características agronômicas do café conilon

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CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO CAFÉ CONILON CULTIVADO EM
ALTITUDE SUPERIOR AO RECOMENDADO
Cíntia Machado Oliveira1, Izaias dos Santos Bregonci2, Welington Braida
Marré3, Marcos Moulin Teixeira4, Marcelo Antonio Tomaz5
1,4,5
CCA-UFES/ Departamento de Produção Vegetal, Alto Universitário,s/n, Alegre-ES, Cx. 16, CEP.:
29500-000. [email protected]; [email protected]; [email protected]
2-3
INCAPER, Av. Olívio Correa Pedrosa, 556, Centro, CEP.: 29500-000, Alegre-ES,
[email protected]; [email protected]
Resumo- Este trabalho foi realizado em duas lavouras de café conilon da variedade Robusta Tropical
(Emcaper 8151), localizadas no município de Alegre, região sul caparaó do Estado do Espírito Santo. A
lavoura do Local 1fica a 600 metros de altitude, com espaçamento 3,0 m entre fileiras e 1,5 m entre plantas,
tendo sido implantada no ano de 2001. A lavoura do Local 2 fica a 630 metros de altitude, com o
espaçamento de 2,0 m entre fileiras e 1,40 m entre plantas , e foi implantada no ano de 2002. As
características avaliadas foram: altura de planta; número de hastes em produção por planta, e calculado o
número de hastes total em produção por hectare. Foram avaliadas, aleatoriamente, doze plantas por
lavoura em estudo, e os dados observados foram analisados através de estatística descritiva, utilizando o
software SAEG 9.1. Verificou-se neste trabalho que o número de hastes e altitude superiores ao
recomendado para o café conilon eleva a altura de planta.
Palavras-chave: Coffea canephora; altitude; zoneamento agrícola; características agronômicas
Área do Conhecimento: Ciências Agrárias
Introdução
A cultivar conilon, pertencente à espécie de
café (Coffea canephora Pierre ex Froenher),
também conhecida como robusta, é de
fecundação cruzada obrigatória (BRAGANÇA et
al., 2001; FERRÃO et al., 2007). Devido a esse
comportamento plantios de lavouras oriundas de
mudas por sementes apresentam grande
variabilidade genética entre plantas (FERRÃO et
al., 2004). Desse modo, pesquisadores do Incaper
iniciaram em 1985 o programa de melhoramento
genético do café conilon, resultando em
lançamento no ano de 1993 das primeiras
variedades clonais, e no ano 2000 no lançamento
da variedade Emcaper 8151 (Robusta Tropical),
de propagação por semente. A variedade Robusta
Tropical é constituída pela recombinação aleatória
de polinização de clones elites do programa de
melhoramento
do
Incaper,
apresenta
produtividade média de 50 sacas por hectare
(FERRÃO et al., 2004).
O cafeeiro conilon possui ramos verticais
(ortotrópicos) ou hastes, onde estão inseridos os
ramos horizontais (plagiotrópicos), que por sua vez
sustentam as inflorescências. O conilon possui
diversas hastes verticais ou caules, o que o
caracteriza como arbusto multicaule: sendo uma
das características de diferenciação do cafeeiro
arábica (FERRÃO et al., 2007).
Segundo Silveira et al. (1993), Silveira e Rocha
(1995) e Fonseca et al. (2007) o número de hastes
produtivas que se deve manter por planta é
influenciado pelo espaçamento, pela arquitetura
da planta, pelo nível de fertilização do solo e pela
irrigação. Contudo, não estabelecem números
fixos ou rígidos, mas, dão como indicativo o
número de hastes em produção por hectare para
se alcançar maiores produtividades, que a
depender da combinação dos fatores, deve estar
entre 10 a 12 mil hastes totais em produção por
hectare.
A poda de produção e seleção de brotações
em café conilon já são práticas consagradas entre
os cafeicultores dessa espécie, devido à
necessidade de renovação das hastes que se
tornaram pouco produtivas, o que normalmente
ocorre com aquelas que já sustentaram três ou
mais colheitas sucessivas. Segundo Silveira et al.
(1993) e Ferrão et al. (2004) entre as vantagens
da poda estão: aumento da vida útil do cafeeiro,
melhoria do arejamento e luminosidade no interior
da copa, diminuição do efeito da bienalidade de
produção, redução da altura e do diâmetro da
planta, revigoramento e melhoria da produtividade
da lavoura.
O Espírito Santo possui uma considerável
heterogeneidade edafo-climática e topográfica. E,
ao local de cultivo atribui-se forte influência sobre
as características sensoriais e físicas do café.
Entretanto, poucas informações existem de fato
sobre a influência que o fator altitude exerce nas
características agronômicas dos cafés produzidos
no Brasil. Segundo Dadalto e Barbosa (1997), o
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
1
limite superior de altitude para o cultivo do café
conilon, para o território capixaba, é de 600 m para
áreas ao norte do divisor da margem direita da
bacia do Rio Doce e 500 m para áreas ao sul do
divisor da margem direita da bacia do Rio Doce.
Este trabalho teve como objetivo avaliar
características agronômicas do café Conilon
cultivado em altitude superior ao recomendado.
totais em produção (NHHA) apresentam maiores
valores de desvio padrão e coeficiente de variação
para a mesma altitude.
Tabela 1 – Média, desvio padrão (ŝ) e coeficiente
de variação (CV) das características altura de
planta (ALT), número de hastes por planta (NHP) e
número de hastes totais por hectare (NHHA) em
função da altitude. Alegre, 2009
Metodologia
O trabalho foi realizado em duas lavouras de
café conilon, da variedade Robusta Tropical
(Emcaper 8151), localizadas no município de
Alegre, região sul caparaó do Estado do Espírito
Santo. A lavoura do Local 1, de propriedade do Sr.
Geraldo Mendes de Souza, fica a 600 metros de
altitude, tendo sido implantada no ano de 2001,
situada à coordenada UTM de: 230667 E e
7706539 N. O espaçamento dessa lavoura é de
3,0 m entre fileiras e 1,5 m entre plantas (2.222
plantas por hectare). A lavoura do Local 2, de
propriedade do Sr. Luiz Gonzaga, fica a 630
metros de altitude, e foi implantada no ano de
2002, estando nas coordenadas UTM de: 243610
E e 7692163 N. O espaçamento dessa lavoura é
de 2,0 m entre fileiras e 1,40 m entre plantas
(3.571 plantas por hectare)
Essas lavouras estão em terras de
temperaturas amenas, acidentadas e chuvosas,
sendo a lavoura do local 1 estabelecida sobre
solos férteis e a lavoura do Local 2 em solos
fracos (FEITOZA, 1999).
A avaliação da lavoura do Local 1foi feita no dia
16/07/2009 e da lavoura do Local 2 no dia
15/06/2009. As características avaliadas foram:
altura de planta e número de hastes (ramos
ortotrópicos) em produção por planta, e calculado
o número de hastes totais em produção por
hectare. A altura de planta foi medida sempre na
haste em produção, localizada na posição central
e na mais perpendicular ao solo dentre as
existentes, medidas a partir do nível do solo até a
sua extremidade, com auxílio de uma trena afixada
em régua de madeira.
Foram avaliadas, aleatoriamente, doze plantas
por lavoura em estudo, e os dados observados
foram analisados através de estatística descritiva,
utilizando o software SAEG 9.1 (EUCLYDES,
2004).
Característica
Altitude
(m)
ALT (m)
NHP (Nº)
NHHA (Nº)
Média
(%)
ŝ
(%)
CV
(%)
600
3,14
0,27
8,66
630
2,72
0,10
3,81
600
10,8
2,7
24,5
630
5,2
1,2
23,1
600
24.071
5.904
24,52
630
18.450
4.261
23,10
Discussão
Observa-se que as plantas das lavouras desse
estudo apresentam número de hastes em
produção superior ao recomendado por Silveira et
al. (1993), Silveira e Rocha (1995) e Fonseca et al.
(2007), que seria de 5,4 hastes para a lavoura de
600 m e de 3,6 hastes para a lavoura de 630 m,
em função de seus respectivos espaçamentos.
Vale também a mesma consideração para o
número de hastes totais por hectare. Pode-se
assim inferir que o número excessivo de hastes,
aliado ao efeito da altitude tenham induzido a um
maior estiolamento das mesmas. Isso pode ser
confirmado pelos valores encontrados para a
altura média (2,44 m) das variedades clonais
(EMCAPA 8111, EMCAPA 8121, EMCAPA 8131),
avaliadas em região zoneada para o café conilon,
segundo Bragança et al. (1993), citado por
Andrade Neto (1995) e Bragança et al. (2001).
Conclusão
O número excessivo de hastes por planta e
altitudes superiores ao recomendado para o café
conilon elevam a altura média de planta.
Resultados
Agradecimentos
Observa-se pelo pequeno desvio padrão (ŝ) e
coeficiente de variação (CV), que há pouca
variação na altura de planta para cada altitude
estudada (Tabela 1). No entanto, número de
hastes em produção (NHP) e número de hastes
Os autores agradecem aos proprietários dos
imóveis rurais, que gentilmente os recebeu em
suas propriedades e deram total apoio à
realização desse estudo, à Fazenda Experimental
do Incaper de Pacotuba pela secagem das
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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amostras e à Cooparaíso pela classificação do
café.
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XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
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