Notas de Aula – Economia Industrial Nota_aula_5_Escala e escopo EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE ECONOMIAS DE ESCALA E ECONOMIAS DE ESCOPO. Bibliografia: KUPFER, D. ; L. HASSENCLEVER. Economia industrial: fundamentos teóricos e práticos no Brasil. Rio de Janeiro:Campus, 2002. (CAPÍTULO 3) OBJETIVO O objetivo deste tópico é fazer uma revisão sobre Custos e conceituação de economias de escala (e suas principais fontes), economias de escopo (e suas principais fontes) e economias da multiplanta. Por que estudar? estrutura de custos é um dos principais determinantes dos preços em qualquer estrutura de mercado estrutura de custos determina a própria estrutura de mercado – quanto maior a economia de escala. Menor o numero de empresas na industria Os custos determinam a magnitude das barreiras à entrada Conhecer os custos da industria é importante para a política de regulação e defesa da concorrência. I. CURVAS DE CUSTO ( teoria tradicional) CUSTO NO CURTO PRAZO No curto prazo há pelo menos um fator fixo, por exemplo, o tamanho da planta. Neste caso, a curva de custo médio mostra o comportamento do custo unitário de produção conforme a produção aumenta, para um dado tamanho da planta. Derivada da função de produção, a função de custo médio no curto prazo (CMeCP) expressa a influência da lei dos rendimentos; CMeCP será decrescente quando a produção experimenta rendimentos crescentes dos fatores variáveis (intervalo “0-a” na figura abaixo); CMeCP será crescente a partir do ponto “a” em que ocorrem rendimentos decrescentes dos fatores produtivos. As curvas de custo médio variável, custo médio total, e custo marginal têm formato de U. Custo($) CMgCP CMeCP CVMeCP 0 a PUC – CAMPINAS / ECONOMIA Fig 1 – Custos no Curto Prazo Q ECONOMIA INDUSTRIAL Profa. Nelly Figueiredo 1 CUSTO NO LONGO PRAZO No longo prazo variam todos os fatores. A empresa escolhe entre diferentes níveis de escala ( níveis ótimos de produção). Portanto, no longo prazo os custos refletem escolhas quando todos os fatores podem variar. Conforme aumenta o nível de produção (tamanho da planta), obtêm-se curvas de custo de curto prazo cada vez menores (devido a economias de escala), até um ponto (EME=escala mínima eficiente) que é o tamanho da planta que resulta no menor custo médio. A partir desse ponto passam a vigorar deseconomias de escala e as plantas com tais escalas apresentam custos médios cada vez maiores. Note que a curva de custo de longo prazo é uma curva envelope que comporta inúmeras curvas de custo de curto prazo, cada qual representando um tamanho de planta. A curva de CMeLP também tem o formato de U, refletindo economias e deseconomias de escala; Há um tamanho ótimo de planta no qual todas as economias de escala são exploradas. Acima desse tamanho passam a vigorar deseconomias de escala (isso pressupõe que a planta produtiva é inflexível) Custo($) CMgLP CMeLP Fig 2 – Custos no Longo Prazo ----economias de escala ---deseconomias de escala 0 EME Q Evidências empíricas Alguns autores defendem um formato misto ( U e L) : uma curva com um ramo descendente (economias de escala), um segmento constante no qual o custo médio permanece contante com o tamanho de planta, e um segmento ascendente (deseconomias de escala). Essa faixa de custo médio constante constitui uma reserva de capacidade que a firma disporia para ampliar a produção sem incorrer em aumento de custo unitário. Custo($) CMgLP Fig 3– Custos no Longo Prazo – Formato L CMeLP CMgLP ------economias de escala -----retornos constantes de escala 0 EME PUC – CAMPINAS / ECONOMIA Q ECONOMIA INDUSTRIAL Profa. Nelly Figueiredo 2 II. FONTES DE ECONOMIAS DE ESCALA Economias de escala reais Economias de escala pecuniárias ECONOMIAS DE ESCALA REAIS – se o fator que explica a redução de custo é a redução de fatores produtivos utilizados (produção cresce t vezes enquanto que a quantidade de fatores cresce r vezes, sendo t>r). ECONOMIAS DE ESCALA PECUNIÁRIAS – explicada pela queda do preço do insumo (porque o fornecedor deve ter ganhos de escala reais – maior volume, menor custo unitário) Fontes de economias de escala reais estáticas 1. Ganhos de especialização – maior quantidade de produto => maior divisão do trabalho => maior especialização => menores custos unitários. Exemplo: Ford e a introdução da linha de montagem na indústria automobilística 2. Indivisibilidade técnica – relacionada aos tamanhos dos equipamentos industriais. Ref/ a equipamentos grandes com capacidade ociosa – ganhos de escala à medida que aumenta a produção. 3. Economias geométricas (relacionada ao tamanho da planta). Quanto maior a capacidade do equipamento, menores serão os custos de aquisição associados => o produto é proporcional ao volume da unidade enquanto que o custo é proporcional à área de superfície da unidade 4. Lei dos grandes números – quanto maior a planta, menores, proporcionalmente, serão: o tamanho da equipe de manutenção, o número de peças de reposição, etc. Fontes de economias de escala reais dinâmicas (tem a ver com o tempo despendido na produção) 1. Economias de reinício para equipamentos multitarefas – se a fábrica tem escala suficiente evita o reinício de uma máquina multitarefas, instalando uma máquina específica para cada tarefa. 2. Economias de aprendizado – tentativa e erro – os custos iniciais em geral são mais altos; conforme a produção aumenta, os trabalhadores se tornam mais rápidos. Primeira empresa a se mover terá vantagens sobre as seguidoras em função das economias de aprendizado. III. ECONOMIAS DE ESCOPO Decorrente do fato de a empresa passar a produzir mais de uma mercadoria. Ocorre quando o custo unitário de produzir A separado de B é mais alto que o de produzir A e B conjuntamente. Portanto as empresas conseguem reduzir custos médios com a diversificação de produtos. Fontes de economias de escopo 1. Existência de fatores comuns (Ex. compra de um gerador de eletricidade) 2. Existência de reserva de capacidade – se existe na linha principal, há incentivo para utilizá-la com outros produtos 3. Complementaridade tecnológica e comercial – PUC – CAMPINAS / ECONOMIA ECONOMIA INDUSTRIAL Profa. Nelly Figueiredo 3 IV. ECONOMIAS DE ESCALA DA MULTIPLANTA Evidência empírica: empresas líderes nos EUA (1975) tinham mais de 4 plantas transnacionais – exemplos de multiplantas Ganhos para a empresa: 1. Economia da duplicação – cada planta é construída para determinada escala; acréscimos de capacidade podem ser feitos até um certo ponto; 2. Diminuição dos custos de transporte em mercados geográficos dispersos 3. Especialização ao nível da multiplanta – atendendo especificidades dos mercados em que atuam, por exemplo; 4. Flexibilização da operação – produção pode ser transferida de uma unidade para outra, cf. oscilações do mercado ou flutuações nos fornecimentos de insumos. V. DESECONOMIAS DE ESCALA Fontes (tradicionais) 1. Deseconomias gerenciais 2. Queda da eficiêencia da equipe- perda de foco e controle da decisão 3. Incerteza sobre a demanda 4. Evidência: descentralização do processo de decisão + novos métodos de gerenciamento postergam problemas Custo de transporte 1. São crescentes à escala – saída: multiplanta Debate Empírico 1. Q(EME) – pequena com relação ao tamanho do mercado – fase decrescente reduzida 2. Q(EME) elevada para empresas de utilidade pública Q(EME) em “L” para a ind. de transformação 3. Stigler – Técnica do Sobrevivente: empresas que sobrevivem x tamanho destas QUESTÕES PARA REVISÃO a. Se uma empresa apresenta rendimentos crescentes de escala até um determinado nível de produção e depois tem rendimentos constantes de escala, o que você pode dizer do formato da curva de custo médio de longo prazo dessa empresa? b. Faça uma distinção entre rendimentos decrescentes de escala e economia de escopo. Por que um pode estar presenre sem a outro? c. Quais são as fontes de economias de escala? Explique. d. Quais são as fontes de economias de escopo? Explique. e. Caracterize economias da multiplanta e discuta as fontes dessas economias. f. Como se explicam as deseconomias de escala na produção de uma firma? g. Por que estudar custos e econoias de escala é importante na Economia Industrial? PUC – CAMPINAS / ECONOMIA ECONOMIA INDUSTRIAL Profa. Nelly Figueiredo 4