Para quê esta economia? - 1

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Para quê esta economia?
24-Mai-2009
«Esta
crise económica e social que vivemos, de tão grande e profunda,
pode ter a particularidade de nos fazer a todos repensar o mundo em
que vivemos. A ciência económica é aqui questionada, perguntando, por exemplo «como foi possível ninguém ter
previsto a crise? E que credibilidade tem hoje esta ciência e
estes economistas?». Artigo de José Miranda
- Esta
crise económica e social que vivemos, de tão grande e profunda,
pode ter a particularidade de nos fazer a todos repensar o mundo em
que vivemos. Nesse sentido temos visto, por
exemplo, vários jornais de referência a nível
internacional a perguntarem, com justa razão, se o pensamento
de Marx estaria mesmo morto e se não faria sentido resgatá-lo.
A verdade é que a crise tem trazido para o meio de todos nós alguns
debates que estavam absolutamente entrincheirados nas universidades
mas que são essenciais para pensarmos a nossa sociedade e a nossa
vida.
Um
desses debates tão importantes é sobre a economia enquanto área
do conhecimento. Perante a incerteza geral e a incapacidade de nos
darem explicações satisfatórias, as perguntas surgem naturalmente:
para que servem estes economistas? Como foi possível ninguém ter
previsto a crise? E que credibilidade tem hoje esta ciência e
estes economistas?
O
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prémio Nobel da economia em 2008, Paul Krugman, é muito claro na
sua opinião: a crise que vivemos actualmente é responsabilidade do
poder político e das suas escolhas mas também da grande
maioria das universidades de economia do mundo, onde o
pensamento único impera e domina. Apesar de haver muitas correntes e
muitas visões da economia apenas uma é ensinada nas universidades.
O pluralismo é algo que não existe nos cursos de economia.
-O
problema não é então da economia em si, mas de um tipo específico
de economia que é ensinada nas universidades. É um problema da
esfera do ensino mas que continua, por exemplo, no
espaço mediático dado aos editores e analistas de
economia que diariamente nos reproduzem a ideologisse
liberal virada ciência - à qual a academia foi
concedendo legitimidade para tal. E, claro, estamos
perante um tipo de pensamento económico que assenta
que nem uma luva aos grandes interesses: uma economia
obcecada no império do mercado sobre a nossa sociedade e
que dogmaticamente trata o Estado como um antro de corrupção e de
ineficiência, uma economia que vai conseguir provar
cientificamente (com muitos pressupostos muito pouco
"científicos" e com muita matemática à
mistura) os modelos que consagram o individualismo, a
centralidade da racionalidade económica na vida, o egoísmo
como qualidade intrínseca ao ser humano, a competição como
eixo promotor de um bem geral, etc.
Nesta lógica, que é
dominante e imune à crueza da realidade, os serviços de saúde e de
educação e até a segurança social deveriam ser todos
privatizados, sobrando ao estado a importante função de
garante do direito, da propriedade privada e da regulação através
de incentivos aos agentes para assegurar a produção
de bens públicos, para controlar as externalidades e para
garantir a concorrência.
Este
pensamento tem, obviamente, uma tradução do ponto de vista político
- neo-liberalismo. O desmantelamento dos serviços públicos a favor
do mercado e da sua lógica do lucro tem este enquadramento
ideológico e tem sido levado a cabo pelo PSD e, através de um
discurso mais refinado, pelos vários governos do PS. O poder
político, sempre refém dos interesses económicos, tem assim posto
em prática as politicas que nós, infelizmente, conhecemos tão
bem:
Flexibilização
do mercado de trabalho
que se traduz em despedimentos, em precariedade, em pobreza e em
perda de direitos para o trabalhador.
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Desmantelamento
dos serviços públicos de saúde e educação e segurança social a
favor do mercado, quer através da importação das técnicas
gerencialistas dos privados, quer pela concessão da
produção desses serviços ao capital privado, abrindo
oportunidade para o negócio e o enriquecimento a
partir do conhecimento,
da doença ou
das nossas reformas (rentabilizáveis em
bolsa).
A inércia absoluta dos sucessivos governos no que toca a
políticas de
criação de emprego,
sempre bem patente
no olhar desconsolado do ministro Manuel Pinho cada vez que vê,
desconsoladamente, mais uma Qimonda fechar e mais
uns milhares de trabalhadores no desemprego.
- Este
governo e este ministro da economia recusam abertamente a
legitimidade soberana do estado português para intervir na política
económica do nosso país. É caso para perguntar para que
nos serve então este governo do PS e este ministro da Economia?
Nos últimos tempos, só mesmo para socializar os prejuízos dos
Bancos.
Confrontados
que somos com todos os estudos e noticias que indicam
Portugal como o país mais desigual da Europa (em que
a repartição do rendimento entre capital/trabalho atinge já os
níveis obscenos do período marcelista da ditadura),
em que os gestores ganham 100 vezes o salário mínimo
nacional, em que GALP e a EDP, esta última monopolista
natural, obtêm lucros anuais de 1500 milhões de
euros que poderiam estar a financiar a saúde
e educação pública, aumentos salariais ou a criar emprego, perante os duros e concretos resultados
que nos trouxeram as politicas neo-liberais, resta-nos exigir
como alternativa "Justiça na Economia".
José
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