Análise dos efeitos histológicos na pele pós perda ponderal de

Propaganda
XII Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Análise dos efeitos histológicos na pele pós perda ponderal
de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica
Amanda Schnorr1, Angela Dal Pizzol Leite1, Fernanda Braga Seganfredo1, Mauro Thome Lopes1,
Ricardo Mattheus Almeida1, Ricardo Wischral Bastos1, Anderson Ricardo Ingracio2, Jefferson Luis
Braga da Silva (orientador)3.
1
Faculdade de Medicina, PUCRS, 2Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde,
PUCRS, 3Faculdade de Medicina e Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde, PUCRS
Resumo
Introdução
A obesidade, atualmente, tomou proporções epidêmicas [1]. Em 2002, estimativas da
Organização Mundial da Saúde (OMS) apontavam para a existência de mais de um bilhão de
adultos com excesso de peso, sendo 300 milhões considerados obesos. Sendo assim, a
obesidade representa um grave problema de saúde no mundo [7]. No Brasil, a pesquisa
obesidade 2007 realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica,
estima que mais da metade da população brasileira esteja com sobrepeso e cerca de 10%
estejam obesos [8].
Maggard MA, et al em metanálise publicada em 2005, concluiu que a cirurgia
bariátrica é o método mais efetivo para o tratamento da obesidade mórbida [9]. Comumente a
cirurgia bariátrica traz consequências que afetam a pele do paciente, sobretudo flacidez e
excessos de pele. Além dos problemas estéticos acarretados por essas mudanças, ressaltam-se
também os problemas funcionais, como lesões tróficas e dificuldades na higiene corporal [1].
Reconhecidamente pacientes obesos apresentam mudanças físicas e metabólicas
significativas na pele e suas estruturas. A obesidade desencadeia alterações na função de
barreira da pele, em suas estruturas anexas – glândulas sebáceas e sudoríparas, folículo piloso, em sua vascularização –circulação linfática e microcirculação- e em sua resposta ao trauma –
cicatrização de lesões [1, 3, 4].
Embora seja considerável o fenômeno mecânico como fator desencadeante do excesso
de pele, principalmente no que diz respeito à reabsorção e à remodelação do tecido adiposo, é
XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011
imperativo observar que o vigor e elasticidade da pele, com ênfase no conteúdo de colágeno
da mesma, apresentam-se como fatores determinantes nesse resultado [4].
A capacidade de tensão e a elasticidade da pele são determinadas principalmente pela
matriz extracelular, a qual tem como conteúdo fibrilas de colágeno tipo I e III, microfibrilas e
fibras elásticas envoltas por uma substância composta por proteoglicanos. Muitos estudos
têm demonstrado que a perda de peso massiva está associada ao dano de alguns destes
componentes [1]. Migliori et al. constataram espessamento da rede fibrosa e sugestiva perda
de fibras elásticas após a cirurgia bariátrica [4]. Conforme Light et al., análises histológicas
pós-cirúrgicas demonstraram anormalidades na arquitetura e organização do colágeno,
degradação de elastina, diminuição de fibroblastos, regiões de inflamação e perdas na matriz
extracelular, em relação à pele normal [2,3]. Orpheu et al. encontraram diminuição do
conteúdo de colágeno na pele abdominal de pacientes que se submeteram à cirurgia bariátrica,
quando comparada à constituição da pele de pacientes não obesos [1].
A cirurgia bariátrica envolve importante manipulação com o trato gastrointestinal,
desencadeando consequências metabólicas e deficiências nutricionais que podem ser severas
[2]. Preocupações em torno da má nutrição e deficiência de vitaminas, na perda massiva de
peso, são relacionadas com possível diminuição da elasticidade, da espessura das camadas da
derme e epiderme e da piora na qualidade do colágeno [5]. Possivelmente o estado metabólico
alterado resulta em impacto sobre a matriz extracelular [3]. Chavapil, Hruza e Verzar, através
da utilização de fibrilas de colágeno isoladas, demonstraram que a maturação do colágeno é
retardada em situações de má nutrição [6], assim como uma queda na deposição do colágeno
pode ser comumente observada nessas situações [2].
Muitos estudos têm contemplado os aspectos clínicos da cirurgia bariátrica [5]. Apesar
da existência de alguns estudos sobre os mecanismos morfológicos e bioquímicos que
ocorrem na pele de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, ainda há muito a ser elucidado
[1]. Torna-se evidente a necessidade de entender microscopicamente os efeitos da obesidade e
da perda massiva de peso sobre a pele e cicatrização cutânea [5].
Portanto, através deste estudo, buscamos analisar as características e esclarecer as
alterações da pele de pacientes obesos, as quais ocorrem após a perda ponderal seguida da
realização da cirurgia bariátrica.
Metodologia
Estudo observacional de coorte, no qual 25 pacientes em tratamento por cirurgia
bariátrica serão submetidos a biópsias de pele por punch (1mm) no momento da cirurgia
XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011
(tempo 0), após 3 e após 6 meses, nas regiões retroauricular e periumbilical. Serão excluídos
do estudo pacientes que não aderirem ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, além
dos usuários crônicos de corticóides, imunossupressores ou que possuam doença inflamatória
intestinal crônica ou neoplasia.
Resultados
Os resultados serão avaliados pela análise das biópsias em relação à composição da
pele. Será usada coloração por Hematoxilina e Eosina para avaliação do tecido conjuntivo,
considerando espessura da derme e densidade capilar. A coloração por Fucsina será usada
para quantificar elastina, e Picrosirius para avaliação da densidade de colágeno. Será realizada
análise imunohistoquímica com marcadores de colágeno tipo I e III. As imagens das lâminas
serão analisadas pelo software Image Lab.
Esperamos constatar se realmente existe uma diminuição na concentração de colágeno
e de fibras elásticas na pele dos pacientes após a perda ponderal seguida da cirurgia bariátrica,
comparando-a com a biópsia da pele do próprio paciente antes de o mesmo se submeter à
cirurgia em questão. Também esperamos encontrar diminuição na espessura da pele, no
número de fibroblastos, na densidade do colágeno e na densidade capilar.
Referências
1.
VEIGA DF, BUSSOLARO RA, KOBAYASHI EY, MEDEIROS VP, MARTINS JRM, GARCIA EB,
NOVO NF, NADER HB, FERREIRA LM. Glycosaminoglycans of Abdominal Skin After Massive
Weight Loss in Post-Bariatric Surgery. Obes Surg. 2001;21:774-782.
2.
D’ETORRE M, GNIULLI D, IACONELLI A, MASSI G, MINGRONE G, BRACAGLIA R. Wound
Healing Process in Post-bariatric Patients: an Experimental Evaluation. Obes Surg. 2010; 20:15521558.
3.
LIGHT D, ARVANITIS GM, ABRAMSON D, GLASBERG SB. Effect of Weight Loss after Bariatric
Surgery on Skin and the Extracellular Matrix. Plast Reconstr Surg. 2010; 1422-1428.
4.
ORPHEU SC, COLTRO PS, SCOPEL GP, GOMEZ DS, RODRIGUES CJ, MODOLIN MLA,
FAINTUCH J, GEMPERLI R, FERREIRA MC. Collagen and Elastic Content of Abdominal Skin After
Surgical Weight Loss. Obes Surg. 2010; 20:480-486.
5.
CHOO S, MARTI G, NASTAI M, MALLALIEU J, SHERMAK MA. Biomechanical Properties of
Skin in Massive Weight Loss Patients. Obes Surg. 2010; 20:1422-1428.
6.
VASANTHA L. Biomechanical Changes in Skin Experimental Protein and Calorie Deficiency.The Am
Jour of Clin Nutr. 1970; 23:99-140.
7.
WORLD
HEALTH
ORGANIZATION.
OBESITY
AND
OVERWEIGHT.
http://www.who.int/dietphysicalactivity/publications/facts/obesity/en/. Acesso em 01 de junho de 2011.
8.
SBCB.
PESQUISA
OBESIDADE
BRASIL
http://www.sbcb.org.br/asbcbm_pesquisa_obesidade_2007.php. Acesso em 29 de maio de 2011
9.
2007.
MAGGARD MA, et al. Meta-analysis: surgical treatment of obesity. Ann Intern Med. 2005;142:547-
59.
XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011
Download