Suportando as tempestades - Igreja Batista Vida Nova

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Suportando as tempestades
Pr Luciano R. Peterlevitz, Missão Batista Vida Nova, 14/11/2010
Leia Marcos 6.45-52.
Introdução
O Novo Testamento possui quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Cada um
dos Evangelhos enfoca um aspecto da Pessoa de Cristo: Mateus escreveu para os
judeus, e afirma que Jesus é o Messias esperado pelos judeus; Lucas escreveu para os
gregos, e seu Evangelho enfatiza a humanidade de Jesus, o Filho do Homem, que veio
buscar todos os perdidos; João escreveu para um público amplo, e mostra Jesus como o
Verbo, a Palavra encarnada, o Deus que se fez carne. E Marcos? Marcos escreveu para
os romanos, e descreve Jesus como o Servo Sofredor. Cristo é o Servo que liberta do
poder dos demônios, da enfermidade e das tempestades.
Os quatro Evangelhos contêm tudo o que você precisa saber sobre Jesus. O plano
perfeito de Deus através de Jesus é muito bem relatado.
A maioria dos estudiosos está convicta de que Marcos é o primeiro dos Evangelhos
escritos. O texto de Marcos foi a fonte dos evangelistas Mateus e Lucas. Dos 661
versículos de Marcos, somente 24 não estão em Mateus ou Lucas. Portanto, Marcos
serviu de esboço para Mateus e Lucas.
Diferente dos demais Evangelhos, Marcos é o Evangelho da ação. Ele focaliza os
milagres e os movimentos de Jesus para as mais diversas regiões da Palestina. O
evangelista escreveu para os romanos, que se interessavam mais em ações do que em
discursos. Por isso, Marcos não registra o nascimento e a genealogia de Jesus. Registra
somente quatro parábolas de Jesus, mas relata dezoito dos milagres do Senhor. Relata
somente um discurso escatológico de Jesus, mas descreve detalhadamente muito dos
seus feitos.
O autor do Evangelho é João Marcos, filho na fé do apóstolo Pedro (1Pe 5.13). Pedro
relatou a Marcos os milagres, a morte e a ressurreição de Jesus. Pedro andou com Jesus.
Viu pessoalmente os grandes feitos do Senhor. Ele foi o único discípulo que andou
sobre as águas com Jesus. De fato, Pedro poderia contar perfeitamente quem foi Jesus!
Assim, a narrativa de Mr 6.45-52 foi contada por Pedro a Marcos. O homem que andou
sobre a água relatou para Marcos o poder de Cristo sobre o mar e sobre as tempestades.
O Evangelho de Marcos foi escrito depois do ano 64 d.C. Neste ano, o imperador
romano Nero incendiou Roma e culpou os cristãos. Uma terrível perseguição foi
desencadeada contra os crentes. Paulo foi decapitado em Roma. Os cristãos eram
queimados vivos; eram chifrados por touros bravios até a morte; no Coliseu romano,
serviam de espetáculo público e eram devorados por leões famintos. Foi para essa gente
perseguida que Marcos escreveu o seu Evangelho.
Mas o Evangelho de Marcos também foi escrito para você. O “evangelho de Jesus
Cristo, o Filho de Deus” (Mr 1.1) pode mudar a sua história, hoje. Mesmo que você
esteja passando por terríveis tempestades, como aqueles cristãos primitivos, hoje
mesmo você pode clamar ao Deus que controla as tempestades. Nesse espírito, convido
você para olhar à narrativa de Marcos 6.45-52, e tirar dela algumas lições para a sua
vida.
1. Enviados para a tempestade
Mr 6.45: “Jesus fez com que os discípulos entrassem no barco e passassem para
Betsaida”.
Jesus compeliu seus discípulos a atravessarem o mar. Jesus sabia que um forte vento iria
soprar contra eles. Os discípulos obedeceram a Jesus, e entraram no barco. Cristo
enviou-os ao meio da tempestade.
Achamos equivocadamente que, devido à nossa obediência a Deus, sempre estaremos
livres das tempestades. Mas a história dos heróis da fé demonstra o contrário: nossa
obediência a Deus custa caro! Podemos citar alguns exemplos. José, devido a sua
integridade, foi traído pelos irmãos, e jogado no fundo de uma cisterna. Noutro
momento, foi caluniado por uma mulher adúltera e jogado numa prisão, onde passou no
mínimo dois anos. Por que tudo isso aconteceu com José? Porque em todos os
momentos ele foi fiel ao Senhor! E o que dizer de Jeremias? Atendeu ao chamado do
Senhor, para pregar aos reis de Judá. Foi perseguido por Jeoaquim. Esquecido por
Zedequias. Arrastado por seus ao Egito, onde, na velhice, foi apedrejado e morto por
seus próprios compatriotas. E Paulo? Obedeceu ao Espírito Santo, e partiu para as três
viagens missionárias. Em Listra, foi apedrejado, e quase morreu. Em Filipos, foi
chicoteado. Depois das três viagens, viajou para Jerusalém a fim de levar uma oferta aos
empobrecidos, e lá foi preso e levado para Roma; na viagem, seu navio naufragou!
Mr 6.46: Jesus mandou a multidão para casa. De acordo com Jo 6.12, a multidão queria
coroar Jesus. Mas o Senhor não se interessava por um reinado político. O desejo de
Jesus era outro: “foi ao monte orar”. Bem disse Hernandes Dias Lopes: Jesus não tinha
tempo para comer, mas tinha tempo para orar. Mas por que Jesus orava?
É interessante a observação do v.47: Jesus orava enquanto seus discípulos estavam no
meio do mar. Jesus orava por causa da incredulidade dos corações dos discípulos. Jesus
orava porque seus discípulos estavam remando contra o vento (v.48). É muito
confortando sabermos que Jesus nos envia para o meio das tempestades, mas não se
esquece de nós. Ele intercede por nós junto ao Pai.
2. No meio da tempestade
Mr 6.48: “o vento lhes era contrário”. Não era a primeira vez que os discípulos
enfrentavam uma tempestade no meio do mar. Em Mr 4.35-41, lemos que as bravias
ondas daquele mesmo mar já haviam dado com ímpeto contra o barco deles. Mas
naquela ocasião Jesus estava com eles. Mas agora eles estão sozinhos.
O vento soprava contra os discípulos, e insistentemente dificultava o remar daqueles
homens.
“quarta vigília da noite”. Entre três e seis horas da manhã. Parece que já fazia bastante
tempo que eles estavam remando. Em Jo 6.19, lemos que os discípulos já haviam
navegado uns vinte e cinco ou trinta estádios. Considerando que cada estádio equivalia a
180 metros, os discípulos já haviam remato cinco ou seis quilômetros. A distância não
era tão grande, mas o forte vento minou as suas força. O texto diz que Jesus “queria
passar adiante deles”. O Senhor queria que seus discípulos clamassem a Ele.
A grande questão não é a força do vento. A grande questão é: até quando você vai
continuar remando contra o vento, sem clamar ao Senhor?
“Mas, ao vê-lo andando sobre o mar” (v.49). Imagine a cena de um mar revolto. Os
faixos dos raios alumiando as ondas gigantes. De repente, desaparecendo
periodicamente pelos intervalos dos raios, um vulto caminhando sobre o mar. Que cena!
Jesus sempre surpreende!
Então, em meio à tempestade, Deus revela o seu poder. Por detrás de uma forte
tempestade existe uma mão poderosa, a mão do nosso Senhor Jesus Cristo que controla
todos os ventos. Jesus exerce todo o poder sobre a natureza. Ele não só controla a
tempestade, mas anda sobre as águas agidas pelo forte vento.
“As tempestades da nossa vida podem estar fora do nosso controle, mas não fora do
controle de Jesus” (Hernandes Dias Lopes). Naum afirmou: “o Senhor tem o seu
caminho na tormenta e na tempestade” (Na 1.3). Esse mesmo profeta afirma que o
Senhor é bom, uma fortaleza do dia da angústia (Na 1.7).
3. O conforto e a incredulidade em meio à tempestade
Mr 6.50: “Tende coragem! Sou eu! Não temais!”. Antes de acalmar a tempestade, Jesus
acalmou os discípulos. Jesus mostrou para os discípulos que maior era a tempestade que
estava dentro deles do que a tempestade que estava fora deles.
“Sou eu”, disse Jesus aos discípulos. “Eu sou”: é assim que Deus normalmente se
apresenta no Antigo Testamento. O “Eu sou” é o Deus Criador, Consolador e
Sustentador (Is 43.25; 48.12; 51.12). É exatamente assim que Jesus se apresenta!
“Eu sou o que sou”: Ex 3.14. Esse nome revela que o Senhor é o Deus que intervém na
história de Israel, libertando-o das amarras da escravidão do Egito. Ele é o Deus que
abre o mar. Moisés abriu o mar. Mas Jesus andou sobre o mar. Israel atravessou o mar
Vermelho em terra seca. Deus abriu o mar. E quando Ele não abre o mar, Ele vem ao
nosso encontro sobre o mar.
Mas como os discípulos se comportaram mediante a ação do “Eu sou”?
Mr 6.51: “ficaram impressionados entre si” (Almeida Século XXI); “no seu íntimo
estavam cheio de espanto” (Bíblia de Jerusalém). Os discípulos estavam espantados,
mas não se prostraram diante de Cristo. Eles ficaram impressionados pelo poder de
Deus, mas seus corações ainda estavam endurecidos.
Mr 6.52. A tempestade revela o estado do nosso coração: “o coração deles estava
endurecido”. O poder de Cristo era bastante visível. Mas a percepção dos discípulos era
bastante superficial.
Assim termina a narrativa de Mr 6.45-52. Poderia muito bem terminar com uma
afirmação sobre o poder de Deus, ou com um cântico de louvor dos discípulos. Mas,
infelizmente termina com uma observação sobre a incredulidade daqueles homens.
Portanto, a principal tempestade não eram os ventos que arremessavam as ondas contra
o barco, mas aquela que estava no coração dos discípulos. A grande questão não são as
provas pelas quais passamos. A grande questão é o que está em nosso coração. Qual
será nossa atitude quando estivermos em meio à tempestade: incredulidade ou fé?
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