OS IMORAIS António de Sousa A situação económica é

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OS IMORAIS
António de Sousa
A situação económica é difícil.
Dizem que vivemos acima das nossas
possibilidades.
A classe política vai perdendo até a
credibilidade que já não tem.
Dizem que os sacrifícios são para todos,
mas afinal não são.
O corte no vencimento foi apenas para os
funcionários públicos. Os portugueses que
trabalham no sector privado ou não são
portugueses ou são amigos do Sr.
Primeiro-Ministro, só pode!
Cortaram-me no subsídio de Natal e vão-me cortar o mesmo, bem como o de férias,
neste ano e em 2013. Mas afinal não é para todos! Fiquei a saber que há outros
portugueses que não o são, ou então também são amigos do Sr. Primeiro-Ministro, só
pode!
Antes tinham-me dito que eram bens inalienáveis. Deixaram de ser! Os sacrifícios
assim o exigem, o interesse nacional assim o exige.
Apenas para alguns. Os políticos continuam com mordomias e com viaturas de alta
cilindrada, ostentando uma riqueza que não temos.
Eduardo Catroga vai ganhar 45 mil euros por mês na EDP, acumulando com uma
pensão de 9.600 €.
Quando li, nem queria acreditar, pensei que fosse brincadeira. Mas não é!
S. Exª Catroga teve a lata de dizer que quanto mais ganha mais paga em impostos, logo
o país fica a ganhar com os ordenados chorudos dele.
Espumei de raiva, ao pensar nas mães que querem dar de comer aos filhos e não têm!
Valha-nos ao menos isso: os portugueses podem estar descansados, pois graças ao Sr.
Catroga a economia vai dar um pulo enorme.
A presidente da Assembleia da República (2ª figura do Estado) ganha uma reforma de
cerca de 7.200 € por ter trabalhado 10 anos (!).
Dizem que é tudo legal. Estou-me borrifando para as vossas leis imorais, que
favorecem o criminoso, o compadrio, o tráfico de influências.
Ponham os olhos no General Ramalho Eanes, que quando a justiça lhe deu razão tendo
direito a receber cerca de 1,2 milhões de euros de indemnização, recusou com a
dignidade de um militar à moda antiga.
Estamos a ser governados por imorais, que fazem leis imorais, com uma classe política
imoral, com mordomias imorais, que metem uma clientela imoral, imoralmente em
cargos, com ordenados imorais.
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