Isolamento do sorotipo 4 do vírus da língua azul em um surto da

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Isolamento do sorotipo 4 do vírus da língua azul em um surto da doença
em Minas Gerais
Lima, P. A, Utiumi, K. U., Biihrer, D. A., Albuquerque, A. S., Souza, B.M., Matos, A. C. D., Varaschin, M. S., Raymundo,
D. L.
Autor correspondente: [email protected] (Raymundo, D. L.). Universidade Federal de Lavras,
Departamento de Medicina Veterinária, DMV/UFLA, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000, Lavras, MG.
PALAVRAS CHAVES: doenças virais, ovinos, língua azul.
INTRODUÇÃO: A Língua Azul (LA) é uma doença viral de ruminantes causada pelo Vírus da Língua Azul (VLA) e
transmitido por vetores do gênero Culicoides [4]. Atualmente são reconhecidos 26 sorotipos do VLA em todo o
mundo, causando grande prejuízo socioeconômico e sanitário [6]. Apesar da infecção ser subclínica na maioria
dos casos, a doença clínica é relatada principalmente em ovinos [4]. No Brasil, evidências sorológicas
demonstraram a infecção pelo do vírus desde 1978 pela detecção de anticorpos contra o vírus em ovinos e
bovinos em São Paulo [7]. Contudo, as descrições de doença clínica são escassas, há três outros relatos: no
Paraná em 2001 [3], no Rio Grande do Sul em 2009 [1] e no Rio de Janeiro em 2013 [2]. O objetivo deste trabalho
é relatar o isolamento e a tipificação do Vírus da Língua Azul sorotipo 4 em um rebanho ovino no estado de
Minas Gerais.
MATERIAIS E MÉTODOS: De um plantel de 80 ovinos machos da raça Santa Inês, 28 morreram e foram
encaminhados ao Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Lavras para necropsia. Amostras de
tecidos e órgãos foram coletadas e fixadas em solução de formalina tamponada 10% e processadas para
histopatologia. Fragmentos de pulmão, baço e linfonodo foram coletados e macerados com solução de PBS. O
RNA do macerado foi extraído com trizol para a técnica de RT-PCR para o VLA. Amostras de tecido positivas
foram utilizadas para infectar as células KC para o isolamento e a tipificação viral. Para a tipificação viral foi
utilizado o sobrenadante destas culturas infectadas e foram utilizados primers e sondas específicas para a
estrutura da proteína VP2 para os 26 sorotipos existentes. A RT-PCR e a tipificação viral foram realizadas no
Laboratório de Pesquisa em Virologia Animal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
RESULTADOS: Clinicamente os animais apresentavam prostração e febre, além de sinais de anemia,
hipoproteinemia e manifestações respiratórias como tosse, espirros e corrimento nasal mucopurulento. Na
necropsia foram observadas principalmente áreas de consolidação cranioventral dos pulmões, áreas de
ulceração e hemorragia na mucosa do palato duro, do rúmen e do retículo. Em três ovinos observou-se
hemorragia focal na adventícia da artéria pulmonar. No exame histopatológico observaram-se broncopneumonia
bacteriana; necrose hialina e flocular em diferentes intensidades em camada muscular do esôfago, miocárdio e
nos músculos esqueléticos. A tipificação viral identificou o Vírus da Língua Azul sorotipo 4 nas amostras
analisadas.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: O diagnóstico de Língua Azul foi realizado pelos achados de necropsia,
histopatológicos e confirmado pela realização da RT-PCR. As alterações observadas na necropsia dos ovinos
afetados, como hemorragia na base da artéria pulmonar, úlceras e hemorragia em mucosa de palato duro, rúmen
e retículo, associadas às alterações histológicas de necrose de musculatura esquelética e cardíaca são
frequentemente descritas em infecções pelo VLA [4]. A pneumonia cranioventral observada no presente estudo
são semelhantes às pneumonias descritas em outros estudos por infecção do VLA onde frequentemente há o
isolamento da Pasteurella sp. [5]. No Brasil os sorotipos 12 e 4 têm sido isolados de animais com e sem
manifestação clínica em diferentes estados do Brasil [1,2,3,7], contudo em Minas Gerais é o primeiro relato de
surto com animais com doença clínica nos quais foi isolado o sorotipo 4 do Vírus da Língua Azul. Estes resultados
salientam a necessidade de aperfeiçoamento da vigilância da infecção por VLA no Brasil, pois a sua distribuição e
sua epidemiologia são, em grande parte, desconhecidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Antoniassi, N.A.B. et al. Alterações clínicas e patológicas em ovinos infectados naturalmente pelo Vírus
da Língua Azul no Rio Grande do Sul. Pesq Vet Bras 30:1010-1016, 2010.
2. Balaro, M.F.A.et al. Outbreak of Bluetongue Virus serotype 4 in dairy sheep in Rio de Janeiro, Brazil. J Vet
Diagn Invest 26(4):567-570, 2014.
3. Clavijo, A. et al. Isolation of Bluetongue Virus serotype 12 from an outbreak of the disease in South
America. Vet Rec 151:301-302, 2002.
4. Maclachlan, N.J.et al. The pathology and pathogenesis of bluetongue. J Comp Pathol 141:1-16, 2009.
5.
6.
7.
Mahrt C.R. & Orburn B.I. Experimental Bluetongue Virus infection of sheep; effect of vaccination:
Pathologic, immunofluorescent, and ultrastructural studies. Am J Vet Res 47:1198-1203, 1986.
Maan, N.S. et al. Identification and differentiation of the twenty six Bluetongue Virus serotypes by RT–
PCR amplification of the serotype-specific genome segment 2. PLoS One 7:e32601, 2012.
Silva, F.J.F. Estudos de ocorrência da língua azul em São Paulo: Comissão de estudos do Ministério da
Agricultura. Portaria Ministerial n.150, 1978.
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