os setores que vão criar novos empregos

Propaganda
Economia.
Aeroportômetro
2 0 5
dias para a conclusão da obra
DOMINGO, 05 DE MARÇO DE 2017
|
30
Macroeditor: Abdo Filho z [email protected]
Editora: Joyce Meriguetti z [email protected]
WhatsApp (27) 98135.8261 Telefone: (27) 3321.8327
ATENDIMENTO AO ASSINANTE (27) 3321-8699
RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA
OS SETORES
QUE VÃO
CRIAR NOVOS
EMPREGOS
Metalurgia
Recuperação da economia
deve atingir setor metalúrgico, área importante
na geração de empregos
FOTO: Carlos Alberto Silva
Seis segmentos vão contribuir
para a volta das vagas perdidas
LUÍSA TORRE
[email protected]
Acriseeconômicaqueassolou o país e deixou 13 milhões de desempregados
ainda castiga a população.
Mas alguns sinais como inflação em queda, redução
na taxa de juros e melhora
na confiança começam a sinalizar,
discretamente,
uma luz no fim do túnel,
principalmente para o mercado de trabalho.
A recuperação dos empregos perdidos, ainda que
deformalenta, tem despontado, como mostram os dados do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Depois de
quatro anos seguidos de saldos negativos em janeiro, o
Estado registrou, no primeiro mês de 2017, a criação de
726 postos de serviço. Foram 25.498 contratações
contra 24.772 demissões.
Será dos seis setores que
mais sofreram com a crise
queviráaretomadadocrescimento do país e do Estado, afirmam especialistas.
Segmentoscomoaconstrução civil serão estratégicos
para a volta dos empregos,
acredita o economista e
professor da Ibmec e da
FDC, Gilberto Braga.
“A retomada da construção civil tem muito a ver
com a confiança da população com relação ao futuro.
Hoje temos um estoque de
imóveis que está começan-
SALDO POSITIVO
726
postos de trabalho
Foram criados em janeiro deste ano no Estado,
segundo o Caged.
do a ser desovado. É um sinal de que as pessoas que
nãoestãoendividadasestão
mais crentes em relação ao
futuro e fazendo dívidas de
longo prazo”, explica.
Além disso, é um setor
que tem uma capilaridade
muito grande. “A venda de
imóveis movimenta material de construção, decoração,eletrodomésticos.É
um setor que temos que ficar de olho”, diz Braga.
Um dos mais prejudicados pela recessão, o comércio deve também ganhar
novofôlego,abrindoasportas para aqueles que estão
em busca de uma colocação. Um dos motivos é o retorno da confiança do consumidor que tem sentido
menos medo de comprar e
de fazer gastos.
Outros setores que devem puxar a retomada são a
metalurgia e a indústria extrativa mineral, diz o economistaOrlandoCaliman.“No
cenário externo, houve melhoranopreçodominériode
ferro. E tem expectativa de
retorno da Samarco, se ela
retornar no segundo semestredesteano,haveráumimpacto grande na questão do
emprego”, avalia.
O petróleo é outra commodity que está com o preço melhor no mercado internacional. “Está prevista
uma rodada de concessões
e o Espírito Santo vai ser
parte desse pacote. É algo
que pode melhorar a situaçãodosempregosaquitambém”, destaca Caliman.
Apesar das perspectivas
um pouco melhores, o professor da Fucape Aridelmo
Teixeira lembra que as empresas estão com muita capacidade ociosa e que as
contrataçõesdevemdemorar a voltar. “O emprego
não aparece logo. Primeiro, as empresas vão estancaroprocessodedemissão.
À medida que o nível de
ociosidade vai diminuindo
dentro das empresas, lá para o segundo semestre, o
processo de recontratação
deve começar”.
Porisso,paraaeconomista-chefe da XP Investimentos,ZeinaLatif,aindanãohá
sinais de retomada da economia. “O mercado de trabalhoaindaestámuitofraco
e as demissões com trabalhadores de carteira assinada continuam. A economia
ainda está muito frágil e as
empresas estão com dificuldades financeiras. São dois
trimestres para o corte dos
juros gerar crescimento cíclico da demanda”.
OPINIÕES
“É possível que o setor petrolífero, que
é importante para o ES, tenha uma
melhora, que viria das condições
internacionais”
—
GILBERTO BRAGA ECONOMISTA
“Na retomada, os empresários vão ser
mais temerosos com qualquer
contratação nova. Geração de emprego
só a partir do segundo semestre”
—
ORLANDO CALIMAN ECONOMISTA
“O mercado de trabalho precisa se
estabilizar para falar em recuperação
da economia. Ninguém compra se tem
medo de perder o emprego”
—
ZEINA LATIF ECONOMISTA
“As empresas estão com muita
capacidade ociosa e isso vai adiar o
processo de recontratação de mão de
obra”
—
ARIDELMO TEIXEIRA PROFESSOR DA FUCAPE
DOMINGO, 05 DE MARÇO DE 2017
|
31
Os tímidos sinais de
uma futura retomada
Inflação baixa, queda
da taxa de juros e volta
do consumo ajudarão
o mercado de trabalho
A expectativa de inflação abaixo do centro da
meta e a taxa de juros no
patamar de 9% são alguns
dos elementos que devem
contribuir para estimular
o consumo, que foi tão reprimido com a recessão.
O crédito mais barato de-
veservircomoumaalavanca
tanto para o consumo quantoparaoinvestimento,acredita o economista Orlando
Caliman. “Hoje o crédito é
escasso ou limitado por conta do custo que ele tem”.
O dinheiro mais barato
traz a expectativa de que
novos negócios possam se
iniciar, explica o professor
da Fucape, Aridelmo Teixeira. “Isso acaba trazendo
a expectativa da classe em-
preendedora quanto àeconomia inverter a tendência
e começar a melhorar”.
Um indicador definitivo
de melhora na economia,
no entanto, ainda está ligado à questão do desemprego. Para a economista-chefedaXP Investimentos Zeina Latif, com o mercado de
trabalho mais precarizado
emaisgenteforadaformalidade, ainda é cedo para
falar em retomada do con-
sumo. Ela acredita que a
economia está mudando a
marcha, mas uma melhora
deve acontecer mais para o
segundo semestre.
“Omercadodetrabalho
precisa estabilizar para falar em recuperação da
economia. Ninguém compra se tem medo de perder
o emprego. Esse indicador
do medo do desemprego
parou de subir, mas está
em patamares recordes”.
OS SETORES
INDÍCIOS DA MELHORA
INFLAÇÃO EM QUEDA
t Centro da meta
Se em 2015 o país viu o
IPCA, a inflação oficial,
alcançar dois dígitos e
fechar o ano em 10,67%,
em 2016 a recessão
forçou esse número para
baixo, em 6,29%. Para
2017, a expectativa é que
o índice termine abaixo
do centro da meta do
governo, em 4,2%.
INDÚSTRIA EXTRATIVA MINERAL
t
TAXA DE JUROS MENOR
Redução rápida
t
A taxa básica de juros da
economia brasileira, a
Selic, alcançou o patamar
de 14,25% em 2015, mas
em 2016 começou a
trajetória de queda e está
em 12,25%. A
expectativa do mercado
é que ela feche em 9,5%
ao final de 2017.
Encerrou, em 2015 e 2016,
fechou 1.334 postos de
emprego. A produção
industrial nesse setor teve
queda de 31% entre janeiro
a dezembro de 2016.
t Com a melhoria dos
preços do minério de ferro
e do petróleo no mercado internacional, as
empresas do setor devem investir e ampliar a oferta
de vagas de trabalho.
t Há expectativa de que a Samarco retorne às
atividades neste ano, o que impacta positivamente nos
empregos na área.
METALURGIA
PETRÓLEO E GÁS
Fechou 2016 com
crescimento de 3,6% na
produção industrial, puxado
pelo terceiro trimestre. Nos
dois primeiros trimestres, os
índices de produção
industrial foram de queda
(-3,0% e -2,8%,
respectivamente).
t Com o avanço da produção do setor extrativo mineral,
a metalurgia é um setor que deve ser impactado de
forma positiva, já que é ali que a matéria-prima é
transformada.
t O avanço no crescimento da economia mundial e a
melhora na atividade econômica chinesa vai demandar
mais produtos desse setor.
COMÉRCIO
t
DESEMPREGO
t Em alta
A taxa de desemprego
dramaticamente alta, em
12,6%, é o principal
demonstrativo que a
economia ainda não
começou uma retomada.
Ele só deve começar a
cair no segundo semestre.
Entre 2015 e 2016,
16.523 vagas de emprego no
Estado.
t Com a redução da taxa de
juros e a melhora na
confiança, a construção civil
deve retomar fôlego a partir
do segundo semestre. Os
estoques estão baixos e, com novos lançamentos, os
empregos começam a voltar.
t Parcerias público-privadas devem ser destravadas
este ano e os investimentos em infraestrutura devem
retornar, o que também tem potencial para gerar novos
empregos.
t
CONFIANÇA DO
CONSUMIDOR
t Perspectivas
O Índice de Confiança do
Consumidor (ICC),
medido pela Fundação
Getulio Vargas, subiu 2,5
pontos em fevereiro,
alcançando 81,8 pontos, o
maior nível desde
dezembro de 2014 (86,4).
É a segunda alta de 2017.
CONSTRUÇÃO CIVIL
t
O setor perdeu 16.071
postos de trabalho entre
2015 e 2016 no Estado.
t Com a melhora na
confiança do consumidor, o
brasileiro deve voltar a
comprar sem medo de se
endividar, estimulando
abertura de empregos.
t As taxas de juros mais baixas também devem
estimular as vendas no comércio, já que o custo dos
produtos fica menor.
t Para 2018, produtos de alto valor agregado como a
linha branca e móveis devem começar a ver uma
retomada do consumo.
t O barril do petróleo, que
chegou a custar US$ 30,80
em janeiro de 2016, teve
acréscimo em seu preço e
em janeiro de 2017, valia
US$ 54,89. O aumento do
preço impulsiona a expansão
da atividade.
O setor vem sofrendo fortemente com a crise na
Petrobras por conta da Operação Lava Jato, mas a
empresa já começou um processo de recuperação.
t
Rodadas de concessões de campos produtores estão
previstas para esse ano, o que vai gerar novos
investimentos e empregos.
t
SUPERMERCADOS
O desemprego em alta
forçou as famílias a fazer
um forte ajuste no
orçamento doméstico, e as
vendas nos supermercados
e hipermercados caíram
3,3% em 2015 e mais 3,5%
em 2016.
t Com um medo menor do desemprego, as pessoas
devem voltar a consumir de forma normal, comprando
além do básico.
t O setor supermercadista deve ver melhora no
consumo das famílias, principalmente na parte de
carnes e de itens menos básicos e de valor
agregado mais alto.
t
Download