R Relato de Caso Dias TG Viabilidade da inclusão de alimentos funcionais no tratamento do câncer de mama Feasibility of the inclusion of functional foods in the treatment of breast cancer Thaís Gomes Dias1 Unitermos: Neoplasias da Mama. Alimentos Funcionais. Qualidade de Vida. Keywords: Breast Neoplasms. Functional Foods. Quality of Life. Endereço para correspondência: Thaís Gomes Dias AOS5 BL C Apto 31 – Brasília, DF, Brasil – CEP: 70660-053 E-mail: [email protected] Submissão: 17 de junho de 2014 Aceito para publicação: 3 de setembro de 2014 1. RESUMO Introdução: Nos dias atuais, é comum se deparar com indivíduos que possuam alguma doença crônica não transmissível (DCNT) e que não modificam suas escolhas alimentares, tornando-se, assim, um descaso na saúde pública. O câncer é uma das DCNTs mais frequentes no mundo, sendo a segunda doença com maior índice de mortalidade, que provém também da alimentação inadequada. Sabe-se, hoje, que modificações dietéticas saudáveis podem causar efeitos benéficos ao organismo, inclusive controlando as DCNTs. No caso do câncer de mama, estudos afirmam que alimentos funcionais são de extrema importância no tratamento da doença, por possuírem mecanismos essenciais na anticarcinogênese, evitando recidiva do tumor. Alimentos esses que, se usados em certa frequência, aprimoram o fator protetor contra o câncer e inibem a atividade carcinogênica. Objetivo: O presente estudo de caso tem o objetivo de evidenciar a nutraterapia, com ênfase na importância do consumo dos alimentos funcionais, verificando a viabilidade do consumo. Relato do caso: Analisando a combinação, aceitação e efeitos psicológicos de preparações direcionadas a uma paciente específica, com a aplicação de um questionário aberto, pertinente a sua real e atual condição física e clínica. Os resultados foram compatíveis aos objetivos propostos, tendo em vista as reações e interações da paciente, que demonstrou total interesse e aceitação referente à pesquisa. Conclusão: Em conclusão, pode-se observar um grande efeito positivo decorrente das estratégias utilizadas, a fim de melhorar o quadro clínico e qualidade de vida da paciente, afirmando, assim, que a inclusão desses alimentos é, de fato, viável. ABSTRACT Introduction: Nowadays it is common to come across individuals that have some chronic nontransmissible disease (CNTD) and did not change their food choices, thus becoming a negligence in public health. Cancer is one of the most common CNTDs in the world, being the second disease with the highest rate of mortality, which also stems from inadequate nutrition. Nowadays it is known that dietary changes can cause health benefits to the body, including controlling the CNTDs. In the case of breast cancer, studies say that functional foods are of utmost importance in the treatment of disease, for possessing essential mechanisms in anticarcinogenesis, thereby causing tumor recurrence. These foods that, used in certain frequency, enhance the protective factor against cancer and inhibit the carcinogenic activity. Objective: This case study aims to demonstrate the nutrition therapy, emphasizing the importance of the consumption of functional foods, checking the feasibility of consumption. Case report: Analyzing the combination, acceptance and psychological effects of preparations directed to a specific patient, with the application of an open questionnaire pertaining to their actual current condition and clinical. The results were consistent with those objectives, given the reactions and interactions of patient, who demonstrated full acceptance and interest related to the research. Conclusion: In conclusion one can observe a large positive effect arising from the strategies used to improve the clinical and quality of life of the patient, thus affirming that the inclusion of these foods are indeed viable. Pós-graduanda em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul/VP consultoria,Brasília, DF, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 262-9 262 Viabilidade da inclusão de alimentos funcionais no tratamento do câncer de mama INTRODUÇÃO Atualmente, a população mundial sofre as consequências dos maus hábitos de vida, como os relacionados à alimentação inadequada, sedentarismo, estresse, entre outros. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), que fazem parte dessas sequelas, compreendem o grupo das doenças irreversíveis, como as cardiovasculares, respiratórias, diabetes mellitus e o câncer. São as principais fontes de carga de doença no Brasil, correspondendo a mais de 58% das mortes no mundo e 60% no Brasil, tornando-se um problema de saúde global e ameaça à saúde humana1. Uma das principais DCNTs é o câncer, caracterizado pela multiplicação desordenada das células de determinado órgão, afetando células normais e que pode produzir novos focos invasivos à distância (metástases). É a segunda principal causa de morte no mundo, chegando a 13 milhões de novos casos por ano2. No Brasil, o câncer de mama é o que mais acomete e causa mortes entre mulheres, sendo também o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo. A cada ano, cerca de 22% dos novos casos de câncer em mulheres são de mama. O Sistema Único de Saúde (SUS) o situa entre as seis prioridades de sua gestão3. Esse tipo de câncer merece especial atenção, pois, além dos aspectos fisiológicos, está diretamente ligado aos fatores emocionais de pacientes do sexo feminino, já que, para o tratamento da neoplasia mamária surgiu, no final do século XIX, a chamada mastectomia radical, considerada um procedimento cirúrgico agressivo e traumático para a mulher. Volich cita que “Toda ameaça à integridade dos seios é ameaça às referências identificatórias femininas”. Na sociedade moderna, é inegável a supervalorização do corpo como um instrumento de inclusão social e obtenção de poder, visto que a busca obsessiva pelo corpo ideal é estimulada pela “indústria da beleza”. A mulher diagnosticada vivencia cenas de medo, depressão e aversão ao próprio corpo4. A alimentação é reconhecida, cientificamente, como umas das principais aliadas no tratamento dessa neoplasia. O binômio dieta-saúde surge com a compreensão de que o conhecimento nutricional representa um processo cognitivo individual, com orientações dietéticas pertinentes à melhoria dos hábitos alimentares, associado à prevenção primária, aumento da sobrevida e diminuição no risco de recidiva da doença. Acredita-se que uma base de educação nutricional possa contribuir para a transposição do comportamento alimentar de cada indivíduo5. A obesidade e a desnutrição, assim como as carências nutricionais, são tidas como fator prognóstico ruim para sobrevida de pacientes com câncer, visto que a obesidade está presente em 14% das mortes por câncer nos homens e 20% nas mulheres, e a desnutrição apresenta agravante entre 30% e 50% dos casos de câncer6. Pesquisas afirmam que pacientes oncológicos tendem a mudar hábitos alimentares devido aos diversos sintomas do tratamento convencional. Em muitos casos, os glicocorticoides e a terapia hormonal, usados no tratamento, podem induzir o aumento de apetite e a retenção hídrica, levando ao ganho de peso corporal. Há um aumento de mediadores inflamatórios que causam degradação proteica, aumento de gordura corporal e edema, mascarando o real estado nutricional e gerando uma intensa fadiga7. De acordo com o Comitê de Alimentos e Nutrição do Instituto de Medicina Internacional, a alimentação não só fornece energia e nutrientes essenciais, mas associa componentes não nutricionais para promoção de efeitos fisiológicos benéficos. Surge, assim, o chamado alimento funcional ou nutracêutico, conceituado como qualquer alimento ou ingrediente que, além de seus nutrientes tradicionais, modula funções orgânicas e exerce uma ação metabólica ou fisiológica, contribuindo para a saúde física e diminuição de morbidades crônicas8. A literatura é unânime ao destacar a importância que a intervenção dietética possa contribuir na incidência da carcinogênese mamária. Nesse contexto, os componentes encontrados nos alimentos funcionais emergem como um promissor instrumento no controle da doença, por meio dos mecanismos de ação de seus princípios ativos, sendo, anticarcinogênicos, antioxidantes, anti-inflamatórios e antihormonais, que minimizam os efeitos colaterais e o impacto dessa afecção, melhorando as respostas do tratamento. São eles: ácido linoleico conjugado, ácidos graxos poli-insaturados, vitaminas, minerais, fibras, prebióticos, probióticos, imunomoduladores e fitoquímicos9. Experimentos in vitro mostraram que concentrações fisiológicas do ácido linoleico conjugado inibem o crescimento de células neoplásicas de maneira dose-dependente, mediam inibição da apoptose e atuam na expressão genética (está presente nos produtos de origem animal). Ácidos graxos poli-insaturados ômega 3 participam no aumento da apoptose, indução da diferenciação celular e diminuição da neoangiogênese tumoral (se encontram em peixes, nozes, óleos de peixes e de linhaça). O ômega 6 é convertido a ácido araquidônico, precursor da síntese de eicosanoides relacionados com a proliferação celular e invasidade do tumor. São fontes desse nutriente os óleos vegetais de milho, girassol, açafrão e soja10. As vitaminas antioxidantes são essenciais no combate ao tumor. A vitamina A (retinol), assim como os carotenoides, tem a capacidade de inibir a oxidação de compostos, proteger células dos danos oxidativos e inibir a atividade do citocromo P450, um ativador de pró-carcinogenes (essa vitamina está presente no fígado, gema de ovo, leite e derivados e vegetais). A vitamina E (α-tocoferol) gera proteção contra a peroxidação Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 262-9 263 Dias TG lipídica nas membranas e inibe a gênese de células malignas de mama in vitro (são alimentos fontes o leite e derivados, ovos, óleos, amêndoa, germe de trigo e avelã). A vitamina C (ácido ascórbico) mantém as enzimas tiols reduzidas e poupa a glutationaperoxidase, um cofator antioxidante enzimático (é a vitamina mais abundante da natureza e encontra-se, especialmente, em frutas cítricas e vegetais)11. A ciência dos micronutrientes é crucial na terapia anticâncer. A vitamina B9 (ácido fólico) diminui taxas de mutações por meio da instabilidade genômica, modula a expressão genética e impede supressores tumorais (presente na laranja, ovo, vegetais, feijões e trigo integral). O selênio é um componente da glutationa, que inibe a proliferação celular pela degradação da matriz (são fontes a castanha do Brasil, a cebola, o alho, o brócolis e cereais integrais). O cálcio promove a ativação da apoptose de células tumorais e encontra-se, em abundância, em leite e derivados, peixes, vegetais e leguminosas. Outros minerais, como manganês, magnésio, zinco, cobre e molibdênio, protegem o DNA e apresentam funções imunomoduladoras (podem ser encontrados nas oleaginosas, cereais integrais, hortaliças, carnes vermelhas e brancas, frutos do mar, leguminosas e cacau)12. Em adição aos alimentos funcionais, as fibras geram a redução de estrogênios bioativos no sangue e alteram flora colônica que atua na regulação da recirculação enterohepática de estrogênio, aumentando a sua excreção (presentes nas frutas, verduras e grãos integrais). Os probióticos, sendo organismos vivos, estimulam a degradação de compostos com potencial carcinogênico e ácidos biliares e produzem compostos antitumorígenos, como os lactobacilos e acidófilos (presentes em iogurtes e leites fermentados). Já os prebióticos são carboidratos não digeríveis que estimulam a proliferação da microbiota normal do intestino, como a inulina e frutooligossacarídeo; são fontes: chicória, aspargo, alcachofra, alho, cebola e cevada13. Certa pesquisa experimental evidencia o papel dos nutrientes imunomoduladores na quimioterapia, como a arginina, que atua no metabolismo do nitrogênio e da amônia e participa da produção de óxido nítrico, na vasodilatação e ativação celular, porém seu excesso aumenta o risco de mortalidade em choque séptico (está presente em laticínios, carnes, cereais, amendoim, caju e uva). Já a glutamina é importante na produção de nucleotídeos, além de servir como combustível para células de proliferação rápida; são fontes desse nutriente as leguminosas, as hortaliças e as carnes. Na intenção de reforçar a funcionalidade dos alimentos e do metabolismo, a ingestão hídrica é essencial, pois melhora a oxigenação das células e o trânsito intestinal, mantém o corpo hidratado e auxilia na eliminação de toxinas14. Evidências científicas confirmam a importância dos fitoquímicos na nutrição oncológica, por conseguirem absorver radicais livres e aumentar defesas do estresse oxidativo. Um exemplo são os isotiocianatos, encontrados nos vegetais crucíferos, como couve, brócolis e repolho, que atuam inibindo o metabolismo oxidativo de vários carcinógenos e diminuindo a toxicidade15. As lignanas têm ação antiestrogênica, que reduzem a linhagem de células mamárias cancerígenas receptoras de estrogênio e atuam na vascularização celular; estão presentes na linhaça. As isoflavonas inibem fatores de crescimento sérico e epidérmico das células; encontram-se em alimentos como a soja e o tofu. Outros compostos que também servem como um coquetel anticâncer são os polifenois flavonoides do vinho tinto, chá verde, uva, maçã, cebola, ervas, temperos, legumes e nozes16. Após evidenciar a importância da nutraterapia, na prevenção e melhoria do estado geral do paciente oncológico, este estudo teve por objetivo analisar a aceitação e viabilidade de um tratamento dietoterápico, composto por alimentos funcionais, em uma paciente portadora de neoplasia mamária em tratamento, verificando, na prática, se uma paciente envolvida em sintomas como os gastrintestinais, causados pelas drogas quimioterápicas, conseguiria consumir e obter os benefícios desses alimentos, melhorando assim seu quadro clínico, bem-estar e qualidade de vida. RELATO DO CASO No intuito de aperfeiçoar o estudo e discutir as estratégias estabelecidas, foi utilizada uma revisão sistemática de artigos publicados, tanto originais quanto revisões de literatura, desde a década de 90, que proporcionou uma investigação do conteúdo específico, a fim de promover uma resposta adaptativa, envolvente com o caso. Uma avaliação das intervenções nutricionais serviu como referencial para enfatizar o objetivo do processamento de dados no tratamento da doença. Para alcançar os objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa do tipo estudo de caso. Primeiramente, foi seguido um roteiro com um levantamento de dados, considerando o real estado físico, clínico e psicológico da paciente em questão, além de seus hábitos e escolhas alimentares. A análise foi feita enfatizando-se o comportamento alimentar, sinais e sintomas característicos de sua situação atual, como os gastrintestinais, em que houve uma atenção primária quanto ao seu estado de saúde, evidenciando-se a doença de base. Como complemento da coleta de dados, foram elaboradas e degustadas seis preparações dietéticas baseadas no tema “alimentos funcionais”, constituindo a refeição completa de um almoço, todos no mesmo dia. Foram apresentados os seguintes pratos: 1) salmão crocante, com castanha do Pará, orégano, farinha de arroz, quinoa, limão, margarina, sal, alho e azeite; 2) risoto integral, com cebola roxa, óleo de soja, sal, alho poró, coentro, arroz integral, pimentão Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 262-9 264 Viabilidade da inclusão de alimentos funcionais no tratamento do câncer de mama vermelho, manjericão e requeijão light; 3) suflê de legumes, com farinha de arroz, leite semidesnatado, queijo minas, ovo, brócolis, batata baroa, margarina, cenoura e abobrinha; 4) salada tropical, com soja, cebolinha, tomate, cebola, rúcula e salsinha; 5) suco verde, com couve, maçã, graviola, hortelã e água de coco; e 6) frozen de manga, com iogurte natural, gengibre, mel e linhaça. A paciente teve participação ativa, auxiliando e interagindo no processo de escolha dos ingredientes e preparação dos pratos (Figura 1). A última estratégia foi constituída de um questionário avaliativo com 12 perguntas pertinentes ao estado e conhecimento nutricional da paciente, bem como a análise sensorial e reação emocional após a degustação das preparações (Apêndice 1). Perguntas como qual a sua opinião quanto à influência da nutrição na doença, como era seu consumo alimentar antes do diagnóstico, se percebe diferença ao ingerir certos alimentos e qual seu conhecimento sobre nutrição funcional, auxiliaram para uma análise específica do caso. Por fim, um depoimento sobre a intervenção nutricional em sua experiência de vida, evidenciando o câncer de mama, serviu de base para a compreensão do estudo de caso. A pesquisa foi realizada durante o período de setembro a novembro de 2013. RESULTADOS E DISCUSSÃO O trabalho em questão foi realizado com a paciente V.G.S., sexo feminino, com 47 anos, diagnosticada com neoplasia mamária de receptores de estrogênio e progesterona positivos e linfonodo sentinela negativo, há 150 dias, mastectomizada há 120 dias, encontrando-se em tratamento quimioterápico. Os receptores hormonais positivos indicam que o tecido tumoral se prolifera em resposta a esses hormônios e o linfonodo sentinela é o primeiro linfonodo que drena as micrometástases do tumor17. A paciente relata apresentar sintomas referentes ao tratamento quimioterápico, como mucosite, náuseas, constipação, inchaço, fadiga muscular e aumento do apetite. É importante relacionar a atividade cancerígena com os princípios ativos presentes nos alimentos funcionais, para justificar a introdução de novos alimentos na dieta de pacientes em estado diferenciado metabolicamente e emocionalmente. Há várias evidências científicas de que a alimentação tem um papel importante nos estágios de iniciação, promoção e propagação do câncer. Nos estudos sobre nutraterapia de diversas populações, a incidência do câncer está associada às variações dos componentes dietéticos, reforçando que a adoção de hábitos alimentares saudáveis constitui-se fundamental para o fator de proteção contra tumores18. Figura 1 – Componentes da refeição baseada em alimentos funcionais. Ao realizar a prática da cocção dos pratos dietéticos propostos, pode-se observar uma boa combinação entre os ingredientes, de acordo com suas propriedades sensoriais. APÊNDICE 1 Questionário nutricional 1 - Como era seu conhecimento nutricional antes do diagnóstico? 2 - Qual é sua opinião quanto à influência da nutrição no tratamento do câncer de mama? Quais alimentos considera importante nessa fase? 3 - Qual o seu conhecimento sobre nutrição funcional? Acredita que seu consumo possa causar regressão da doença? 4 - O que mudou em sua vida nutricionalmente por conta da doença? 5 - Acredita que certos alimentos possam auxiliar no alívio dos sintomas decorrentes do tratamento? Cite as alterações. 6 - Acredita que possa haver interações entre a medicação e a absorção de nutrientes? 7 – Percebe alguma diferença no organismo quando consome certos alimentos? Quais alimentos acha que deve evitar e que podem agravar a doença? 8 - O que achou dos experimentos e o que sentiu naquele momento? Explique com sua análise sensorial. 9 - Quais foram os depoimentos e conselhos oferecidos por outros pacientes oncológicos? Como foi essa troca de experiência? 10 - Acredita ser importante ter um acompanhamento com nutricionista no decorrer da doença? O que os profissionais da saúde lhe recomendaram? 11 - Analisando seu consumo alimentar habitual desde a infância, acredita que houve influência com a doença de base? 12 - Dê um depoimento citando a importância da intervenção nutricional em sua experiência de vida, evidenciando o câncer de mama. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 262-9 265 Dias TG Os alimentos foram escolhidos de acordo com as preferências da paciente e pela revisão literária acerca dos alimentos funcionais importantes para o câncer de mama. Como prato principal foi elaborado um salmão crocante, no qual a mistura dos alimentos se tornou um saboroso prato funcional. O salmão é um peixe rico em proteína, ferro e ômega 3, que diminui o colesterol LDL e aumenta o HDL. A quinoa é rica em fibras, proteína e ferro, que auxilia o trânsito intestinal, a digestão e o fortalecimento muscular. O azeite é importante no controle do colesterol e é antioxidante e a castanha do Pará, rica em selênio, fortalece o sistema imune10. Um risoto integral, como acompanhamento, ficou interessante pelo uso de hortaliças com o arroz integral, resultando em um combinado de fibras, que, além de serem sacietógenas, são ricas em vitaminas do complexo B e minerais antioxidantes, importantes na eliminação de radicais livres, enquanto o óleo de soja é rico em ômega 6 é anti-inflamatório. A guarnição suflê de legumes, além do sabor e aromas agradáveis, foi preparada com legumes fontes de micronutrientes. A farinha de arroz não contém glúten e possui baixo índice glicêmico; já o leite e o queijo são ricos em proteína, vitaminas, minerais e ácido linoleico conjugado, que auxiliam no fortalecimento muscular e sustentação dos tecidos19. Em complemento das preparações, a salada tropical ficou repleta de hortaliças, fontes de fibras e micronutrientes que, juntamente com a soja, têm efeito essencial na digestão e no controle hormonal. O frozen de manga desenvolvido resultou em uma sobremesa nutritiva, por acrescentar alimentos como manga, iogurte natural, mel, linhaça e gengibre, que acentuam o sabor e evidenciam o fator de proteção e nutrição dos tecidos12. Finalizando, foi oferecido um suco verde com introdução de ingredientes funcionais, como maçã, hortelã, água de coco, couve e graviola, que, além de serem ricos em fitoquímicos, micronutrientes e fibras, auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico e são desintoxicantes. Além das propriedades anticancerígenas, a funcionalidade de todos os ingredientes prova sua eficácia, tendo em vista a degustação, satisfação e bem-estar da paciente20. Após a aplicação dos experimentos, ficou evidente que os efeitos foram positivos e de fato revelaram um papel benéfico no organismo como um todo. A paciente V.G.S. apresentouse interessada e colaborativa nos processos de produção e degustação das preparações e também ao responder o instrumento de coleta de dados. Foram elaboradas seis preparações distintas, constituindo uma refeição principal, neste caso, o almoço. Em alguns momentos da preparação, a paciente apresentou fadiga e foi solicitado que apenas observasse a finalização dos procedimentos, aguardando a degustação em posição sentada. Foi notório que houve uma ótima aceitação da paciente, que se mostrou satisfeita com a diversidade dos pratos dietéticos, expressando alegria e prazer ao consumi-los, despertando o seguinte comentário: “A combinação dos sabores ficou diferente e exótica, as preparações ficaram diversificadas, é impressionante obter tudo isso com tantos alimentos leves e saudáveis”. Quanto à análise sensorial, a paciente relatou que os pratos ficaram com boa consistência, de fácil ingestão, com visual e aromas agradáveis. Analisando observacionalmente, a paciente não apresentou rejeição alimentar e se mostrou aliviada por não ter agravado os sintomas digestivos, bem como intercorrências gastrintestinais. Durante o processo, pôde-se notar a felicidade da paciente quanto aos experimentos e aos cuidados a ela oferecidos, pois a todo o momento houve uma preocupação e atenção dedicados ao seu conforto e bem-estar. O ato de se alimentar é considerado uma responsabilidade e competência individual relacionado com um aspecto cultural, social e psicológico. O consumo de alimentos tem caráter vital e particular, no qual os hábitos, influências e preferências são os resultados das escolhas pessoais. Daí a ideia tão presente de que o indivíduo é o que ele come, revelando, assim, a importância do valor simbólico da comida e de como os alimentos se transformam em uma substância íntima no próprio corpo. O homem partilha uma infinidade de representações no ato de comer21. Após a degustação, a paciente respondeu ao inquérito proposto anteriormente, no qual uma das questões abordadas foi quanto ao conhecimento nutricional antes do diagnóstico, como era sua alimentação e se acredita que seus hábitos alimentares anteriores tenham influenciado no aparecimento da doença atual. A mesma responde que tinha conhecimento superficial, e que, apesar de já haver consultado alguns nutricionistas, não tinha consciência real da importância da alimentação no seu consumo alimentar diário. Citou: “...antigamente, eu ingeria todos os tipos de alimentos de forma incorreta, insana e em diversas quantidades, com uma certa compulsão alimentar. Acredito que possa sim ter alguma influência no meu diagnóstico”. Quanto ao conhecimento específico sobre nutrição funcional, ela acredita que o consumo possa regredir a doença e acha importante ter um acompanhamento nutricional. A paciente afirma: “Desconheço o aprofundamento desse assunto, mas sei que é a ciência dos alimentos que causa algum efeito benéfico ao nosso corpo; dessa forma, com certeza, é eficaz para mim, podendo diminuir a atividade do meu câncer. Com certeza, o tratamento altera muito meu organismo e com um acompanhamento nutricional esse problema poderia ser controlado”. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 262-9 266 Viabilidade da inclusão de alimentos funcionais no tratamento do câncer de mama Ao ser questionada sobre a influência da nutrição no tratamento do câncer de mama, quais alimentos considera importante nessa fase e o que mudou em sua vida nutricionalmente, a paciente responde: “Penso que uma alimentação adequada com alimentos funcionais diminui efetivamente a recidiva do câncer de mama. Carnes brancas, frutas e verduras orgânicas são essenciais. Tenho evitado o consumo de enlatados e industrializados, por conta do excesso de sal, já que fico muito inchada. Não tomo refrigerantes, para proteger meu estômago, e não consumo alimentos gordurosos e doces demais”. Ao ser indagada sobre a influência de certos alimentos no alívio dos sintomas e se percebe alguma diferença no organismo quando os consome, ela cita: “Sim. Quando tomo quimioterapia, meu estômago fica irritado, tenho muita azia, aftas e constipação, assim consumo alimentos leves, fibrosos, sem ácidos ou irritantes. Com o uso dos corticoides, meu apetite fica aguçado e fico inchada, então bebo muita água e consumo menos sal. Os alimentos têm me ajudado bastante. Penso que devo evitar o consumo exagerado de carne vermelha, industrializados, embutidos, com corantes e conservantes, bem como alimentos que não possuem valor nutricional adequado, com excesso de sal, gordura e açúcar”. Quando questionada se acredita haver interações entre a medicação e a absorção de nutrientes e quais foram as recomendações que lhe foram passadas por profissionais e pacientes, a resposta obtida foi que, por conta do uso de medicamentos fortes e em alta dosagem, pode haver interação sim, já que lhe causam intensos sintomas, e lhe foi orientado por oncologistas e nutricionistas para modificar consideravelmente os hábitos alimentares, tendo cautela com a procedência de alimentos crus que possam estar mal higienizados, causando alguma alteração pelo comprometimento do sistema imunológico. A paciente cita, também, que a troca de experiências com outros pacientes oncológicos leigos foi bastante esclarecedora, e lhe foi aconselhado para melhorar o comportamento alimentar, podendo, assim, ter um resultado eficaz no tratamento do câncer. Por fim, houve um depoimento citando a importância da intervenção nutricional, realizada neste estudo, em sua experiência de vida, evidenciando o câncer de mama. A paciente relata: “Infelizmente, sou mais uma vítima do câncer de mama. Recentemente, fui surpreendida com esse diagnóstico, que me deixou muito abalada emocionalmente. Percebo que provavelmente minha alimentação inadequada pode ter causado o aparecimento do tumor. Certamente, se eu tivesse dado maior importância à escolha dos alimentos e no meu estilo de vida, isso não tivesse ocorrido. Sou prova disso, por vivenciar anos de descuido com a minha saúde e com essa minha experiência de vida afirmo que a nutrição influencia positivamente em nosso organismo, nos dando energia, qualidade de vida e felicidade. Hoje, tenho plena orientação e consciência de que uma reeducação alimentar pode controlar minha doença e me fazer viver muito bem”. O depoimento da paciente vem corroborar que, ao falar de atitudes e autoestima da mulher, entende-se que as experiências, quando vivenciadas satisfatoriamente, refletem nas atitudes e nos comportamentos, seja pela segurança interior e confiança nas relações interpessoais ou pelo senso de responsabilidade demonstrado em ações. Felicidade é a realização plena daquilo que é a característica singular do ser humano, aquilo que o define, seja pela sua essência ou associação a sensações, nutrição e sentimentos22. Como cita Goldenberg23, o alimento é tudo aquilo que pode ser ingerido para manter um ser humano vivo; comida é tudo que se come com desejo e fome, com certa comensalidade, sendo uma identidade e estilo pessoal. Hoje, a alimentação é mais voltada para o prazer e o gosto de comer, do que para o valor nutricional do alimento. Daí, a proposta de um redirecionamento alimentar, com uma mudança na educação dos valores e hábitos, visando às necessidades nutricionais específicas de cada indivíduo, como estilo de vida, gênero, idade, dados antropométricos e bioquímicos18. A comida é uma das expressões culturais mais significativas, pois fascina gostos e desejos. A noção de prazer do gosto pela comida deve interagir no amor pela saúde e pela vida, levando cada pessoa a reeducar-se e conscientizar-se. A quebra de um hábito da-se mediante uma evolução nas informações transmitidas pelo descobrimento de uma nova direção e a fixação de um objetivo estimulante24. O setor alimentício desenvolveu técnicas para venda e indução de novos produtos capazes de ultrapassar a profunda influência cultural e de se adaptar às novas demandas, ampliando as opções de escolha para atender às exigências do mercado consumidor. São capazes de desenvolver sabores, imagens e técnicas de persuasão para atingir qualquer indivíduo, para tocar naquilo que mais o define e o faz mover-se: a busca da felicidade25. As palavras “sabor e saber” têm a mesma origem latina, que significa “ter gosto”. Isso indica que a fonte do conhecimento empírico direto é etimologicamente associada ao sentido do gosto. O ato de alimentar-se, além do simples atendimento fisiológico, é também uma representação social e um meio de integração. Assim, os valores são representações cognitivas de exigências humanas universais, bem como necessidades biológicas e demandas de interações sociais do indivíduo. Partindo de uma perspectiva filosófica, busca-se uma concepção capaz de incluir as inter-relações e absorver a complexidade da alimentação humana26. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 262-9 267 Dias TG Como é evidenciado cientificamente, os alimentos funcionais desempenham fundamental papel no acompanhamento dietoterápico de pacientes oncológicos, neste caso, especificamente, o câncer de mama, em complemento ao tratamento químico. Os resultados pertinentes aos objetivos estabelecidos relacionam-se à viabilidade de consumo de alimentos funcionais em pacientes diagnosticados com neoplasia mamária, que estejam em tratamento quimioterápico após realização de mastectomia, já que existem alterações fisiológicas e emocionais marcantes, estando diretamente relacionadas ao ato do comer, envolvendo todas as etapas, desde o desejo, a aceitação, o consumo e a digestão propriamente dita. Observou-se, mediante a degustação, a análise observacional e a avaliação do instrumento de coleta de dados que, neste caso, foi um questionário com perguntas abertas, um efeito positivo na introdução de alimentos funcionais na alimentação de uma paciente em tratamento de câncer de mama. Referente às reações e aspectos emocionais e sociais da paciente, pôde-se constatar fortemente o benefício que todo o processo com: a) escolha dos ingredientes (focados nas suas preferências); b) envolvimento pessoal na preparação dos pratos (onde ela pode observar os cuidados com a higiene alimentar e gastronomia) e c) degustação prazerosa de uma refeição nutricionalmente adequada e personalizada, proporcionando a prática de escolhas nutricionais adequadas juntamente com a sensação de prazer no ato de se alimentar, comprovando efeitos positivos na restauração da saúde da paciente oncológica. CONCLUSÃO Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que a intervenção nutricional é positiva e está diretamente relacionada com a resposta adaptativa do tratamento convencional, sendo afirmativo que a nutrição funcional é de fato primordial no tratamento desse tipo de DCNT. Vale ressaltar que a introdução desses ingredientes faz parte da conscientização de uma reeducação alimentar, tendo em vista que o seu consumo frequente gera uma promoção fisiológica benéfica e aumenta a sobrevida do paciente. Dessa forma, é possível identificar diversas formas que possam influenciar positivamente na prática alimentar de indivíduos portadores de neoplasia mamária. É de suma importância que o profissional da área de Nutrição atue juntamente com a equipe multidisciplinar para aprimorarem o combate a esse tipo de câncer, bem como suas complicações pertinentes ao quadro clínico do paciente, a fim de diminuir efeitos colaterais das drogas antineoplásicas e melhorar sua qualidade de vida. A relação nutricionista/paciente é fundamental na obtenção de melhores resultados na recuperação do estado nutricional, uma vez que a nutrição é tida como fator complementar e auxiliar no tratamento cancerígeno. Sugere-se que estudos mais amplos sejam realizados para melhor assimilação dos resultados positivos quanto ao uso desse tipo de alimentação nos casos de neoplasia mamária, tendo em vista que o consumo alimentar nessa fase da doença é de extrema importância, não somente na restauração do estado geral do paciente, como na melhora do quadro clínico e prognóstico da doença. REFERÊNCIAS 1.Relatório Mundial de Saúde 2008. Atenção primária em saúde. Agora mais do que nunca. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2008 2.Brasil. Ministério da Saúde.Instituto Nacional de Câncer - INCA. Consenso Nacional de Nutrição Oncológica. Coordenação Geral de Gestão Assistencial. Hospital do Câncer I. Serviço de Nutrição e Dietética. Rio de Janeiro: INCA; 2011. 3.Brasil. Ministério da Saúde. 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