JORNAL DA RAIVA maio e Junho 2012 1

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Maio/Junho2012
Perspectiva histórica
A raiva é uma doença conhecida desde os tempos mais remotos (FERREIRA,1968) tendo sido reconhecida e descrita por volta de
2300 a.C. Contudo, só em 1804 é que Zuique demonstrou a infecciosidade da saliva de um cão com raiva e Galtier, inoculou-a em
coelhos, em 1879 (FERREIRA,1968). No entanto, o estudo científico desta doença só se iniciaria com Pasteur, o qual em
colaboração com Thuillier, Roux e Chamberland, concluiu em 1881, que o órgão alvo do vírus rábico no organismo era o sistema
nervoso central, e que a inoculação intracerebral era o meio mais eficaz de transmitir a raiva (Ferreira, 1968). Em 1885, Pasteur
deu a conhecer um método de atenuação do vírus, que lhe permitiu tentar o tratamento preventivo da raiva. (DUARTE; DRAGO,
2005).
Monitoramento da circulação viral no estado da Bahia – Maio a Junho/2012.
Bovinos, caprinos, ovinos, eqüinos
O morcego hematófago Desmodus rotundus é o principal reservatório do vírus da raiva nas áreas rurais. Esta enfermidade tem
importância mundial, por ser uma zoonose e provocar perdas econômicas elevadas. A transmissão do vírus da raiva nos
herbívoros ocorre pelo contato, uma vez que os mesmos não possuem o hábito de morder como forma de agressão.
Ocasionalmente, se colocar a mão em suas bocas, decerto que poderá haver a reação defensiva de fechá-las para evitar a
manipulação. A morte dos animais, normalmente, ocorre em 4 a 6 dias após o início dos sinais (NOVAIS; ZAPPA, 2008).
Os principais sinais de raiva nos bovinos e outros animais de produção incluem:
•
perda de apetite, agitação;
•
mudança de hábito (procuram esconder-se, mantêm-se imóveis ou deitados em um só
local);
•
dificuldade em se deslocar e de engolir água e alimentos;
•
andar cambaleante, salivação intensa, tremores, movimentos de pedalagem, alteração no
mugido
•
fezes apresentam-se secas, escuras e com sangue
•
os animais podem ficar agressivos, deitados e sem conseguir se levantar
Fonte fotos: Embrapa - Arquivos Ima
A ocorrência de raiva em herbívoros, com casos confirmados laboratorialmente, em Serra Preta (2) e Riachão do Jacuípe (3),
municípios pertencentes a 2ª Dires, coloca em alerta todo o Estado da Bahia. Segundo a ADAB, vieram a óbito com sintomatologia
nervosa na região, 46 bovinos, 04 ovinos, 03 caprinos e 01 asinino.
Todas as ações relacionadas às medidas de controle já foram adotadas pela ADAB, com vários atendimentos a suspeitas clínicas
e controle de quirópteros. A Vigilância Epidemiológica dos Municípios envolvidos, realizou busca ativa com orientações e profilaxia
antirrábica humana às pessoas que entraram em contato com os animais que tiveram confirmação de raiva.
Diante desse cenário, foi recomendada divulgação da situação epidemiológica junto aos profissionais de saúde, produtores locais,
escolas, e a população em geral, ressaltando-se a necessidade de reforço à orientação das condutas e procedimentos a serem
adotados diante de um caso de animal com suspeita de raiva:
notificar imediatamente às autoridades da agricultura para o desencadeamento das ações de controle;
realizar bloqueios de foco em até 72 horas;
intensificar o envio de amostras biológicas para diagnóstico laboratorial;
busca ativa de pessoas expostas, com encaminhamento aos serviços de saúde, seguindo rigorosamente os esquemas de
profilaxia da doença;
realizar monitoramento nos municípios limítrofes da região onde ocorreu o caso positivo, analisando a situação epidemiológica da
área de abrangência, visando impedir a ocorrência de novos casos.
AÇÕES DE PREVENÇÃO
Jamais entrar em contato direto ou indireto com a saliva e/ou fluidos dos animais sob suspeita de raiva sem a supervisão do
Médico Veterinário responsável. Isso envolve o processo de desossa do animal para consumo, onde se pode haver o contato
com o vírus por meio da manipulação de vísceras e sistema nervoso do animal.
Jamais usar animais suspeitos para consumo humano. A carcaça deve ser descartada depois da coleta e remessa de material
para diagnóstico no Lacen.
ATUALIDADES SOBRE A RAIVA
O Ministério da Saúde de Israel está recomendando a todos que desejem viajar do país para a Índia que se vacinem
profilaticamente contra a raiva. O alerta foi lançado frente ao caso de uma paciente que foi mordida por um cão na Índia e
foi a óbito na Inglaterra sem ter realizado a profilaxia pós-exposição. (DVVZI/SESA-PR, 06/2012).
Sessenta e um morcegos foram capturados e encaminhados para diagnóstico no Laboratório Nacional Agropecuário em
Pernambuco, neste ano. Dois deles tinham o vírus da raiva. Nenhum era de espécie que se alimenta de sangue, o que
não elimina a possibilidade de transmissão da doença a animais e humanos.
De Janeiro até Junho, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco registrou 42 agressões de morcegos a humanos,
incidente considerado grave pelo Ministério da Saúde e que requer cuidados imediatos, com uso de soro e vacina.
Um total de 07 óbitos foram registrados na região de Cusco, no Peru, devido a um surto de raiva humana. Os casos são
crianças da comunidade indígena Machiguenga e todos tem histórico de mordida por morcegos (Sociedade Internacional
para Doenças Infecciosas, 05/2012).
Confirmados 03 casos de Raiva em bovinos no Paraná (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento –SEAB/PR;
Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações – DVVZI/SESA-PR, 05/2012).
Confirmado raiva em 01morcego não identificado no município de Londrina e 01 morcego não hematófago no município
de Foz do Iguaçu.(DVVZI/SESA-PR, 06/2012).
Referências:
1. Duarte, L; Drago, M.C. A Raiva, 2005.
2. Novais, Bruna A.F., Zappa, V. (REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679‐7353).RAIVA EM
BOVINOS – REVISÃO DE LITERATURA NOVAIS, Ano VI –Número 10 – Janeiro de 2008.
Equipe técnica
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - Diretoria de Vigilância Epidemiológica
Contato: Tel./Fax.: (71) 3116-0060 E-mail: [email protected]
Maria de Fátima Sá Guirra
Coordenadora CEI/COVEDI
Fátima Cristina de Souza
Coordenadora GT RAIVA
Rosane Barreto Marques
Enfermeira
Lucas de Medeiros Silva
Médico Veterinário
Bruno Milen Varjão
Estagiário de Medicina Veterinária
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