6º Seminário de Iniciação Científica Goiânia, de 29 de agosto a 01 de setembro de 2012 SENSOR MULTIVARIADO PARA IDENTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS Ana Luiza F. da Costa – [email protected] IFG – Campus Inhumas Sarah L. F. Trindade – [email protected] IFG – Campus Inhumas Fernando Schimidt – [email protected] IFG – Campus Inhumas PIBIT/CNPq e PIBIC/CNPq 1. Resumo Este trabalho visa a construção de um sistema que possui respostas multivariadas, ou seja, um conjunto de sinais analíticos em que cada sinal representa uma reação quimica especifica. Ele é baseado em um suporte físico, contendo uma pequena quantidade de um reagente quimico que produz uma reação colorida para uma substância específica. Posteriormente, estes suportes são analisados através de um programa computacional de tratamento de imagens, onde será criado uma correlação entre cores e os compostos orgânicos utilizados. Trata-se de um método baseado no conceito de sensores multivariados conhecidos como ”Nariz eletrônico” e “Língua eletrônica”. Ele será baseado na execução e análise de reações de compostos orgânicos executadas em micro escala, sem a necessidade de gastos com solventes e também com mínima geração de resíduos. Tem como objetivo utilizar uma metodologia analítica através do estudo de reações orgânicas características, bem como as possíveis aplicações do método, como por exemplo, a detecção de compostos orgânicos em água ou em contaminações em geral. Palavras-chave: Tratamento de Imagens. Compostos Orgânicos. 2. Introdução O conceito de sensor multivariado conhecido como “Língua eletrônica” ou “Nariz eletrônico” não é novo, sendo que existem artigos publicado sobre o assunto há mais de 10 anos. A “Língua eletrônica” é um instrumento analítico que compreende um arranjo em forma de matriz não-específica de sensores químicos com baixa seletividade e com especificidade parcial para diferentes compostos químicos em solução aquosa, sendo necessário um método de reconhecimento de padrões e / ou calibração multivariada para o processamento de dados (LEGIN, 2012). De importância primordial é a estabilidade do comportamento do sensor e que tenha uma resposta reprodutível para diversas espécies em solução. Se devidamente configurada e calibrada, a “língua eletrônica” é capaz de determinar a composição quantitativa para múltiplos componentes e reconhecer, distinguir, classificar e identificar especies em meios líquidos de natureza diferente. Uma característica única, é a possibilidade de manter uma correlação entre a resposta da “língua eletrônica” e a percepção humana em relação a sabores no que diz respeito a natureza quimica destes (LEGIN, 2012). Após uma calibração apropriada a “língua eletrônica” pode produzir resultados na forma de uma classificação sensorial semelhante ao que o ser humano pode fazer, como avaliações de várias caracteristicas simples e complexas de gosto e sabor de produtos diferentes. A “língua eletrônica” pode identificar matérias-primas, produtos semi-acabados e ainda novos produtos que ainda não estão autorizados para consumo humano (LEGIN, 6º Seminário de Iniciação Científica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás/IFG. 6º Seminário de Iniciação Científica Goiânia, de 29 de agosto a 01 de setembro de 2012 2012). O número de publicações científicas relativas ao tratamento de imagens e obtenção de dados qualitativos e quantitativos tem aumentado muito nos últimos anos. O desenvolvimento e o barateamento dos equipamentos de informática tem relação direta com este processo, facilitando a manipulação e o tratamento de imagens, mesmo com grandes resoluções que geram arquivos “pesados” (SCHIMIDT, 1997). Ao se trabalhar com tratamento de imagens, uma nova maneira de visualização dos dados deve ser introduzida. Um conjunto de imagens é processado e o resultado final pode ser, por exemplo, a distribuição espacial da concentração, informações sobre fenômenos de superfície e similaridades ou desigualdades (classificação) entre materiais que passaram por algum processo (MATOS et al, 2003). 3. Objetivos Desenvolver um arranjo de sensores multivariados baseados em reações quimicas de compostos orgânicos em pequena escala, destinado a identificação e classificação de compostos orgânicos através de reações coloridas. Além de iniciar de uma promissora linha de pesquisa que permite desenvolver um tipo de sensor de baixo custo, bastante específico em relação as suas respostas, mas com um grande campo de aplicações, particularmente na área ambiental. 4. Metodologia As reações químicas de compostos orgânicos são feitas em pequena escala sobre uma placa de petri. A amostra contendo substâncias a serem determinadas estará dissolvida em meio aquoso. Pequenas porções destas soluções serão então colocadas sobre a placa, quantidades fixas dos reagentes serão adicionadas e produzem cores características de cada reação, em função da seletividade do reagente. A aquisição das imagens das placas de petri é feita através de um scanner de mesa, marca HP. Testes mostraram a eficiência de três reagentes bastante sensíveis e que estão sendo utilizados neste projeto: o permanganato de potássio que produz reações de cor marrom até violácea devido sua reação de oxidação de duplas ligações. A 2,4-dinitrofenilhidrazina (2,4 DNF) reage com o grupo carbonila produzindo complexos de tonalidade amarela, e finalmente o cloreto férrico reage com anéis aromáticos produzindo complexos multicoloridos que vão do amarelo ao vermelho e também tonalidades azuis (GARCÊS, 2012; ALLINGER,1978). O tratamento de dados esta sendo feito através do software MATLAB, utilizando-se um toolbox específico para trabalhar com imagens. 6º Seminário de Iniciação Científica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás/IFG. 2 6º Seminário de Iniciação Científica Goiânia, de 29 de agosto a 01 de setembro de 2012 5. Resultados e discussão Figura 1 – Reação de alguns aminoácidos com KMnO4 e variação com o tempo. Os primeiros testes foram feitos com soluções aquosas de 10 aminoácidos diferentes (Cistina, Arginina, Prolina, Fenilalanina, Tirosina, Glicina, Histidina, Cisteína, Triptofano e Alanina ) para testar a seletividade das reações químicas com permanganato de potássio (Figura 1), 2,4 DNF (Figura 2) e Cloreto Férrico (Figura 2). A Figura 1 mostra a variação de tonalidades para 6 aminoácidos testados. O teste mostra uma grande seletividade, ou seja, uma grande variação de tonalidade para o reagente empregado, sendo que o tempo ideal de reação seria próximo a 37 min, onde há maior variação entre todos os aminoácidos testados. Figura 3 – Reação dos aminoácidos com 2,4 DNF 6º Seminário de Iniciação Científica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás/IFG. 3 6º Seminário de Iniciação Científica Goiânia, de 29 de agosto a 01 de setembro de 2012 Figura 4 – Reação dos aminoácidos com Cloreto Férrico. As Figuras 3 e 4 mostram a variação de tonalidades para os 10 aminoácidos testados mais o controle, utilizando-se para os reagentes 2,4 DNF e Cloreto Férrico, respectivamente, que também possuem uma boa seletividade para os compostos testados e não sofreram variação com o tempo. 6. Conclusão As análises das amostras em soluções aquosas demonstraram variação de cor com os três reagentes testados, sendo possível diferenciar os grupos orgânicos presentes nas amostras. Novos testes continuam sendo feitos e serão incluídos no relatório final deste projeto, principalmente em relação ao tratamento dos dados. 7. Referências ALLINGER, Norman L, e colaboradores, Química Orgânica, Ed. Guanabara Dois, 2ª. ed, 1978. GARCÊS, B., Análise Orgânica Qualitativa: Estudo da Reatividade Relativa de Grupos Funcionais por meio de Reações Orgânicas Clássicas. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAjEcAl/apostila-analise-organica-classica. Acesso em: 06 fev. 2012. LEGIN, Andrey. Laboratory of Chemical Sensors of St. Petersburg University, Russia. Disponível em: <http://www.electronictongue.com>. Acesso em: 17 fev. 2012. MATOS, G. D. ,Pereira-Filho, E. R., Poppi, R. J., Arruda, M. A. Z.. Revista Analytica. Ago/Set 2003, Nº.6, pag.38-50. SCHIMIDT, F. Dissertação de Mestrado, Biblioteca do Instituto de Química, UNICAMP, Campinas-SP,1997. 6º Seminário de Iniciação Científica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás/IFG. 4