Ouvir, pensar e representar: o teatro na escola

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Ouvir, pensar e representar: o teatro na escola
Henrique Silveira Leal1
Resumo: Sabendo das dificuldades encontradas entre os nossos alunos com relação à
aprendizagem e os poucos trabalhos realizados enfocando aspectos da língua oral , usaremos como
fio condutor a Arte, a Arte Dramática, mais especificadamente, pois o Teatro reconstrói o ser humano
em suas potencialidades e tem um grande papel na própria construção dele, como a criação de
caráter, visto que ele estabelece ao ator ou à atriz essa modelagem social na montagem de um
personagem . Entendemos que essa construção social deve começar na escola, já que a mesma tem
grande responsabilidade na formação ética de sujeitos, compreendendo-a como um centro formador
de valores e conceitos, e aceitando a prática teatral como ferramenta indispensável, na aquisição de
novos conhecimentos. Por fugir do cotidiano das Escolas, o exercício cênico, chama muito a atenção
dos alunos, por ser algo dinâmico e rítmico, muito diferente das tradicionais aulas que vemos, onde
os alunos se tornam agentes passivos do conhecimento e do conteúdo. Dessa forma, o artigo
objetiva apresentar a relação do teatro com a oralidade através da aplicação do Projeto Teatrando
com o Pibid em uma escola de ensino fundamental no Litoral Norte/RS. As atividades do PIBID
acrescentam nessa construção de saberes, a partir da oralidade e das formas de expressão,
aplicadas aos estudos da prática teatral, atividade esta, que vem sido desenvolvida por mim Neste
sentido, esses estudos são fundamentais, para que alunos e professores, possam criar gosto pela
arte, sobretudo a dramática, permitindo que estes desenvolvam o senso crítico e artístico.
Palavras- chave: teatro, escola, teatro/educação, arte, oralidade.
Abstract: Knowing about the great cognitive difficulty and social relationship shown by our students
and their disinterest in class, the main subject of this practice is Art especially Dramatic Art. Because
Theater rebuilds human beings in their potentialities and has an important role in their own
background and character since it establishes for the actors this social shaping. This social
construction must start at school because it has a great responsibility for the students’ ethical
background and it is an educational center of values and concepts. Through this theater practice
teachers can use it as an indispensable tool for acquisition of new knowledge. For being so different in
school routines and something dynamic and rhythmical, scenic exercises call attention from students
who are in general passive agents of knowledge and contents. Theater in class can reveal surprising
results of students’ level of learning and cognitive abilities. So theater at school works and joins
teachers and students as knowledge construction individuals. We also point the PIBID activities out.
Those ones have added to this knowledge construction through oral and expression ways with theater
practice studies. This practice has been done in a municipal elementary school on North Coast of RS.
Therefore those studies referring to theater are fundamental for students and teachers to create some
taste for Art especially Dramatic, letting them develop their critical and artistic senses.
Key words: theater – school – education – art – oral expression.
Introdução
Desde os primórdios da história da humanidade, e do primeiro olhar do mundo por
um recém- nascido, o Teatro está presente e vivo, como algo essencial ao homem.
Há séculos, no intuito de representar as ações humanas, os animais e os fenômenos
naturais, o Teatro está inserido em nossas vidas de tal forma que muitas vezes nem
percebemos o seu uso.
1
Aluno de graduação do Curso de Letras, Faculdade Cenecista de Osório/ FACOS-RS. Estudo
desenvolvido no Grupo de Estudo do curso de Letras, orientado por Profª Drª Cristina Maria de
Oliveira e Profª Ms Christiane Jaroski Barbosa.
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No século V. a C os gregos já trilhavam os caminhos teatrais, concebendo esta Arte
na Educação, os quais valorizavam muito, a dança, a música e a literatura. Grandes
filósofos gregos como Aristóteles e Platão, já afirmavam que desde crianças,
homens e mulheres deveriam praticar jogos, inclusive jogos teatrais e que este
processo é de suma importância no desenvolvimento e na aprendizagem, e até
mesmo na construção de caráter. Segundo eles, este trabalho deveria começar no
âmbito educacional, pois acreditavam que sobre a atmosfera lúdica da escola o
exercício e a prática das artes formariam bons cidadãos, visto que entendiam a
educação como uma preparação para a vida, oferecendo ao mesmo tempo prazer.
Ao longo da História da humanidade, diversos filósofos e pensadores defenderam o
valor inestimável do ensino das artes, sobretudo as Dramáticas (Teatro), na
educação, com o uso de variadas técnicas e ferramentas, como os jogos teatrais.
Segundo Montaigne, “jogos de criança não são esporte e deveriam ser sua mais
séria ocupação” (MONTAIGNE apud REVERBEL, 1997, p. 14).
Os trabalhos com oralidade nas atividades cênicas são uma grande ferramenta para
o professor desenvolver em seus educandos liberdade verbal, pois no Teatro
trabalha com a liberdade de expressão e a oralidade faz parte dos segmentos
expressivos (corporal, facial e oral/verbal), desta forma mostra-se importante o uso
de atividades teatrais para desenvolver as expressões de oralidade nos alunos.
Segundo Reverbel:
Através da linguagem verbal, o ser humano utiliza a linguagem oral, tendo
criado também uma linguagem escrita.
À medida que o progresso avança, apoiando nas descobertas científicas,
cada vez mais se aprimoram os meios de comunicação. O telefone, o rádio,
o cinema, a televisão, e o teatro são meios de comunicação que se
sofisticam a cada dia. (1997 p. 24)
Assim, com o passar dos anos, o Teatro, foi ganhando mais campo na área
pedagógica, novos caminhos foram traçados para ele no âmbito escolar recebendo
até mesmo novos termos e nomenclaturas para se adaptar ao uso pedagógico,
dentro das estruturas e dos planejamentos curriculares das escolas, (como veremos
no próximo capitulo “Teatro, uma estrutura curricular a ser planejada”), para que
desta forma mestres e professores pudessem usufruir deste palavreado técnico
teatral, em seus projetos e planejamentos.
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1. Teatro, uma estrutura curricular a ser planejada
Vimos anteriormente que o Teatro já está presente no vínculo escolar desde os
primórdios da humanidade (quando os gregos já a defendiam por entender sua
capacidade transformadora sobre o homem), mas como grande e rápido é o passo
do progresso, assim progrediu o homem e sua sociedade, evoluindo também os
fatores e os elementos que a constituem e que a fazem evoluir.
Se entendermos o Teatro como um destes elementos presente na vida do homem e
em sua sociedade, partimos do pressuposto que ele também evoluiu. Ora, veja bem,
não queremos aqui discutir e debater sobre o progresso e a evolução do homem ou
da sociedade que ele constitui, mas este se dá como um fato existente e de suma
importância para entendermos como o Teatro na Educação evoluiu, uma vez que
Teatro e Educação são sim elementos que constituem a sociedade do homem, mas
nosso foco, aqui neste capitulo, é procurar entender qual foi a proporção que o
Teatro tomou hoje nas Escolas a ponto de fazê-las pôr o mesmo em seu
planejamento curricular.
É que, na verdade, o Teatro na Escola, sempre foi visto com outros olhos que ele
demanda ter, que é aquele de: envolver, estimular, desenvolver o educando em
suas potencialidades. A maioria das Escolas que de uma ou duas décadas para cá
desenvolvem Teatro, vem trabalhando em cima do que Leite afirmou:
A comunidade vê no Teatro aplicado à Educação como uma “aulinha”
inconseqüente, quase recreação, ou perigo para a carreira de seus filhos,
por temer que estes transformem-se em atores, uma profissão geralmente
considerada “menor”. O enfoque coincide, na maioria das vezes, com o da
administração escolar e na verdade, até mesmo alguns professores
confundem o teatro na escola com teatro escolar, para a formação de
grupos de “teatrinho”. (1976, p.61).
Deve ficar claro, que dentre todos o maior e mais completo objetivo do Teatro na
Escola, tanto nas de Educação Infantil como nas de Ensino Fundamental, não é
formar atores, nem tão pouco grupos amadores estudantis, se isso acontecer será e
deverá ser a parte do todo que é o trabalho de Teatro na Escola, claro que será
muito bom se o resultado deste trabalho se transformesse e resultasse num “Grupo
de Teatro” (resultado esse esperado para Teatro no Ensino Médio), mas não é o
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grande objetivo no Ensino Fundamental tão pouco na Educação Infantil. O que se
deve esperar como resultado do maior objetivo do Teatro na escola é a iniciação à
Arte, ao gosto pela Arte, sobretudo a Dramática, esperar que este educando possa
vir a ter uma apreciação pela literatura ou pela música, por obras de Arte, por
expressões Cênicas, enfoque esse de nosso trabalho. Isso é o que o professor que
ministra aulas de Teatro nas escolas de ensino fundamental pode esperar de seus
alunos.
Embora, como vimos anteriormente, que isto não é o que acontece, é o que deveria
acontecer. A autora Luiza Barreto Leite, ainda faz uma ressalva sobre este assunto
em seu Livro, Teatro é Cultura: “Naturalmente, cabe ao professor de teatro na escola
fundamentar seus propósitos, esclarecê-lo e dissecá-los no planejamento curricular”
(1976, p. 61). Ainda sobre esse ponto, acreditamos que o planejamento curricular
deva ser estudado, buscando novos meios e novas técnicas, novos jogos dramáticos
observado, analisado e orientado por um supervisor ou por uma supervisora
pedagógica para reavaliá-lo, dando sugestões a estes professores de Teatro. A
escola deveria incluir o Teatro como uma disciplina que compõe a estrutura
curricular, na qual deveria sim portar conteúdos (as técnicas cênicas, etc.),
atividades, exercícios e avaliações. Ora, veja bem, não queremos aqui transformar o
Ensino de Teatro nas escolas, como uma experiência traumatizadora e passivadora
de alunos que transmitem o conhecimento a seus educandos, mas sim em algo que
seja visto com outros olhos pela escola e todos que a formam (alunos, professores,
supervisores, direção e funcionários) e pela própria comunidade escolar.
Entendemos que o Teatro na Escola não é uma brincadeira, apesar de que devemos
aprender Teatro brincando, mas um brincar lúdico pedagógico supervisionado e
orientado, pelo professor de Teatro. Aprendendo essa disciplina com respeito,
seriedade e acima de tudo responsabilidade, pois fazer teatro demanda pessoas e
um trabalho coletivo.
Claro que aprender Teatro, deve ser uma “coisa” prazerosa, boa, divertida,
engraçada, isso até mesmo os gregos já afirmavam, mas não quer dizer que deve
ser uma “zona”, por isso que Ensinar Teatro requer planejamento, para que o Ensino
e o Gozo, sejam, sobretudo, um esplendor de aprendizagem e ação.
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2. Rendimento diferenciado
Certamente, a Escola de hoje muito mudou, se formos compará-la com as de
antigamente ou até mesmo com as de décadas atrás. A Comunidade Escolar vive
hoje realidades antes nunca vividas por ela, nossos alunos a cada dia parecem estar
diferentes e, sobretudo, apresentam, cada vez mais, problemas de aprendizagem.
Palavras nunca ou raramente usadas como “Hiperatividade, Déficit de Atenção”,
dentre outros, começaram cada vez mais a se tornar parte do vocabulário escolar.
Muitas vezes até mesmo alunos sem qualquer tipo de problemas cognitivos ou
físicos apresentam grande falta de atenção nas aulas ministradas nas redes públicas
e privadas de ensino, especialmente as de Ensino Fundamental. Há um número de
teorias e
de conteúdos
gigantescos, fazendo com que o educando abstraia,
entenda, compreenda, represente essa compreensão através de provas, do modo
mais tradicional possível Muito se sabe que teorias pedagógicas mais atuais afirmam
que esse é uma maneira grotesca e arcaica de se ensinar, condenando a sua
prática, pois, de acordo com Freire:
É preciso, sobretudo, e ai já vem um daqueles saberes indispensáveis, que
o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora,
assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença
definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas sim criar
as possibilidades para a sua produção ou sua construção. (1996, p. 22).
Embora muito tenha mudado antigas realidades, como essas do ensino transferidor
de conhecimento, continuam.
Hoje se discute muito em planejamentos e nas construções administrativas das
escolas, (como PPPs, etc.),a escola que temos e a escola que queremos. Ora
ponderamos a escola que temos certamente não é a que queremos, mas os
elementos e os meios para a mudança estão bem a nossa frente, é necessário que
tenhamos esperança, mas esperança aquela de fazer com que aconteça e não
aquela de se acomodar e esperar com que aconteça. É necessário, acima de tudo,
acreditar que a mudança é possível, e que ela existe, “o êxito de educadores está
centralmente nesta certeza que jamais os deixa de que é possível mudar, de que é
preciso mudar, de que preservar situações concretas de miséria é uma
imorabilidade” (FREIRE, 1996, p. 79).
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A escola deve buscar novos meios, técnicas alternativas para recuperar, ou
aumentar o desempenho e o rendimento dos educandos, mas o rendimento da
aprendizagem como um todo, e não de meras competências burocráticas, como as
“notas”, pois como vamos dar “notas” à Arte? Ao senso criador? À capacidade
individual do educando de criar? Mas sim levar em consideração o que de fato o
mesmo aprendeu, o que ele criou, descobriu. O Teatro é uma técnica destas, na
verdade, ele é mais, é e deve ser considerada como já vimos anteriormente, como
uma disciplina, que não só ensina suas teoria e técnicas de interpretação e
encenação, mas através destes, ensina sim, conteúdos de outras disciplinas (como
Português, Literatura, Matemática, História, Geografia, etc.), ensinar estes
conteúdos através do Teatro é muito simples e prazeroso, basta apenas executá-la.
O rendimento dos alunos se mostrará diferenciado em relação aos demais que não à
praticam, pois a excelência do ensino do Teatro às outras áreas do conhecimento é
incontestável, uma vez que os próprios alunos queiram faze - lá.
Com o tempo, o professor notará que os alunos, que praticam ou frequentam aulas,
ou oficinas de Teatro, mostram em seu cotidiano e em seu modo de ser e vivenciar o
mundo as formas e as expressões de seu “eu”, que o ensino e a prática cênica
permitam a este sujeito transparecer ao mundo exterior. As expressões orais,
corporais e faciais, se mostraram mais claras e mais presentes nas intervenções
destes alunos, isso permite aos educandos compreenderem melhor e ainda
construírem o conhecimento e os saberes proposto por outras disciplinas com maior
interesse e entendimento, pois seu universo estará livre de convenções tolas e
clichês estabelecidos pela sociedade. Desta forma, o professor notará o rendimento
diferenciado nestes alunos que praticam o ato cênico.
3. Teatro, uma aprendizagem concreta
Vimos até agora a grande importância que o Teatro tem em sua construção social,
pedagógica e epistemológica. Discutimos, ainda, sobre sua importância na
Educação, no ensino de nossos alunos e de sua prática nas escolas.
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Mas o que de fato queremos dizer, passar com esse estudo, é o quão é importante o
ensino de Teatro nas escolas, especialmente as de Ensino Fundamental. Mas por
que ensinar Teatro nas escolas ao invés de conteúdos e teorias gigantes?
O Teatro é uma arte, porque é a expressão da vida, é a representação das ações,
dos sentimentos, das coisas, do meio, do homem ou do animal, “toda arte é
expressão, seja ela teatro, música, pintura, escultura, cinema ou dança. Trata-se de
expressar, de modo concreto, a criatividade que existe em todo ser humano”
(REVERBEL, 1997, p. 24).
O Teatro viabiliza tanto ao professor quanto ao aluno, uma aprendizagem
diferenciada e prazerosa, até mesmo porque quem ensina aprende e quem aprende
ensina,
É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando
cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e
re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É
neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem
formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um
corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem deiscência, as duas se
explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se
reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao
ensinar e quem aprende ensina ao aprender. (FREIRE, 1996, p. 22, 23).
Portanto, o ensino da Arte, é algo transformador na vida de ambos, sujeitos
formados e formadores, e os rendimentos escolares que tanto discutimos ao longo
deste estudo, sem dúvida são surpreendentes, pois os níveis de aprendizagem dos
conteúdos, da arte, e da vida, expresso pelo ensino da arte teatral, são criados e
desenvolvidos tanto pelos professores que orientam e conduzem pelo caminho
norteador, quanto pelos educandos, que fazem essa construção e ampliação do seu
saber e do seu conhecimento.
Sem dúvida, alunos que praticam teatro têm e portam um rendimento diferenciado
dos demais, não só porque aprenderam o conhecimento de forma lúdica,
espontânea, prazerosa e alegre, mas porque de fato aprenderam, porque fizeram ou
ainda fazem o processo de assimilação e acomodação do conhecimento (teoria
explicada pela psicologia da aprendizagem), onde os alunos não decoram o
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conteúdo, mas sim de fato aprendem, acomodando este em sua memória através de
suas capacidades cognitivas.
Ora, veja bem, não queremos dizer aqui que alunos que não praticam teatro, não
aprendem, não, de fato não é isso que queremos dizer, até mesmo porque, afirmar
isso é fechar os olhos para o passado, para a Educação, e para todos aqueles já por
ela formado. O que defendo e acredito é na aprendizagem e no rendimento
diferenciado e prazeroso que os alunos podem desfrutar ao aprenderem e
praticarem Teatro na escola. “E ao longo do caminho das descobertas vai se
desenvolvendo concomitantemente a aprendizagem da arte e das outras
disciplinas”. (REVERBEL, 1997, p. 25).
4. Teatrando com o Pibid
“Teatrando com o PIBID” é a oficina de Teatro do Projeto “Tagarela” do Subprojeto
do curso de Letras da Facos (Faculdade Cenecista de Osório), projetos esses que
fazem parte do PIBID (Programa Institucional de Bolsa e de Iniciação à Docência).
O PIBID, um programa do Governo Federal através da Capes, que tem por objetivo
proporcionar a professores em formação (alunos de graduação em licenciatura), o
primeiro acesso a sala de aula e ao cotidiano escolar e ainda levar atividades extras
as escolas de ensino básico com baixo Ideb.
Nessa oficina de Teatro, a qual ministro na Escola Municipal de Ensino Fundamental
Osvaldo Amaral em Osório/RS, conta com aproximadamente dez alunos, em que
construímos conhecimentos e saberes a partir da prática teatral.
Os alunos praticam, nessa oficina, as técnicas teatrais de interpretação e atuação
cênica, preparando para possíveis montagens de textos dramáticos e apresentações
e intervenções teatrais em lugares abertos ou em “caixas pretas” (lugar ideal para
apresentações de teatro) e ainda na escola.
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Desta forma, o “Teatrando com o PIBID” vem acrescentar nos conhecimentos
teatrais e pedagógicos, sendo ao mesmo tempo uma prática preciosa aos alunos de
graduação em licenciatura ainda em formação como também para os alunos de
ensino básico que usufruem destas atividades extras e, claro, a escola como um
todo que tem em seu âmbito a construção de conhecimentos e saberes e o apoio a
futuros professores que farão um dia, parte do processo educativo da escola.
5. Da oralidade à encenação
E ao longo desse discurso você veio de repente se perguntando, “e a Oralidade?
Onde ela tem interação com a prática teatral? No que as duas se integram, se
completam? Como o teatro ajuda na expressão oral, ou vice-versa?”
Bem, os estudos e os entendimentos sobre Teatro/Oralidade são vastos e bem
pertinentes para o exercício cênico e para própria produção verbal da fala de um
possível falante (ator/atriz, por exemplo).
As mais diversas formas de expressão do homem são de suma importância para a
sua comunicação com o mundo exterior, ao longo da história da humanidade, a raça
humana viveu sua própria transformação comunicativa, passando dos desenhos
arcaicos nas rochas, para a abreviação da escrita nas redes sociais (realidade esta
vivida por nossos alunos hoje em dia). Ao longo dessa história, várias formas de
comunicação passaram a ser vividas por determinados grupos sociais, como a
expressão gestual/visual, que antigamente era visto como um paradoxo, hoje se faz
necessário. Mas uma das mais importantes e uma das mais usadas expressões de
comunicação humana é o som acústico codificado em um idioma, o que chamamos
de “fala”, ou simplesmente a Oralidade. O homem ao decorrer de sua construção
como um ser social evidenciou a sua necessidade de falar, de expressar suas
capacidades orais.
Mas e o Teatro? Afinal esta Arte está aí como um fator histórico cultural que ora usa
a fala ora usa o “mudo”. Mas como a fala e a oralidade são introduzidos no discurso
dramático?
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Bom, se entendermos o Teatro como uma representação e continuação da vida,
logo entendemos que ele deve associar o discurso da vida real ao discurso da vida
cênica, para isso, é preciso que as capacidades orais do ator e da atriz sejam
trabalhadas e desenvolvidas de forma técnica, para isso se aplicam as “Técnicas
Cênicas Vocais/Orais”, pois falar de forma correta e coerente as situações é de
suma importância não somente para o Ato Cênico, mas para a vida real como um
todo, pois, “falar bem, com uma voz boa, é de uma importância decisiva. Um
equilíbrio de registros revela equilíbrio emocional, equilíbrio da personalidade. A voz
é do homem.” (BLOCH, Pedro apud REVERBEL, 1997, p. 63).
Os estudos de Teatro/Oralidade, aplicados aos alunos, devem ter uma cautela
imprescindível, pois é necessário respeitar as capacidades físicas de cada grupo de
alunos, ou seja, suas faixas etárias, pois alunos de tenra idade não possuem um
aparelho fonador tão bem formado e desenvolvido, quanto a alunos mais velhos,
sendo assim suas projeções de voz não terão tanta força durante a execução do
discurso, cabe ao professor identificar alguns problemas de voz e fala, devendo sem
demora encaminhá-los a um fonoaudiólogo, entre eles: a troca de fonemas, fala
anasalada, dificuldade de movimentar a boca, em que resulta em uma fala
arrastada, rouquidão constante, problemas de pronúncia que não sejam os sotaques
regionais, entre outros que durante à pratica docente o professor poderá encontrar.
Assim fica claro que trabalhar e desenvolver o Teatro/Oralidade, nos centros de
ensino é de uma seriedade imensurável, pois faz os alunos, como seres construtores
de se próprio conhecimento, entender o valor dessa forma de comunicação que é
expressão oral onde o Teatro como aliado Artístico e Cultural trabalha e desenvolve
de uma forma prazerosa e lúdica, visto que a oralidade faz parte dos seguimentos de
expressões teatrais, para isso está ai as “Técnicas Vocais”, pois, de acordo com
Reverbel (1997, p. 63), “o objetivo do ensino de técnica vocal na escola é oferecer
ao aluno uma série de atividades de expressão verbal que o levam a identificar a
importância da voz e da fala na comunicação humana”.
Desta forma, evidenciamos a importância do Teatro e da Oralidade na formação
cultural, social e principalmente na formação linguística e verbal de sujeitos que
constroem os saberes, em que falar de uma forma correta e com propriedade verbal
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produz o ajuste social do falante e aperfeiçoa seu discurso, levado e representado
no ato dramático, a especificidade com que as palavras e o seu poder, constroem os
saberes, os conhecimentos, a razão e assim constituem o mundo letrado em uma
caminho da “Oralidade à Encenação”.
Considerações finais
Assim sendo, vemos que realmente o teatro aplicado à educação é muito importante
por seus aspectos formadores no ato educativo, além de ser uma Arte já a milhares
de anos praticada ao redor do mundo deste o início das civilizações, arte esta que
deve fazer parte do cotidiano escolar.
Através deste estudo, compreendemos que o Teatro/educação tem um grande papel
na transformação cênica e pedagógica de nossos alunos como parte do
cumprimento social da escola.
Sugerimos que o Teatro ganhe mais espaço nas escolas e nos centros de
educação, ofertando mais vagas, para que os educando possam ter desde tenra
idade a iniciação teatral, e que a partir disso consigam continuar com as construções
de saberes cênicos, conforme avance em seus estudos didáticos.
Dessa forma, evidencia-se a concretização da importância de Programas
Institucionais na Educação Básica que aprimorem os conhecimentos dos alunos e
proporcionem vivências a futuros educadores, ajudando a construir saberes ao
próximo ao mesmo tempo que constrói saberes para si.
Assim, o Teatro reforça seu papel junto à Arte como um todo, dê estabelecer a
produção de saberes humanos, a partir da criatividade que existe em cada ser,
estabelecendo vínculos, estabelecendo pontes entre o criativo e a criação.
Referências
REVERBEL, Olga. Teatro na Escola. São Paulo: Scipione, 1997.
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BARRETO LEITE, Luiza. Teatro e Educação. São Paulo: Scipione,1989.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 36.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
BARRETO LEITE, Luiza. Teatro é Cultura. São Paulo: Scipione,1976.
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