Trabalho - SOVERGS

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ANTICORPOS PARA RINOTRAQUEÍTE INFECCIOSA BOVINA, DIARRÉIA
VIRAL BOVINA E LEUCOSE NA REGIÃO DA CAMPANHA DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
ANTIBODIES TO INFECTIOUS BOVINE RHINOTRACHEITIS, BOVINE VIRAL
DIARRHEA AND LEUKOSIS IN CAMPAIGN REGION OF RIO GRANDE DO SUL
STATE
Paulo Ricardo Centeno Rodrigues1, Rayra Almeida Corrêa2, Gilberto D’Ávila Vargas3,
Geferson Fischer3, Silvia de Oliveira Hübner3
Resumo
Durante os anos de 2009 e 2010 foram processados 3243 exames sorológicos para detectar
anticorpos contra Leucose Enzoótica Bovina, Rinotraqueite Infecciosa Bovina/Vulvovaginite
Pustular Infecciosa e Diarréia Viral Bovina, no Laboratório de Virologia e Imunologia da
UFPel. Os percentuais de soropositivos, respectivamente, 30,5%, 67,4% e 90,1%,
demonstram a elevada ocorrência dessas enfermidades no estado do Rio Grande do Sul.
Palavras-chave: anticorpos, IBR/IPV, BVD, BLV.
Summary
During the years 2009 and 2010 were processed 3243 serological tests to detect antibodies
against Enzootic Bovine Leukosis, Infectious Bovine Rhinotracheitis / Infectious Pustular
Vulvovaginitis and Bovine Viral Diarrhea in the Laboratory of Virology and Immunology at
the Universidade Federal de Pelotas. The percentage of seropositive, respectively, 30.5%,
67.4% and 90.1%, demonstrate the high frequency of these diseases in the state of Rio Grande
do Sul.
Key words: antibodies, IBR/IPV, BVD, BLV.
O diagnóstico sorológico de enfermidades infectocontagiosas é fundamental na
condução do manejo sanitário dos rebanhos bovinos de corte e de leite. O Laboratório de
Virologia e Imunologia da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas UFPel, entre outras atividades, realiza rotineiramente exames diagnósticos para as seguintes
doenças que acometem bovinos: Leucose Enzoótica Bovina (BLV), Rinotraqueite Infecciosa
Bovina/Vulvovaginite Pustular Infecciosa(IBR/IPV) e Diarréia Viral Bovina (BVD).
A Leucose Enzoótica Bovina é uma doença causada por um vírus pertencente ao
gênero Deltaretrovírus, família Retroviridae, que infecta preferencialmente linfócitos B, mas
também é capaz de infectar células T, monócitos e granulócitos (SCHWARTZ et al., 1994). A
trasmissão é resultante, principalmente, da transferência de material contaminado com sangue
de animais infectados aos animais livres da doença. A utilização de agulhas, instrumental
cirúrgico, a marcação de animais, as luvas utilizadas para palpação retal, contato com saliva
contaminada e a alimentação com leite ou colostro provenientes de vacas infectadas são as
principais causas de infecção (JOHNSON, KANEENE, 1992). A enfermidade manifesta-se de
duas formas distintas, o linfossarcoma, a neoplasia mais comum do gado leiteiro, e a
linfocitose persistente, que é um aumento benigno no número de linfócitos circulantes
(BRAGA; VAN DER LAAN, 2001).
_______________________
1
Médico Veterinário, Mestre, Universidade Federal de Pelotas. Autor para correspondência,
[email protected] .
2
Acadêmica da Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas
3
Médico Veterinário, Professor Doutor, Universidade Federal de Pelotas
A Rinotraqueite Infecciosa Bovina caracteriza-se por apresentar quadros clínicos de
rinotraqueítes, conjuntivites, vulvovaginites, balonopostites, meningoencefalites e falhas
reprodutivas, incluindo abortos, natimortos e nascimento de bezerros débeis e quadros de
enterite (LEMAIRE et al., 1974). O agente causal da IBR/IPV é um DNAvírus, membro da
família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae, gênero Varicellovirus. A via mais
importante de transmissão é horizontal, que ocorre pelo contato direto entre os animais e
também pela cópula; porém, o embrião e feto podem infectar-se pela via vertical
(transplacentária). A transmissão indireta ocorre principalmente por aerossóis, fômites, tendo
a inseminação artificial importante papel na entrada da doença em rebanhos que nunca
tiveram contato com o vírus (LEMAIRE et al., 1974; RIET-CORREA et al., 2001).
A infecção pelo vírus da BVD tem sido associada a uma ampla variedade de
manifestações clínicas: desde infecções inaparentes ou com sinais leves até doença aguda
fatal. No entanto, a maioria das infecções em animais imunocompetentes parece ocorrer de
forma subclínica. Enfermidade gastroentérica aguda ou crônica, doença respiratória em
bezerros, síndrome hemorrágica com trombocitopenia, patologias cutâneas e imunossupressão
estão entre as conseqüências mais freqüentes da infecção por esse agente (BROWNLIE,
1990).
Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo retrospectivo dos testes
sorológicos realizados pelo Laboratório de Imunologia e Virologia (Labvia) da Faculdade de
Veterinária da UFPel durante os anos de 2009 e 2010 para Leucose Enzoótica Bovina (BLV),
Rinotraqueite Infecciosa Bovina/Vulvovaginite Pustular Infecciosa (IBR/IPV) e Diarréia Viral
Bovina (BVD), apresentando os dados sobre os animais soropositivos.
Foram colhidas amostras de sangue de 1059 bovinos no ano de 2009 e 714 no ano de
2010, de raças de corte e leite provenientes de 97 propriedades rurais da região da campanha
do estado do Rio Grande do Sul. O sangue foi colhido através de venopunção da jugular e
enviado ao Laboratório sob refrigeração em tubos apropriados.
No Laboratório as amostras foram centrifugadas para separação do soro, armazenadas
em microtubos tipo Eppendorf e mantidas a -20 °C para posterior processamento. Com esse
material foram processados 1962 exames em 2009 e 1281 em 2010: 965 exames para
IBR/IPV em 2009 e 601 em 2010, 980 exames para BVD em 2009 e 589 em 2010, 17 exames
para BLV em 2009 e 91 em 2010.
Foi utilizada a técnica de soroneutralização para determinar os títulos de anticorpos
contra IBR/IPV e BVD. Para BLV foi utilizada a prova de imunodifusão em ágar gel.
Os resultados das análises processadas durante os anos de 2009 e 2010 estão
demonstrados na tabela 1.
Tabela 1. Resultados das análises processadas durante os anos de 2009 e 2010 no Laboratório
de Virologia e Imunologia da Faculdade de Veterinária da UFPel.
IBR/IPV
BVD
BLV
2009 %
2010 %
2009 %
2010 %
2009 %
2010 %
Positivos 610 63,2 445 74
861 87,9 553 93,9 7
41,2 26
28,6
Negativos 355 36,8 156 26
119 12,1 26
6,1 10
58,8 65
71,4
Total
965 100 601 100 980 100 589 100 17
100 91
100
Os animais avaliados para IBR/IPV e BVD são provenientes de propriedades rurais
que utilizam ou não vacinas contra essas enfermidades. Isso significa que nem todos os
animais considerados positivos foram infectados pelos agentes. Os animais positivos para
Leucose são considerados infectados pelo vírus, uma vez que não há vacinas contra a BLV.
Os valores elevados encontrados para IBR/IPV e BVD são semelhantes aos resultados
encontrados em diversas regiões brasileiras, demonstrando que esses agentes encontram-se
2
disseminados por todo o país (RIET-CORREA et al; 2001).
A prevalência de animais soropositivos para Leucose aproxima-se dos valores
encontrados por Santos et al. (1985) no rebanho bovino leiteiro do estado de Minas Gerais,
que foi de 28,4%.
Os resultados encontrados demonstram a importância dessas enfermidades que
acometem bovinos no Brasil e América do Sul. A elevada prevalência dessas doenças é
resultado da dificuldade que os criadores e técnicos têm para exercer um controle sanitário
efetivo desses agentes.
Nesse contexto, cresce a importância da utilização dos Laboratórios de Diagnóstico
para identificar e propor soluções, a médio e longo prazo, de modo a minimizar os prejuízos
causados à produtividade nos rebanhos bovinos.
Referências bibliográficas
BRAGA, F. M; VAN DER LAAN, C. W. Leucose Enzoótica Bovina. In: RIET CORREA et
al. Doenças de Ruminantes e Equinos. 2ª ed. São Paulo: Varela, 2001, 426 p.
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RIET-CORREA, F; SCHILD, A. L; MENDEZ, M. D. C; LEMOS, R. A. A. Doenças de
Ruminantes e Equinos. 2ª ed. São Paulo: Varela, 2001, 426 p.
SANTOS, J. L; FARIA, J. E; RIBEIRO, M. F. B; SALCEDO, J. H. P. Epidemiologia da
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da mata. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 37, p. 359-368, 1985.
SCHWARTZ, I; BENSAID, A; POLACK, B; PERRIN, B; BERTHELEMY, M; LEVY, D. In
vivo leukocyte tropism of bovine leukemia virus in sheep and cattle. Journal of Virology, v.
68, nº.7, p. 4589-4596, 1994.
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