CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: 3ªsérie LÍNGUA PORTUGUESA 2.3 4º período E apresenta, por meio de linguagem simples e QUESTÃO 1 contemporânea, porém expressiva, uma perspectiva crítica do homem diante da vida. No elevador do filho de Deus (...) A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida ensaiar mil vezes a séria despedida a morte real do gastamento do corpo a coisa mal resolvida daquela morte florida cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos que já tô ficando especialista em renascimento QUESTÃO 2 O apanhador de desperdícios Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios Hoje, praticamente, eu morro quando quero: às vezes só porque não foi um bom desfecho ou porque eu não concordo Ou uma bela puxada no tapete ou porque eu mesma me enrolo Não dá outra: tiro o chinelo... E dou uma morrida! Não atendo telefone, campainha... Fico aí camisolenta em estado de éter nem zangada, nem histérica, nem puta da vida! Tô nocauteada, tô morrida! Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa não tem aquela ansiedade para entrar em cena É uma espécie de venda uma espécie de encomenda que a gente faz pra ter depois ter um produto com maior resistência onde a gente se recolhe (e quem não assume nega) e fica feito a justiça: cega Depois acorda bela corta os cabelos muda a maquiagem reinventa modelos reencontra os amigos que fazem a velha e merecida pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?" E a gente com aquela cara de fantasma moderno, de expersona falida: – Não, tava só deprimida. (Elisa Lucinda) No que diz respeito à compreensão desses versos, é correto afirmar que o eu lírico A deprecia, por meio de uma linguagem essencialmente denotativa ou referencial, elementos do mundo moderno que geram sua histeria diária . B identifica-se com a postura romântica do “mal-doséculo” ao encarar a morte como uma fuga radical e definitiva para o tédio da vida. C banaliza a “morte cotidiana” cometida por aqueles que, para darem uma “pausa” à vida, fingem um renascimento. D expõe sua repulsa à futilidade da sociedade e se posiciona como alguém que acredita em um mundo pitoresco. (Manoel de Barros) Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, é correto afirmar que A arte é criação e, como tal, dá voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria vida. B “informática” e “invencionática” são ações que, para o poeta, correlacionam-se, pois, em sua poesia, ambas têm o mesmo valor semântico. C o eu lírico exalta a velocidade e a rapidez associadas aos avanços tecnológicos próprios do século XXI. D a palavra em sentido rebuscado, sofisticado deve compor a linguagem de um poema. E as palavras, no cotidiano, estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade. Leia o trecho a seguir para responder às questões 3 e 7. Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para AVALIAÇÃO DISCURSIVA LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE :: 4º período | ENSINO MÉDIO | 23M4Por_2015_pro.docx pág. 1 CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. (Machado de Assis. In: Memórias Póstumas de Brás Cubas.) QUESTÃO 3 O trecho lido, que inicia a obra citada na referência, traz uma reflexão de Brás Cubas acerca de um aspecto que envolve a narrativa. Em meio à reflexão, diz que: “não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço”. Isso significa dizer que A Considera-se um grande escritor, mas que infelizmente está morto. B Considera mais relevante destacar que, mais que um escritor, é um defunto. C Considera que a campa, ou seja, o túmulo, é o símbolo de sua condição de escritor. D Enfatiza ser, sobretudo, um defunto que, na nova condição, torna-se escritor. E Enfatiza que, como defunto, poderá escrever melhor sobre sua existência. QUESTÃO 4 Assinale a opção que contém emprego de acento grave motivado pelo mesmo fenômeno que ocorre em “Tinha agora o ouvido menos grosseiro para a música, compreendia até as intenções poéticas dos sertanejos, quando cantam à viola os seus amores infelizes...” (Aluísio Azevedo. O cortiço.) A “... seus olhos, dantes só voltados à esperança de tornar a terra, agora, como os olhos de um marujo, que se habituaram aos largos horizontes de céu e mar...” (Adaptado de O cortiço, de Aluísio Azevedo.) B “Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora à feição da antiga Grécia.” (Caio Prado Júnior. Evolução política do Brasil.) C “O sol, que, no texto, se associa fortemente ao Brasil e à “pátria”, é um símbolo que percorre o livro como manifestação da natureza tropical.” D “O surto marítimo que enche sua história do século XV não resultara do extravasamento de nenhum excesso de população, mas fora apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e que não encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida ambição.” (Caio Prado Júnior. Evolução política do Brasil.) E “O ato de fazer as refeições à mesa e de cortar alimentos à faca de ponta arredondada foi levado à França depois do casamento de um príncipe com uma nobre italiana.” (História da gastronomia.) QUESTÃO 5 Amor Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação. (...) O bonde vacilava nos trilhos, entrava em ruas largas. Logo um vento mais úmido soprava anunciando, mais que o fim da tarde, o fim da hora instável. Ana respirou profundamente e uma grande aceitação deu a seu rosto um ar de mulher. O bonde se arrastava, em seguida estacava. Até Humaitá tinha tempo de descansar. Foi então que olhou para o homem parado no ponto. A diferença entre ele e os outros é que ele estava realmente parado. De pé, suas mãos se mantinham avançadas. Era um cego. O que havia mais que fizesse Ana se aprumar em desconfiança? Alguma coisa intranquila estava sucedendo. Então ela viu: o cego mascava chicles... Um homem cego mascava chicles. (Clarice Lispector. In: Laços de família.) a) Nas obras de Clarice são frequentes os agentes epifânicos. Nesse conto, a epifania acontece no momento em que Ana vê um cego mascando chiclete em um ponto de bonde. Por que há uma identificação de Ana com o cego a ponto de essa visão tê-la surpreendido? b) Após a experiência epifânica que vivenciou, Ana consegue se desvencilhar do molde feminino ao qual se agregara, ou seja, dos papéis que havia constituído para si mesma enquanto mulher em uma sociedade patriarcal? Justifique sua resposta. ATENÇÃO! Resposta sem justificativa não será considerada. QUESTÃO 6 No conto “O burrinho pedrês”, de Guimarães Rosa, existe uma série de historietas e anedotas, contadas pelos vaqueiros do Major Saulo, que não fazem avançar a ação central: a viagem de uma boiada que prossegue por etapas, para, recomeça, se desvia. — Sim senhor, seu Major... Sou prevenido. Mas, tem outra coisa que eu careço de dar parte ao senhor... Faz um passo para lá, Zé Grande, que eu preciso de um particular urgente aqui com o patrão. — Que é que é, Francolim Fonseca? — Francolim Ferreira, seu Major... O que é, é que eu sei, no certo, mas mesmo no certo, que Silvino vai matar o Badu, hoje. — Na minha Fazenda ninguém mata outro. Dá risada, Francolim! — Sim senhor, mas o caso não é de brinquedo, seu Major... Silvino quer beber o sangue do Badu... Se o senhor fornece ordem, eu dou logo voz de prisão no Silvino, no arraial, depois do embarque... a) Badu e Silvino são inimigos e um deseja prejudicar o outro. Por que o vaqueiro Silvino quer matar Badu? Aponte quando Silvino pretende concretizar seu plano em relação a Badu e quais atitudes de Silvino indicam que pretende concretizar esse plano. b) Comente (sem fazer um resumo) o episódio, do desfecho desse conto, que envolve, entre outras personagens, esses dois boiadeiros, o burrinho pedrês e que comprova os caprichos inexplicáveis do destino. AVALIAÇÃO DISCURSIVA LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE :: 4º período | ENSINO MÉDIO | 23M4Por_2015_pro.docx pág. 2 CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: QUESTÃO 7 A expressão “para quem a campa foi outro berço” (veja texto da questão 3) é uma figurativização acerca da condição do eu lírico, do narrador. a) Explique o significado dela. b) Para compreender plenamente o fragmento presente na questão 3, é necessário recorrer a elementos que não estão inscritos no texto. Considerando isso, explique qual recurso usado pelo autor nos permite deduzir que ele considera que “suas memórias” são relevantes. QUESTÃO 8 a) Os trechos a seguir mostram que certas construções típicas do português falado, consideradas incorretas pelas gramáticas normativas da língua quanto à sintaxe de regência, já estão sendo utilizadas na modalidade escrita. 1 “Concentre sua atenção nas matérias que você tem maior dificuldade.” (F. de São Paulo) 2 Uma casa, onde na frente funcionava um bar, foi totalmente destruída por um incêndio [...] Transcreva as marcas típicas da linguagem oral relacionadas à regência presentes nos trechos acima e escreva-as de modo a adequá-las às exigências da gramática normativa. b) Justifique a ocorrência e a não ocorrência do acento indicativo da crase nos casos a seguir. I. A casa fica à direita de quem sobe a rua, a duas quadras da Avenida Central. II. O grupo obedece ao comando de um pernambucano, radicado há tempos em São Paulo, e se exibe diariamente à hora do almoço. III. O Ministro informou que iria resistir às pressões contrárias às modificações relativas à aquisição da casa própria. AVALIAÇÃO DISCURSIVA LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE :: 4º período | ENSINO MÉDIO | 23M4Por_2015_pro.docx pág. 3 CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: 3ªsérie LÍNGUA PORTUGUESA 29 de outubro de 2015 4º período 2.3 QUESTÃO 5 b) a) b) QUESTÃO 7 a) QUESTÃO 6 b) a) AVALIAÇÃO DISCURSIVA LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE :: 4º período | ENSINO MÉDIO | 23M4Por_2015_pro.docx pág. 1 CENTRO EDUCACIONAL SIGMA :: QUESTÃO 8 a) 1 III. Língua oral Língua escrita 2 Língua oral Língua escrita b) I. II. AVALIAÇÃO DISCURSIVA LÍNGUA PORTUGUESA | 3ª SÉRIE :: 4º período | ENSINO MÉDIO | 23M4Por_2015_pro.docx pág. 2