Você toma remédio sem receita?

Propaganda
B•4 •EDUCAÇÃO E SAÚDE
Macapá (AP), Quinta-feira, 14 de Abril de 2016
DESCOBERTA
Você toma remédio sem receita?
Isso pode piorar em vez de melhorar a saúde
Dor de cabeça, pelo, corpo, no
estômago, são os sintomas comuns de doenças corriqueiras
como gripes e viroses que atingem
a população. Mas antes de procurar um médico, o comportamento
banal é procurar uma farmácia e
se automedicar com remédios que
não precisam de prescrição médica. Será que isso realmente não
tem nenhum risco?
Os medicamentos são o principal agente causador de intoxicação em seres humanos no Brasil desde 1994, segundo dados do
Sistema Nacional de Informações
Toxico-Farmacológicas, que em
2012 registrou cerca de 8 mil mortes.
Uma pesquisa realizada em
2014, na região Sudeste, pelo Instituto de Pesquisa Hibou, mostrou que 45% da população acredita que se automedicar só é prejudicial no caso de remédios identificados com tarja vermelha ou
preta. Mas uma simples vitamina
C, muito usada na prevenção de
gripes e resfriados pode conter
reações adversas. "A vitamina C
em excesso pode causar cálculo
renal, além de interagir com outros medicamentos como anticoncepcionais causando a variação dos
níveis de hormônios da pílula",
explica Jacob Faintuch, clínico
geral do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP.
Os especialistas ressaltam que
existe a possibilidade de interação com qualquer tipo de medicamento ou alimento. "É importante ter orientação antes de tomar.
Misturar paracetamol e álcool aumenta o risco de hepatite, leite
misturado com antibiótico pode
reduzir o efeito do remédio. São
atitudes simples que podem prejudicar a saúde", enfatiza Amouni
Mourad, assessora técnica do
CRF-SP e professora de farmácia
tos como vômitos, palpitação e dor
de cabeça. É possível ter ainda hipotensão (pressão baixa), dificuldade respiratória e até morte. Antibióticos que podem causar esse
efeito se misturados ao álcool:
metronidazol; trimetoprim-sulfametoxazol, tinidazole e griseofulvin. Outros antibióticos como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida
também não devem ser tomados
com álcool pelo perigo de inibição
do efeito e potencialização de toxicidade hepática.
O descontrole na ingestão de medicamentos pode ter consequencias gravíssimas
da Universidade Mackenzie.
Uma pesquisa do ICTQ (instituto de pós-graduação para farmacêuticos), divulgada em 2014, revelou que por 76,4% dos brasileiros praticam a automedicação, e
destes, 32% aumentam a dosagem
do remédio por conta própria, sem
orientação do médico ou do farmacêutico.
Existe forma segura de se automedicar?
Não existe nenhum remédio
100% seguro. A forma como ele vai
agir depende de uma série de fatores como doenças preexistentes e hábitos diários. "As pessoas
se baseiam em propagandas e indicação de amigos, mas cada organismo reage de uma maneira. A
forma mais segura de tomar uma
medicação que não requer prescrição médica sem o contato com
salas de esperas em hospitais é
procurar um farmacêutico. Ele vai
perguntar se a pessoa tem proble-
ma gástrico, se usa anticoagulante e se tem algum histórico médico que possa tornar até mesmo um
paracetamol perigoso para à saúde. Se a pessoa tem problemas
sanguíneos, por exemplo, não
pode fazer uso de dipirona", explica Mourad.
Mas e em casos de epidemia?
Em tempos de gripe H1N1, os
médicos estão orientando os pacientes a não correrem para o hospital quando surgem os primeiros
sintomas de uma gripe ou resfriado. Isso porque passar horas em
um local cheio de pessoas doentes pode tornar o que seria um
resfriado simples em algo mais
sério.
"Não existe a possibilidade do
brasileiro de classe média ou baixa fazer consultas médicas por telefone e perguntar se deve buscar um hospital ou fazer uma automedicação simples. Ele precisa
avaliar se realmente existe a ne-
Bebês com microcefalia chegam a 1.113
casos em 22 Estados
ESTADÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Chegou a 1.113 o número de bebês
com microcefalia ou alterações do sistema nervoso no país, segundo boletim divulgado nesta terça-feira (12)
pelo Ministério da Saúde. Até a semana passada, eram 1.046 casos confirmados. O surto de crianças nascidas
com problemas neurológicos está associado à epidemia de zika, vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Até o momento, foram confirmados casos em 21 Estados e no Distrito Federal (Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe,
Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Amapá, Amazonas, Pará,
Rondônia, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio
Grande do Sul). A maior parte dos
casos (1.027), no entanto, ainda está
concentrada no Nordeste.
Há ainda outros 3.836 casos suspeitos de lesões neurológicas em fase
de investigação.
O Ministério da Saúde confirmou
55 mortes durante a gestação ou após
o parto em decorrência de lesões cerebrais. Outros 155 óbitos continuam
em investigação.
Luiz Philipe nasceu com microcefalia
Vírus mata neurônios em desenvolvimento
A Science publicou no domingo
uma pesquisa brasileira que mostra o
vírus da zika atacando células de neurônios humanos. O estudo ajuda na
explicação do elo entre a zika e o surto de casos de microcefalia e lesões
neurológicas em bebês.
Células humanas responsáveis
pelo desenvolvimento do cérebro foram infectadas pelo vírus em laboratório e tiveram seu desenvolvimento
reduzido em 40%, quando comparadas a outras sem contato com o vírus.
O resultado não se repetiu quando
essas células foram expostas ao vírus
da dengue, houve infecção mas não a
morte das estruturas.
Zika tem impacto pior que o esperado
Na segunda-feira, autoridades
norte-americanas de saúde demonstraram uma preocupação maior com a ameaça representada pelo
vírus da zika. Anne Schuchat, vicediretora no Centro de Controle e
Prevenção de Doenças dos EUA,
recomendou a grávidas que evitem
viagens ao Brasil durante os Jogos
Olímpicos.
"Tudo que nós olhamos em relação a esse vírus parece ser um pouco
mais assustador do que inicialmente
pensávamos", disse Schuchat.
cessidade de ir a um pronto-socorro onde pode pegar outros vírus durante a espera", explica Faintuch.
O médico ainda ressalta que
isso não significa que o paciente
pode sair tomando medicamentos
sem prescrição, mas que deve se
atentar aos que já foram prescritos em consultas médicas anteriores. "É preciso estar melhor informado sobre o próprio histórico
médico e a respeito de alimentos
e medicamentos que possam interagir entre si", diz Faintuch.
E as interações com antibiótico?
Apesar de ser necessário ter
receita para comprar antibiótico, as
interações entre o remédio e outras substâncias geram dúvidas.
Por isso, vamos esclarecer que o
leite reduz o efeito de antibióticos ampicilina e tetraciclina. Com
o álcool, o remédio pode levar ao
acúmulo de uma substância tóxica
chamada antabuse que causa efei-
Conheça interações perigosas
entre remédios
O anticoncepcional interage
com anti-inflamatórios e antibióticos diminuindo a eficácia da pílula. Se ingerido com vitamina C
pode aumentar os níveis de hormônio na corrente sanguínea.
O ácido acetilsalicílico interage como anticoagulantes, aumentando o risco de sangramento.
Pode provocar hemorragias se
misturado a analgésicos e alguns
anti-inflamatórios. Se for ingerido com bebida alcoólica pode causar dano à mucosa gastrintestinal.
O fitoterápico ginko biloba é
utilizado para tratar várias doenças. Se consumido com anticoagulantes, potencializa os efeitos,
podendo provocar hemorragias.
Anti-inflamatórios se tomado
junto com álcool pode aumentar
o risco de úlcera gástrica e sangramentos.
Paracetamol, aumenta o risco
de hepatite medicamentosa quando ingerido junto ao álcool.
Tomar dipirona e beber álcool
é uma má ideia. O efeito do álcool
pode ser potencializado.
Calmantes à base de maracujá
podem potencializar o efeito de
antidepressivos, causando sonolência excessiva.
Pergunte ao Doutor
Você sabia que o diabetes
pode causar mau hálito?
O diabetes é uma doença que
causa o aumento da glicemia
(quantidade de glicose no sangue). Quando o nível de glicose
permanece fora da faixa de normalidade (acima ou abaixo)
acontecem alterações no nosso
corpo que prejudicam a saúde.
A doença é crescente em todos
os países e metade dos portadores desconhecem esta condição.
No Brasil mais de 13 milhões
de pessoas são portadoras da
doença.
Esse índice está associado ao
sedentarismo e obesidade para
o diabetes tipo 2. Existe também
o diabetes tipo 1 (de origem genética) que vem aumentando, e
ainda não se sabe o porquê.
O hálito cetônico (lembra o
cheiro de maçã velha) é característico no diabético e a doença
periodontal costuma estar presente.
O diagnóstico precoce e o
tratamento adequado do diabetes evitam muitas das consequências danosas à saúde. Mas
como metade dos portadores
não sabem que tem a doença,
torna a doença preocupante,
uma vez que ela é considerada
uma doença silenciosa. Muitas
pessoas não apresentam sintomas como: visão turva, sonolência, dores, câimbras, formigamentos e dormências dos
membros inferiores, debilidade
orgânica, indisposição para o
trabalho, desânimo, cansaço físico e mental, disfunção erétil e
hálito cetônico.
O hálito cetônico é característico no diabético e a doença periodontal costuma estar presente. Esses sinais podem aparecer
antes de outros sintomas, daí a
importância de uma consulta de
rotina e uma boa anamnese, que
podem levar o dentista a encaminhar o paciente ao médico e
assim chegar ao diagnóstico precoce da diabetes.
O tratamento da doença periodontal é extremamente importante porque, como qualquer
infecção, é um fator que eleva o
nível de glicose no sangue e dificulta o controle da glicemia.
Download