o conhecimento e seus níveis

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O CONHECIMENTO E SEUS NÍVEIS
1. O CONHECIMENTO é uma relação que se
estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto
conhecido. O sujeito que conhece se apropria, de
certo modo, do objeto conhecido.
Através do conhecimento, reconstruímos, em nós,
a REALIDADE (o SER), através de imagens
(conhecimento sensível) e de idéias (conhecimento
intelectual).
a) Conhecimento sensível: se a apropriação é
física, sensível, o conhecimento é sensível. É
encontrado tanto nos animais, quanto no
homem: acontece por meio dos cinco sentidos
externos (visão, audição, tato, paladar, olfato)
e dos sentidos internos (memória e fantasia:
imaginação).
b) Conhecimento intelectual: é típico do homem
e se realiza através da formação de idéias,
juízos, raciocínios, princípios, leis etc.
c) Conhecimento misto: no homem que é, ao
mesmo tempo, matéria e espírito, as duas
formas de conhecimento (sensível e
intelectual) se misturam.
2. NÍVEIS DE CONHECIMENTO
a) popular: é o conhecimento do povo, que nasce
da experiência do dia-a-dia: por isso, é
chamado também de “empírico”, ou
“vulgar”, quer dizer, do povo (criança,
lavrador iletrado, dados encontrados na TV,
nos jornais etc.). É ametódico e assistemático,
mas é a base do saber.
b) científico: durante a Antigüidade e a Idade
Média desenvolveu-se um saber racional,
distinto do mito e do saber comum: e era
chamado de filosofia.
Mas, a partir de Galileu (1564-1642), nasce a
ciência moderna pois é determinado o objeto
e o método desta ciência. A ciência tem como
objeto a descoberta das leis que presidem os
fenômenos sensíveis; e, como método, serve-se
da observação sistemática e, quando possível,
da experimentação. Dessa maneira, a ciência
se separa da filosofia.
As ciências são particulares, pois privilegiam
setores distintos da realidade sensível (física,
química,
biologia...).
Servem-se
de
instrumentos
(balança,
termômetro,
microscópio, computer...) e utilizam a
matemática
(ex. na estatística). Mesmo
aspirando à objetividade, as ciências não são
infalíveis: para o filósofo Karl Popper (19021994), todo conhecimento científico é
hipotético e se desenvolve a partir de erros
anteriores.
A ciência gerou a tecnologia que mudou o
habitat humano, particularmente no século
XX. De fato, permite a previsibilidade dos
fenômenos: o que possibilita um maior poder
para a transformação da natureza.
c) filosófico: Enquanto as ciências estudam uma
parte da realidade sensível, a filosofia
questiona todas as coisas, procurando saber
sua essência (o que é?), sua origem (de onde
vem?), seu destino (para onde vai?), seu
sentido (por quê?).
Do ponto de vista etimológico, “filosofia” significa
“amor à sabedoria”. Pode ser definida como “aquela
disciplina que procura descobrir o sentido último
(origem, essência, destino) de todas as coisas, servindose da razão (método racional)”. Por isso, a filosofia tem
como objeto analisar TUDO.
A título de exemplo, enquanto o biólogo (cientista)
questiona os dados sensíveis do ser humano (como a
célula, o tipo de sangue...), o filósofo questiona o
homem como um todo e se pergunta: Quem é o
homem? De onde ele vem? Para onde ele vai? Quais
são seus elementos constitutivos fundamentais?
Os principais problemas da filosofia são:
- problema cosmológico (do mundo);
- problema gnosiológico (do conhecimento);
- problema epistemológico (questiona a ciência);
- problema antropológico (do homem);
- problema metafísico ou ontológico (do SER e de
sua origem);
- problema ético (do bem e do mal);
- problema político (da sociedade);
- problema estético (da arte);
- problema pedagógico (da educação);
- problema lingüístico (filosofia da linguagem);
- problema jurídico (filosofia do direito)....
Na filosofia, além de estudar as reflexões dos
pensadores do passado, colocam-se as novas questões
que surgem na atualidade, por exemplo, o sentido da
técnica, os aspectos éticos da globalização ou da
engenharia genética.
d) teológico: A verdade pode ser encontrada
tanto pelo caminho da investigação (nas
ciências e na filosofia), como pelo caminho da
revelação
e
do
encontro
com
o
TRANSCENDENTE (típico da experiência
religiosa). O homem responde à “Revelação
de Deus” através da “Fé”.
A TEOLOGIA procura integrar os conhecimentos
da RAZÃO com os dados da FÉ. Seu método é, pois,
caracterizado por esta integração; enquanto que seu
objeto de investigação é constituído pelos dados da fé.
No exemplo específico do cristianismo, pertencem
à razão os seguintes dados: a existência histórica de
Moisés, dos profetas, de Jesus de Nazaré, dos
apóstolos; a historicidade dos evangelhos; o estudo dos
gêneros literários ou das línguas da Bíblia etc.
E pertencem à fé as afirmações do credo cristão:
Jesus Filho de Deus e Salvador, o perdão dos pecados,
a ressurreição final etc.
Fé e razão são as duas asas através das quais o
espírito humano “voa” rumo à verdade. Por isso, a fé e
a razão podem se enriquecer reciprocamente.
“A ciência sem a religião é claudicante; e a religião
sem a ciência é cega” (Albert Einstein).
O filósofo francês Jacques Maritain (1882-1973),
na sua obra “Os graus do saber”, fala de cinco graus
de conhecimento:
1. O saber da ciência; 2. o saber da matemática (a
abstração do número); 3. o saber filosófico; 4. o saber
teológico (síntese entre fé e razão); 5. o saber místico (a
experiência direta de Deus em si mesmo e na sua
relação com o homem, típica da oração contemplativa).
Para ele, no que diz respeito à relação fé-razão, os
princípios do saber provêm da razão; e a fé oferece o
sentido da verdade, a necessidade de procurá-la. A fé
confere à razão seja o sentido do seu limite (pois a
razão não explica tudo), seja um corpo de verdades
transcendentais, quer dizer, comuns a toda a
humanidade, que dão sentido ao saber: por exemplo, o
cristianismo ensinou a fé no progresso civil da
humanidade; a dignidade da pessoa humana; a
dignidade do povo; a igualdade entre os homens; o
caráter relativo de toda autoridade; a coincidência
entre política e moral; a liberdade; a fraternidade.
SÍNTESE SOBRE OS NÍVEIS DE CONHECIMENTO
1. Conhecimento popular:
a) Objeto (= campo de análise): um pouco de
tudo;
b) Método (= como se analisa): de maneira
assistemática, sem método.
2. Conhecimento científico:
a) Objeto: analisa os fenômenos sensíveis para
descobrir suas leis;
b) Método: observação sistemática e, quando
possível, a experimentação.
3. Conhecimento filosófico:
d) Objeto:
questiona
todas
as
coisas,
procurando saber sua essência (o que é?), sua
origem (de onde vem?), seu destino (para
onde vai?), seu sentido (por quê?).
e) Método: só o raciocínio.
4. Conhecimento teológico:
a) Objeto: os dados da fé;
b) Método: a integração entre a fé e a razão.
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