Pagodeiros formaram costumes e opinião da geração 90, diz

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G1 - Portal de Notícias da Globo - SP
14/02/2014 - 06:20
Pagodeiros formaram costumes e opinião da geração 90,
diz Salgadinho
Ex-Katinguelê se une a antigos astros do Exaltasamba e Art Popular em SP. Cantor
atribui ao pagode influência em cabelos e até na economia do país.
Rodrigo Ortega Do G1, em São Paulo
Divulgação
Da esquerda: Márcio Art, ex-Art Popular,
Salgadinho, ex-Katinguelê e Chrigor, exExaltasamba, em show do projeto Amigos
do Pagode 90
Vinte anos depois de o pagode romântico com sotaque
paulista virar fenômeno pop brasileiro, três antigos ídolos
unem forças ao vivo no Amigos do Pagode 90. O projeto
indica que o estilo está completando o ciclo da música
pop que parte do sucesso, passa por período em baixa e
retorna em revival. O grupo junta Chrigor, exExaltasamba, Salgadinho, ek-Katinguelê e Márcio Art, exArt Popular.
O repertório saudosista é baseado em músicas dos três
grupos que revelaram os cantores. Os Amigos do Pagode
90 cantam nesta sexta-feira (14), no Cabral, em São
Paulo.
Salgadinho não é modesto ao reavaliar a trajetória dos antigos grupos de pagode.
“Conseguimos ser formadores de costumes e de opinião de uma geração. As pessoas se
identificavam com a nossa forma de fazer as coisas", diz o autor de "Inaraí". “O povo pegou
essa música da periferia de São Paulo e levou para o sucesso. É como o funk hoje", compara.
Conciliação com roqueiros
O ex-Katinguelê cita regravações de sucessos do Raça Negra, feitas por bandas de rock e indie
pop atuais, como sinal de reconhecimento ao estilo. “O público continua buscando a nossa
música dos anos 90. Passamos a ter mais credibilidade. Na época, as rádios queriam ganhar
dinheiro com pagode, era uma linha de produção. Era dinheiro na certa. Não tinha espaço para
rock, nem mesmo o sertanejo. Tinha uma rivalidade. Mas hoje os caras estão gravando samba.
Acho legal, quer dizer que a gente estava no caminho certo.”
Evangélico, Salgadinho chegou a trabalhar como diretor artístico de uma gravadora gospel
após sair do Katinguelê. A gravadora fechou, mas ele diz que experiência o ajudou a ter uma
visão mais completa do mercado, que já o incomodou com a pressão pelo sucesso. “O pagode
se tornou um produto bem comercial nos anos 90. Foi um preço que paguei no começo da
carreira", diz. Para ele, os executivos ignoravam particularidades dos grupos e "invadiam o
espaço musical dos compositores da época".
As pessoas das classes C e D passaram a consumir nossa vestimenta. Aumentou a autoestima.
Ajudamos na economia também, 0,1% que seja, mas ajudamos. O povo da periferia empurrou a
cultura para fora."
Salgadinho, cantor
Cabelos e economia
Salgadinho reivindica para o pagode o pioneirismo em estilo capilar e até um impulso no
consumo e economia da época.“Vejo gente de 30, 40 anos, que diz que a trilha sonora da vida
deles era a nossa música. E na periferia, a gente influenciava o jeito de se vestir. Até de deixar
o cabelo careca. O que o Ronaldo Fenômeno fez com o cabelo, eu fiz primeiro", reclama.
O impulso ao consumo nos anos 90 também é um legado positivo do pagode, para Salgadinho.
"As pessoas das classes C e D passaram a consumir nossa vestimenta. Aumentou a
autoestima. Ajudamos na economia também, 0,1% que seja, mas ajudamos. O povo da periferia
empurrou a cultura para fora. O fato de terem surgido alguns grupos de pagode em 2000 de
classe A e B, para a gente é a coisa mais linda. A música não tem dono, não tem nascedouro",
filosofa o músico.
Conquistas para o samba
O pagode romântico paulista dos anos 90 representou, na visão do músico, conquistas para o
samba brasileiro em termos de produção. “A gente conseguiu conquistar coisas de espetáculo
que o samba não tinha. São muitos instrumentos acústicos no gênero. A engenharia de som
não é tão simples quanto teclado e guitarra. Não que a gente quisesse ser maior que ninguém,
mas queria ter o valor de qualquer artista internacional ou do Brasil.”
Os Amigos do Pagode 90 já receberam propostas de três grandes gravadoras para lançar CD e
DVD, segundo o músico. A prioridade, no entanto, é "se divertir" no palco. “A demanda de
shows quando a gente começou a ficar famoso era muito grande. Mas nem tudo que fazemos é
pelo dinheiro. Eu acho que nosso norte hoje é se divertir. Rola uma segurança de ter dois baitas
cantores do seu lado. E o público empurrando para caramba. Tem proposta para um ano e
meio, dois anos de shows", garante.
Divulgação
Salgadinho, Chrigor e Márcio Art em show
do projeto Amigos do Pagode 90
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