Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra Transcrição da Aula X – Anatomia de Superfície Olá! Hoje nós vamos abordar o neuro-eixo, considerando o cérebro, o tronco encefálico, o cerebelo, os ventrículos cerebrais encefálicos, mostrando uma anatomia de superfície. Bem! Consideremos primeiro o telencéfalo... 1.Sulcus centralis; 2.Gyrus praecentralis; 3.Gyrus postcentralis; 4.Sulcus praecentralis; 5.Sulcus postcentralis; 6.Sulcus frontalis superior; 7.Sulcus frontalis inferior; 8.Gyrus frontalis superior; 9.Gyrus frontalis medius; 10.Gyrus frontalis inferior; 10a.Pars opercularis; 10b.Pars triangularis; 10c.Pars orbitalis; Sulcus lateralis: 11.Ramus ascendens; 12.Ramus anterior; 13.Ramus posterior; 14.Sulcus temporalis superior; 15.Sulcus temporalis inferior; 16.Gyrus temporalis supeior; 17.Gyrus temporalis medius; 18.Gyrus temporalis inferior; 19.Gyrus supramarginalis; 20.Gyrus angularis; 21.Sulcus parietooccipitalis; 20+21.Lobulus parietalis inf.; 22.Lobus occipitalis; 23.Margo superior; 24.Margo inferior; 25.Sulcus intraparietalis; 26.Cerebellum; 27.Lobulus parietalis sup. Aqui vos apresento o cérebro numa visão supra-lateral. Nós temos aqui a necessidade de abordar todos estes sítios. Primeiramente vamos procurar qual é o sulco, ladeado por dois giros, que tem uma disposição coronal, como a tiara ou diadema das princesas... Então vejamos: este sulco (1), ele é coronal. É o sulco central, que divide o cérebro em lobo frontal e lobo parietal. Neste ponto (21) nós temos o nicho de um sulco chamado parieto-occipital que 1 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra divide o lobo parietal do lobo occipital. E esta é outra importante fissura (11, 12 e 13), a fissura lateral, que separa os lobos frontal e parietal do lobo temporal. Bem! Observem que os outros giros e os outros sulcos são todos longitudinais. Isso facilita-nos uma abordagem didáctica da superfície do telencéfalo. À frente do sulco central situa-se a área motora, ou área 4 de Broadmann, que constitui o giro pré-central (2), onde estão localizados os neurónios que organizam o movimento e a via piramidal. Posteriormente ao sulco central situa-se o giro pós-central (3), as áreas 3, 5 e 1 de Broadmann, que estão relacionadas com a sensibilidade geral do organismo. Considerando ainda o lobo frontal nós observamos que há três importantes giros: o giro frontal superior (8), o giro frontal médio (9) e o giro frontal inferior (10). O lobo frontal está relacionado com a organização do comportamento, o raciocínio e também com o controle cortical das emoções. Esta região do lobo frontal, o giro frontal inferior, considerando esta parte opercular (10ª) e parte triangular (10b) do giro frontal inferior (10), ou áreas 44 e 45 de Broadmann, organiza a palavra falada. Uma lesão aqui gera a dificuldade em articular a palavra. O sujeito consegue entender o que ouve e consegue entender o que lê mas não consegue falar. No lobo temporal nós temos aqui o giro temporal superior (16), o giro temporal médio (17) e o giro temporal inferior (18). No lobo temporal nós temos as áreas importantes envolvidas com os processos mnemónicos, principalmente considerando o giro parieto-campal que nós vamos ver numa outra abordagem. Assim também áreas auditivas, gustativas e olfactivas têm a sua representação no lobo temporal. Então vejamos: se eu seguir aqui o giro pós-central e abrir a fissura lateral eu vou ter um giro transverso, chamado giro temporal transverso de Heschl onde estão chegando as aferências da via auditiva. Essas áreas 41, 42 e 22 de Broadmann estão relacionadas com a audição. É área auditivo-primária, auditivo-psíquica e auditivognósica. Quanto mais distante do sítio de chegada do impulso sensorial mais elaborada, ou melhor elaborada é a resposta sensorial no telencéfalo. A partir do giro pós-central, já no lobo parietal, nós vemos um sulco, o sulco intraparietal que divide o lobo parietal em lóbulo parietal superior (27) e lóbulo parietal inferior (20+21). O lóbulo parietal inferior está envolvido com a linguagem e com a capacidade de entender a linguagem ouvida e a linguagem vista, ou seja escrita. Então vejamos: se nós seguirmos a fissura 2 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra lateral nós atingimos o chamado giro supra-marginal (19) e o giro angular (20). Essa é a área 39 e 40 de Broadmann, que foi quem mapeou o telencéfalo e é a chamada área de Wernick. Uma lesão aqui gera uma afasia sensorial: o paciente consegue-se expressar na fala mas não consegue entender o que ouve nem consegue entender o que lê. Bem! Observem que a área que interpreta a palavra ouvida está próxima à área 22 de Broadmann, ou seja, aquela área auditivo-gnósica que está interpretando as informações auditivas no lobo temporal, enquanto que a área representada no giro angular está muito próximo do lobo occipital (22). Ora, o lobo occipital, os giros occipitais externos, eles organizam a visão...Então, aqui estão as áreas 17, 18 e 19 de Broadmann. Observem que a área de Wernick, próximo à área 19, consiste na área que interpreta a linguagem lida ou vista. Então, uma lesão na área de Wernick, próxima à área visuo-gnósica, que seria a área 19, vai provocar um défice na capacidade de entendermos o que lemos. A seguir vamos observar uma nova faceta do cérebro...uma visão da face medial do cérebro, mostrando aqui o corpo caloso, com o joelho (25), o tronco (26) e o esplénio (27) do corpo caloso. 1.Gyrus rectus 2.Bulbus olfactorius 3.Gyrus frontalis medialis 4.Gyrus cinguli 5.Sulcus cinguli 6.Sulcus corporis callosi 7.Area subcallosa 8.Gyrus paraterminalis 9.Lobulus paracentralis 10.Sulcus centralis 11.Praecuneus 12.Sulcus parietooccipitalis 13.Cuneus 14.Sulcus calcarinus 15.Gyrus lingualis 16.Gyrus occipitotemporalis med. 17.Gyrus parahippocampalis 18.Sulcus hippocampi 19.Uncus 20.Gyrus fasciolaris 21.Gyrus dentatus 22.Sulcus collateralis; 23.Sulcus rhinalis 24.Incisura praeoccipitalis 25.Genu corporis callosi 26.Truncus corporis callosi 27.Splenium corporis callosi 3 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra Estamos vendo aqui o tálamo (ao centro)... E aqui nós estamos vendo o telencéfalo: o giro reto (1), o giro frontal médio (3), o lóbulo paracentral (9), porque o sulco central está aqui (10) e aqui está o nosso sulco parieto-occipital (12) que divide o lobo parietal do lobo occipital. Vejamos que aqui existe um sulco chamado calcarino (14). "Calcar avis", em Latim, significa "o bico da ave"... Esse pólo occipital lembra o bico do Papagaio do Mar... Então "sulco calcarino"... É a principal área visual, a área visual primária... Nos "lábios" da fissura calcarina estão chegando as informações visuais. Então, nesta área estão a área 17 de Broadmann, a área 18 e a área 19. São áreas visuais primárias, visuo-psíquicas e visuo-gnósicas. A estrutura que surge entre a fissura calcarina e o sulco parietp-occipital parece uma "cunha"... Por isso ela recebe o nome de "Cuneus", que em Latim significa "cunha". A parte do lobo parietal que está logo anterior ao Cunho chama-se Pré-cunho (11). Então temos: lóbulo paracentral (10), pré-cunho (11) e cunho (13)... Observem que esta estrutura (17) é chamada de giro parahipocampal ou "que está ao lado do hipocampo"... Ali dentro, em profundidade, situa-se o hipocampo que é uma importante estrutura relacionada a processos mnemónicos e também com a organização do comportamento emocional. Aqui nós temos os giros occipitotemporais... Então, o giro occipitotemporal medial (16). Este aqui (4) é o giro do cíngulo...já ia-me esquecendo dele. É uma estrutura muito importante que organiza as emoções... Ele consiste na representação cortical das emoções (parte delas...). Uma outra área importante que elabora as emoções é a área septal... Está por exemplo aqui a área subcalosa (7) e aqui o giro paraterminal (8). A área septal recebe também as aferências de importantes estruturas que formam o assim chamado Sistema Límbico... São uma orla no diencéfalo, relacionada com o controle, geração e organização das emoções... Esta área aqui (19) é uma área olfactiva e o pólo temporal (aí próximo) é uma área gustativa. Vejamos agora o telencéfalo numa visão inferior. 4 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra 1.Gyrus rectus 2.Sulcus olfactorius 3.Bulbus olfactorius 4.Tractus olfactorius 5.Gyri orbitales 6.Stria olfactoria med. 7.Stria olfactoria lat 8.Area perforata rostralis 9.Isthmus gyri cinguli 10.Gyrus fasciolaris 11.Gyrus dentatus 12.Gyrus lingualis 13.Gyrus parahippocampalis 14.Uncus 15.Sulcus collateralis 16.Sulcus rhinalis 17.Gyrus occipitotemporalis med.18.Sulcus occipitotemporalis 19.Gyrus occipitotemporalis lat. =Gyrus temporalis inf. Então nós estamos vendo aqui os giros orbitais (5), o giro parahipocampal (13)... aqui nós estamos vendo o giro occipitotemporal medial (17) e o giro occipitotemporal lateral (19). Aqui (acima de 13 e 14) apresenta-se parte do tronco encefálico cortado transversalmente, a base do pedúnculo cerebral, uma estrutura mesencefálica. Parte do telencéfalo não se desenvolveu tão uniformemente como o neocórtex do lobo frontal, parietal e temporal. Ela ficou "ilhada". Ilha, em Latim recebe o nome de Ínsula. Então vejamos a ínsula... 1.Gyri breves insulae; 2.Gyri longi insulae; 3.Limen insulae; 4.Sulcus centralis insulae; 5.Sulcus circularis insulae 5 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra Aqui vemos os giros curtos (1) e os giros longos (2) da ínsula... A ínsula tem funções límbicas, ou seja, está relacionada com o controle das emoções. Vejamos agora uma visão do tronco encefálico. 1.Fissura longitudinalis cerebri 2.Sulcus olfactorius 3.Gyrus rectus 4.Tractus olfactorius 5.Stria olfactoria med. 6.Stria olfactoria lat. 7.Area perforata rostralis 8.Nervus opticus 9.Chiasma opticum 10.Tractus opticus 11.Infundibulum 12.Tuber cinereum 13.Corpora mamillaria 14.Nervus oculomotorius 15.Sulcus medianus pontis 16.Foramen caecum 17.Sulcus bulbopontinus 18.Nervus trigeminus 19.Nervus abducens 20.Nervus facialis 21.Nervus vestibulocochlearis 22.Nervus glossopharyngeus 23.Nervus vagus 24.Nervus accessorius 25.Radix spinalis nn.XI 26.Nervus hypoglossus 27.Pyramis 28.Oliva 29.Fissura mediana ventralis 30.Sulcus retroolivaris 31.Sulcus ventrolateralis 32.Decussatio pyramidum Então nós estamos vendo aqui a visão da fossa interpeduncular... entre os pedúnculos cerebrais que representam a face ventral do mesencéfalo. Logo abaixo do mesencéfalo surge a ponte... Aqui está o sulco bulbopontíneo (17) e o bulbo, com as pirâmides do bulco (27) e a oliva (28), que é a profusão do complexo olivar inferior. Aqui nós estamos vendo os pedúnculos cerebelares... Então, esta estrutura aqui é o tronco encefálico. Aqui, por trás, nós estamos vendo parte do telencéfalo e do cerebelo. São os hemisférios cerebelares que estão situados posteriormente ao tronco encefálico. Acima do tronco encefálico está o diencéfalo, aqui representado pelo Tuber cinereum (12), pela emergência média, pelos corpos mamilares (13), pertencentes ao hipotâlamo... 6 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra e aqui estão nervos cranianos... que têm origem no telencéfalo. Por exemplo, temos aqui (8) o nervo óptico, que se origina aparentemente no quiasma óptico (9). Aqui está o trato óptico (10) e a substância perfurada anterior (7). Então, esta imagem mostra parte do telencéfalo, parte do diencéfalo e o tronco cerebral. Agora vejamos o tronco encefálico numa visão posterior 1.Colliculus rostralis 2.Colliculus caudalis 3.Pars ventralis pedunculi cerebri 4.Pulvinar thalami 5.Vellum medullare rostrale 6.Trigonum habenulae 7.rest of pineal gland 8.Brachium colliculi sup. 9.Corpus geniculatum lat. 10.Corpus geniculatum med. 11.Brachium colliculi inf. 12.Nervus trochlearis(IV) 13.Trigonum lemnisci(red) 14.Frenulum velli medullaris sup. Pedunculus cerebellaris 15.rostralis 16.medius 17.caudalis 18.Sulcus medianus 19.Eminentia medialis with Colliculus facialis 20.Sulcus terminalis 21.Trigonum nervi hypoglossi 22.Trigonum nervi vagi 23.Area postrema 24.Obex 25.Tuberculum gracile 26.Sulcus medianus 27.Tuberculum cuneatum 28.Sulcus dorsolateralis 29.Sulcus dorsalis intermedius Nós estamos vendo aqui os corpos quadrigémeos, qutro pequenas colinas muito semelhantes: os colículos superiores (1) e os colículos inferiores (2). Collis, em Latim significa "colina"... "colliculi" são "pequenas colinas"... Então, os colículos superiores (rostrais) têm funções visuais enquanto os colículos inferiores (caudais) têm funções auditivas. Aqui está o braço do colículo superior (8) e o corpo geniculado medial (10). Aqui nós temos o corpo geniculado lateral (9). Os corpos 7 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra geniculados (medial e lateral) são estruturas metatalâmicas: o lateral tem funções visuais e o medial tem funções auditivas. Aqui nós estamos vendo a habénula (7), que se comunica com a área septal através da estria medular do tálamo, formando parte dos circuitos límbicos. Aqui nós estamos vendo o velum medulado superior (5), com a emergência do nervo troclear (129, o par craniano IV. Abaixo temos os pedúnculos cerebelares superior (15), médio (16) e inferior (17). E aqui está-se abrindo o quarto ventrículo... Vejamos agora uma abordagem dos nervos cranianos. I.Tractus olfactorius II.Nervus opticus III.Nervus oculomotorius IV.Nervus trochlearis V.Nervus trigeminus VI.Nervus abducens VII.Nervus facialis VIII.Nervus vestibulocochlearis IX.Nervus glossopharyngeus X.Nervus vagus XI.Nervus accessorius XII.Nervus hypoglossus Nós temos 12 pares de nervos cranianos. Então, aqui está o representante do nervo olfatório (I)... Na verdade, o "nervo olfatório" está na mucosa olfatória. Nesta preparação o que nós vemos é o trato olfatório (I). Aqui está o nervo óptico (II) que tem uma origem parente com o quiasma óptico e aqui está o nervo oculomotor (III). Então, temos o 1.º, o 2.º e o 3.º par... O nervo oculomotor (III) tem uma origem aparente no sulco medial do pedúnculo cerebral. 8 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra Aqui está o nervo troclear (IV), que é o 4.º par craniano... O nervo troclear é o único nervo craniano que tem uma emergência posterior. Todos os outros têm uma emergência aparente no encéfalo, na face ventral ou anterior... Aqui nós estamos vendo o trigémeo (V), quinto par craniano... O sexto é o abducente (VI), o sétimo o facial (VII), o oitavo par é o nervo vestibulococlear (VIII), o nono par é o glossofaríngeo (IX ) e o décimo par é o nervo vago (X). Os pares cranianos VI, VII e VIII têm uma origem aparente no sulco bulbopontíneo e o quinto par no pedúnculo cerebelar médio. O par IX (glossofaríngeo) e o X (vago) têm origem aparente no sulco lateral posterior do bulbo, enquanto que o hipoglosso (XII) tem origem aparente no sulco lateral anterior do bulbo, entre a pirâmide e a oliva. Por fim nós temos ainda o nervo acessório (XI), o décimo-primeiro par, que tem uma origem aparente no sulco lateral posterior do bulbo, tal como o glossofaríngeo e o vago. Vejamos agora uma visão do cerebelo. Vermis 1.Lobulus centralis 2.Culmen 3.Declive; Lobulus quadrangularis 4.Pars rostralis 5.Pars caudalis 6.Lobulus semilunaris rostralis (7.Lamina tecti) (8.Pulvinar thalami) 9.Fissura prima Cerebellum significa "cérebro pequeno". O cerebelo é um órgão, uma estrutura que se localiza posteriormente ao tronco encefálico e que tem funções na organização 9 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra da eumetria, na cronometria, no equilíbrio e no controle da postura e do movimento. Tem circuitos complexos que vão controlar o equilíbrio... É o chamado cerebelo vestibular que tem amplas conexões com os núcleos vestibulares, que estão recebendo aferências do nervo vestibulococlear (par craniano VIII).Estas aferências, por sua vez, estão trazendo informações acerca dos labirintos, do sácrulo e do trículo, dos canais ventriculares que respondem à aceleração linear e à aceleração angular. Então esse é um importante aporte de aferências que trazem informações da posição da cabeça em relação ao corpo e também da relação do corpo com o meio, isto é, se está em aceleração linear ou angular. Bem! O cerebelo, ele é uma estrutura muito antiga que foi sendo organizada aos poucos. Então, inicialmente surgiu esse cerebelo vestibular. O cerebelo vestibular, ele é muito antigo e é chamado de arquicerebelo. Na verdade, esse primeiro cerebelo surgiu em animais, como as lampreias, que não tinham nadadoras (nadadeiras)... Eles apenas precisavam de equilibrar a cabeça, no meio líquido... Então, por isso, a conexão do cerebelo e o neuroeixo era com esses núcleos vestibulares. Agora... com o aparecimento dos peixes surgiu a necessidade de coordenar esses movimentos... com as nadadeiras. Agora, era preciso uma conexão do cerebelo com a medula espinhal... aferências e eferências... Então, as aferências vêm todas da medula espinhal, vindo de tratos particulares, dos fusos neuromusculares, etc... e vão informar o cerebelo da posição dos membros, do grau de contracção muscular... O cerebelo, recebendo essas informações, vai coordenar a marcha. É o paleocerebelo... formado pelo lóbuloa anterior, pela pirâmide e pela úvula. Uma outra região, a restante... que é a parte maior do cerebelo, surgiu com animais que utilizavam instrumentos, ou faziam movimentos finos com as mãos. Por exemplo as onças... ou, por exemplo, o próprio Homem. Nós usamos muito as mãos para fazer pinturas, para a escrita, etc... Então surgiu o neocerebelo... ou o chamado cerebelo cortical. Então, ele é formado por vias como a via cortico-ponto-cerebelodento-neorubro-tálamo-cortical... Uma via importante do neocerebelo que vai coordenar os movimentos finos e precisos. Bem! Mas nós vamos nos deter na anatomia de superfície. O cerebelo, ele possui uma estrutura central, chamada vermis, única, ladeada por dois hemisférios. Cada parte do vermis tem um componente num hemisfério. Então nós estamos vendo aqui uma visão da face superior do cerebelo. Aqui está o lóbulo central (1), junto à fissura pré10 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra pulvinar... Aqui está o culmen (2), a parte mais alta do cerebelo e o lóbulo quadrangular superior (4). Logo abaixo vem a fissura prima (9)... Então, a fissura prima separa o lobo anterior (4) do lobo posterior (5) do cerebelo... Logo abaixo do culmen vem o declive (3). O declive está conectado, está directamente relacionado com o lóbulo quadrangular inferior... Logo abaixo do declive vem a fissura pós-tribal, ou postero-superior, que separa o lóbulo quadrangular inferior do lóbulo semilunar superior (6) do cerebelo. Esta é a visão da parte superior. O cerebelo tem, então, uma incisura superior e uma incisura inferior. Agora vejamos uma outra visão do cerebelo... Vermis 1.Culmen 2.Declive 3.Folium vermis 4.Tuber vermis 5.Pyramis ; Lobulus quadrangularis 6.Pars rostralis 7.Pars caudalis; 8.Lobulus semilunaris rostralis 9.Lobulus semilunaris caudalis 10.Lobulus gracilis 11.Fissura prima 12.Fissura horizontalis Vamos virar... Então aqui é a parte posterior... Uma outra visão do cerebelo... Vejam bem esta circunvolução... As circunvoluções do cerebelo são muito discretas, muito finas... e lembram as folhas... Em Latim Folium = folha... E um conjunto de folhas diz-se "folia"... São as "folia cerebelaris", os correspondentes aos giros cerebrais... Então nós vamos ver, nesta preparação, um único giro, o chamado Folium (3)... Esse giro único do cerebelo, o folium, está conectado ao lóbulo semilunar superior (8)... Logo abaixo dele existe a fissura horizontal (12), que divide o lóbulo semilunar superior do lóbulo semilunar inferior (9). O lóbulo semilunar inferior está 11 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra conectado ao Tuber (4)... Então, depois da fissura horizontal vem o tuber (4) e depois vê-se a fissura pré-piramidal e a pirâmide (5) e logo depois a fissura pós-piramidal. A pirâmide (5) vai estar conectada ao lóbulo biventer... Então vamos dar mais uma rotação ao cerebelo... 1.Lobulus semilunaris rostralis; 2.Lobulus semilunaris caudalis; 3.Lobulus gracilis; 4.Lobulus biventer 5.Flocculus; Lobulus quadrangularis 6.Pars caudalis 7.Pars rostralis; 8.Plexus choroideus 9.Fissura dorsolateralis 10.Tonsilla cerebelli; 11.Medulla oblongata 12.Pons 13.Fissura horizontalis Vamos ver a parte inferior... Então está aqui o lóbulo biventer (4), conectado à pirâmide... E este aqui é o lóbulo grácil (3). Logo em seguida nós podemos ver aqui, ainda... vejamos... o flóculo (5), que está ligado ao lóbulo que está oculto pelo bulbo... O lóbulo floculo-lobular é o arquicerebelo... A pirâmide e a úvula compreendem, evidentemente, o paleocerebelo e o restante... constitui o neocerebelo... Ainda podemos talvez ver mais uma visão... A região ventral do cerebelo. 12 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra Vermis 1.Lobulus centralis 2.Culmen 3.Uvula 4.Nodulus; 5.Ala lobuli centralis; Lobulus quadrangularis 6.Pars rostralis 7.Pars caudalis; 8.Lobulus semilunaris rostralis 9.Lobulus semilunaris caudalis 10.Lobulus gracilis11.Lobulus biventer 12.Tonsilla cerebelli 13.Flocculus; Pedunculus cerebellaris 14.rostralis 15.caudalis 16.medius; 17.Pedunculus flocculi 18.Fastigium 19.Fissura prima 20.Fissura horizontalis 21.Fissura dorsolateralis Então aqui está o lóbulo central (1), a asa do lóbulo central (5), a fissura préculminar e o culmen (2). Aqui o lóbulo quadrangular superior (6)... De seguida o lóbulo quadrangular inferior (7), o lóbulo semilunar superior (8), o lóbulo semilunar inferior (9), o lóbulo grácil (10) e o lóbulo biventer (11), conectado à pirâmide e, por fim, a ínsula (12), conectada à úvula (3) e o nódulo (4), que está conectado ao flóculo (13). O lobo flóculo medular então forma o arquicerebelo... ou o cerebelo vestibular. 1.Fastigium ; 2.Vellum medullare rostrale; 3.Lingula; 4.Pedunculus cerebellaris rostralis; 5.Pedunculus flocculi 13 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra Então, o cerebelo é uma estrutura importante ligada com o equilíbrio, com a coordenação de movimentos finos, com a organização da marcha, movimentos repetitivos... e é um órgão muito importante, então, como um auxílio na elaboração de movimentos de marcha... Ele é estudado, por alguns autores, como parte do sistema extrapiramidal... Vejamos agora, para finalizar, os ventrículos... Uma anatomia de superfície dos ventrículos... 1.Cornu frontale 2.Pars centralis 3.Cornu occipitale 4.Cornu temporale 5.Plexus chororideus 6.Glomus choroideum 7.Calcar avis 8.Trigonum collaterale 9.Nucleus caudatus 10.Sulcus terminalis 11.Thalamus covered by Lamina affixa 12.Gyri temporales transversi 13.Insula 14.Foramen interventriculare Aqui vos apresento um corte transversal do cérebro mostrando o ventrículo lateral: o corno anterior (1) e o corno posterior (3) do ventrículo lateral. Repousando no corno inferior do ventrículo lateral está o plexo coróide (5) do ventrículo lateral. 14 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra 1.Genu corporis callosi 2.Truncus corporis callosi 3.Splenium corporis callosi 4.Septum pellucidum 5.Adhaesio interthalamica 6.Sulcus hypothalamicus 7.Comissura anterior 8.Lamina terminalis 9.Recessus infundibularis 10.Recessus chiasmatis 11.Fornix 12.Foramen interventriculare 13.Chiasma opticum 14.Corpus mamillare 15.Fossa interpeduncularis 16.Plexus choroideus 17.Comissura habenularum 18.Comissura posterior 19.Recessus pinealis 20.Recessus suprapinealis 21.Corpus pinealie 22.Lamina tecti 23.Aqueductus mesencephali 24.Tegmentum mesencephali 25.Pars ventralis pontis 26.Tegmentum pontis 27.Medulla oblongata 28.Ventriculus IV; 29.Velum medullare rostrale 30.Fastigium 31.Plexus chororideus 32.Cerebellum Aqui nós estamos vendo uma superfície medial do cérebro mostrando o terceiro ventrículo. Aqui está o seu recesso quiasmático (10), o recesso infundibular (9) e o recesso pineal (19). O terceiro ventrículo se comunica com o ventrículo lateral através do forame intraventricular (12) e se comunica com o quarto ventrículo (28) através do aqueduto de Sylvius (23), ou aqueduto cerebral... Aqui temos uma visão do vermis (32), em corte sagital mediano, e aqui nós estamos vendo o quarto ventrículo (28), posteriormente à ponte (26) e ao bulbo (27)... Então, nós estamos vendo aqui o véu medular superior (29), formando o tecto do ventrículo IV, posteriormente, e o véu medular inferior. O tecto da região inferior do quarto ventrículo é formado pela tela coróide do quarto ventrículo (31). Para finalizar, nós vamos então pre3parar vocês para uma nova visão do SN, em aulas subsequentes, que seriam uma anatomia seccional... E vamos também abordar o Sistema Límbico... e vamos preparar, por fim, aulas de apoio a este curso... 15 Curso de Neuroanatomia Descritiva e Funcional – Prof. Norberto Coimbra Um abraço e até à próxima... 16