cultura, do ponto de vista nutricional e de
disponibilidade de água em função da irrigação, sendo importante a realização deste estudo em
condições menos favoráveis.
Quadro 2 Número de espigas, massa de mil grãos e produtividade, em função dos diferentes
tratamentos de sementes. Dourados-MS, 2007.
Tratamentos
Nº de espigas
Massa de 1000grãos
Produtividade
(g)
(kgha-1)
77 a
289 a
6348 a
T1
70a
251 a
6305 a
TA
79a
285
a
6292 a
TH
59b
316 a
6241a
TM
CV (%)
12,5
19,9
10,6
T1: testemunha; TA: aminoácidos + micronutrientes; TH: produto a base de algas marinhas; TM: micronutrientes.
O uso dos bioestimulantes e micronutrientes estudados no tratamento de
sementes não proporcionou incrementos na produtividade e massa de mil grãos do milho quando
as condições de umidade do solo e disponibilidade de nutrientes não foram limitantes.
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