5. ASPECTOS PETROGRÁFICOS DOS ARENITOS E

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5. ASPECTOS PETROGRÁFICOS DOS ARENITOS E CONGLOMERADOS
Os arenitos e conglomerados, testemunhados nos poços F1, F2 e F3, foram
amostrados e laminados, a fim de obter-se uma análise petrográfica de todas as fácies
identificadas. As lâminas petrográficas foram impregnadas com resina colorida (azul) para
uma melhor observação da porosidade das amostras; e foram também tingidas com uma
solução levemente ácida de Alizarina vermelha, a fim de observar a composição do cimento
carbonático (calcita/dolomita).
5.1. COMPOSIÇÃO DETRÍTICA
Os principais componentes detríticos dos arenitos e conglomerados são os feldspatos
e o quartzo. O feldspato apresenta maiores valores percentuais nas amostras de tamanho
de grão mais fino, enquanto que o quartzo assume valores mais elevados nas amostras de
granulação mais grossa; logo, a melhor maneira de apresentar os dados de contagem modal
é através da separação por tamanho de grão. Desta forma, os dados estão separados em
três grupos: (i) arenitos grossos e conglomerados, com grãos entre 0,5 e 2mm – tamanho
que representa a matriz nos conglomerados; (ii) arenitos médios, com grãos entre 0,25 e
0,5mm; e (iii) arenitos finos a muito finos, com grãos entre 0,062 e 0,177mm. Os gráficos
de distribuição dos principais constituintes para cada um dos três grupos são apresentados
no anexo VI.
Arenitos grossos e conglomerados:
Dentre as amostras que apresentam granulação grossa, estão as Fácies
Conglomerado Seixoso com Intraclastos, e também, em menor quantidade, as Fácies
Arenito maciço, Arenito com estratificação plano-paralela, Arenito com ripples e lentes de
lama.
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O quartzo é o principal componente detrítico destas amostras (média de 30% e
máximo de 36,7%). O tipo mais comum é o quartzo monocristalino, com extinção
homogênea ou ondulante (média de 21% e máximo de 29,3%); em segundo lugar estão os
grãos de quartzo em fragmentos de rocha gnáissica, com extinção ondulante, (média de
5,1% e máximo de 12,2%). O terceiro tipo é o quartzo em fragmentos de rochas plutônicas
(média de 3,9% e máximo de 6,5%), onde ocorre associado a feldspatos (Fig. 19) e o quarto
tipo é o quartzo policristalino (média de 0,1% e máximo de 0,7%) (Fig. 18 e 19).
Figura 18: Esquerda: grãos de quartzo monocristalino (4X- LP), Direita: grãos de quartzo
monocristalino (setas brancas) e policristalino (seta amarela) (4X- LP).
Figura 19: Esquerda: grão de quartzo policristalino (10X – LP), Direita: grão de quartzo plutônico (as
setas azuis indicam os cristais de feldspato inclusos no grão) (4X – LP).
O segundo componente detrítico mais abundante é o feldspato (média de 21,5% e
máximo de 27%). O tipo de feldspato monocristalino (Fig. 20) mais comum é o ortoclásio
(média de 5,3% e máximo de 10,7%), mas também foram observados em abundância pertita
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(média de 2,5% e máximo de 3,7%), plagioclásio (média de 2,1% e máximo de 3,7%), e
microclínio (média de 1,3% e máximo de 2,3%) (Fig. 21).
São também encontrados em abundância K-feldspatos em fragmentos de rocha
plutônica (média de 4% e máximo de 6,7%) e em fragmentos de rocha metamórfica (média
de 1,2% e máximo de 2,7%). Os plagioclásios em fragmentos de rocha plutônica possuem
freqüência média de 0,6% e máxima de 2%.
Figura 20: Esquerda: grãos de ortoclásio (seta azul) (10X – LP), Direita: grão de pertita (seta azul)
com sobrecrescimento (seta lilás) (40 X – LP).
Figura 21: Esquerda: grão de microclínio (10X – LP), Direita: grão de plagioclásio (20X – LP).
O somatório dos fragmentos de rocha plutônica (Fig. 22) mostra que essas amostras
possuem valores médios de 9,8% e valores máximos de 16% destes componentes. O
somatório dos fragmentos de rocha gnáissica (Fig. 23) apresenta média de 6,7% e valores
máximos de 15,5%. O somatório de fragmentos lítico finos possui valores médios de 0,6% e
máximos de 2,3%. Estes são representados pelos fragmentos finos de rochas metamórficas
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micáceas e quartzo-micáceas foliadas ou não foliadas (média de 0,5% e máximo de 2,3%)
(Fig. 23 e 24) e de rochas vulcânicas intermediárias – básicas (média de 0,1% e máximo de
0,5%) (Fig. 25).
Figura 22: Esquerda: grão de feldspato plutônico (4X – LP), Direita: grão plutônico com pertita (seta
azul) e quartzo (seta branca) (10X – LP).
Figura 23: Esquerda: fragmento de rocha gnáissica (4X – LP). Direita: fragmento de rocha
metamórfica quartzo-micácea foliada (10X – LP).
Figura 24: Esquerda: fragmento metamórfico não foliado com clorita (20X – LP). Direita: grão
metamórfico micáceo foliado (20X – LP).
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Figura 25: Esquerda: grão vulcânico (?) com piroxênio e plagioclásio (10X – LP). Direita: fragmento de
rocha vulcânica básica ( 10X – LP).
Os minerais acessórios (Fig. 26) mais freqüentes nas amostras de granulação grossa
são os opacos (pirita e magnetita?) (média 0,8%, máximo 2,5%), a granada (média 0,4%,
máximo 1,5%) e o piroxênio (média 0,2%, máximo 1%). Também ocorrem, em menores
quantidades, anfibólio, zircão, biotita, epidoto e muscovita (médias entre 0,1% e 0,2%, e
valores máximos entre 0,3% e 0,7%).
Figura 26: A: grão de granada e mineral opaco (10X – LN), B: grão de anfibólio (10X – LP). C: grão de
zircão (10X – LP), D: grão de epidoto (20X – LP).
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Os fragmentos intrabaciais (Fig. 27) representam em média 1,4% das amostras e no
máximo 5,3%. Os grãos mais comumente observados são os intraclastos lamosos (média
0,7%, máximo 5,3%), a glauconita (média 0,1%, máximo 1%) e os fragmentos de matéria
orgânica (média 0,1%, máximo 0,5%). Com freqüência inferior ocorrem intraclastos
carbonáticos, bioclastos carbonáticos e fosfáticos (médias entre 0,1% e 0,2%, e valores
máximos de 0,5%).
Figura 27: Esquerda: Intraclasto lamoso (10X – LN), Direita: bioclasto carbonático (alga?) (10X – LN).
Arenitos Médios:
As amostras de granulação média representam as Fácies Arenito maciço, Arenito
com estratificação plano-paralela, Arenito com ripples e lentes de lama e Conglomerado
(Csmi) (Fig. 28).
Figura 28: Esquerda: Arenito fino intercalado à fácies Arll (20X-LN). Direita: Fácies Csmi (4X- LP).
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O mineral detrítico mais abundante é o feldspato (média de 26,9% e máximo de
33,5%, sendo a grande maioria destes do grupo dos K-feldspatos. O tipo de feldspato
monocristalino mais comum é o ortoclásio (média de 8,7% e máximo de 11,7%), e em
segundo lugar está o plagioclásio (média de 2,9% e máximo de 4,7%) (Fig. 29), mas também
foram observados em abundância microclínio (média de 2,5% e máximo de 4,3%) e pertita
(média de 2,4% e máximo de 4,3%) (Fig. 30).
Figura 29: Esquerda: Grãos de ortoclásio monocristalino (20X – LP). Direita: grão de plagioclásio
(10X- LP).
Figura 30: Esquerda: grão de microclínio (20X – LP). Direita: grão de pertita (20X – LP).
Em quantidades inferiores em relação às amostras de areia grossa, porém ainda
representativos, estão os K-feldspatos em fragmentos de rocha plutônica (média de 2,1% e
máximo de 3,3%) e em fragmentos de rocha metamórfica (média de 0,6% e máximo de
1,3%). Os plagioclásios em fragmentos de rocha plutônica possuem freqüência média de
0,4% e máxima de 1%.
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O segundo componente detrítico mais abundante é o quartzo (média de 20,4% e
máximo de 30,5%) (Fig. 31). O tipo mais comum de quartzo é o monocristalino, com extinção
homogênea ou ondulante (média de 17,3% e máximo de 23,5%), em segundo lugar estão os
grãos de quartzo em fragmentos de rochas gnáissicas (média de 2% e máximo de 4%), e o
terceiro tipo é o quartzo em fragmentos de rochas plutônicas, com média de 1,2% e máximo
de 4,5%. O quartzo policristalino não foi encontrado.
Figura 31: Esquerda: Grãos de quartzo monocristalino (amarelo) e feldspato (cinza) (10X – LP).
Direita: Fragmento rocha gnáissica com quartzo e feldspato (4X – LP).
O somatório dos fragmentos de rocha plutônica (Fig. 32) mostra que os arenitos
possuem valores médios de 4,6% e valores máximos de 9,5% destes componentes. O
somatório dos fragmentos de rocha gnáissica (Fig. 31) apresenta média de 2,9% e valores
máximos de 4,5%. Esses percentuais de fragmentos plutônicos e gnáissicos são bem
menores que os das amostras de granulação grossa. O somatório de fragmentos lítico finos
possui valores médios de 1,1% e máximos de 2%, sendo que a média é um pouco maior que
nas amostras grossas. Os fragmentos líticos finos são representados também por
fragmentos de rochas metamórficas micáceas e quartzo-micáceas foliadas ou não foliadas
(Fig. 33 e 34) (média de 0,8% e máximo de 2%) e de rochas vulcânicas intermediárias –
básicas (Fig. 34) (média de 0,2% e máximo de 0,5%).
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Figura 32: Esquerda: Fragmento de rocha plutônica com quartzo e K-feldspato (10X – LP). Direita:
Fragmento de rocha plutônica com quartzo e K-feldspato (20X – LP). Quartzo – setas brancas,
feldspatos – setas azuis.
Figura 33: Esquerda: Fragmento de rocha metamórfica quartzo-micácea foliada (20X – LP). Direita:
Fragmento de rocha metamórfica micácea foliada (40X – LP).
Figura 34: Esquerda: Fragmento de rocha metamórfica micácea foliada (20X – LP). Direita:
Fragmento de rocha vulcânica básica-intermediária (10X – LP).
Os minerais acessórios mais freqüentes nas amostras de granulação grossa são os
opacos (pirita e magnetita?) (média 1,4%, máximo 2,5%) a granada (média 0,5%, máximo
2%) e o zircão (média 0,2%, máximo 1%) (Fig. 35). Também ocorrem, em menores
63
quantidades, biotita, turmalina, epidoto, muscovita e anfibólio e piroxênio (Fig. 35 e 36)
(médias entre 0,1% e 0,4%, e valores máximos entre 0,3% e 0,5%).
Figura 35: Esquerda: Granada (seta branca), opacos (preto) e anfibólio (verde) (10X – LN). Direita:
Grãos de granadas e minerais opacos (20X – LN).
Figura 36: Esquerda: Grão de muscovita (10X – LP). Direita: grão de biotita (10X – LP).
Os fragmentos intrabaciais representam em média 1,8% das amostras e no máximo
3,5%. Os grãos mais comumente observados são os intraclastos lamosos (média 0,6%,
máximo 1,5%), os intraclastos carbonáticos (Fig. 37) (média 0,4%, máximo 2%), e a
glauconita (Fig. 38) (média 0,3%, máximo 1%), que ocorre comumente associada à pirita
framboidal ou dolomita. Com freqüência inferior ocorrem bioclastos carbonáticos e fosfáticos
(Fig. 39) (médias entre 0,1% e 0,2%, e valores máximos de 0,5%).
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Figura 37: Esquerda: Intraclasto lamoso piritizado (20X – LN). Direita: Intraclasto carbonático (10X –
LN).
Figura 38: Esquerda: Grãos de glauconita (verde) associada com dolomita (20X – LN). Direita:
bioclasto carbonático (20X – LP).
Figura 39: Esquerda: Bioclastos carbonáticos (20X – LP). Direita: Bioclasto fosfático (20X – LN).
Arenitos Finos a Muito Finos:
As amostras de granulação fina a muito fina representam a Fácies Arenito com
ripples e lentes de lama.
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O mineral detrítico mais abundante é o feldspato (média de 33,1% e máximo de 42%,
sendo a grande maioria destes do grupo dos K-feldspatos. O tipo de feldspato monocristalino
mais comum é o ortoclásio (média de 14,5% e máximo de 21,7%), e em segundo lugar está
o plagioclásio (Fig. 40) (média de 3,9% e máximo de 7%), mas também foram observados
em abundância pertita (média de 3,4% e máximo de 5,7%) e microclínio (Fig. 41) (média de
2,4% e máximo de 3,7%).
Figura 40: Esquerda: grãos de ortoclásio (seta azul) e plagioclásio (seta branca) (40X – LP). Direita:
grão de plagioclásio (20X – LP).
Figura 41: Esquerda: grão de pertita (20X – LP). Direita: grão de microclínio (20X – LP).
Em quantidades inferiores em relação às amostras de areia média estão os Kfeldspatos em fragmentos de rocha plutônica (média de 1,4% e máximo de 3%) e em
fragmentos de rocha metamórfica (média de 0,3% e máximo de 1%). Os plagioclásios em
fragmentos de rocha plutônica possuem freqüência média de 0,4% e máxima de 1,5%.
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O segundo componente detrítico mais abundante é o quartzo (média de 14% e
máximo de 22,7%). O tipo mais comum de quartzo é o monocristalino (Fig. 42), com extinção
homogênea ou ondulante (média de 12,2% e máximo de 19%), em segundo lugar estão os
quartzos em fragmentos de rochas gnáissicas (Fig. 42) (média de 2% e máximo de 3,2%), o
terceiro tipo é o quartzo em fragmentos de rochas plutônicas, com média de 0,8% e máximo
de 2,5% e o quarto tipo é o quartzo policristalino com média de 0,1% e máximo de 0,5%.
Figura 42: Esquerda: grão de quartzo monocristalino (10X – LP). Direita: quartzo em fragmento de
rocha gnáissica (20X – LP).
O somatório dos fragmentos de rocha plutônica (Fig. 43) mostra que os arenitos finos
possuem valores médios de 3,1% e valores máximos de 7% destes componentes. O
somatório dos fragmentos de rocha gnáissica apresenta média de 1,2% e valores máximos
de 3,7%. Estes percentuais são inferiores aos teores das amostras de granulação média.
Figura 43: Esquerda: fragmentos de rocha plutônica (setas) (10X – LP). Direita: fragmento de rocha
metamórfica micácea, substituído por dolomita (20X – LP).
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O somatório de fragmentos líticos finos possui valores médios de 1% e máximos de
4%, sendo o valor máximo um pouco maior que o máximo das amostras médias. Os
fragmentos líticos finos são representados também por fragmentos de rochas metamórficas
micáceas e quartzo-micáceas foliadas ou não foliadas (Fig. 43 e 44) (média de 0,9% e
máximo de 4%) e por traços de fragmentos de rocha vulcânica.
Figura 44: Esquerda: fragmento de rocha metamórfica micácea foliada (20X – LN). Direita: fragmento
de rocha metamórfica quartzo-micácea foliada (40X – LP).
Figura 45: A: grão de pirita detrítica (40X – LR) B: mineral opaco não identificado (40X – LR). C e D:
grão de epidoto em LN e LP (20X).
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Os minerais acessórios (Fig. 45 e 46) mais freqüentes nas amostras de granulação
fina são os opacos (pirita e magnetita?) (média 1,5%, máximo 5%) a granada (média 0,3%,
máximo 1%) e a muscovita (média 0,3%, máximo 1%). Também ocorrem, em menores
quantidades, biotita, epidoto, zircão, piroxênio, anfibólio e turmalina (médias entre 0,1% e
0,2%, e valores máximos entre 0,5% e 0,7%).
Figura 46: A: grão de granada (20X – LN) B: grão de anfibólio (20X – LP) C e D: grão de turmalina LN
e LP (20X).
Os grãos intrabaciais (Fig. 47 e 48) apresentam quantidades bastante significativas
nos arenitos finos, os valores médios totais são de 5,4% e os valores percentuais máximos
chegam a 18%. Os valores mais elevados estão presentes nas amostras de granulação fina
com lentes de lama, os arenitos finos com ripples e maciços têm valores mais baixos.
Os fragmentos mais comumente observados são os intraclastos lamosos (média
2,3%, máximo 12%), os fragmentos de matéria orgânica (média 1,2%, máximo 4,3%),
intraclastos carbonáticos (média 0,7%, máximo 3,7%), os bioclastos carbonáticos (média
69
0,4%, máximo 3,5%), a glauconita (média 0,5%, máximo 1,3%) e os bioclastos fosfáticos
(média 0,1%, máximo 0,5%).
Figura 47: A: intraclasto lamoso (10X – LN). B: fragmentos de matéria orgânica (40X – LP). C:
intraclasto carbonático (20X - LP). D: bioclasto (espinho de equinóide?) (20X - LN).
Os intraclastos lamosos podem ser compostos apenas por lama, mas também podem
apresentar grãos de areia e/ou silte e micas (fig. 47). Os fragmentos de matéria orgânica são
amorfos, com coloração marrom a preta e muito pequenos, são melhor observados em LN e
com o maior aumento (40X).
Nas frações de areia muito fina é comum a presença de bioclastos variados, alguns
sem estrutura definida, porém muitos podem ser identificados, em especial os foraminíferos
planctônicos (Globigerina) e bentônicos (Quinqueloculina) (Fig. 48 A e B). Esta associação
de fósseis é típica de plataforma rasa. Foram encontrados também fragmentos fósseis
similares a espinhos equinóides (Fig. 47). Nestas frações mais finas ocorre também matriz
deposicional argilosa, com valores médios de 1,3% e máximos de 18% (Fig. 48).
70
Figura 48: A: bioclasto carbonático (foraminífero – Quinqueloculina) (20X – LN). B: bioclasto
carbonático (foraminífero – Globigerina) (20X – LP). C: grão de glauconita com pirita framboidal (10X LN). D: bioclasto fosfático (10X – LN).
71
5.1.1. CLASSIFICAÇÃO DOS ARENITOS
A classificação de arenitos mais utilizada é a de Folk (1980), que aplica um diagrama
triangular com quartzo (Q), feldspato (F) e fragmentos líticos (L) nos vértices. Os grãos de
quartzo ou feldspato em fragmentos de rochas plutônicas e gnáissicas são também plotados
nos extremos Q ou F. São plotados como L apenas os fragmentos líticos “instáveis”, como
os fragmentos vulcânicos, metamórficos finos e sedimentares.
De acordo com esta classificação, os arenitos e conglomerados da Fm. Urucutuca
são classificados como arcósios (Fig. 49), devido ao elevado teor de feldspatos. Nestas
rochas, o K-feldspato predomina em relação ao plagioclásio (média: F
K-feld.
3,3%). Os grãos de quartzo são dominantemente monocristalinos (média: Q
poli
= 22,5%, F
mono
plg
=
= 15,8%, Q
= 0,1%) e os fragmentos de rocha plutônica e de rocha gnáissica predominam em relação
aos fragmentos líticos finos (média: FR plut. = 5,7% > FR gnais = 3,5% > L finos = 0,8%).
Figura 49: Gráfico de classificação composicional dos arenitos e conglomerados.
Os resultados totais da contagem modal do arcabouço (Tabela 3) foram também
plotados no diagrama triangular (Qt x F x L) de Dickinson (1985) para a análise de
maturidade e proveniência dos arenitos (Fig. 50). É importante ressaltar que no diagrama de
Dickinson (1985), Qt engloba os grãos de quartzo monocristalino (Qm), quartzo policristalino
(Qp), quartzo em fragmentos de rocha plutônica (Qfrp) e quartzo em fragmentos de rocha
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gnáissica (Qfrg); F engloba os grãos de feldspatos potássicos monocristalinos (Km), os
plagioclásios monocristalinos (Pm), e também os feldspatos potássicos e plagioclásios em
fragmentos de rocha plutônica (Kfrp / Pfrp) e gnáissica (Kfrg / Pfrg). Visto que o teor de Qp dos
arenitos da Fm. Urucutuca é muito baixo, não foi necessário plotar o gráfico Qm x F x Lt.
Figura 50. Resultados totais de petrografia quantitativa plotados no diagrama Qt x F x L de Dickinson
(1985).
Foram adicionalmente produzidos gráficos Qt x F x L para o conjunto das amostras e
para cada classe granulométrica, onde foram incluídos os grãos de fedspatos, quartzo e
fragmentos metamórficos alterados pela diagênese. Estes gráficos servem para observar as
mudanças composicionais produzidas no arcabouço pela ação processos diagenéticos de
dissolução de feldspatos e fragmentos líticos, bem como os processos de cimentação e
substituição por carbonatos e sulfatos, principalmente.
No diagrama total (Fig. 51) pode-se visualizar que os arenitos da Fm. Urucutuca
possuíam originalmente um teor mais elevado de fragmentos líticos finos, que foram
perdidos na diagênese. Pode-se notar também desvios nos teores de feldspatos, sem,
entretanto, alterar a classificação composicional arcósica.
73
Figura 51. Composição atual x composição original do conjunto das amostras plotados no diagrama
de Folk (1980).
Nos arenitos grossos (Fig. 52), pode-se observar que a composição atual é
levemente mais quartzosa do que a original, e que o teor de fragmentos líticos finos sofreu
alteração em poucas amostras, provavelmente porque este teor já era originalmente baixo
nos arenitos grossos e conglomerados.
Figura 52. Composição original x composição atual dos arenitos grossos plotados no diagrama de
Folk (1980).
Nos arenitos médios (Fig. 53), várias amostras apresentaram a composição atual
mais quartzosa do que a original. O teor de fragmentos líticos finos também sofreu alteração
74
significativa em algumas amostras, como pode ser observado pelo deslocamento dos pontos
em direção à borda oposta ao vértice L.
Figura 53. Composição original x composição atual dos arenitos médios plotados no diagrama de Folk
(1980).
Nos arenitos finos (Fig. 54), também foi observado que a composição atual é mais
quartzosa do que a original, entretanto, nos arenitos finos com matriz lamosa (fácies All), a
composição original e a atual são muito parecidas, logo, estes arenitos foram menos
afetados pelos processos de substituição e dissolução dos feldspatos. Isto se deve,
provavelmente, à baixa permeabilidade que a matriz lamosa confere às rochas. Nas
amostras das outras fácies finas, mais permeáveis, o efeito dos processos de dissolução e
substituição foi mais severo.
Observou-se que nas amostras de arenito sem matriz, o teor de fragmentos líticos
finos também sofreu forte alteração, enquanto que nos arenitos com matriz os fragmentos
líticos finos foram menos afetados pela diagênese, da mesma forma que os feldspatos. Isto
se deve também à baixa permeabilidade das rochas com matriz, o que dificulta a penetração
e circulação dos fluidos responsáveis pela dissolução dos grãos líticos e os feldspáticos.
A composição arcósica do arcabouço, no diagrama de Dickinson, corresponde ao
ambiente de embasamento soerguido, típico de áreas alto relevo, ao longo de riftes, que
produzem areias quartzo-feldspáticas, pobres em fragmentos líticos finos e quartzo
75
policristalino.
Esta área fonte corresponde às rochas da Associação Pré-Espinhaço, do
embasamento do Cráton São Francisco, formada por rochas granito-gnáissico-migmatíticas.
Figura 54. Composição original x composição atual dos arenitos finos plotados no diagrama de Folk
(1980).
A norte da Bacia está situado o Complexo São José, composto por rochas ígneas
metamorfisadas em fácies granulito, fortemente bandadas, de composição tonalítica,
diorítica e trondjhemítica, com metagabronoritos, metadioritos, metanoritos, metabasaltos e
gnaisses quartzo-feldspáticos (Arcanjo, 1997). A sul aflora a Unidade Rio Japú do
Complexo Ibicaraí-Buerarema, composta por ortognaisses de fácies anfibolito, que
compreendem biotita gnaisses, hornblenda gnaisses, granitos e granodioritos gnáissicos.
No extremo sul aflora o Complexo Ilhéus, composto por rochas granulíticas fortemente
bandadas de natureza vulcanogênica de composição dacítica a basáltica (Arcanjo, 1997).
No extremo oeste, afloram as rochas da Unidade Rio Japú e os Granitóides São Geraldo e
Suítes Intrusivas Rio Paraíso e Água Sumida, que são compostos por gnaisses de
composição granítica, monzonítica e sienítica, metamorfisados no fácies anfibolito
superior a granulito.
Estas rochas foram, provavelmente, as fontes para os numerosos fragmentos de
rochas gnáissicas encontrados nas amostras da formação Urucutuca e também para grãos
76
de quartzo monocristalino. Apesar de se tratarem de fontes metamórficas, estas rochas têm,
em sua maioria, fonte ígnea plutônica e estão metamorfisadas em alto grau, o que permite a
liberação de fragmentos de quartzo monocristalinos para a Bacia. É importante ressaltar,
que no grupo de rochas com maior percentual de grãos de quartzo, os arenitos grossos e
conglomerados, a maior parte dos grãos de quartzo em fragmentos de rocha compõe
fragmentos de gnaisse.
Diretamente abaixo da Bacia e também a W e SW aflora a Suíte Intrusiva Itabuna,
que compreende rochas alcalinas sem metamorfismo ou deformação, compostas sienitos,
piroxênio sienitos, nefelina sienitos, dioritos, gabros e basaltos, cuja origem pode ser
associada a um magmatismo alcalino pós-cinemático.
No conjunto das amostras estudadas predominam fragmentos de rochas plutônicas
em relação aos demais fragmentos de rochas. Os grãos de feldspatos são muito abundantes
e apresentam média geral mais alta que o quartzo, sendo que plagioclásio, comum também
em rochas de composição gabróica e diorítica, apresenta média geral, nos arenitos, maior
até mesmo que o microclínio e a pertita. As pertitas são também indicativas de fonte ígnea.
Estes fatores conjugados levam a crer que a Suíte Intrusiva Itabuna foi uma das principais
fontes de material sedimentar para a Bacia de Almada, fornecendo principalmente
fragmentos de rocha plutônica e feldspatos. A proximidade destas rochas com a bacia
provavelmente contribuiu muito para a predominância de seus fragmentos nos arenitos.
Afloram também na área diques de diabásio cortando as rochas do embasamento
(Carvalho, 1965). Estas rochas são provavelmente a fonte dos fragmentos de rochas
vulcânicas (sub-vulcânicas) básicas que foram encontrados nas amostras da Fm. Urucutuca.
Como se pode observar nos anexos IV, V e VI, estes fragmentos estão presentes mais
freqüentemente nas amostras de granulação média, mas ocorrem também nos arenitos
grossos e finos. Estas rochas provavelmente estavam localizadas muito perto da bacia de
deposição, e este foi o fator preponderante para a preservação destes fragmentos, os quais
são naturalmente muito instáveis no ambiente sedimentar e não teriam resistido a grandes
distâncias de transporte e exposição à intempérie.
77
Tabela 3: Valores percentuais médios e máximos do conjunto das amostras.
Componentes
Média Máx.
Componentes
Média
Máx.
Quartzo Detrítico
20,4
36,7
Pirita intergranular
0,5
9,0
Quartzo monocristalino
15,8
29,3
Pirita intergranular framboidal
0,9
5,0
Quartzo policristalino
0,1
0,7
Pirita intragranular
0,2
1,7
Quartzo em f. r. plutônica
1,9
6,5
Pirita substituindo intraclasto
0,2
4,0
Quartzo em f. r. gnáissica
2,6
11,5
Pirita substituindo matriz argilosa
0,1
1,0
Feldspato Detrítico
25,7
42,0
Argila preenchedo poro
0,1
3,0
K-feldspato Detrítico
22,5
38,5
Crescimentos de Quartzo "in situ"
0,3
2,0
Ortoclásio monocristalino
9,1
21,7
Glauconita substituindo feldspato
0,1
0,5
Microclínio monocristalino
1,9
4,3
Glauconita substituindo matriz
0,0
0,5
Pertita monocristalina
2,7
5,7
Crescimentos de Feldspato
0,9
4,0
1,7
K-feldspato em f. r. plutônica
2,4
6,7
Albita substituindo feldspato
0,1
K-feldspato em f. r. gnáissica
0,7
2,7
Albita substituindo K-feldspato plut.
0,0
1,0
K-feldspato em f. r. vulcânica
0,0
0,7
Albita substituindo plagioclásio
0,1
1,7
Plagioclásio Detrítico
3,3
7,5
Albita substituindo plagioclásio plut
0,0
0,3
Plagioclásio monocristalino
2,8
7,0
Barita intergranular
0,5
7,0
Plagioclásio em f. r. plutônica
0,4
2,0
Anidrita intergranular
1,4
22,0
Total de fragmentos de rocha Plutônica
5,7
16,0
Anidrita subst. feldsp
0,4
10,0
Total de frag. de rocha Gnáissica
3,5
15,5
Anidrita subst. intraclasto
0,4
10,7
Total de fragmentos Líticos finos
0,8
4,0
Anidrita substit. f.r.metamorfica
0,3
4,0
Total de frag. de rochas Metamórficas
0,7
4,0
Dolomita intergranular
20,7
46,7
F. R. Met. micáceo foliado
0,4
3,5
Dolomita intrapartícula
0,1
3,5
F. R. Met. micáceo não foliado
0,1
1,0
Dolomita substituindo intraclasto
0,4
2,0
F. R. Met. Quartzo -micáceo foliado
0,1
1,0
Dolomita substituindo feldspato
4,7
18,3
F. R. Met. Quartzo - micáceo não foliado
0,0
1,0
Dolomita substituindo quartzo
0,7
4,0
F. R. Met. não foliado com epidoto
0,0
1,0
Dolomita substituindo f.r.metamorfica
0,4
2,5
Total de fragmentos de rocha vulcânica
0,1
0,5
Calcita intergranular
2,5
29,3
F. R. Vulcânica ácida
0,0
0,3
Calcita intrapartícula
0,0
0,5
F. R. Vulcânica intermediária - básica
0,1
0,5
Calcita substituindo intraclasto
0,0
0,5
Muscovita
0,1
1,0
Calcita substituindo feldspato
0,4
6,0
Biotita
0,1
0,5
Calcita substituindo feldspato plut.
0,1
1,3
Mica em fragmento de rocha plutônica
0,0
0,7
Calcita substituindo ferromagnesiano
0,0
1,3
Epidoto
0,1
0,7
Calcita substituindo quartzo
0,0
0,3
Granada
0,4
2,0
TiO2 intergranular
0,0
0,5
Opacos (magnetita?)
1,1
5,0
Macroporosidade
10,3
43,5
Piroxênio
0,1
1,0
Intergranular
6,3
34,0
Anfibólio
0,1
0,5
Intragranular em K-feldspato
1,5
9,0
Zircão
0,1
1,0
Intragranular em plagioclásio
0,2
1,5
turmalina
0,0
0,5
Intragranular em f. r. plutônica
0,4
2,5
Outros minerais pesados
0,1
0,5
Intragranular em f. r. metamorfica
0,1
3,0
Total de Grãos Intrabaciais
2,8
18,0
Intragranular em mica
0,1
2,0
Intraclasto Lamoso
1,2
12,0
Intragranular em mineral pesado
0,1
1,0
Glauconita
0,3
1,3
Intragranular em bioclasto
0,0
0,3
Outros grãos de argilas
0,1
1,0
Móldica
1,4
8,0
Bioclasto Carbonático
0,2
3,5
Fratura
0,0
0,5
Intraclasto Carbonático
0,4
3,7
Shrinkage
0,1
2,0
Fragmentos de Matéria Orgânica
0,5
4,3
Matriz argilosa
1,3
18,0
Fosfato
0,1
0,5
Volume Intergranular
35,4
58,0
Pseudomatriz
0,1
2,3
Volume de Grãos
64,6
88,0
Total de Constituintes Diagenéticos
36,4
69,5
Total de Substituições de Grãos
35,7
66,5
78
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