Cães

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Carnívoros
História e domesticação
Cão
O cão doméstico moderno (Canis familiaris) e uma das 38 espécies pertencentes a
família Canidae. São um grupo biologicamente coeso de predadores que derivaram
evolutivamente de outros predadores há cerca de 10 milhões de anos.
Esta família inclui várias espécies de raposa, o lobo, o coiote, o cão selvagem africano
e varias espécies de chacal.
A questão de o cão doméstico ter tido origem numa ou em varias espécies selvagens
diferentes tem vindo a ser motivo de controvérsia. Os candidatos mais prováveis são o
lobo ou o chacal, visto que ambas as espécies têm o mesmo número de pares de
cromossomas que o cão (39), têm comportamento semelhante e podem produzir
descendência fértil quando cruzados com o cão.
Com uso de biotecnologia moderna e de estudos sobre comportamento, morfologia e
vocalização tem-se vindo a aceitar a teoria de que todos os cães domésticos derivam
de diversas subespécies de lobo: Lobo Cinzento do Norte, o Lobo do Deserto da
Arábia, o Lobo de patas-pálidas do Sião e o Lobo Chinês.
Fósseis de lobo com mais de 100000 anos foram encontrados perto de fósseis de
hominídeos. Os ancestrais dos humanos poderão ter caçado lobos para consumo ou
para utilizar as suas peles. É possível que crias tenham sido capturadas e criadas pelo
Homo sapiens, aquelas que se adaptaram mantiveram-se no ambiente humano. Estes
indivíduos poderão ter sido os antepassados do animal que, através de inúmeras
gerações, se transformou no cão doméstico. Descobertas arqueológicas de há
aproximadamente 14000 anos revelam restos que diferem dos lobos, por serem de
menor tamanho e com um focinho mais curto – o primeiro cão doméstico. Assim como
a origem exacta do cão é um mistério, também a origem da sua relação com o Homem
o é. Os humanos continuaram caçadores, sem armas a não ser pedras e paus. Uma
teoria afirma que o Homem se tornou melhor caçador graças ao cão, enquanto outros
afirmam que terá sido a sua habilidade como guarda a formar as bases da sua
coexistência com humanos.
As descobertas arqueológicas revelam uma grande diversidade tanto a nível de
conformação como de tamanho entre os cães pré-históricos de diferentes áreas
geográficas. As primeiras aparições em pinturas datam de há 3000-4000 anos, sendo
que cães do tipo Mastiff da Ásia foram retratados em quadros da Babilónia, Greyhound
na arte egípcia e do tipo pequinês em arte chinesa. Existem também registos de
aperfeiçoamento de raças ao longo da história. Os romanos tinham diversos nomes
para cães, de acordo com o propósito para que eram usados: cães de casa, de caça,
de guerra, pastores, pisteiros. Os romanos também se aperceberam de que podiam
alterar a aparência e comportamento dos cães através de cruzamentos selectivos.
Através destes cães arcaicos, o Homem foi capaz de criar mais de 400 raças
diferentes de cães, de acordo com as suas exigências para actividades específicas
como caça, guarda, valentia, mas também pela sua destreza em lutas e por
características estéticas.
Gato
O gato doméstico (Felis Catus) pertence a um grupo de espécies de pequenos gatos
originário da região do mediterrâneo que divergiu da restante família dos gatos há
cerca de 8 a 10 milhões de anos.
O gato doméstico descende do gato selvagem africano (Felis Lybica) que é também
bastante dócil e terá sido domesticado por volta de 4000 a.c. Os egípcios mantinham
estes animais com o intuito de proteger os alimentos das infestações de ratos, sendo
mais tarde associados com várias divindades.
Recentemente, o gato tem vindo a ocupar o lugar do cão como animal de companhia.
Comportamento Social
Cão
O comportamento social dos cães e dos lobos é semelhante ao da maioria dos
grandes canídeos. São normalmente monogâmicos, reproduzem-se uma vez por ano
e dão á luz em cavernas ou esconderijos. Tem numerosas ninhadas quando
comparados com a maioria dos mamíferos. As crias são pequenas e indefesas. Os
canídeos podem encontrar-se em grupos sociais liderados por um casal alfa, onde os
membros (filhos mais velhos) dão assistência na defesa do território e ajudam a cuidar
dos mais novos. Os grandes canídeos têm um sistema de distribuição de comida aos
mais jovens, regurgitando o alimento para as crias.
Os canídeos têm uma organização social flexível e a sua estrutura básica depende da
disponibilidade de alimento e de presas no local. O maior número de matilhas ocorre
nos coiotes e lobos, em que as principais presas são grandes ungulados como o alce
e o veado. No entanto, em áreas onde as principais presas são pequenos ungulados e
coelhos, o número de indivíduos da matilha reduz significativamente e pode variar ir de
2 a 7 indivíduos. Estudos em cães selvagens também revelam modelos paralelos –
vivem em numerosas matilhas em áreas rurais com grande disponibilidade de alimento
e em grupos pequenos, de 2 ou 3 indivíduos, em áreas urbanas com recursos
reduzidos.
O casal dominante (casal α) é normalmente apenas constituído por dois indivíduos,
que são os únicos que se reproduzem dentro do grupo. Os chamados “ajudantes” são
normalmente constituídos pelas ninhadas mais velhas do casal.
Não existem muitos estudos em relação aos factores que condicionam os animais a
continuarem na matilha quando crescem ou a abandoná-la, mas pensa-se que a
densidade da população e os recursos nutricionais sejam as principais condicionantes.
Gato
A maior parte do comportamento do gato é dedicada à sua relação com outros
indivíduos. O seu comportamento social é flexível, variando desde o gato solitário até
gatos que vivem em grandes grupos. O território de um gato varia entre 0,3 e 170
hectares nas fêmeas e entre 0,7 e 620 hectares nos machos inteiros (1 hectare =
100002m), podendo ser ainda maior no caso dos machos dominantes. Quando vivem
em grupos, as fêmeas adultas e as suas crias podem constituir um subgrupo
demonstrando por vezes comportamentos territoriais. Por sua vez, vários subgrupos
podem formar uma colónia. Dentro da colónia feminina podem surgir competições
pelos variadíssimos recursos, dando assim origem a 2 classes sociais: as fêmeas
dominantes ou “centrais” e as dominadas ou “periféricas”. As dominantes revelam
sempre um maior sucesso a nível da reprodução e mantêm-se mais saudáveis.
Dentro das colónias podem existir também os machos dominantes ou “centrais” e os
machos dominados ou “periféricos” que vagueiam com frequência. Esta estrutura
social é muitíssimo parecida com a dos leões. A dominância dos indivíduos é sempre
mais pronunciada nos grandes grupos. Se os recursos forem abundantes
relativamente ao tamanho do grupo os gatos não demonstram um comportamento
muito territorial ou não o demonstram tão frequentemente. Além disso, a
territorialidade é mais pronunciada em fêmeas solitárias com crias. Os machos
castrados mantêm-se mais próximo do centro do seu território, local onde a sua
territorialidade é ainda mais marcada do que a verificada nos restantes gatos.
Comunicação
Cães
Os complexos sistemas sociais dos canídeos e felideos baseiam-se na comonicaçao
entre os indivíduos e a sua capacidade para distinguir os membros do grupo dos
intrusos.
Esta complexa comunicação é conseguida através da combinação de vários sistemas:
olfacto, visão, sinais sonoros e contacto físico. Embora a maioria dos sinais de
comunicação sejam utilizados intraespecificamente, também são usuais em
comunicações com humanos.
Comunicação Visual
Os lobos e os cães possuem posturas visuais muito semelhantes no que diz respeito a
demonstrações de dominância, agressão e medo. A postura do indivíduo, posição das
orelhas, lábios, o grau de abertura dos olhos, a posição da cauda, etc. reflectem o
estado emocional do animal. Por exemplo, orelhas erectas indicam alerta, enquanto
que coladas à cabeça indicam medo ou submissão. A cauda a abanar indica
excitação, erecta indica alerta, baixa indica submissão e entre as pernas demonstra
medo. Lábios arreganhados mostram ameaça. Um cão dominante terá uma postura
direita, com a cabeça erguida e orelhas erectas, enquanto um indivíduo submisso
apresentará uma cabeça, cauda e postura mais baixas, com as orelhas descaídas.
Quando uma agressão aumenta, tanto os animais submissos como os dominantes
arreganham os lábios e mostram os dentes, ficando também com os pêlos das costas
erectos. No entanto, a postura e posição das orelhas irá variar de acordo com o
estatuto do indivíduo no grupo. O dominante mostrar-se-á o maior possível e levantará
a cauda, enquanto o subordinado terá uma postura e cauda mais baixas, com as
orelhas para trás.
Olhos também têm um papel importante na comunicação: contacto visual entre o lobo
dominante e o submisso num grupo estável normalmente levará o submisso a baixar a
cauda, as orelhas e a recuar. Entre cães dominantes ou desconhecidos poderá
promover uma luta.
Quando um individuo subordinado procura contacto com o dominante, baixa a sua
postura, abana activamente a cauda baixa, movimentando os lábios da mesma forma
que as crias fazem quando pedem comida à progenitora.
Comunicação Acústica
Os cães têm um vasto reportório de sinais vocais: ladrar, ganir, rosnar, gemer, etc. a
maioria dos sinais vocais têm significados diferentes, dependendo da situação que
está a decorrer. No entanto, rosnar é usado como ameaça ou aviso e ganir em
situações de dor ou defesa. Os cães parecem ganir, choramingar quando são
deixados sozinhos, o que pode ser entendido como um sinal de contacto social.
Comunicação Olfactiva
O terceiro canal de comunicação de lobos e cães é aquela baseada em sinais
químicos. Estes podem ser componentes químicos deixados perto de fezes e urina
usados pelos lobos e cães para marcar território. Alem disso, vários odores corporais
produzidos por glândulas da pele geralmente associadas á face, cauda e região anal
são usadas no contacto directo entre indivíduos. A função comunicativa exacta destas
glândulas não e conhecida.
Gatos
Comunicação Visual
Tal como o cão, o gato expressa-se visualmente sobretudo pela posição das orelhas e
cauda e pela sua postura corporal. As orelhas podem ser movidas na direcção caudal
mantendo-as erectas, coladas à cabeça, ou posicionadas apenas parcialmente para
trás e parcialmente para baixo. Os gatos selvagens como o tigre ou o lince possuem
marcas escuras na parte de trás das orelhas. Quando as orelhas apontam para trás
estas marcas tornam-se visíveis mesmo encarando o gato de frente tornando as
próprias orelhas mais evidentes. Acredita-se que esta posição das orelhas assinala
uma atitude de agressão ofensiva, isto é, o gato tenta manipular o seu adversário para
que este retire. Quando o gato achata as orelhas na direcção do queixo, estas e as
suas marcas ficam escondidas. As orelhas assim colocadas demonstram que o gato
está na defensiva significando que aceita não ser o dominante. Um gato nesta posição
pode, contudo, defender-se se o gato dominante atacar. Este facto também é
sinalizado pela abertura da boca, pela emissão de silvos (som emitido quando o gato
está “assanhado”), e pelas pupilas dilatadas. A posição das orelhas pode ainda ser
intermédia se o gato estiver dividido entre o ataque e a defesa.
Uma vez que o facto de se olhar fixamente pode significar uma ameaça ofensiva entre
os gatos, estes costumam evitar fazê-lo nos estágios iniciais dos encontros
adonisticos.
No que diz respeito à postura corporal, o gato em posição de ataque mantém-se
erecto com a cauda na posição vertical mas inclinada para baixo, desviando de vez
em quando o olhar e tentando mostrar o seu corpo como o mais largo possível. Por
oposição, o gato na defensiva pode agachar-se escondendo a sua cabeça e cauda.
Mais uma vez, tal como no caso da posição das orelhas, podem também observar-se
todos os tipos de posturas intermédias. Um gato que arqueia as suas costas, mantém
as pernas hirtas, tufa o pêlo e mantém a sua cauda parcialmente ou completamente
elevada exprime um enorme conflito entre as posturas de ataque e de defesa. Esta
postura pode por exemplo ser observada em gatos que estão a defender um recurso
importante, tal como as suas crias, num momento em que a fuga não constitui uma
possibilidade, ou então em gatos ameaçados por um cão.
Por outro lado, em outros contextos, uma cauda erecta pode demonstrar a intenção do
gato em interagir amigavelmente com outros gatos ou com um ser humano.
Comunicação Acústica
O repertório acústico dos gatos é impressionante. Gatos agressivos podem rosnar,
emitir uma espécie de uivo, ou “resmungar” mantendo a boca aberta numa
determinada posição, ou rosnar abrindo e fechando a boca gradualmente. Por outro
lado, gatos na defensiva costumam silvar. Muito mais agradável é o som do ronronar.
Um gato que ronrona demonstra um desejo enorme de contacto ou de receber
cuidados. Daí que este som também se ouça em gatos doentes ou com dores. O
chilrear (som rrrrrrrr), é um cumprimento ou sinal de boas vindas podendo ser também
um chamamento se se iniciar abruptamente. Este som é ouvido muitas vezes também
no inicio de um MIAOW podendo o gato estar a cumprimentar mas uma distância mais
elevada. Conforme seja direccionado para a sua mãe ou para um humano, o miado do
gato pode variar imenso. As suas motivações podem ser conhecidas através na
análise da letra do MIAOW que é mais pronunciada. Assim, um M marcado significa
desejo de contacto, um longo I assinala perigo ou dor, um longo A demonstra um
desejo ou exigência por um recurso, e um longo OW assinala uma exigência não
atendida.
Uma vez que cada gato é um indivíduo com personalidade própria, estas
interpretações devem ser ajustadas pelo conhecimento da inclinação que cada gato
tem em usar estes sinais.
Comunicação Olfactiva
O gato pode urinar agachado ou por spray (em pé expele um esguicho). Ambas as
formas parecem transmitir uma determinada informação apesar desta última forma
(em pé), ser especializada para a marcação olfactiva e incluir secreções da glândula
anal. O esguichar é usado quer por machos, quer por fêmeas. Em elevados níveis
populacionais são os machos dominantes quem maioritariamente urina por spray. Os
gatos não marcam olfactivamente as fronteiras do seu território. Em vez disso, podem
ser encontradas marcas de urina ao longo de percursos perto do centro da sua área.
Os outros gatos não se parecem intimidar com o odor, observando-se muitas vezes a
resposta flehmen em que o lábio superior é enrolado e retraído. Ao cheirarem, os
gatos recebem informação acerca da probabilidade de encontrarem o indivíduo que
depositou o odor.
As fêmeas também realizam marcações olfactivas para anunciarem o seu estro. Um
gato ao esfregar a sua boca, queixo, flancos ou cauda contra um objecto ou ainda ao
arranhar esse objecto com as suas garras, deposita nele saliva ou secreções das suas
glândulas epiteliais. A função deste comportamento é similar à da marcação olfactiva e
é mais comum em machos inteiros ou fêmeas no estro.
Comunicação Táctil
Um gato pode também esfregar-se ou lamber um outro gato ou um ser humano. Esta
pode ser uma forma de desenvolver um odor comum a todo o grupo funcionando
também como um sinal táctil que reforça os laços sociais.
Comportamento Predatório
Cães
Os lobos são caçadores primários, caçando todo o tipo de presas – grande ungulados,
lebres, coelhos, roedores, etc. Também comem fruta e sementes. Quando caçam
presas de maior porte, os lobos caçam normalmente em grupos, atacando em
conjunto e enfraquecendo as presas com sucessivas dentadas até a abaterem.
Desde há muitos anos que o homem selecciona os cães para comportamentos
específicos, baseados no comportamento de caça dos lobos. Esta forma de selecção
deu origem a várias raças que caçam de diferente modo, alguns usam principalmente
a visão, outros o olfacto, etc. Apesar das diferenças significativas entre as várias
raças, o principal efeito da selecção foi uma redução ou aumento de um modelo de
comportamento que já existia e não a criação de novas características.
Gatos
Os gatos caçam pequenos pássaros e roedores como ratos vorazmente mesmo
quando bem alimentados pelos seus donos. Em Inglaterra, estima-se que os gatos
vadios podem consumir até 24% da produção anual de ratos do campo. Uma vez que
as ratazanas podem defender-se ferozmente, os gatos costumam restringir o seu
interesse nesta espécie às crias. Se as populações de ratazanas forem reduzidas por
outros meios os gatos podem suprimir um subsequente aumento do número destes
animais. Este facto torna-se bastante evidente se os gatos forem removidos de
determinada área proibindo-se a manutenção de gatos como animais de estimação.
Os coelhos e jovens lebres também podem ser caçados. Em determinados locais,
como por exemplo em ilhas, os gatos são acusados de prejudicarem as populações de
aves, mas fora destes locais específicos eles não constituem uma grande ameaça
para elas.
Os gatos usam a sua excelente audição e visão para detectarem as suas presas. A
comunicação por ultra-sons (> 20 Khz) dos ratos é detectada pelos gatos. Quando um
gato vê um pequeno objecto em movimento o seu comportamento predatório é
extremamente estimulado. É por isso que o gato exibe prontamente um
comportamento em que parece que brinca com a presa. Este é um aspecto importante
do desenvolvimento comportamental do gato que se pensa que lhe fornece
experiência de caça. Quando caçam ratos, os gatos podem aguardar para realizarem
uma emboscada com uma paciência extrema. A caça aos pássaros, por outro lado,
envolve frequentemente uma perseguição, uma aproximação cautelosa, e por fim, um
súbito rápido e curto galope para apanhar a presa, que pode incluir por vezes um salto
no ar no momento em que o pássaro levanta voo. Se o gato não tiver fome, a dentada
mortífera pode não ocorrer e a presa pode escapar. O movimento da presa em fuga
pode, por sua vez, estimular um novo ataque, resultando na bem conhecida
brincadeira com a presa.
Comportamento Sexual
Cães
Nas cadelas, o estro ocorre geralmente 2 vezes por ano, após ser atingida a
maturidade sexual, aos 6-14 meses. As fêmeas que vivem em grupos têm tendência a
sincronizar os seus períodos de cio, que podem durar até 21 dias. Quando em cio as
cadelas apresentam um inchaço na vulva, libertando da vagina um liquido opaco, que
gradualmente muda para sanguinolento. Durante os primeiros 10 dias, as fêmeas
urinam frequentemente, depositando odores que podem atrair machos a longas
distancias. Entre os 10 e os 15 (por vezes 21) dias a fêmea normalmente permite a
corte e a copula. Os machos estão sempre prontos a acasalar, embora só mostrem
interesse na fêmea durante o cio. Antes da cópula há normalmente um
comportamento de corte. A fêmea mostra-se então pronta tomando uma posição de
cópula com a cauda para o lado, apesar de por vezes se mostrar agressiva quando o
macho não lhe interessa. O macho monta a fêmea e após a ejaculação, uma estrutura
única presente no pénis dos canídeos, bulbus glandis, incha e prende os dois
indivíduos um no outro até voltar ao normal, o que pode durar até 30 minutos.
Gatos
O território de um gato macho é particularmente grande durante a época de
acasalamento, durante a qual ele se sobrepõe com o território de várias fêmeas. As
fêmeas entram em cio em intervalos de poucas semanas e a ovulação é induzida após
várias cópulas, que podem totalizar 15 a 20 por dia ao longo de 4 a 5 dias. Estas
podem ser adaptações com o intuito de maximizar a competição dos machos por
fêmeas. A juntar a isto está a crescente marcação olfactiva realizada pelas fêmeas no
cio. O comportamento de corte pode ser duradouro, mas a cópula dura apenas alguns
segundos. As fêmeas frequentemente preferem um macho conhecido a um
desconhecido, mesmo que este ultimo seja o dominante.
Comportamento Parental
Cães
O parto ocorre cerca de 63 dias depois do acasalamento. No final da gravidez a cadela
torna-se menos activa e procura um local para fazer ninho. No último dia antes do
parto a cadela recusa comida e respira de forma ofegante, este estado pode durar até
12 horas. O nascimento dura apenas uns minutos e o intervalo entre cachorros vai de
20 minutos a 2 horas. Quando o cachorro nasce a cadela lambe-o, libertando do saco,
depois corta o cordão umbilical e come a placenta, lava cria e encoraja-a a mamar.
Durante os primeiros dias, cadela passa a maior parte do tempo junto das crias, estas
mamam mais de 30% do tempo enquanto a mãe limpa as zonas genitais para que
possam defecar, engolindo os seus dejectos e mantendo o ninho limpo. Á medida que
os cachorros crescem a mãe amamenta-os menos frequentemente e deixa-os
sozinhos por períodos cada vez mais prolongados. Quando têm 3 semanas as mães
ocasionalmente regurgitam comida para os filhos e também os deixam mamar, mas
permanecem de pé enquanto amamentam. Ás 5 semanas a mãe pode mostrar-se
agressiva quando eles tentam mamar e passado uns tempos eles deixam de tentar.
Gatos
O gato selvagem africano (Felis silvestris Lybica), é monógamo o que pode ser um
requisito para conseguir obter os recursos necessários (comida, etc), para criar os
gatinhos nas condições de semi-deserto do norte de África. Reminiscências deste
comportamento monógamo podem explicar as diversas anedotas dos gatos
domésticos machos a tomar parte na criação das crias. Mais frequentemente, a fêmea
faz isto sozinha. O parto nos gatos domésticos é normalmente extremamente fácil e
não envolve os problemas que os partos de outras espécies domésticas
frequentemente envolvem. Algumas mães inexperientes podem hesitar em iniciar um
normal comportamento maternal e podem geralmente ser mães menos eficientes.
Durante os primeiros dias após o parto, a mãe gata pode tomar conta dos seus
gatinhos durante 6 a 8 horas em 24h. No caso de fêmeas que vivem em grupos ocorre
com frequência que tomem conta das crias umas das outras. Após 3 semanas, a
amamentação é cada vez menos iniciada pela mãe e cada vez mais iniciada pelas
crias. Da quarta à quinta semana após o nascimento as mães trazem para casa
presas para dar às crias, primeiro já mortas e mais tarde ainda vivas nas quais as crias
podem treinar o seu comportamento de caça.
Desenvolvimento (cães e gatos)
Nos gatos o canal auditivo abre-se aos 5 dias e os olhos aos 2-16 dias. Como três
semanas começam a andar. As relações sociais desenvolvem-se durante um período
de socialização que vai de 3 a 10 semanas tanto em cães como em gatos. Para que
haja um completa domesticação devem ter contacto activo com humanos durante este
período, sendo que o período mais eficaz, em relação aos gatos, é entre 2-7 semanas.
As brincadeiras sociais e com objectos predominam desde o segundo mês de idade, o
que é importante para a interpretação de sinais comunicativos e treinos de caça e luta.
Existe uma ligação social entre irmãos, especialmente marcada no período juvenil que
pode durar toda a vida. Embora os gatos atinjam maturidade sexual aos 6-9 meses, os
podem machos só demonstrar um comportamento deste tipo com cerca de 2 anos.
O desenvolvimento dos cães será explicado em maior detalhe, o dos gatos é
semelhante.
Cães
Os cães nascem cegos, surdos e completamente dependentes da progenitora. Á
medida que se desenvolvem fisicamente ficam mais independentes e mais atentos ao
que os rodeia.
Período pré-natal
As fêmeas expostas a stress durante a gravidez podem dar à luz crias com problemas
comportamentais.
Período neo-natal (0-14 dias)
Durante este período são completamente dependentes da mãe. Os seus únicos
comportamentos são a alimentação, a excreção e dormir. Os aparelhos sensitivos
estão pouco desenvolvidos. Embora cego e surdo, o cachorro reage a estímulos
tácteis e talvez olfactivos. Os cachorros apenas rastejam quando expostos, por
exemplo ao frio ou para se aproximarem das tetas. Os cachorros sujeitos a contacto
humano neste período não demonstraram diferenças comportamentais quando mais
velhos, no entanto crias de lobo que contactaram frequentemente com humanos neste
período demonstraram um comportamento mais amistoso com pessoas quando
adultos.
Período de transição (14-21 dias)
Período de mudança em que os comportamentos neo-natais diminuem ou são
abandonados e no qual o cachorro começa a demonstrar comportamentos de adulto.
Este período tem início quando o animal abre os olhos pela primeira vez e termina
quando há abertura do canal auditivo. Os cachorros começam a orientar-se no
ambiente, rastejando para a frente e para trás e começando a andar. Urina e defeca
sem ser necessária a estimulação da mãe. Começam a brincar e a abanar a cauda. O
reportório vocal aumenta e o cachorro gane não só quando tem frio e fome mas
também quando se sente num ambiente estranho. Os dentes começam a nascer ás 3
semanas e eles começam a roer objectos. As suas capacidades de aprendizagem
evoluem neste período mas não se comparam á dos indivíduos mais velhos e com o
final desta etapa o animal está pronto para a socialização.
Período de socialização (3-10 semanas)
Aqui o cachorro começa a apresentar a maioria dos comportamentos adultos, ainda
que em forma de brincadeiras. Começa a responder a sinais e sons de outros animais
e humanos á distância, inspecciona as pessoas e por vezes abana a cauda. As 3 ou 4
semanas começam a imitar-se uns aos outros e a partir das 5 semanas podem
começar a reagir aos estímulos em grupo. Saem do ninho para defecar e urinar. Aqui
podem ter início os primeiros sinais de comportamentos agonísticos. E nesta etapa
que os laços sociais com outros seres começam a aparecer. Cachorros que não
tenham contacto com pessoas neste período demonstram medo quando adultos. A
socialização é controlada por 2 sistemas de motivação principais: a procura de
contacto e o medo. A procura de contacto aumenta das 3 as 5 semanas e diminui
depois, enquanto o nível de medo do animal, que vai aumentando desde as 5
semanas de idade, faz com que ele tenha um menor comportamento de aproximação.
Os cachorros respondem bem aos estímulos durante esta etapa e animais mais
estimulados terão mais capacidades de aprendizagem depois deste período.
Período juvenil
Os cachorros crescem rapidamente e estão quase completamente desenvolvidos aos
8 meses. Aos 5 meses mudam a dentição. Durante a fase juvenil os seus
comportamentos não se modificam muito mas existe uma evolução principalmente nas
capacidades motoras. Gradualmente aprendem as consequências dos seus
comportamentos e conseguem distinguir quais os comportamentos adequados para as
diversas situações. As diferenças de comportamento mais acentuadas ocorrem
durante a maturidade sexual, entre os 6 e os 14 meses. Os machos começam a
levantar uma perna quando urinam e ambos os sexos começam a marcar o seu status
social com outros cães, e em algumas situações com os seus donos. Embora as
fêmeas estejam suficientemente maduras sexualmente para se reproduzirem, ainda
não têm maturidade mental suficiente para criar e educar crias.
Cães e Gatos interagindo com os seres humanos
Os humanos podem criar fortes laços sociais com os cães e gatos. Está documentado
que este tipo de contacto frequente pode conduzir a emoções positivas e a uma
descompressão mental (relaxar) em muitos humanos. A isto ainda se acrescenta um
sem número de efeitos benéficos na saúde mental e física dos humanos. Comunicar
com e cuidar de um animal de estimação pode promover o comportamento social e a
comunicação não verbal nas crianças. Além de promover o companheirismo, ter um
animal de estimação é associado com redução da pressão arterial e de outros factores
de risco para as doenças coronárias, bem como reduz também os factores de risco
para depressões e doenças psicossomáticas. Terapia assistida por animais é um
termo usado para uma utilização mais sistemática dos cães e gatos, ou outros
animais, com o intuito de melhorar a saúde física e mental, particularmente de
pacientes de psiquiatria ou geriatria. Em outras situações, quem está envolvido em
programas de visitação a hospitais pode sempre levar consigo um cão. Existem locais
onde os animais são criados a pensar neste propósito. Com o objectivo de assegurar
uma relação harmoniosa com o animal e os efeitos positivos nos humanos, as
necessidades e o bem-estar dos animais devem ser tidos em conta. Um gato como
animal de estimação tem efeitos positivos na saúde mental e bem-estar dos seres
humanos. As capacidades sensoriais, físicas e de aprendizagem dos cães são usadas
com vários propósitos. Cães devidamente treinados podem guiar pessoas cegas,
alertar pessoas surdas sobre sons importantes, desempenhar determinadas tarefas
para pessoas fisicamente deficientes, e servir como cães policia, cães anti-minas,
cães anti-drogas, e cães de busca e salvamento.
Problemas comportamentais
Os problemas comportamentais em cães e gatos podem constituir verdadeiras
desordens comportamentais, (padrões de comportamento anormais num sentido
psiquiátrico que não fazem parte de um etograma dos animais que vivem livres), mas
mais frequentemente eles são padrões de comportamento normal nos animais que os
seres humanos não gostam ou não desejam. As verdadeiras desordens podem
desenvolver-se se o dono fornecer ao animal reforços imprevisíveis (dizer uma vez
não e outra vez sim), ou se o seu bem-estar estiver em causa. Um gato que é punido
por defecar na carpete muito depois de o ter feito não faz ideia de porque é que está a
ser punido. A longo prazo estes gatos podem tornar-se tensos ou desenvolver medo
quando estão perto dos seres humanos. Outros problemas tais como dominância
agressiva, micção ou defecação em locais inapropriados, afiar as unhas em casa,
ladrar, etc., pode constituir um problema para os humanos mas não necessariamente
para os animais. Normalmente é muito mais fácil evitar o aparecimento destes
comportamentos assegurando que as necessidades do animal estão satisfeitas e que
este é bem tratado do que encontrar maneiras de as resolver depois do
comportamento estar estabelecido. No entanto, a tendência para o desenvolvimento
de problemas comportamentais pode ser afectada por herança genética e pode variar
consideravelmente entre ninhadas quer de cães, quer de gatos.
Problemas comportamentais específicos dos cães
Inicialmente os cães foram mantidos para utilizações específicas como a caça e como
guardas de propriedades em áreas rurais. Hoje em dia são mantidos como animais de
estimação em áreas urbanas agitadas com alta densidade populacional tanto humana
como canina.
Estas mudanças de ambiente exigem grande capacidade de adaptação. Embora os
donos, de certo modo, tenham consciência destes problemas, esperam que os seus
cachorros se tornem cães bem comportados e educados.
No entanto existem casos em que a relação de confiança é destruída e o cão
desenvolve uma característica comportamental que o dono não consegue controlar ou
aceitar: um problema comportamental. Ocasionalmente a eutanásia é a única opção. A
idade média ronda os 3-4 anos de idade. No entanto estudos indicam que os donos
tentam ultrapassar estes problemas durante bastante tempo – o cão só é eutanasiado,
em média, 2 anos após o dono procurar ajuda.
Problemas relacionados com separação estão entre os mais comuns, segundo 20%
dos donos. Estes incluem vocalização, destruição de objectos, defecar e urinar. As
ultimas indicam ansiedade, ladrar indica tentativas de voltar a ter contacto com o dono
quando deixados sozinhos, e pensa-se que o comportamento destrutivo seja motivado
pelo instinto de caça.
Problemas relacionados com agressões têm frequentemente levado à eutanásia.
Estas podem ser divididas em dois tipos:
1- De acordo com a vitima – dono, membros da família, estranhos, outros cães ou
animais;
2- Onde o comportamento agressivo está relacionado com um factor que
despoleta
a
acção
agressiva
–
dominância,
território,
protecção
de
propriedade, confronto entre machos ou entre fêmeas, induzido por medo, dor
ou castigo, reacção a outro comportamento, protecção de crias ou objectos.
Estes sistemas de classificação são muitas vezes erradamente conjugados, como, por
exemplo, agressão contra o dono ou familiares seja considerada uma questão de
dominância, quando na verdade é motivada por medo, dor ou castigo (agressão
defensiva).
Todos os tipos de agressão defensiva são aquelas em que o cão utiliza a agressão
para tentar remover a fonte de estímulos negativos.
Muitos cães demonstram, tal como os lobos, tendências agonísticas em relação a
estranhos ou outros cães dentro do seu território. Esta é conhecida como agressão
territorial: o cão ameaça o estranho com latidos e rosnando e, ás vezes, com formas
mais fortes de agressão. Este tipo de agressão normalmente aparece dos 1 aos 3
anos de idade, e foi enaltecida através da selecção artificial, principalmente em raças
de guarda.
Respostas nervosas ou de medo a barulho intenso, estranhos e situações não
familiares são outras das causas de problemas comportamentais. O medo e a
ansiedade, tal como as pessoas e outros animais irão influenciar bastante a confiança
do cão no seu dia a dia. Geralmente uma novidade ou a falta de controlo de uma
situação estimulam as reacções de medo. Uma aproximação gradual à mudança irá
reduzir a possibilidade de um cachorro desenvolver reacções de ansiedade extremas.
No entanto, a rapidez com que um cachorro se adapta a novos estímulos depende
muito de indivíduo para indivíduo.
Assim como todos os tipos de comportamento, os problemas comportamentais
resultam de predisposição genética combinada com o ambiente em que o cão se
encontra. Problemas relacionados com agressões, medo, ou separação têm grande
grau de hereditariedade. Por isso, é possível alterar os níveis de resposta a estes
comportamentos através de cruzamentos selectivos. Alem disso, as experiencias prénatais, influencias durante o período de socialização e juvenil irão determinar a
predisposição para o cão adquirir problemas comportamentais. Assim, a principal
causa destes problemas é modo como o dono educa o animal.
Problemas comportamentais específicos dos Gatos
Arranhar o mobiliário ou outros objectos inapropriados é o mais comum problema
comportamental nos gatos domésticos, de acordo com um inquérito norueguês sobre
831 gatos. Este problema ocorria frequentemente ou muito frequentemente em 33%
de gatos “rafeiros” (raça europeia), em 27% de gatos siameses e em 13% em gatos
persa. Uma vez que o dono depressa se aproxima do gato que está a arranhar, este
comportamento é, não intencionalmente, recompensado como um sinal para chamar o
humano. Em geral, estes sinais de contacto inapropriados devem ser ignorados para
serem desincentivados.
A micção fora da casa de banho do gato e a marcação por urina eram grandes
problemas particularmente nos gatos siameses (18%), mas verificavam-se apenas em
3-5% dos gatos persa e de raça europeia. Há várias razões para este tipo de
comportamentos, quer relacionadas com o isolamento (como marcações por
contacto), ou problemas sociais (como a marcação de território). Devem ser
perseguidas várias maneiras de estimular a auto-confiança do gato. A esterilização
nem sempre resolve o problema. Entre os gatos de raça europeia, 17% demonstra
medo de humanos desconhecidos, 16% exibe agressão relativamente a outros gatos,
e 6% morde ou arranha agressivamente os humanos. Os problemas tardios podem
estar relacionados quer com o facto de os gatos não serem estimulados (gatos
caseiros), ou com o facto de o gato ter medo quando se lhe faz festas causado por
anteriores maus tratos. Nos gatos de raça, as maiores hereditariedades verificadas no
estudo norueguês foram encontradas através das brincadeiras, do medo, e do
comportamento perante humanos desconhecidos. Estes traços poderiam ser
considerados na escolha da criação de animais de modo a aumentar a proporção de
donos de gatos que estão satisfeitos com o seu gato.
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