Jogos Olímpicos

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Jogos Olímpicos
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1916
Os VI Jogos Olímpicos da Era Moderna não foram realizados em virtude da I Guerra Mundial
(1914-1918), mas não deixaram de ser registrados como a Olimpíada que não aconteceu.
Uma excelente maneira de entender as grandes manifestações políticas do
século XX – matéria obrigatória em todos os vestibulares – é acompanhar a trajetória dos
Jogos Olímpicos em nossa era. Uma vez que a História das Olimpíadas se confunde com
a História recente.
Surgidos em 776 a.C. (quando, pela primeira vez, ocorreu um registro escrito)
em Olímpia, na Antiga Grécia, os Jogos Olímpicos percorreram uma trajetória histórica
pela maior parte da Antiguidade Clássica ate serem erradicados nos tempos finais do
Império Romano (pelo imperador Teodósio, no século IV), época em que já não cumpriam
os ideais que vinham dos gregos, ou seja , os de unir os povos através da busca da beleza
física em todas as suas formas, proporcionada pela concorrência entre os atletas.
Foi inspirado nesse espírito competitivo em que o ser humano, na busca da
perfeição, ultrapassa os seus próprios limites que Pierre de Fredy, Barão de Coubertin
(1863-1937) patrocinou a ideia do reavivamento dos Jogos Olímpicos, que aconteceu a
partir de 1986.
Na sucinta explanação a seguir, vamos lembrar as cidades que sediaram as Olim-píadas
nos últimos 112 anos (1896-2008) e relacioná-los com os diferentes momentos da História.
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Atenas (1896)
Atenas serviu, simbolicamente, como ponte entre o passado glorioso da Grécia Clássica (da
qual ela própria fora a maior representante – especialmente no grande século V a.C.) e o
presente, representado por outro grande século da História, já no seu epílogo – o século XIX.
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Paris (1900)
Em 1900 o mundo vivia o derradeiro instante do grande século XIX, em que o homem subjugou
o tempo e o espaço (através de tantas e tão fantásticas invenções como o trem, o automóvel,
a fotografia, o telefone, o cinema), venceu barreiras de distância, perpetuou o som (fonógrafo) e as imagens (cinematógrafo) da nova era e avançou extraordinariamente na ciência e
na tecnologia, gerando um progresso impressionante em todos os setores da vida humana.
Tudo isso levou a burguesia europeia ao seu mais brilhante momento – a “Belle Époque”, que
tinha não só uma designação, mas também um sabor e um sotaque francês. Paris era a própria
capital e síntese desse momento tão exuberante da História que, como na Antiga Grécia, teve
na busca da beleza um dos seus ideias mais impor tantes. A Olimpíada de 1900 simbolizaria,
também, a chegada do século XX.
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Saint Louis (1904)
No raiar do século XX, o progresso social e econômico dos Estados Unidos já indicava o seu
futuro (“Destino Manifesto?”) de maior potência do mundo neste século. A grande cidade do
Estado de Missouri – Saint Louis – que havia sido uma porta na conquista e integração do
Oeste americano, representou naquele momento, o coroamento e a concretização da saga
vivida pelos pioneiros e imigrantes na busca da criação de uma gigantesca nação.
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Londres (1908)
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Antuérpia (1920)
Antuérpia, na Bélgica, um dos maiores portos do planeta era uma espécie de grande porta
que a Europa, tentando apagar as cicatrizes da guerra, abria para o Mundo. Foi nesta Olimpíada que se hasteou, pela primeira vez, a bandeira olímpica com os cinco anéis entrelaçados,
simbolizando os cinco continentes.
8
Paris (1924)
Mesmo tendo sido uma das vencedoras da I Guerra, a França tentava esquecer as duras
lembranças da Guerra, e sua Capital – Paris – voltava a ser a “Cidade Luz”, num brilho cultural
como na “Belle Époque”. Sua Olimpíada simbolizaria também a tentativa de restabelecer para
a Europa Ocidental o papel de centro do Mundo, bastante ameaçado pelo advento da URSS,
constituída em 1922, e dos Estados Unidos, que viviam numa década de progresso e de euforia
como a nação mais rica do mundo.
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Amsterdam (1928)
Amsterdam era a Capital de um país que era um exemplo de uma “democracia coroada” –
uma adaptação das monarquias às novas necessidades democráticas do século XX. Numa
época em que o avião ainda era um meio de transporte pouco usual, a pequena distância de
Amsterdam em relação aos principais países europeus também foi fundamental para que a
capital holandesa sediasse os jogos.
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Los Angeles (1932)
O Mundo Ocidental vivia um momento sombrio devido ao “crack” da Bolsa de Nova York em
1929, que lançou o Capitalismo Liberal na chamada “Grande Depressão” econômica da década
de 30. Los Angeles, porém, tinha Hollywood, uma espécie de fábrica de sonhos que representava valores tradicionais que começavam a se esvaziar não só devido à crise econômica, mas
também pelo advento dos regimes totalitaristas. E Hollywood já tinha Johnny Weissmueller,
o grande herói olímpico americano, transformado no primeiro Tarzan do cinema, e já tinha,
também, o cinema falado (surgido em 1929). Foi nessa época que se projetaram mundialmente
nomes como Greta Garbo, Lyonel Barrymore, Glória Swanson, Clark Gable, Marlene Dietrich,
Douglas Fairbanks Jr e Joan Crawford, espécie de deuses do Olimpo cinematográfico.
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Berlim (1936)
Hitler, já como Führer do III Reich, fez questão de patrocinar os jogos. A XI Olimpíada da Era
Moderna é um exemplo clássico de como a política sobrepujou o espírito olímpico, na medida
em que serviria de propaganda para o regime nazista. Com o objetivo de simbolizar que os
atletas alemães eram os sucessores dos heróis do passado grego, como verdadeiros deuses,
a tocha olímpica é trazida pela primeira vez da Grécia para a abertura solene dos jogos, no
Monumental Estádio Olímpico de Berlim. Os heróis, entretanto,- foram os atletas negros americanos, como Jesse Owens, que recebeu, para desespero de Hitler, quatro medalhas de ouro.
12-13 1940 - 1944
Ao contrário do que ocorrera na Grécia Antiga, a II Guerra Mundial não parou para a realização
das Olimpíadas, que, assim, não puderam acontecer, apesar de serem contadas, numa espécie
de homenagem.
A Inglaterra dominava mares e terras como nenhum outro país da História dominara (excetuando o Império Espanhol de Filipe II), já que seu enorme e tentacular Império abrangia um
quarto, tanto da população, como da superfície da Terra. Londres, na ocasião, o maior porto e
o maior centro comercial e financeiro do mundo, era, ao natural, a cidade que deveria sediar
a IV Olimpíada.
Ocorreu numa Europa ainda destruída e foi, simbolicamente, uma espécie de prêmio pelo que
a Inglaterra fizera na II Guerra Mundial. Foi, também, a primeira transmitida pela televisão,
embora apenas com alcance regional.
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Estocolmo (1912)
O mundo europeu, na ocasião, estava às vésperas da I Guerra Mundial, uma vez que seus
grandes países estavam divididos em duas grandes alianças políticas: a “Triple Entente”, com
França, Inglaterra e Rússia e a “Tríplice Aliança”, com Alemanha, Áustria e Itália. A Suécia, além
de neutra, era o país que ultrapassava as barreiras do atraso e começava a dar mostras de que
seria a grande democracia social em que se transformou no século XX.
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Londres (1948)
Helsinque (1952)
Em consequência da II Guerra Mundial, o Mundo acabou polarizado, girando ao redor das
duas superpotências que emergiram como vencedoras: os Estados Unidos e a União Soviética. Os jogos seriam disputados, portanto em pleno auge da “Guerra Fria”. Em Helsinque, pela
primeira vez, houve a participação da URSS, marcando, de forma vitoriosa, o seu ingresso no
mundo olímpico.
Melbourne (1956)
Naquele momento, o mundo estava prestes a ingressar na Era Espacial, que começaria em
1957 com o lançamento do primeiro satélite artificial pela URSS, o Sputnik I; mas ainda pairava
sobre o Mundo a ameaça da guerra nuclear. Em Melbourne, na Austrália, os Jogos Olímpicos
chegaram, pela primeira vez, ao Hemisfério Sul.
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Roma (1960)
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Tóquio (1964)
Além da imensa tradição histórica revivida, a Olimpíada de Roma se transformou também, num
espetacular evento turístico, abrindo campo para a chegada da “indústria sem chaminés ao
mundo esportivo. Estes jogos marcaram e simbolizaram o renascimento europeu pós-guerra.
Da mesma forma que seus aliados na II Guerra (Alemanha e Itália), o Japão também viveu um
“milagre econômico”. A XVIII Olimpíada da Era Moderna foi a primeira a ocorrer na Ásia e a
primeira a introduzir tecnologia no esporte. Simbolizou, também, a rápida transformação do
Japão em gigantesco pólo econômico mundial.
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México (1968)
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Munique (1972)
O ano de 1968 foi marcado por uma série de contestações políticas – Revolução Estudantil
na França, a Primavera de Praga, passeatas contra a Guerra do Vietnan, repressões políticas
no Brasil – e essa Olimpíada não ficou alheia ao espírito da época: foram os Jogos Olímpicos
marcados por protestos políticos contra todas as formas de repressão que existiam na América.
Foi a primeira a ocorrer no Terceiro Mundo.
O país, apesar de ainda dividido – desde 1949 existiam a Alemanha Ocidental, capitalista e a
Alemanha Oriental, comunista, além da existência do muro de Berlim desde 1961 – era muito
rico e, como reflexo disso e da tradicional organização alemã, tudo foi perfeito – instalações
olímpicas, alojamentos, tecnologia avançada. A XX Olimpíada da Era Moderna, justamente
aquela que deveria consagrar a Paz Mundial, acabou manchada de sangue, com o sequestro
e o assassinato de 11 atletas de Israel pelo grupo terrorista árabe “Setembro Negro”.
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Montreal (1976)
O Mundo, na época, era marcado pela “Détente” (distensão política) entre Comunismo e Capitalismo. A “Guerra Fria” se limitaria aos esportes. Nesses jogos, que mais uma vez voltaram ao
continente americano, foi escolhida a cidade franco-canadense de Montreal. Possivelmente
em função do evento, o país deu uma trégua nas tendências separatistas da província de
Quebec – justamente aquela onde se situa a cidade olímpica – do resto do país, de origem
inglesa na sua maioria. Foi a primeira transmitida “ao vivo e em cores” para o Mundo inteiro.
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Moscou (1980)
Contrariando o espírito olímpico que escolhera Moscou, os países capitalistas, em represália
à invasão do Afeganistão pela URSS e liderados pelos Estados Unidos, não compareceram aos
jogos. Esta Olimpíada foi a única a se realizar num país comunista e passou à História como a
olimpíada boicotada. Seu maior “herói” foi Micha, o ursinho panda, símbolo daqueles jogos,
que emocionou o mundo com suas lágrimas no encerramento.
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Los Angeles (1984)
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Seul (1988)
Os Jogos Olímpicos, de volta aos Estados Unidos, também seriam marcados pelo boicote.
Agora era a vez da URSS e satélites se vingarem: 15 países comunistas não participaram. Esta
Olimpíada foi a mais rica até então e, como não poderia deixar de ser, a mais “cinematográfica”.
Em Los Angeles, pela primeira vez, os Jogos Olímpicos foram patrocinados por empresas privadas, marcando, talvez, de uma forma definitiva, a vitória do capitalismo sobre o comunismo.
O espírito da paz voltara ao Mundo uma vez que uma nova e definitiva “Détente” ocorria entre
USA e URSS, esta última já com sintomas enormes de colapso. Naquela época, tendo por centro
e por modelo o Japão, o Extremo Oriente começava a desbancar os Estados Unidos e a Europa
Ocidental como grande foco do Capitalismo; surgiram os chamados “Tigres Asiáticos” – Coreia
do Sul, Hong Kong, Taiwan e Cingapura. Nada mais lógico do que a escolha de um deles para
sediar os Jogos Olímpicos (Coreia do Sul).
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Barcelona (1992)
A partir da derrubada do Muro de Berlim em 1989, uma verdadeira avalanche política ocorreu na Europa Oriental: revoluções e derrubada dos regimes comunistas em países do Leste
Europeu; absorção,da Alemanha Oriental com a consequente reunificação da Alemanha;
colapso do comunismo e apropria desintegração da União Soviética; desmembramento da
antiga Iugoslávia e, em consequência, o surgimento de novos países nascidos daquela antiga
federação. Enquanto isso, a Europa Ocidental se transforma, paulatinamente, na gigantesca
União Europeia, mostrando para a História como os interesses econômicos sobrepujaram
antigos ódios e nacionalismos anacrônicos – ao contrário do Leste Europeu. A Olimpíada de
Barcelona marcou, após 20 anos, a volta dos jogos à Europa Ocidental, agora metamorfoseada
em União Europeia.
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Atlanta (1996)
Os Estados Unidos são, hoje em dia, a principal fonte de hegemonia ideológica, econômica,
política, social e cultural, enfim, os principais determinantes do pensamento mundial. Atlanta
significa hoje, um dos grandes pólos do Capitalismo, por ser uma cidade voltada para o futuro
e por ser, também, um bom exemplo de integração racial pois, antes mesmo de metrópoles
do Norte, como New York e Chicago, a capital da Geórgia superou os problemas do racismo,
desde os tempos de Martin Luther King o seu grande herói negro. A XXVI Olimpíada da Era
Moderna, a primeira a contar com a quase totalidade dos países da Terra (inclusive a Palestina),
ficou aquém do que era esperado dela em quase todos os aspectos. Foi, porém, uma grande
exaltação da pós-modernidade e do mundo tecnológico e uma celebração do Capitalismo, o
grande vitorioso do final do século XX.
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Sidney (2000)
A Olimpíada de Sidney marcou o epílogo de um século extremamente violento, conturbado,
trágico e depressivo e que, talvez tenha marcado também, o final da Civilização Ocidental. E
aconteceu num país que entrará no III Milênio como uma provável grande potência do futuro.
Foi a 2ª Olimpíada a ocorrer na Austrália e, provavelmente, o fato que serviu de “marketing”
para que o Mundo olhe, definitivamente, para a longínqua mas cada vez mais avançada nação
do Hemisfério Sul.
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Atenas (2004)
A primeira Olimpíada do século XXI foi uma espécie de encontro do passado, representado
pelos ideais nascidos na Grécia e que ainda são cultivados no Ocidente e o futuro, representado
pelo novo Milênio, pela nova Europa Unificada e pelas novas características que nortearão o
Mundo e a própria História. E o local não poderia ser mais adequado do que Atenas pois , ao
iniciar uma nova era da História na qual até novos mundos passarão a fazer parte do dia-a-dia,
a lembrança do passado grego em seu próprio berço e com todos os seus belos ideais deu
um significado especial aos primórdios do III milênio – a convicção de que o homem, apesar
de tudo, ainda será o ser superior do Universo.
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Pequim (2008)
A China emergiu no início do século XXI como uma das grandes forças econômicas e políticas do mundo e uma espécie de mescla de capitalismo e comunismo, numa dualidade
típica do país que mistura grande desenvolvimento tecnológico (nas metrópoles) ao lado
de um atraso social e econômico (no interior). Foi Olimpíada de grande sucesso, em que
os ideais olímpicos serão exaltados com a exceção daquele que é, talvez, o mais impor-tante – a liberdade!
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Londres (2012)
Em 2012, em meio a grandes problemas como crise econômica, desemprego e problemas
de imigração das antigas colônias europeias, realizaram-se os jogos olímpicos de Londres.
Foi a terceira olimpíada realizada na cidade que, por sua vez, foi a primeira a receber 3 vezes
o grande evento mundial. O grande destaque foi a participação de mulheres em todas as
modalidades esportivas, fato inédito na história.
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