É o ciclo olímpico mais disputado na história

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NO PÓDIO
Débora Pradella
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Faltam 350 dias
DIVULGAÇÃO, PANASONIC
para a Olimpíada
ENTREVISTA
JULIANA E MARIA ELISA
PITACO
Dupla do vôlei de praia
DO ZÉ ALBERTO
“É o ciclo
olímpico mais
disputado
na história”
JULIANA DA
SILVA,
32 ANOS
Juliana tentará
participar de
sua segunda
Olimpíada. Em
2008, sofreu uma
lesão pouco antes
de Pequim, e
não pôde atuar.
Quatro anos atrás,
deu a volta por
cima e conquistou
o bronze com
Larissa.
[email protected]
OURO PARA
O POVO
MARIA ELISA
ANTONELLI,
31 ANOS
Ao lado de
Talita, foi uma
das duplas que
representou
o Brasil na
Olimpíada de
Londres. A parceria
com Juliana
fez com que
alçasse voos mais
altos: em 2014,
conquistaram o
Circuito Mundial.
ANDRÉ BAIBICH
Rio de Janeiro
As experientes Juliana e Maria Elisa estão em
uma luta feroz para garantir um lugar na próxima
Olimpíada. Atualmente, a dupla está na terceira
posição na corrida olímpica, sendo que as primeiras
colocadas carimbam o passaporte e o segundo
representante é definido por convocação da
Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
Em entrevista, as duas falam sobre a pressão na
briga pela vaga e a relação com ex-parceiras.
O vôlei de praia tem a particularidade de uma briga muito ferrenha para garantir a vaga olímpica. Vocês têm chances de conquistar medalha se estiverem lá, mas
não têm certeza se estarão nos
Jogos. Como é lidar com essa situação?
Juliana – O Brasil vive esse dilema maravilhoso. Acho que qualquer
nação queria passar por isso. É o
ciclo olímpico mais disputado na
história no feminino. Quem for, tem
chance de ganhar medalha. Estamos
vivendo uma pressão pré-Olimpíada.
É bom para o esporte e também para
a gente. Em outros ciclos olímpicos,
vi as coisas acontecendo de uma forma diferente. Em uma Olimpíada, o
mais importante é estar lá. Estando
lá, entram outros fatores. Neste caso,
é mais especial. O caminho é curto, são oito torneios. O prazo já está
acabando.
Você disse que viu, em outros ciclos, algumas coisas diferentes. A
que você se referia?
Juliana – Para todos os países, até
45 dias antes da Olimpíada ainda
estava em jogo a classificação. Em
2004, quando eu estava começando
no vôlei de praia, a primeira etapa
que a gente ganhou era a última etapa para a classificação, na Espanha.
Ali eu vi gente passando mal, vomitando, vi gente vendendo jogo. São
coisas muito fortes. É diferente do
que eu estou vivendo agora. O Brasil
está fazendo diferente, define antes.
Houve Olimpíadas em que o segundo time foi lá e ganhou. E o segundo time quase não foi, era terceiro
até pouco antes de definir a classificação. Em 2008, a gente conseguiu
a classificação um ano e meio antes.
Em Londres, abrimos uma vantagem
INSTARIO
grande com antecedência. Agora, está bem mais difícil. O nível do Brasil
está um pouco acima do que antes.
Como é a relação de vocês com
ex-parceiras de dupla? Como é enfrentá-las?
Maria Elisa – Acho muito natural
no momento em que acaba uma sociedade. Eu sempre friso isso. Eu e
a Juliana, além de dividir a quadra,
nós somos contratadas por um patrocinador e há uma equipe que
nos apoia. Quando tudo isso acaba,
no começo é um pouco doloroso
porque é uma história que você criou com aquela pessoa. Mas depois
você tem objetivos novos, com outra
pessoa. É como enfrentar qualquer
outro adversário. Você tem de ser
prático, é o ganha-pão de todos ali.
Eu tenho que usar as coisas que eu
sei daquela pessoa a meu favor, e, ao
mesmo tempo, ela vai fazer o mesmo em relação a mim. Tenho um
respeito muito grande por minhas
ex-parceiras, mas isso tudo é colocado fora da quadra. Dentro da quadra
é uma guerra, e você tem de usar todas as suas armas contra aquela pes@kittychiller
Kitty Chiller, chefe de missão da Austrália, divulgou detalhes dos alojamentos da Vila Olímpica durante visita ao local nesta semana.
FOTOS REPRODUÇÃO
Quarto dos atletas na Vila Olímpica
Sala de estar com varanda nos apartamentos
Piscinas de lazer na parte externa da Vila
A expressão da moda no Rio de
Janeiro é “evento-teste”. Muitas
foram, e outras tantas serão,
as competições realizadas para
experimentar as instalações e a
estrutura para a Olimpíada do
ano que vem. É uma necessidade
e uma imposição para o Comitê
Organizador colocar à prova os
chamados “equipamentos” e o
impacto que as disputas podem
causar na cidade. Por enquanto,
nenhum desastre nos ensaios,
embora se saiba que a Baía
de Guanabara continua suja,
que a pavimentação das vias
tem partes inadequadas para
provas como o ciclismo e que a
insegurança permanece, inclusive
para quem está a serviço
do evento, como se viu
na recente prova ciclística de
longa duração. Que ninguém
se iluda: não haverá perfeição
carioca nestes pontos, mas algo
suficiente para a realização dos
Jogos. Não será a primeira vez.
Quem foi a Atenas em 2004
viu muitas coisas inacabadas
e improvisadas que não
comprometeram. Fiquemos
no exemplo grego para valorizar
aquilo que o Rio mostrou de
melhor até agora, que foi uma
marca da recente Copa do
Mundo e que na Grécia não
se via, bem como em outras
cidades olímpicas. A população
está abraçando a Olimpíada. Os
atletas internacionais, ao fazerem
reparos a algumas questões
técnicas, imediatamente
relatam a satisfação pela
participação popular, seja nas
ruas ou em locais fechados. Isto é
importantíssimo.
Antes de Atenas, onde os
gregos se mostravam claramente
contrariados com a Olimpíada, os
“Jogos do Centenário” de Atlanta
em 1996 foram num ambiente
frio, até de clara rejeição de parte
da comunidade. Em Pequim
2008, havia um distanciamento
claro por questões políticas entre
a vida da cidade e o “mundo
olímpico”. Não está se falando
em ginásios cheios, mas em ruas
embandeiradas, em conversas,
em receptividade. Podemos
apostar nesta medalha para o Rio
de Janeiro, como aconteceu
com Barcelona, Sydney
ou Londres, por exemplo.
Nos eventos-testes, deu ouro.
A coluna é publicada todas as sextas-feiras
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