ARLS CAVALEIROS HOSPITALÁRIOS nº 4385 FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL JURISDICIONADA SO GRANDE ORIENTE DO PARÁ M. I. IR. LUÃ WANZELLER VAZ RIBEIRO - CIM: 242.151 ARTISTA VISUAL PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA A INFLUÊNCIA DA ICONOGRAFIA HERMÉTICA NOS ORNAMENTOS ARQUITETÔNICOS DA BELLE ÉPOQUE EM BELÉM DO PARÁ– PRÉDIO DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PARÁ – ACP. BELÉM – PARÁ 2016 INTRODUÇÃO Este pequeno artigo trata de um conhecimento muito profundo o qual veremos com detalhes através de fotografias registradas por mim e outras retiradas da internet para que possamos ter uma boa compreensão desta pesquisa com base em referências bibliográficas, sites confiáveis, banco de imagens dos meus arquivos etc., com o objetivo de nos chamar a atenção quanto a existência de símbolos esculpidos ou pré-fabricados em ornamentos de antigos prédios do Sec. XIX que, durante e após a Belle Époque “a época de ouro” em nossa cidade de Belém do Pará, localizada na região Norte do Brasil, sofreram influências europeias em suas arquiteturas carregadas de informações com temas herméticos, cabendo apenas aos iniciados, pesquisadores ou amadores do ocultismo, compreender tais significados. A Belle Époque amazônica foi um período que marcou uma época de mudanças e desenvolvimentos na nossa cidade, o avanço das industrias devido ao ciclo da borracha fez com que muitos estrangeiros viessem residir em Belém, contribuindo para a mistura de culturas amazônicas e europeias, principalmente na arquitetura da cidade o qual é bastante visível em seus variados estilos. Dentre muitos prédios históricos, apenas um fora escolhido para ser abordado neste artigo, o imponente prédio da Associação Comercial do Pará – ACP, projetado e concluído pelo arquiteto alemão Albert Oswald Massler na década de trinta, com seu estilo indefinido entre o clássico e o moderno. É notável que arquitetos, durante os seus aprendizados acadêmicos, estudaram bastante sobre o período renascentista, responsável por resgatar os estilos de construção da Grécia Antiga, incluindo também, sua mitologia, o que caracteriza bastante estas edificações majestosas. Dentre muitos personagens míticos, houve um chamado Hermes, o mensageiro dos deuses, o qual foi extraído das mitologias de civilizações mais antigas ainda, como a da Antiga Mesopotâmia e do Antigo Egito. Os ensinamentos de Hermes foram guardados, praticados e transmitidos por milênios entre seus discípulos, através do hermetismo. O Hermetismo é o estudo dos ensinamentos de “Hermes Trimegistos” (o três vezes grande) assim conhecido pelos alquimistas da idade média, um antigo e tradicional conhecimento guardado pelos que se dizem buscadores da sabedoria e da verdade, velado em misteriosas alegorias e textos complexos que só podem ser compreendidos pelos adeptos dedicados à doutrina. Não sabemos exatamente se o Massler foi membro de alguma instituição que carrega tradições herméticas como a Maçonaria, a Rosa Cruz, a Teosofia, os Iluminats da Baviera entre outras famosas Ordens iniciáticas de cunho místico e filosófico na Alemanha, porém sabemos o quanto este gênio da arquitetura possuía este conhecimento, devido aos elementos iconográficos de origens herméticas presente em seu projeto da ACP, os quais vou agora apresentar a vocês leitores deste trabalho. 1 Ornamento arquitetônico com busto de Hermes (Grécia) ou Mercúrio (Roma), no prédio da Associação Comercial do Pará, localizado na Av. Presidente Vargas, Nº 158, CEP: 66010-000, cidade - Belém do Pará. Fundado no dia 3 de abril de 1819 pelo arquiteto alemão Albert Oswald Massler, o centenário prédio da Associação Comercial do Pará – ACP, carrega um punhado de símbolos herméticos ornamentados em sua fachada. Dentre eles, podemos ver iconografias gregas, símbolos alquímicos, personagens mitológicos etc., todos esculpidos ou postos através de formas préfabricadas em alto relevo. Estes símbolos fazem parte da mitologia greco-romana e são bastante comuns em alegorias alquímicas. Podemos começar a refletir sobre o símbolo da roda e da viga-de-ferro. A roda (símbolo alquímico) pode possuir vários significados, os mais comuns são o do movimento constante, da eternidade, do transporte ágil, da fortuna etc., a pequena viga de ferro pode simbolizar a força e resistência na construção do imponente edifício de patrimônio histórico. O Grifo (de acordo com a mitologia grega) eram seres misturados e alados que dominavam os céus e guardiões dos ovos de ouro, mineral muito apreciado pelos deuses. O busto de Hermes mostra a excelência de sua personalidade, o mensageiro dos deuses, que fora o disseminador do conhecimento geométrico, astronômico, medicinal, agronômico, comercial etc., por isso a importância da presença de sua imagem neste prédio, como também, em muitos outros prédios construídos na Belém da Belle Époque. A leitura que podemos fazer da junção destes símbolos em uma única alegoria ornamental seria: nesta edificação (a viga), guardaremos (o Grifo) constantemente (a roda) os valiosos conhecimentos daquele (Hermes) que nos ensinou a arte do comércio. As imagens acima encontram-se na composição iconográfica do ornamento citado neste trabalho. Podemos notar com clareza e comprovar comparando-as umas as outras. 2 Na continuação de minhas observações quanto aos ornamentos de iconografias herméticas do prédio da Associação Comercial do Pará, podemos ver nesta imagem do fotógrafo Turiano Neto, um conjunto de símbolos esculpidos em alto relevo sob a janela central da cúpula do prédio. Trata-se do caduceu de Hermes envolvido por duas serpentes, protegido por dois leões alados e, abaixo, uma escritura em baixo relevo e em algarismos romanos. Podemos ver também, duas conchas em cada lado, centralizando a composição iconográfica da cúpula do prédio. Passemos agora, a refletir sobre os significados destes símbolos com base nas referências bibliográficas e da web durante minhas pesquisas. Começaremos pelo caduceu de Hermes, um dos símbolos mais antigos e existentes em várias civilizações antigas do mundo todo. O primeiro registro da existência deste símbolo foi na Antiga Suméria da Mesopotâmia (hoje Iraque), esculpida em um jarro de cerâmica, como consta na fotografia da imagem “a” e ilustrada na imagem “b” abaixo. 3 O caduceu de Hermes também fora encontrado em ornamentos e hieróglifos nas ruínas do Antigo Egito, Grécia, Índia, Pérsia, México, Peru etc., como mostra na imagem ao lado. Muitos são os significados do caduceu de Hermes, os mais conhecidos são os citados de formas mais simples para uma fácil compreensão dos estudantes nas áreas da medicina, contabilidade e comércio, como podemos ver na explicação simplificada da imagem abaixo. Nos significados mais profundos deste símbolo, o qual era de grande domínio por parte dos antigos Alquimistas da idade média e dos sacerdotes das escolas de mistérios do Antigo Egito e Grécia, eram ensinados como um instrumento que dava acesso ao mundo dos mortos, como também, o caminho que o iniciado deve fazer para alcançar o divino. O bastão representa o caminho reto e mais rápido para o iniciado dedicado aos estudos ocultos chegar a Deus (caso a religião fosse monoteísta) representado pelo elmo alado, enquanto que as serpentes representavam os caminhos dos profanos (não Iniciados), caminhos de oscilações, conturbações, influenciados pelas tentações da matéria que distancia frequentemente do caminho do meio (o da espiritualidade), tornando um percurso mais demorado de alcançar os céus e a(s) divindade(s) (caso a religião fosse politeísta). Sobre os leões alados que fazem a guarnição do caduceu localizado sob a janela central da cúpula no prédio da Associação Comercial do Pará, podemos notar a forte influência da mitologia greco-romana e mesopotâmica que o arquiteto Albert Oswald 4 Massler teve para a criação de seu projeto. O leão alado era muito presente nas iconografias da Babilônia e tem raízes na mitologia mesopotâmica, eram ceres celestiais que protegiam o conhecimento sagrado, sempre pintados ou esculpidos nos pórticos dos templos, como mostram as fotografias das imagens abaixo. Se tratando da composição simbólica no prédio que é o objeto de estudo deste trabalho, o conhecimento hermético contido no caduceu estaria protegido pelos dois leões com asas na fachada superior, como consta na fotografia abaixo. Ainda sobre a imagem acima, notam-se as inscrições em baixo-relevo com algarismos romanos “MCMXXXIV”, correspondente ao ano 1934 abaixo do caduceu e dos leões alados, podemos ver que o arquiteto utilizou esse tipo de escrita para apresentar 5 a data de inauguração do prédio da ACP na década de trinta. É bem provável que o mesmo tenha tomado como inspiração a escrita de uma data contida na base da pirâmide presente na nota de um dólar, que aparece também, esculpida no livro carregado pela Estátua da Liberdade nos Estados Unidos da América, a data “MDCCLXXVI” corresponde ao ano 1776, o ano da independência dos EUA. Escolher algarismos romanos como os que contem na moeda de comércio universal para datar a inauguração de seu projeto concluído, relacionado ao comércio, é bastante agregador. Há presença de conchas na fachada do prédio, uma de cada lado, próximo aos leões alados. A concha tem um significado interessante na iconografia greco-romana, apesar de ter sido um símbolo pagão (na visão dos cristãos) da Grécia Antiga, foi também um símbolo muito presente na iconografia cristã e inseridas de forma “cristianizada” nos ornamentos arquitetônicos de estilo Barroco, pelos arquitetos e artistas Jesuítas, umas das várias Ordens religiosas que predominaram bastante aqui na região Norte do Brasil, inclusive em Belém do Pará. Os gregos e romanos viam a concha como um símbolo da fecundidade, geralmente relacionados ao gênero feminino, essas conchas foram reproduzidas em pinturas e esculturas de deusas como Vênus e Afrodite, no período renascentista etc. A concha, por ser de natureza marinha, guarda uma pérola em seu interior, logo, podemos supor que sua representatividade na ornamentação do prédio estudado seja uma alusão ao zelo pelos valores comerciais e suas atividades. P.S. - Este documento está dividido em partes e pertence ao meu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, que está em desenvolvimento e que será apresentado no ano de 2017. 6 FONTES / REFERÊNCIAS FILOSOFAR PELO FOGO, ANTOLOGIA DE TEXTOS ALQUÍMICOS – BORNADEL, Françoise. Editora Madras, São Paulo – 2012. MISTERIOS DESCONHECIDOS, SEGREDOS DOS ALQUIMISTAS – ARANTES, Elzira. Editora Abril Livros Ltda, São Paulo– 1993. O LIVRO DE OURO DA MITOLOGIA: HISTÓRIAS DE DEUSES E HERÓIS – BULFINCH, Thomas. Editora Ediouro, São Paulo – 2006. BOTTICELLI: GRANDES MESTRES (Vol. 10) - Editora Abril, São Paulo – 2011. https://www.ritmanlibrary.com http://www.simbolos.net.br/simbolo-da-contabilidade https://www.tumblr.com/search/a%20roda%20da%20fortuna http://atorleo.blogspot.com.br/2015/05/arte-mesopotamica.html http://hid0141.blogspot.com.br/2011/10/babilonia.html https://lusophia.wordpress.com/2015/01/ http://jocabeba.blogspot.com.br/2014/07/quem-eram-osdeuses-do-eden-verdadeira.html http://www.panoramio.com/user/6230956?comment_page=3&photo_page=27 http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.094/161 7