ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DA ARTÉRIA CELÍACA EM CANÁRIOS-DA-TERRA (SICALIS FLAVEOLA) ORIGIN AND DISTRIBUTION OF THE CELIAC ARTERY IN SAFFRON FINCH (SICALIS FLAVEOLA) Anne Caroline de Oliveira Barbosa¹; Mayara Viana Freire Gomes1*; Marcelo Ismar Santana2; Eduardo Maurício Mendes de Lima2 RESUMO O presente estudo avaliou a origem e a distribuição da artéria celíaca e seus ramos em canários da terra (Sicalis flaveola). Foram utilizados 30 canários e, para destacar o sistema circulatório foi canulado o tronco braquiocefálico esquerdo, para injeção de solução aquosa de látex. As aves foram fixadas em solução de formol 10%. Após dissecação obteve-se os seguintes dados. A artéria celíaca originou-se do ramo descendente da aorta. Após emissão do ramo proventricular dorsal e das artérias esplênicas a artéria celíaca bifurcou-se em ramos esquerdo e direito, em que: 1 - o ramo esquerdo originou a artéria proventricular ventral a partir de sua face esquerda e as artérias gastroduodenal e gástrica ventral pela sua face direita, para em seguida continuar como artéria gástrica esquerda, 2 - de sua face direita o ramo direito emitiu a artéria hepática direita, para em seguida originar da face oposta as artérias gástrica direita e ileal em 27 exemplares (90%), continuando-se como pancreaticoduodenal. A partir desse estudo concluiu-se que o canário da terra (Sicalis flaveola) segue o mesmo padrão proposto quanto à origem e distribuição da artéria celíaca para aves do gênero Gallus gallus, Struthio camelus, Cairina moschata, Stercorarius skua, Pulsatrix perspicillata, Tyto alba e Ara ararauna. Palavras-chave: Cánario da terra, artéria celíaca, origem, distribuição, Sicalis flaveola SUMMARY This review evaluated the origin and distribution of the celiac artery and its branches in Canários da Terra (Sicalis flaveola). There were evaluated 30 saffron finch to evidence the circulatory system, the left brachiocephalic trunk was cannulated for immediate injection of latex solution. After, the birds were preserved with 10% formalin solution. The dissection resulted on the following data. The celiac artery originated from the descending branch of the aorta, representing its first visceral branch. After issuance of the first branch (arteria proventricularis dorsalis) and the splenic arteries, the celiac artery forked in left and right branches, where: 1 – the left branch originated the arteria proventricularis ventralis, from its left side, and the gastroduodenal and ventral gastric arteries from its right side, in order to continue as the left gastric artery; 2 – from its right side, the right branch issued the right hepatic artery, from its opposite side, the right gastric and ileal arteries in 27 specimens (90%), immediately continuing as pancreaticoduodenal. From this review it was concluded that the Canário da Terra (Sicalis flaveola) follows the same pattern proposed regarding the origin and distribution of the celiac artery for birds of the genus Gallus gallus, Struthio camelus, Cairina moschata, Stercorarius skua, Pulsatrix perspicillata, Tyto alba e Ara ararauna. Key Words: Saffron finch, celiac artery, origin, distribution, Sicalis flaveola _______________________ ¹Graduandos em Medicina Veterinária – Universidade de Brasília, UnB, Brasília, DF. ²Professor Adjunto da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Universidade de Brasília, UnB, Brasília, DF. Endereço: Campus Universitário Darcy Ribeiro, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, ICC Ala Sul Caixa Postal 4508, Asa Norte - 70910-970 , Brasília, Distrito Federal, Brasil. E-mail: [email protected] O presente estudo objetivou avaliar a origem e a distribuição da artéria celíaca e de seus ramos em canários da terra (Sicalis flaveola), gerando dados para a anatomia veecterinária comparativa, visando comparação com outras espécies de aves domésticas e silvestres. Foram utilizados 30 Canários da Terra, pertencentes à espécie Sicalis flaveola. Para destacar o sistema circulatório, foi canulado o tronco braquiocefálico esquerdo, para injeção de solução aquosa de látex, através de pressão manual constante. Após, as aves foram fixadas em solução aquosa de formol 10% e acondicionadas em recipientes adequados. Para a dissecação do tronco celíaco e seus colaterais, foram utilizados instrumentos cirúrgicos adequados. Concomitantemente às dissecações, foi elaborado desenho esquemático (fig. 1), onde foi registrado a origem, o número e a distribuição configurada pela artéria celíaca. A artéria celíaca originou-se do ramo descendente da aorta e estava direcionada para o antímero direito da cavidade celomática. Em 20 exemplares (66,6%), a artéria celíaca emitiu a artéria proventricular dorsal como primeiro ramo colateral, enquanto em outros 10 exemplares (33%) a artéria celíaca emitiu como primeiro ramo a artéria esplênica e, como segundo ramo a proventricular dorsal. Após a emissão dos ramos citados, a artéria celíaca bifurcou-se em ramos esquerdo e direito, em que: 1 - em todos canários observados o ramo esquerdo originou a artéria proventricular ventral a partir de sua face esquerda e, as artérias gastroduodenal e gástrica ventral e um ramo pericárdico (3,33% dos casos) pela sua face direita, para em seguida enviar a artéria hepática esquerda, duas artérias esplênicas e continuar como artéria gástrica esquerda, caracterizando-a como ramo terminal, 2 - de sua face direita o ramo direito emitiu como primeiro colateral a artéria hepática direita em todas as aves observadas, para em seguida originar da face oposta as artérias gástrica direita e ileal, continuando-se imediatamente como pancreaticoduodenal, seu ramo terminal. Segundo Perissoto e Silva (2007) e Gonçalves (2010), existe uma imensa carência de informações sobre a anatomia das aves silvestres, já que a grande maioria dos estudos anatômicos foi e ainda é realizada para o gênero gallus, devido sua importância econômica. Neste trabalho, observou-se que a forma de distribuição da artéria celíaca possui um padrão parecido ao encontrado em algumas aves silvestres brasileiras como o murucututu (Pulsatrix perspicillata) (Silva et al., 2009) e o papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) (Gonçalves, 2009), além de aves domésticas como o pato doméstico (Cairina moschata) (Pinto et al.,1998) e linhagens comerciais do gênero gallus, já que essa artéria surge a partir da aorta descendente abdominal em sua porção ventral, enviando ramos para esôfago, proventrículo, ventrículo, fígado, baço, duodeno, pâncreas e íleo. A partir desse estudo concluiu-se que o canário da terra (Sicalis flaveola) segue o mesmo padrão proposto quanto à origem e distribuição da artéria celíaca para aves do gênero Gallus gallus, Struthio camelus, Cairina moschata, Stercorarius skua, Pulsatrix perspicillata e Ara ararauna. Além disso, Sicalis flaveola apresentou características únicas como a presença de artérias esplênicas tendo como origem apenas o tronco celíaco, além da ausência das artérias duodenojejunal, esofágica, ileocecal e da vesícula biliar em três exemplares. 2 Figura 1 - Esquematização geral da artéria celíaca em canários (Sicalis flaveola). A) Artéria aorta descendente abdominal; B) Artéria celíaca; C) Artéria proventricular dorsal; D) Ramo esquerdo da artéria celíaca; E) Ramo direito da artéria celíaca; F) Artérias esplênicas; G) Artéria gástrica ventral; H) Artéria proventricular ventral; I) Artéria gástrica esquerda; J) Artéria gastroduodenal; L) Artéria hepática direita; M) Ramos ascendentes do duodeno; N) Ramos para o pâncreas; O) Artéria ileal; P) Ramos descendentes do duodeno; 1) Esôfago; 2) Proventrículo; 3) Baço; 4) Ventrículo; 5) Duodeno; 6) Pâncreas; 7) Íleo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GONÇALVES, E.S. Distribuições configuradas pela artéria celíaca em papagaios verdadeiros (Amazona aestiva). 2009. 36f. Trabalho de Conclusão de Curso (Medicina Veterinária) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Poços de Caldas, Minas Gerais. GONÇALVES, E. S., SANTANA, M. I. S.; LIMA, E. M. M. et al. Origem e distribuição da artéria celíaca em mutuns dos gêneros Crax e Mitu. ARS Veterinária, v. 26, p.88-94, 2010. 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