O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas

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SOLO
O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas. Estas
mudanças são bem lentas, sendo que as condições climáticas e a presença de
seres vivos são os principais responsáveis pelas transformações que ocorrem na
rocha até a formação do solo. Para entendermos melhor este processo, acompanhe
atentamente a sequencia abaixo:
1) Rocha matriz exposta.
2) Chuva, vento e sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com o tempo
a rocha vai esfarelando-se.
3) Microrganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços, ajudando
a decompor a rocha através das substâncias produzidas.
4) Ocorre acúmulo de água e restos dos microrganismos.
5) Organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se
desenvolver.
6) O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de
pequenos animais.
7) Vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros.
8) O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um
local.
Todo este processo leva muito tempo para ocorrer. Calcula-se que cada
centímetro do solo se forma num intervalo de tempo de 100 a 400 anos! Os solos
usados na agricultura demoram entre 3000 a 12000 anos para tornarem-se
produtivos.
Figura 1: Processo de formação de solos
É importante visualizar os solos como corpos dinâmicos naturais, cujas
características (como a de um ser vivo) são decorrentes das combinações de
influências que recebem. Como o solo é substrato onde evoluem outros sistemas,
tais características irão também influenciar na evolução de diferentes componentes
das paisagens como: relevo, vegetação, comportamento hídrico.
O processo de formação de solos é chamado de intemperismo, ou seja,
fenômenos físicos, químicos e biológicos que agem sobre a rocha e conduzem à
formação de partículas não consolidadas.
Intemperismo físico: promove a modificação das propriedades físicas das rochas
(morfologia, resistência, textura) através da desagregação ou separação dos grãos
minerais antes coesos, acarretando no aumento da superfície das partículas, mas
não modificando sua estrutura. Sua atuação é acentuada em virtude de mudanças
bruscas de temperatura. Ciclos de aquecimento e resfriamento dão origem a
tensões que conduzem a formação de fissuras nas rochas assim desagregando-as.
A mudança cíclica de umidade também pode causar expansão e contração.
Espécies vegetais de raízes profundas, ao penetrarem nos vazios existentes,
também provocam aumento de fendas, deslocamento de blocos de rochas e
desagregação.
A superfície exposta ao ar e a água, aumentada pela fragmentação, abre
caminho e facilita o intemperismo químico.
Intemperismo químico: ocorre quando estratos geológicos são expostos a águas
correntes providas de compostos que reagem com os componentes minerais das
rochas e alteram significativamente sua constituição. Esse fenômeno é o
intemperismo químico, que provoca o acréscimo de hidrogênio (hidratação),
oxigênio (oxigenação) ou carbono e oxigênio (carbonatação) em minerais que antes
não continham nenhum destes elementos. Muitos minerais secundários formaramse por esses processos. Este tipo de intemperismo é mais comum em climas
tropicais úmidos.
Intemperismo biológico: é caracterizado por rochas que perdem alguns de seus
nutrientes essenciais para organismos vivos e plantas que crescem em sua
superfície.
À medida que o intemperismo vai atuando (tempo), a camada de detritos
torna-se mais espessa e se diferencia em subcamadas (horizontes do solo), que
em conjunto formam o perfil do solo. O processo de diferenciação dos horizontes
ocorre com incorporação de matéria orgânica no seu interior. Partículas migram
descendentemente, levadas pela gravidade e até realizam movimentos
ascendentes carregadas com a ascensão do lençol freático. Ainda, deve ser
considerada a atuação de plantas, cujas raízes absorvem elementos em
profundidade e estes são incorporados à superfície.
A origem e evolução dos solos são condicionadas por cinco fatores:
Material de origem: a ação do intemperismo nas rochas depende de seus materiais
constituintes, sua estrutura e composição mineralógica;
Clima: precipitação e temperatura regulam a natureza e a velocidade das
reações químicas. A disponibilidade de água (chuvas) e a temperatura agem
acelerando ou retardando as reações do intemperismo;
Relevo: a topografia e a cobertura vegetal regulam a velocidade do escoamento
superficial das águas pluviais. Isto interfere na quantidade de água que infiltra e
percola no solo. Este processo (em tempo suficiente) é essencial para consumação
das reações e drenagem;
Microrganismos: a decomposição de matéria orgânica libera gás carbônico
cuja concentração no solo pode ser até 100 vezes maior que na atmosfera. Isso
diminui o pH das águas de infiltração. Alguns minerais, como alumínio, tornam-se
solúveis somente em pH ácido, isto é, necessitam desta condição para se
desprender de sua rocha de origem. Outros produtos de metabolismo, como ácidos
orgânicos secretados por liquens, influenciam também os processos de
intemperismo.Assim como raízes que exercem forca mecânica nas rochas que
pode acarretar em sua desagregação;
Tempo: variável dependente de outros fatores que controlam o intemperismo,
principalmente dos constituintes do material de origem e do clima. Em condições de
intemperismo pouco agressivas é necessário um tempo mais longo de exposição
para haver o desenvolvimento de um perfil de alteração.
Chama-se de perfil do solo a seção vertical que, partindo da superfície,
aprofunda-se até onde chega a ação do intemperismo, mostrando, na maioria das
vezes, uma série de camadas dispostas horizontalmente (horizontes), paralelas à
superfície do terreno, que possuem propriedades resultantes dos efeitos
combinados dos processos de formação do solo (pedogênese).
A natureza e o número de horizontes variam de acordo com os diferentes
tipos de solo. Os solos geralmente não possuem todos esses horizontes bem
caracterizados, entretanto, pelo menos possuem parte deles.
Perfil do solo: horizontes.
Horizonte O: camada orgânica superficial. É constituído por detritos vegetais e
substâncias húmicas acumuladas na superfície, ou seja, em ambientes onde a
água não se acumula (ocorre drenagem). É bem visível em áreas de floresta e
distingui-se pela coloração escura e pelo conteúdo em matéria orgânica (cerca
20%).
Horizonte A: camada mineral superficial adjacente à camada O ou H. É o
horizonte onde ocorre grande atividade biológica o que lhe confere coloração
escurecida pela presença de matéria orgânica. Existem diferentes tipos de
horizontes A, dependendo de seus ambientes de formação. Esta camada apresenta
maior quantidade de matéria orgânica que os horizontes subjacentes B e C.
Horizonte E ou B: camada mineral situada mais abaixo do horizonte A.
Apresenta menor quantidade de matéria orgânica, e acúmulo de compostos de
ferro e argilo minerais. Ocorre concentração de minerais resistentes, como quartzo
em pequenas partículas (areia e silte). É o horizonte de máximo acúmulo, com bom
desenvolvimento estrutural.
Horizonte C: camada mineral de material inconsolidado, ou seja, por ser
relativamente pouco afetado por processos pedogenéticos, o solo pode ou não ter
se formado, apresentando-se sem ou com pouca expressão de propriedades
identificadoras de qualquer outro horizonte principal.
Horizonte R: camada mineral de material consolidado, que constitui substrato
rochoso contínuo ou praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e estreitas
fendas que pode apresentar (rocha).
A presença dos vários tipos de horizontes mencionados está subordinada às
condições que regulam a formação e evolução do solo. Como as condições variam
de acordo com as circunstâncias dos ambientes (material de origem, vegetação,
clima, relevo, tempo) o tipo e número de horizontes de um perfil de solo são
diferentes.
CARACTERÍSTICAS DO SOLO
Cor
A variação é muito grande nos tons de marrom, podendo chegar até preto,
vermelho, amarelo, acinzentado. Essa variação irá depender do material de origem
como também de sua posição na paisagem, conteúdo de matéria orgânica, e
mineralogia, dentre outros fatores. Quanto maior a quantidade de matéria orgânica,
mais escura é a cor do solo, o que pode indicar fertilidade ou apenas condições
desfavoráveis à decomposição da mesma. As cores com tonalidades avermelhadas
ou amareladas estão associadas aos diferentes tipos de óxidos de ferro existentes
no solo. Quando a quantidade destes óxidos é grande, os solos apresentam-se
vermelhos, como por exemplo, a terra roxa. Já os solos com elevada quantidade de
quartzo na fração mineral apresentam coloração clara.
Em solos com baixa capacidade de drenagem, isto é, com excesso de água,
a cor é acinzentada. Isto, porque os óxidos de ferro são lavados para o lençol
freático, o que torna o solo mais claro. A cor branca a acinzentada é consequência
da presença de minerais silicatados existentes na fração argila do solo.
Textura
É o tamanho relativo das diferentes partículas que compõem o solo, sendo
que a prática de sua quantificação é chamada granulometria. As partículas menores
que 2 mm de diâmetro (areia, silte e argila), são as de maior importância, pois
muitas das propriedades físicas e químicas da porção mineral do solo dependem
das mesmas. Assim, usualmente se consideram apenas as três frações menores
para caracterizar a textura.
Porosidade
Refere-se à porção de espaços ocupados pelos líquidos e gases em relação
ao espaço ocupado pela massa de solo (relação entre volume de vazios e volume
total de uma amostra de solo). Divide-se em micro e macro porosidade, sendo que
esta variação deve-se à forma e ao imbricamento dos grãos (como estes se
encaixam). A porosidade está diretamente relacionada com a circulação de água no
solo, isto é, as redes de poros podem estar conectadas permitindo a circulação de
água, ou podem estar também isolados, o que permite que a água fique em seu
interior, mas não circule.
Permeabilidade
É a maior ou menor facilidade com que a percolação da água ocorre através
de um solo. A permeabilidade é influenciada pelo tamanho e arranjo das partículas,
e pela sua porosidade. Ainda, deve-se ressaltar a importância da viscosidade e
temperatura da água.
É possível considerar que o solo é um material poroso, composto pelas fases
sólida, líquida e gasosa, e que se origina pela intemperização física e química das
rochas situadas em determinado relevo e sujeitas à ação do clima e dos
organismos vivos. Abaixo, estão listadas as substâncias sólidas, líquidas e gasosas
que compõem o solo.
SUBSTÂNCIAS SÓLIDAS
ÁGUA
AR
Partículas minerais: originadas da
É o meio onde Ocupa o espaço entre as
desintegração e decomposição das
os nutrientes
partículas permitindo a
rochas.
solúveis do solo
respiração dos
Partículas orgânicas: formadas por
estão
microrganismos e das
restos de seres vivos ou produtos
dissolvidos.
raízes das plantas.
eliminados por estes.
As diferentes características dos solos permitem compará-los e classificá-los.
Desta forma, os solos mais comuns no Brasil são:
a) Latossolos: são os solos predominantes no Brasil e, em geral, apresentam
relevo suave, grande profundidade, alta permeabilidade e baixa capacidade de
troca catiônica. Ocorre a predominância de óxidos de ferro, de alumínio e caulinita,
que é uma argila de baixa atividade, sendo predominante na fração argila dos
latossolos. Esta combinação química, juntamente com matéria orgânica e alta
permeabilidade e aeração conferem ao latossolo uma estrutura fina, muito estável
que facilita o cultivo. Em caso de compactação subsuperficial, a erodibilidade
destes solos aumenta, exigindo cuidados redobrados no seu manejo. Dentro da
classificação de latossolos, ainda existe uma subdivisão, ou seja, eles podem ser
classificados de acordo com sua coloração, a qual reflete maior ou menor riqueza
em óxidos de ferro. Assim, predominam no Brasil os seguintes latossolos: Latossolo
Roxo, Latossolo Bruno, Latossolo Vermelho-Escuro, Latossolo Vermelho Amarelo
e, Latossolo Amarelo. O teor de óxidos de ferro decresce do Latossolo Roxo para o
Latossolo Amarelo. O Latossolo Roxo apresenta-se, em relação aos demais, com
maior fertilidade, ocorrendo, porém, em menor freqüência.
b) Podzólicos ou Argissolos: são solos profundos e menos intemperizados do
que os Latossolos podendo apresentar maior fertilidade natural e potencial. Esses
solos são desenvolvidos basicamente a partir de produtos da intemperização de
arenitos, com seqüência de horizontes A, B e C bem diferenciados e com suas
transições geralmente bem definidas. A principal característica deste solo é a
diferença textural entre os horizontes A e B, visto que no horizonte B concentra-se
teor mais elevado de argila do que no horizonte A, onde, entretanto, a atividade
biológica apresenta-se intensa. O acúmulo de argila no horizonte B torna os solos
podzólicos menos permeáveis, portanto mais propensos à erosão hídrica.
c) Aluviais: são solos pouco desenvolvidos, provenientes de sedimentos,
geralmente de origem fluvial, apresentando grande heterogeneidade entre si, como
também ao longo do seu perfil. Ocorrem em relevo plano, várzeas e em áreas
próximas aos rios. Suas maiores limitações de uso referem-se aos riscos de
inundações periódicas e elevação do lençol freático. Uma vez que esses solos
apresentam horizonte A diretamente assentado sobre o horizonte C, todos os
cuidados devem ser tomados nos trabalhos de sistematização para uso. Excessivos
cortes podem expor o horizonte C, reduzindo a capacidade produtiva.
d) Hidromórficos: são desenvolvidos em condições de excesso d’água, ou
seja, sob influência de lençol freático. Estes solos apresentam a cor cinza em
virtude da presença de ferro reduzido, ou ausência de ferro trivalente. Logicamente,
ocupam baixadas inundadas, ou frequentemente inundáveis. Pelas condições onde
se localizam, são solos difíceis de serem trabalhados. Existem dois tipos principais
de solos hidromórficos: os orgânicos e os minerais.
e) Cambissolos: solos pouco desenvolvidos em relação aos Latossolos e
Podzólicos. Apresentam horizonte B em formação. São rasos e de elevada
erodibilidade podendo em curto espaço de tempo ocorrer exposição de subsolo. A
fertilidade do horizonte. Por serem muito susceptíveis à erosão, normalmente não
permitem um uso intensivo podendo, em condições naturais, ser observada a
ocorrência de erosão laminar moderada, ou severa, bem como em sulcos e
voçorocas.
f) Solos salinos ou halomórficos: caracterizam-se por uma concentração
elevada de sais solúveis. São comuns nas partes baixas do relevo nas regiões
áridas, semiáridas e naquelas próximas do mar. São desprovidos de cobertura
vegetal devido à elevada salinidade.
g) Litossolos: esta classe é constituída por solos pouco desenvolvidos, muito
rasos, com o horizonte A assentado diretamente sobre a rocha. Situam-se nas
áreas montanhosas. Os locais onde ocorrem este tipo de solo são normalmente,
destinados às áreas de preservação permanente.
Os diferentes tipos de solos proporcionam diferentes tipos de substratos, e
por este motivo, a cobertura vegetal de uma área modifica-se de acordo com as
características do terreno. As plantas conferem proteção ao solo, reduzindo o
impacto das chuvas, diminuindo a velocidade da água através da copa das árvores
e das raízes. Mesmo as folhas caídas contribuem para diminuir a ação da água no
solo agindo como cobertura. Assim, a remoção de cobertura vegetal de forma não
planejada é um dos principais fatores que podem desencadear a erosão, ou seja, o
processo de desagregação e remoção de partículas do solo ou fragmentos de
rocha, pela ação combinada da gravidade com a água, vento, gelo ou organismos.
Muitas vezes, a quebra deste equilíbrio natural entre o solo e o ambiente (remoção
da vegetação, desvio de cursos hídricos, etc) promovida e acelerada pelo homem,
expõe o solo a formas menos perceptíveis de erosão, que promovem a remoção da
camada superficial deixando o subsolo (geralmente de menor resistência) sujeito à
intensa remoção de partículas, o que culmina com o surgimento de voçorocas.
Quando os processos erosivos não são controlados ou estabilizados, estes
podem acarretar um pesado ônus à sociedade. Além de danos ambientais
irreversíveis, produz também prejuízos econômicos e sociais, como por exemplo:
diminuição da produtividade agrícola, redução da produção de energia elétrica e do
volume de água para abastecimento urbano devido ao assoreamento de
reservatórios; ameaçar obras viárias e áreas urbanas, além de uma série de
transtornos aos demais setores produtivos da economia.
Figura 2: Exemplos de erosão (voçorocas). Fonte: EMBRAPA
A VIDA NO SOLO
Os organismos são extremamente importantes na decomposição da matéria
orgânica. Podemos chamar de matéria orgânica o material "morto" que sofrerá
ação de outros organismos, numa sequencia de eventos que começa com animais
maiores até chegar aos microscópicos: formigas são capazes de triturar folhas que
caem das árvores e picar frutos que apodrecem; cupins se alimentam de troncos
mortos; besouros se alimentam de animais mortos; minhocas se movimentam no
interior da terra cavando buracos e misturando diferentes camadas, promovendo a
circulação do ar no solo. E finalmente algumas algas, bactérias e fungos que vivem
no solo se alimentam daquilo que os animais maiores não conseguiram aproveitar,
transformando tudo o que comem em compostos que ficarão no solo por um tempo
até serem novamente aproveitados, ou seja, o húmus.
USO E DEGRADAÇÃO DO SOLO.
Além de nos sustentar e ser onde construímos nossas casas, o solo, por meio
da agricultura, fornece a maior parte do alimento que consumimos. Para garantir a
produção constante de alimentos, o ser humano passou a investir na agricultura.
Construir armazéns para guardar o estoque de alimentos, desenvolver máquinas
para facilitar seu trabalho, como tratores e arados; criar mecanismos de drenagem
e irrigação pra controlar a quantidade de água e até mesmo escolher espécies mais
resistentes ao ataque de organismos considerados pragas como insetos, fungos,
bactérias ou vírus.
IRRIGAÇÃO
DRENAGEM
ADUBAÇÃO
ARAÇÃO
Serve para
Utilizada para
Importante para
Realizada para revolver a
molhar os
retirar o excesso enriquecer os solos
terra facilitando a
solos secos
de água dos
pobres com
circulação do ar, da água
tornando-os
terrenos muito nutrientes. Podem ser e nutrientes. Realizada
bons para o úmidos. Costumausados: calcário,
em solos compactos, que
plantio,
se abrir valas,
húmus e esterco,
dificultam a passagem do
através de
fazer aterros ou adubos ou fertilizantes ar. No entanto, o uso
tubos ou
plantar vegetais
químicos.
exagerado desta técnica
canais.
que absorvem
pode também levar à
muita água, como
erosão.
o eucalipto.
Deve-se considerar que o solo não é importante somente para a produção de
alimentos, mas também, que exerce uma multiplicidade de funções, como a
regulação da distribuição, escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação;
armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas e outros elementos além
de ação filtradora e protetora da qualidade do ar e da água.
Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em
função do uso inadequado pelo homem. Condição em que o desempenho de suas
funções básicas fica severamente prejudicado, acarretando interferências negativas
no equilíbrio ambiental, diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos
ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem mais diretamente a interferência
humana como os sistemas agrícolas e urbanos.
A seguir, vamos listar algumas práticas agrícolas e atividades de exploração
comuns em quase todo o país que têm provocado prejuízos ao solo.
Monocultura
Figura 3: Saúva
A substituição da cobertura vegetal original, geralmente
composta por várias espécies de plantas, por uma cultura única,
é uma prática danosa ao solo. Por exemplo: numa área de
cerrado podemos encontrar tamanduás, emas, e até lobosguará, sem contar os animais menores. Quando se derruba uma
grande área de cerrado e planta-se, por exemplo, soja estes
animais tem dificuldade para se alimentar, não encontram
abrigos e dificilmente conseguem se reproduzir. Aqueles que
sobrevivem procuram outros locais, invadindo áreas urbanas,
tornando-se então presas fáceis.
Por outro lado, alguns insetos encontram na plantação de soja
alimento constante e poucos predadores, desta maneira se
reproduzem intensamente tornando-se pragas. Outro efeito é o
esgotamento do solo: na maioria das colheitas retira-se a planta
toda interrompendo desta maneira o processo natural de
reciclagem dos nutrientes. O solo torna-se empobrecido, diminui
sua produtividade, tornando-se necessária então a posterior
aplicação de adubos.
Desmatamento
Figura 3.1:
Desmatamento
Retirar a vegetação de um determinado local,
além de alterar a paisagem contribui para o
enfraquecimento do solo. O solo exposto fica
sujeito à erosão, que é capaz de alterar a
Figura 3.2: Voçoroca paisagem numa velocidade bem maior que os
processos naturais. Em alguns locais é possível
observar o efeito da erosão, num intervalo de
tempo de apenas alguns anos. Com o passar do
tempo, formam-se canais que vão tornando-se
maiores podendo até formar uma voçoroca,
A recuperação de uma área que foi desmatada
sem controle e planejamento pode levar um
tempo de até mais de 50 anos.
Figura 3.3: Queimadas
Queimada
Algumas vezes os agricultores fazem queimadas com a
finalidade de limpar os terrenos para outro plantio. É
uma prática antiga e barata, pois não é necessário
gastar dinheiro com máquinas. O fogo mata, além das
plantas animais e os microrganismos. As cinzas são
transportadas
facilmente
para
outros
locais,
empobrecendo, desta maneira, o solo. Ressalta-se
ainda que o nitrogênio e o enxofre são perdidos na
própria queima. É verdade que nos dois primeiros anos
após as queimadas a produção aumenta, porém, com o
passar do tempo, a falta de nutrientes no solo faz
diminuir a produção.
Extrativismo
Na figura, podemos observar a retirada de areia do leito
de um rio. A areia é retirada principalmente para uso na
construção civil, fabricação de vidros e utensílios
domésticos.
Figura 34: Extração de areia.
Uso de fertilizantes
Figura 3.5: Aplicação de
fertilizantes
Os adubos ou fertilizantes são substâncias químicas
geralmente de baixa toxicidade, não acarretando
poluição do solo quando empregados dentro das normas
que regem a boa prática agrícola. A má utilização destes
compostos (desrespeito às concentrações apropriadas a
serem utilizadas, aos prazos de carência, e às técnicas
de segurança) pode desencadear além da contaminação
dos solos, a contaminação de rios, lençóis freáticos e do
homem.
Uso de pesticidas
Figura 3.6: Aplicação aérea de pesticidas
Figura 3.7: Exposição humana durante a
aplicação de pesticidas
Os pesticidas são compostos químicos naturais
ou sintéticos utilizados para controlar insetos,
ácaros, ervas daninhas, fungos e outras formas
de vida animal ou vegetal, que prejudicam a
lavoura, pecuária e outros produtos delas
advindos.
A industrialização dos pesticidas teve como
objetivo o aumento da produtividade agrícola.
Entretanto, sabe-se hoje em dia, que a falta de
especificidade destes compostos, ou seja, o fato
de eles não atingirem apenas os organismos
alvo, bem como sua longa persistência no
ambiente representam um grande risco à saúde
dos ecossistemas. Ainda assim, acredita-se que
estejam disponíveis no mercado mundial cerca
de 15000 substâncias ou princípios ativos
diferentes. De acordo com a sua natureza
química, os pesticidas podem ser classificados
como
organofosforados,
organoclorados,
carbamatos e piretróides.
Os organoclorados (aldrin, endosulfan, DDT, etc)
são considerados os mais perigosos, uma vez
que após aplicação no solo, eles podem
permanecer no ambiente por mais de três
décadas,
contaminando
aquíferos,
águas
superficiais, a biota e consequentemente o
homem. As análises químicas de amostras de
solo, água e dos alimentos são utilizadas como
indicador de fontes de poluição ambiental, e
servem também para fornecer informações a
respeito dos riscos destas fontes para a
população humana.
A contaminação do solo tem sido uma das maiores preocupações ambientais,
uma vez que, geralmente, esta interfere no ambiente global da área afetada (solo,
águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação). Além das substâncias
químicas (fertilizantes e pesticidas), os resíduos domésticos, industriais e
hospitalares também são fontes de poluição. Por exemplo, em zonas suburbanas
rurais praticamente não há saneamento básico e as instalações sanitárias são
extremamente precárias Com a ausência de tratamento e canalização de esgotos
e, consequentemente, a deposição de fezes diretamente sobre o solo, há uma
intensa contaminação por ovos e larvas de helmintos. O controle deste tipo de
poluição deve ser feito com medidas de educação sanitária e de promoção social.
Assim, a poluição dos solos também pode resultar em problemas na saúde pública.
A degradação ambiental no Brasil atinge níveis críticos e impõe elevados
custos à sociedade. A grande perda de solos agricultáveis através da erosão e
redução da capacidade produtiva do solo, o assoreamento dos cursos de água e
represas e, consequentemente, o empobrecimento do produtor rural, com reflexos
negativos para a economia nacional são exemplos deste ônus. Portanto, as ações
voltadas para o racional uso e manejo dos recursos naturais, principalmente o solo,
a água e a biodiversidade visam promover uma agricultura sustentável, aumentar a
oferta de alimentos e melhorar os níveis de emprego e renda no meio rural.
A agricultura sustentável é vista como a melhor prática de conservação e
manejo dos solos. Os objetivos de uma agricultura sustentável envolvem o
desenvolvimento de sistemas agrícolas que sejam produtivos, conservem os recursos
naturais, protejam o ambiente e melhorem as condições de saúde e segurança em
longo prazo. Neste sentido, as práticas culturais e de manejo, como a rotação de
culturas, o plantio direto, e o manejo conservacionista do solo, são muito aceitáveis,
uma vez que, além de controlarem a erosão do solo e as perdas de nutrientes,
mantêm e/ou melhoram a produtividade do solo.
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