FICHA TÉCNICA

FICHA TÉCNICA
Reabilitação de revestimentos de edifícios
Nº Pág.s: 04
nº 02
8 . Novembo . 2006
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Reabilitação de revestimentos de edifícios
01
O reconhecimento da importância dos revestimentos de
edifícios
como
autenticidade
prática
parte
integrante
material
ainda
dos
recente
da
e
indissociável
edifícios
área
antigos
de
é
da
uma
conservação
e
reabilitação do edificado arquitectónico.
Este
é
um
conceito
largamente
registado
em
documentos doutrinários de grande importância como a
Carta de Veneza mas que, na realidade, no terreno, foi
durante
muito
tempo,
menosprezada
ou
apenas
garantida em obras de excepção, como a conservação
e restauro de pinturas murais e de painéis figurativos,
sobretudo no interior dos edifícios.
As
superfícies
arquitectónicas
e
os
acabamentos
exteriores das paredes nos edifícios antigos são muito
importantes
enquanto
para
legado
a
autenticidade
histórico,
da
formam
sua
um
imagem
bilhete
de
identidade das tecnologias e materiais empregues na
época.
Em quase todas as intervenções “de reabilitação” os
revestimentos e acabamentos originais, sobretudo os
rebocos,
são
sistematicamente
removidos
e
substituídos por soluções muitas vezes inadequadas
quer construtiva quer arquitectonicamente. Desta forma
perde-se,
definitivamente,
todo
o
conhecimento,
identidade e significado histórico contido nas várias
camadas
que
compõem
os
revestimentos
e
acabamentos, para além do comportamento e vida útil
do
elemento
edifício.
construtivo
e,
consequentemente,
do
[1]
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Adaptar as soluções a empregar
A
utilização
sobejamente
da
cal
conhecida
em
e
edificações
tem
já
os
antigas
seus
é
créditos
firmados ao nível do bom comportamento face às
acções físicas, químicas e mecânicas às quais os
revestimentos dos edifícios são sujeitos.
Entende-se por argamassa de cal a mistura plástica
obtida com areia, água e um ligante (a cal), que servem
para
ligar
entre
si
construções
de
assentamento)
e
protectoras
as
pedras
alvenaria
para
e/ou
as
ou
os
tijolos
das
(argamassas
revestir
decorativas
com
de
camadas
(argamassas
de
revestimento).
Contudo, nem todos os problemas se podem resolver
apenas com o uso da cal e de bons agregados. Por
exemplo,
para
tratar
e
consolidar
rebocos
com
problemas graves de adesão e de coesão têm surgido,
para
além
do
impregnação
soluções
recurso
com
água
alternativas
inorgânicos
cujo
à
de
clássica
cal,
novos
baseadas
comportamento
solução
produtos
em
no
de
tempo
e
materiais
é
bem
conhecido como é o caso dos produtos com base nos
silicatos de etilo por exemplo.
Já
existe
uma
longa
experiência
na
utilização
de
materiais desse tipo em trabalhos muito especializados
(como no tratamento da pedra ou de painéis de pintura
mural, por exemplo) controlados por especialistas de
restauro e/ou conservação – disciplina particularmente
importante mas ainda tão pouco utilizada.
A aplicação mais generalizada e em intervenções de
menor tecnicidade de variantes destes produtos e
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desta
técnica
faz
antever
boas
expectativas
mas
continua, no entanto, por realizar na sua maior parte
(embora já existam casos de larga utilização em países
como a Alemanha e a Áustria).
[1]
Princípios base
base de selecção de materiais para a
conservação
/
reconstrução
de
fachadas
rebocadas antigas:
•
Preferir materiais inorgânicos;
•
Preferir
maior
materiais
parte
quimicamente
dos
constituintes
similares
dos
à
materiais
originais;
•
Preferir materiais hidrófilos e com suficiente
capilaridade para permitir o eficaz transporte de
água para a superfície;
•
Preferir materiais com resistências mecânicas e
coeficientes
de
expansão
térmica
e
hídrica
correspondentes aos dos materiais originais;
•
Preferir
materiais
que
formem
produtos
quimicamente estáveis dentro de um período de
razoável de tempo;
•
Escolher
materiais
que
não
induzam
o
aparecimento de subprodutos (tais como sais
solúveis)
durante
os
processos
de
reacção
química e/ou presa;
•
Escolher materiais – que não sejam “melhores
ou piores” do que os ainda existentes no edifício
antigo
–
apresentando
resistências
e
durabilidades similares aos materiais originais,
para que no processo natural de envelhecimento
não
apresentem
diferenças
comportamento a longo prazo.
significativas
de
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É evidente que a resolução dos principais problemas
dos revestimentos antigos depende também de outros
factores a ter em conta, como é, muito claramente, o
caso da resolução prévia dos problemas ligados com a
presença de água nas paredes (executando drenagens
adequadas, reforçando a capacidade de evaporação
das paredes, reparando os telhados, etc.); da resolução
dos efeitos dos sais transportados pela água para a
superfície
(aplicação
de
rebocos
sacrificiais,
ou
de
pastas para a remoção de sais, por exemplo) ou
depositados entre os rebocos e as próprias alvenarias.
Por
outro
lado,
quanto
a
alguns
dos
principais
problemas intrínsecos aos antigos rebocos e camadas
de guarnecimento, tais como a perda de adesão (na
ligação do reboco ao suporte de alvenaria, ou do
guarnecimento ao reboco, por exemplo) e a perda de
coesão (desaparecimento ou perda de eficácia dos
ligantes,
por
exemplo),
podem
depender
de,
ou
encontrar-se em soluções menos tradicionais tais como
a
injecção
de
massas
(não
retrácteis)
para
restabelecimento de ligações ou o restabelecimento da
coesão
pela
restituição
de
ligantes
(eventualmente
alternativos aos que existiam anteriormente).
Trata-se
de
“engenharia
da
técnicas
já
bem
dominadas
conservação” mas ainda
pela
demasiado
exigentes nas formas da sua execução e no controlo
da sua aplicação, pelo que importa agora desenvolver
um grande esforço na sua simplificação e adequação a
aplicações mais correntes.
[1]
[1] – TEIXEIRA, Gabriela de Barbosa; BELÉM, Margarida da Cunha; Diálogos da
Edificação – Estudo de Técnicas Tradicionais de Construção,
Construção Porto, 1998.
Edição:
Construlink.com
Arq. Ana Rita Remourinho
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