Resumos do 49° Congresso Brasileiro de Genética Águas de

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Resumos do 49° Congresso Brasileiro de Genética
Águas de Lindóia, SP, 16 a 19 de Setembro de 2003
www.sbg.org.br
SELEÇÃO DE PARENTESCO EM
(LEPIDOPTERA; NYMPHALIDAE).
FORMAS
IMATURAS
DE
Heliconius
erato
phyllis
Silva, Ana Kristina; Santos, Roberto André dos; Araújo, Aldo M de
Departamento de Genética, Instituto de Biociências, UFRGS.
[email protected]
Palavras-chave: Heliconius, larva, canibalismo.
O reconhecimento de parentes é uma condição necessária (ainda que não seja a única) para a
evolução de determinados comportamentos, dentre eles, o comportamento altruista e a cooperação.
A borboleta Heliconius erato phyllis apresenta, na fase adulta, um comportamento gregário de
repouso (formação de dormitórios comunais), além de apresentar outros comportamentos sofisticados
como a aprendizagem dos mais jovens com os mais velhos e interações sociais diárias. Os ovos,
todavia, são colocados individualmente e as larvas recém eclodidas mostram comportamento canibal
em relação a eventuais ovos nas proximidades. Como parte de um projeto iniciado há vários anos
atrás, que visa estudar a ecologia, a genética e a evolução desta borboleta, realizamos uma série de
testes sobre o canibalismo larva-ovo, procurando verificar se as larvas são capazes de reconhecer
entre parentes e não-parentes biológicos. Para isso, sobre um triângulo isósceles feito em folha de
Passiflora suberosa (uma das plantas de alimentação das larvas), com cerca de 1 cm de lado,
colocou-se um ovo em cada vértice, sendo dois deles provenientes da mesma irmandade e o outro,
de uma prole não relacionada. Após a eclosão da primeira larva, esta era observada durante cerca de
30 minutos, para registrar o seu comportamento. De um total até o momento de 196 testes, dos quais
foram considerados válidos 82 (somente quando eclodiu primeiro uma das larvas irmãs), encontrouse que em 27 casos a larva canibalizou o ovo irmão e em 55 casos, o ovo não-irmão (X2 com
correção de Yates = 8,890; 1 g.l.; P < 0,01). Desta forma, há fortes evidências de reconhecimento de
º
parentes, neste caso provavelmente mediado por odores produzidos pelo ovo e/ou larva de 1 ínstar.
As implicações destes resultados dizem respeito à evolução de um comportamento social,
cooperativo, em adultos desta espécie, o que seria mais facilmente explicado pela existência de um
alto grau de parentesco entre os indivíduos de uma população (as evidências disponíveis por nosso
grupo indicam um parentesco médio, entre adultos, nas populações dos arredores de Porto Alegre,
da ordem de 0,20, o que é bastante alto).
Apoio financeiro: CNPq
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