A GUERRA DOS 30 ANOS (1914-1945)

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IRMÃO JOÃO
A GUERRA DOS 30 ANOS
(1914-1945)
vista à luz da fé
Irmão João
(Apóstolos de Santa Maria)
A GUERRA DOS 30 ANOS
(1914-1945)
Vista à luz da fé
Cascais, 1 de Agosto de 2015
101º aniversario do início
da 1ª. Guerra Mundial
I – GUERRAS
Razões espirituais
1 – Jovem libanês
2 – Irmã Consolata
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II - 1ª. GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
1) Razões espirituais
a) Santa Gema Galgani
b) A guerra será breve ou longa?
2) Papa S. Pio X
3) Na História
a) Deflagração
b) Aliados x Impérios Centrais
c) Impasse
d) Entrada dos Estados Unidos na guerra
e) A Revolução Russa
f) O avanço doa aliados e a rendição dos impérios cen
trais
g) Armistício
h) Perdas
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III – ENTRE O FIM DA 1ª. (1918)
E O PRINCÍPIO DA 2ª. GUERRA MUNDIAIS (1939)
1) Uma nova guerra mundial?
2) A “ Guerra dos trinta anos”
3) A moral entre as duas Guerras
4) Motivos espirituais: em direcção à 2ª. Guerra Mundial
5) Primeiros sábados do mês: afastando o castigo
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IV - GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939)
1 – Profecia da beata Jacinta Marto
2 – Motivos espirituais
3 – História
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V – 2ª. GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
1) Profecias da beata Jacinta Marto
a) 1ª profecia
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b) 2ª profecia
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c) Comentários à 2ª profecia
c1) “Tanta gente há-de morrer”
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c2) “Hão-de ser mortos muitos padres”
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c3) “Hão-de ser arrasadas muitas casas”
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2) O grande sinal
a) Profecia de nossa Senhora de Fátima
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b) Entrevista da Serva de Deus Irmã Lúcia
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c) Descrição do grande sinal
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3) Consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria
a) Nossa Senhora em Fátima
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b) Antes da consagração de 1942
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c) A guerra, antes e depois da consagração de 1942
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4) O Coração Imaculado de Maria protege quem a Ela se
Consagra
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5) Aumento da tribulação
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6) O fim da guerra
a) A aparição de 15 de Maio 1944 em Bonate
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b) O sangue dos mártires
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c) Quando terminou a guerra
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7) As nações
a) Profecia
b) França
b1) Razões da derrota
b 2) Marechal Pétain
b 3) Madre Yvone Aimée de Jesus
c) Alemanha
8) Venerável Pio XII e Hitler
a) Profecias
b) Antes de chegar ao pontificado
c) Como Papa
9) A 2ª. Guerra na História
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VI – A PENÍNSULA IBÉRICA
1) A vida pecaminosa do povo português
2) Escapámos
a) da guerra civil espanhola, pela consagração de 1931
b) da 2ª. guerra mundial, pela promessa e pela consa
gração ao Coração Imaculado de Maria dos bispos
portugueses
3) 2ª Guerra Mundial
A) Profecias
a) Beata Jacinta Marto
b) Serva de Deus Irmã Lúcia
c) Beata Alexandrina de Balasar
B) A invasão da Península Ibérica pelos alemães
a) Estivemos quase para ser invadidos
b)Salazar evita a passagem dos alemães pela Espa
nha
c) O general Franco e a invasão da Península
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I – GUERRAS
Razões espirituais
1 – Jovem libanês
“ Chamo-me Paulo, sou Libanês, da cidade de Beirute. Há
10 anos que tenho vivido toda a guerra.
Antes de ir a Roma, no Domingo de Ramos (1985), para
corresponder ao apelo do Santo Padre (Festa Internacional
da Juventude) havia um problema que há muito tempo me
queimava o coração. Dizia para mim mesmo:
- “ Senhor, porquê esta guerra? Porque é que cada dia nos
traz um cortejo de destruições, de massacres, e de refugiados? A minha Nação está a ferro e fogo. Este mesmo
Líbano, tantas vezes contado na Bíblia, tantas vezes interpretado como uma alusão à Virgem Maria: “Vem do Líbano,
minha amada, vem do Líbano, faz a tua entrada”, e mais
adiante:
- “Foi-te dada a glória do Líbano”, porque sofre tanto,
Senhor? Porque sofre tanto esta terra bem amada?”
Em Roma recebi a resposta que eu tanto desejava. Ali vi a
Igreja, comunguei com ela. Compreendi então o sentido dos
nossos sofrimentos e do nosso martírio. Compreendi que
participamos nos sofrimentos de Cristo, e que cada gota de
sangue derramado se juntava ao Seu Sangue, derramado na
Cruz pela redenção do mundo e pela Santa Igreja, esposa de
Cristo.”
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2 - Irmã Consolata
Durante o conflito entre e Itália e a Etiópia (1936), estando
a Irmã Consolata a rezar pelos capelães militares a fim de
que todos se mantivessem à altura da sua missão, Jesus
respondeu assim:
“Vês estes jovens ( os soldados)? A maior parte deles, nas
suas casas, apodrecia nos vícios. Pelo contrário, na guerra,
longe das ocasiões, com a assistência dos seus capelães,
morreram e salvar-se-ão eternamente”. ( 27 de Agosto de
1935).
Durante a tremenda conflagração mundial (2ª. Guerra) , e
justamente no dia 8 de Dezembro de 1940, entre Jesus e a Ir
mã Consolata, num doloroso lamento e súplica pela paz, tra
va-se o seguinte diálogo:
- Vês, Consolata? Se hoje Eu hoje vos concedesse a paz, o
mundo voltaria a cair na lama…. A provação não seria suficiente.
- Mas, Jesus, toda essa juventude enviada para o matadouro!
- Oh! E não será melhor passar por dois, três anos de amar
guras, em tensos, incríveis sofrimentos, e gozar, depois, uma
eternidade de alegrias, do que uma vida inteira de baixezas
e a condenação eterna, depois?.... Escolhe!
- Mas, Jesus, nem todos são maus!
- Sem dúvida. Mas os bons aumentarão os seus méritos.
Não, não deis a culpa aos chefes das Nações: eles são simples
instrumentos nas Minhas mãos. Para poder salvar o mundo,
hoje, é necessário que assim seja. Oh! Quanta juventude agra
decerá a Deus, por toda a eternidade, o terem morrido na
guerra, que acabou por salvá-los eternamente! Compreen
deste?
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II - 1ª. GUERRA MUNDIAL
1) Razões espirituais
a) Santa Gema Galgani
(….) Disse-lhe Jesus num coloquio íntimo e claro:
“ Minha filha, tenho necessidade de vítimas, mas de vítimas fortes. Preciso de almas que expiem pelos pecadores e
pelos ingratos com os seus sofrimentos e tribulações. Oh! Se
Eu pudesse fazer compreender quanto o Meu divino Pai está
irritado contra o mundo ímpio!... Já nada contém a Sua
Justiça, e um espantoso castigo está eminente sobre todo o
Universo”.
b) A guerra será breve ou longa?
Gisela, filha de uma nobre família de Florença, no princípio
da guerra europeia, em 1914, ao oferecer um dia a Sagrada
Comunhão por seu pai, capitão do exército, que tinha partido
para a frente de batalha, onde o perigo é sempre maior,
contemplou Jesus que lhe disse com doçura:
- Coragem Gisela!.... A Guerra não acabará já por causa da
MALÍCIA dos homens, mas o teu pai ficará salvo….
Gisela contou tudo à mãe, que ficou convencida ao ver a
extraordinária devoção que desde aquele dia manifestou a
sua querida filha de apenas sete anos.
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Quando a guerra eclodiu, os beligerantes contavam que tudo
terminaria dentro de semanas. Poucos previram a extraordinária capacidade dos Estados modernos para recrutar, equipar armar e fornecer forças de uma tal dimensão sem qualquer estratégia adequada para a sua utilização. No terreno,
os comandantes dispunham de um número quase ilimitado
de homens, mas não sabiam como usar eficientemente esse
potencial humano.
2) Papa S. Pio X
Por testemunho de Merry del Val, sabemos que dois anos
antes de rebentar a Grande Guerra já S. Pio X conhecia a sua
proximidade e as suas características.
Nas audiências ordinárias que no decorrer desses dois
anos teve o Secretário de Estado para despachar os assuntos
oficiais, o Papa falou-lhe com frequência e segurança da
tormenta que ia desabar sobre a Europa.
- As coisas vão mal, Eminência. Não digo por causa da Líbia
ou daquele conflito local dos Balcãs. As coisas vão mal.
Rebentará a Grande Guerra. Não passaremos em paz o ano
de 1914.
Com esta frase fechou S. Pio X as observações, um tanto
optimistas, do seu Secretário.
A 30 de Maio de 1913, o Dr. Bruno Chaves, Embaixador
do Brasil junto a Santa Sé, foi transferido. S. Pio X estimava-o
muito e falava-lhe com grande confiança.
- O Senhor é feliz, senhor Ministro, pode voltar para a sua
casa do Brasil. Assim não será testemunho da Guerra
Mundial.
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- Sua Santidade refere-se ao conflito dos Balcãs?
- Os Balcãs são o principio de uma grande conflagração
que eu não posso impedir, e à qual não poderei resistir.
- Por aquele mesmo tempo, passeando pelos jardins, o
Papa confiou os seus temores a Monsenhor Bressan.
- Sinto compaixão pelo meu sucessor. Eu já não o verei,
mas o “Religião desolada” é eminente (“Religião desolada”
era o mote que na profecia de S. Malaquias correspondia ao
Papa sucessor de S. Pio X).
Assassinato de Sarajevo. Merry del Val correu a comunicar
ao Papa o triste telegrama enviado pelo Núncio de Viena.
S. Pio X exclamou:
-Eminência, é a faúlha que vai atear o grande incêndio.
E acrescentou:
- Vamos rezar, e rezaremos também pelos mortos.
A tensão diplomática sacudiu a Europa.
A Áustria enviou o seu ultimatum à Sérvia. S. Pio X telegrafou aos núncios, pedindo-lhes um esforço desesperado. Inútil. O Imperador da Áustria pediu-lhe uma bênção para as
suas tropas. Ordenou que lhe respondessem:
-Eu abençoo a paz, não a guerra.
Mobilizações na Áustria-Hungria, na Sérvia na Rússia, na
Alemanha, na Bélgica, na França.
O Papa, a cada telegrama, repete:
- Pobres, meus pobres filhos!
O sorriso desapareceu do seu rosto.
Restam-lhe poucos dias de vida.
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A 2 de Agosto de 1914, a imprensa do mundo inteiro reproduziu uma exortação enternecedora:
“… quase toda a Europa é arrastada na vertigem de uma
guerra implacável…..”
S. Pio X não fala de outra coisa, não pensa noutra coisa:
- São milhões de homens que morrem. Eu queria tê-los
evitado. Não pude. Resta-me a dor. Se eu não pensasse na
salvação de tantas vidas jovens, quem pensaria nela?
3) Na História
a) Deflagração
A Primeira Guerra Mundial iniciou o primeiro grande conflito
internacional do século vinte. O assassinato do arquiduque
Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, e
de sua esposa, a arquiduquesa Sofia, em Sarajevo, no dia 28
de Junho de 1914, desencadeou as hostilidades que começaram em agosto de 1914 e se prolongaram por várias frentes
durante os quatro anos seguintes.
b) Aliados x Impérios Centrais
Durante a Primeira Guerra Mundial, os Aliados – GrãBretanha, França, Sérvia e Rússia Imperial (às quais se uniram
posteriormente Grécia, Portugal, Roménia e Estados Unidos)
– lutaram contra os Impérios Centrais - Alemanha e Império
Austro-Húngaro (às quais se uniram posteriormente o
Império Turco Otomano e a Bulgária).
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c) Impasse
O entusiasmo inicial de todos os contendores acreditando
que haveria uma vitória rápida e decisiva desapareceu quando a Guerra começou a se arrastar, marcada por infindáveis,
com grandes perdas humanas e materiais, e os terríveis combates nas trincheiras, particularmente na Linha de Frente
Ocidental da Guerra. O sistema de trincheiras e fortificações
naquela Frente se estendia por 760 quilómetros aproximadamente, do Mar do Norte à fronteira suíça, e definiu a Guerra
para a maioria dos combatentes dos Estados Unidos e do
oeste europeu. Apesar da grande extensão da Frente
Oriental, a qual impedia combates em larga escala nas
trincheiras, o volume do conflito foi igual ao da Frente
Ocidental. Houve muitas batalhas também no norte da Itália,
nos Balcãs e no Império Otomano. Combates eram travados
na terra, no mar e, pela primeira vez, no ar [OBS: início da
aviação bélica].
d) Entrada dos Estados Unidos na guerra
Uma mudança decisiva em relação às hostilidades ocorreu
em Abril de 1917, quando a política de guerra submarina
irrestrita da Alemanha fez com que os EUA abandonassem
sua posição de isolacionismo e tomassem parte central no
conflito. Novas tropas e equipamentos militares das Forças
Expedicionárias Americanas (AEF), sob a liderança do general
John J. Pershing, adicionados a um bloqueio cada vez mais
rigoroso dos portos alemães, ajudaram a alterar o equilíbrio
do esforço de guerra, proporcionando uma vantagem para as
Potências Unidas.
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e) A Revolução Russa
Essa nova vantagem para as forças unidas foi inicialmente
contrabalançada por eventos ocorridos no palco oriental da
Guerra. Desde o início de 1917, a Rússia, um dos principais
Aliados, encontrava-se muito tumultuada. Em Fevereiro
daquele mesmo ano, as grandes dificuldades do governo
czarista para administrar a guerra ajudaram a incentivar um
levantamento popular que ficou conhecido como “A Revolução de Fevereiro”. Esta revolução forçou à abdicação do
Czar Nicolau II e colocou no poder um Governo Provisório
formado por facções liberais e socialistas, e posteriormente
Alexander Kerensky, membro do partido Socialista Revolucionário, tornou-se seu líder. A breve experiência com a democracia pluralista foi caótica, e de junho a setembro a contínua deterioração dos esforços de guerra e uma situação
económica cada vez mais precária, fizeram com que os trabalhadores, soldados e marinheiros russos se rebelassem ("Os
Dias de Julho").
De 24 a 25 de outubro de 1917, forças bolcheviques (socialistas de esquerda) sob a liderança de Vladimir Lenin tomaram
os prédios governamentais mais importantes, invadiram o
Palácio de Inverno e, em seguida, a sede do novo governo na
então capital da Rússia, Petrogrado (atual São Petersburgo).
A "Grande Revolução Socialista de Outubro", o primeiro golpe marxista bem-sucedido da história, derrubou o Governo
Provisório e, finalmente, estabeleceu uma República Socialista Soviética sob a liderança de Lenin. As radicais reformas
sociais, políticas, económicas e agrárias do novo estado soviético iriam, nos anos pós-Guerra, preocupar os governos
democráticos ocidentais que de tal modo temiam a difusão
do comunismo por toda a Europa que estavam mesmo dispostos a fazer acordos com regimes de direita (inclusive com
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o da Alemanha nazista de Adolfo Hitler) nos anos de 1920 e
1930.
Os efeitos imediatos da Revolução Russa no cenário europeu
foram dois: uma brutal e duradoura Guerra Civil em território
russo (1917-1922) e a decisão da nova liderança bolchevique
em fazer um acordo de paz em separado com o Kaiser da
Alemanha. Quando as negociações não atenderam às exigências alemãs, o exército alemão lançou uma ofensiva total
contra a Frente Oriental [onde estava a Rússia], que teve que
aceitar a assinatura de um tratado de paz em Brest-Litovsk,
no dia 6 de março de 1918.
f) O avanço dos aliados e a rendição dos impérios centrais
Apesar das conquistas alemãs, que tiraram a Rússia bolchevique da Guerra no final de 1918 e cujas tropas chegaram aos
portões de Paris em meados do ano seguinte, os exércitos
dos Poderes Unidos conseguiram vencer o exército alemão
no rio Marne. A partir de então, eles avançaram persistentemente em direção às linhas alemãs na Frente Ocidental,
de 8 de agosto a 11 de Novembro de 1918, operação que
ficou conhecida como “A Ofensiva dos Cem Dias".
Os Impérios Centrais começaram a render-se, iniciando-se
pela Bulgária e pelo Império Otomano [actual Turquia e
Próximo Oriente], em Setembro e Outubro, respectivamente.
Em 3 de Novembro, as forças austro-húngaras assinaram
uma trégua próximo a Pádua, na Itália. Na Alemanha, em
Kiel, a rebelião dos marinheiros da marinha daquele país
desencadeou uma grande revolta nas cidades costeiras
alemãs e nas principais áreas municipais de Hannover,
Frankfurt em Main e Munique. Conselhos de trabalhadores e
soldados, baseados no modelo soviético, incitaram a eclosão
da chamada "revolução alemã"; foi estabelecida a primeira
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"república de conselhos" (Räterrepublik) sob a liderança do
Social-Democrata Independente (USPD), Kurt Eisner, na
Bavária. O forte Partido Social-Democrata (SPD) Alemão, sob
a direção de Friedrich Ebert, viu aqueles novos conselhos
como elementos desestabilizadores e defendeu a opinião
popular alemã que clamava por uma reforma parlamentar e
pela paz.
g) Armistício
Em 9 de Novembro de 1918, em meio à agitação difundida
entre a população e abandonado pelos comandantes do seu
exército, o Imperador (Kaiser) Guilherme II abdicou do trono
alemão. No mesmo dia, Philipp Scheidemann, representante
do SPD, proclamou a república na Alemanha, com um governo provisório liderado por Friedrich Ebert. Dois dias depois,
os representantes alemães, liderados pelo representante do
Partido Católico Central (Zentrum), Matthias Erzberger,
reuniram-se, num trem na Floresta de Compiègne, com uma
delegação dos Aliados, liderodas pelo Marechal-de-Campo
francês Ferdinand Foch, o comandante-geral dos aliados, e a
Alemanha aceitou os termos do armistício.
Às 11 horas do dia 11 de Novembro de 1918, os combates na
Frente Ocidental cessaram. A "Grande Guerra", como seus
contemporâneos a denominavam, havia terminado mas o
enorme impacto do conflito nas esferas internacionais,
políticas, económicas e sociais ainda seria sentido por
décadas.
h) Perdas
A Primeira Guerra Mundial foi uma das guerras mais destruidoras da História moderna. Quase dez milhões de soldados morreram como resultado das lutas, um número que
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exce-deu, em muito, as perdas militares de todas as guerras
dos cem anos anteriores em conjunto. Embora seja difícil
fazer uma estimativa precisa do número de baixas, calcula-se
que aproximadamente 21 milhões de homens foram feridos
em combate.
O grande número de perdas para todos os participantes do
conflito deveu-se, em parte, à introdução de novos armamentos, como a metralhadora e o emprego de gás, e também à incapacidade dos líderes militares de ajustarem suas
táticas à natureza cada vez mais mecanizada da guerra. A
política de atritos, especialmente na Frente Ocidental, custou
a vida de centenas de milhares de soldados. No dia 1º de Julho de 1916, a data em que houve o maior número de baixas
num único dia, só o exército britânico, no rio Somme, perdeu cerca de 57.000 soldados. A Alemanha e a Rússia tiveram
o maior número de baixas militares: cerca de 1.773.700 e
1.700.000 mortos, respectivamente. A França perdeu 16%
das suas forças mobilizadas, a mais alta taxa de mortalidade
em relação ao número de tropas em combate.
Nenhum órgão oficial manteve registros cuidadosos das perdas civis durante os anos de guerra, mas estudiosos garantem que pelo menos 13.000.000 de não-combatentes também morreram como resultado direto ou indireto das hostilidades. Houve também um enorme aumento na mortalidade
de militares e civis no fim da Guerra com a chegada da "Gripe
Espanhola", a epidemia de gripe mais letal da História.
Milhões de pessoas foram expulsas ou deslocadas de suas
residências na Europa e na Ásia Menor como resultado do
conflito. As perdas de propriedades e de indústrias foram
catastróficas, principalmente na França e na Bélgica, áreas
onde os combates foram os mais intensos.
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III – ENTRE O FIM DA 1ª. (1918)
E O PRINCÍPIO DA 2ª. GUERRA MUNDIAIS (1939)
1) Uma nova guerra mundial?
No fim da 1ª. Grande Guerra, inclusivamente dez anos depois
de ela terminar, ninguém admitia a possibilidade de outro
conflito mundial. As opiniões dos analistas políticos, como se
pode ver pelos jornais da época, iam todas no sentido de que
a guerra de 14/18 seria a última da história do mundo, tão
grandes haviam sido as desgraças, e tão dura a lição que ela
para todos constituiria.
2) A “ Guerra dos trinta anos”
Esta autêntica “guerra dos trinta anos”, como o General De
Gaulle e Winston Churchill gostavam de afirmar (já que entre
a Primeira Guerra, iniciada em 1914 e o final da Segunda
Guerra, em 1945, praticamente não houve tréguas, uma vez
que os conflitos não pararam), provocou uma destruição
nunca antes verificada.
“Entre 1920 (dois anos depois do fim da 1ª. Guerra Mundial)
e 1939 (princípio da II Guerra Mundial), isto é num espaço de
19 anos, assinaram-se no mundo 4.568 tratados de paz, sendo 212 nos 330 dias que precederam o início da guerra.
Quase um tratado por dia.
Aí está a ironia do esforço humano a favor da Paz.
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3) A moral entre as duas Guerras
Desnecessário se torna dizer que o homem não aprendeu
nada com a 1ª. Guerra Mundial que o trouxe para a guerra,
ele procurou a sua própria maneira de garantir a paz. Em vez
de se afastar do pecado pela penitência, ele tornou-se mais
sensual do que antes. O seu desejo de avidez fez aumentar a
proporção de crime, de divórcio, de corrupção política, desonestidade nos negócios e, um ano depois do aviso de nossa
Senhora, a primeira capitulação de uma igreja cristã para a
contracepção. Como nossa Senhora predisse, uma guerra
pior foi o resultado.
A História repetiu-se porque o homem falhou em aprender qualquer coisa da mais sangrenta guerra em toda a
História e pôs-se a caminho de outra ainda mais sangrenta
quando “todas as Nações forem aniquiladas”.
4) Motivos espirituais: em direcção à 2ª. Guerra Mundial
“ (….) Neste tempo em que o mundo é atravessado por uma
onda de despudor e de baixeza moral, é mais necessária a expiação e o desagravo” (servo de Deus frei Bernardo de Vasconcelos, português))
Em 1935, e muitas outras vezes, o Senhor anunciou à mística portuguesa a beata Alexandrina de Balazar a guerra como castigo dos graves pecados da humanidade. Dizia-lhe:
- São as vítimas dos Meus sacrários que sustentarão o
braço da Justiça Divina, para que não caiam castigos maiores.
A 11 de Setembro de 1938, Jesus dizia à beata Alexan
drina de Balazar:
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- Eu não posso mais com a monstruosidade do pecado.
Penitência, penitência em todo o mundo, penitência. Ou o
mundo se levanta rápido, ou com a mesma rapidez será destruído. Ai do mundo! A justiça divina não pode mais suportálo. Entristece-te comigo…Diz depressa ao teu Padre Espiritual
que isto se faça ouvir no mundo, com a fortaleza do trovão e
com a luz luminosa do relâmpago: Penitencia! Penitencia!
Penitencia! Depressa virá o Dia da Catástrofe! Não o duvides
nem um instante que é o teu Jesus quem te fala.
Menos de um ano depois, a 1 de Setembro de 1939,
rebentou a 2ª. Guerra Mundial.
5) Primeiros sábados do mês: afastando o castigo
(….) Nossa Senhora prometeu adiar para mais tarde o flagelo
da guerra se for propagada e praticada esta devoção. VemoLa afastando esse castigo à maneira que se vão fazendo esforços para a propagar, mas eu tenho medo que nós possamos fazer mais do que fazemos e que Deus pouco contente, levante o braço da Sua Misericórdia e deixe o mundo
assolar-se com esse castigo. Que será como nunca houve,
horrível, horrível. (Serva de Deus Irmã Lúcia, carta ao senhor
padre Aparício, 20-6-1939, a propósito dos primeiros sábados).
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IV - GUERRA CIVIL ESPANHOLA
1 – Profecia da beata Jacinta Marto
É interessante notar que a beata Jacinta, já em Lisboa, repetia: “Se os homens não se emendarem, nossa Senhora enviará ao mundo um castigo como não se viu igual e, antes
dos outros países, à Espanha”. (Carta da Madre Godinho, de
19 a 30 de Novembro de 1937).
2 - Motivos espirituais
Em Outubro de 1936, o Senhor comunica à mística portuguesa, a beata Alexandrina de Balazar:
“Este flagelo (a guerra civil de Espanha) é um castigo, é a ira
de Deus. Eu castigo, para chamar, a todos quero salvar. Morri
por todos. Eu não quero ser ofendido e sou-O muito horrorosamente na Espanha e em todo o mundo”
3 - História
A Espanha foi, na guerra civil espanhola de 1936 a 1939,
palco de experiências ideológicas, políticas, diplomáticas e
militares que, a partir de 1939, foram postas em prática no
maior conflito bélico dos tempos modernos – a II Grande
Guerra.
As potências externas vencedoras ( a Alemanha, de Adolfo
Hitler e a Itália, de Benito Mussolini) de guerra civil espanho
la, perderam, no entanto em 1945, a sua pretensão de
dominar o mundo e de impor ordem política que Francisco
Franco erigiu em Espanha em 1939 e manteve sem
interrupções, até 1975.
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As tácticas de guerra e de diplomacia que tiveram como
“laboratório natural” a terra Espanhola conduziram a resultados catastróficos: cerca de um milhão de mortos, dois milhões de prisioneiros e mais de 183 cidades ou vilas afectadas
ou mesmo destruídas.
No final do conflito, os generais Espanhóis vencedores proclamaram a imposição de um partido único ( a Falange), uma
religião dominante, a Igreja Católica, e a submissão a um
chefe incontestado, o caudilho.
Este, de nome Francisco Franco Bahamonde, mandou cunhar moeda com os dizeres: ”Caudilho de Espanha pela Graça de Deus”, uma divisa que durou até 1975.
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V – 2ª. GUERRA MUNDIAL
1) Profecias da beata Jacinta Marto
a) 1ª Profecia
É interessante notar que a Jacinta já em Lisboa repetia:
” Se os homens não se emendarem, nossa Senhora enviará
ao mundo um castigo como não se viu igual (….)”. A pequena
falava também de grandes acontecimentos que se deviam
realizar por volta de 1940. (Carta da Madre Godinho, de 19 a
30 de Novembro de 1937).
b) 2ª profecia
A pequenita- conta Lúcia”- impressionava-se muito com
algumas coisas reveladas no segredo. Assim era (….) a futura
guerra, cujos horrores ela parecia ter presentes.
Quando a via muito pensativa, perguntava-lhe:
-Jacinta, em que pensas?
E não poucas vezes me respondia:
- Nessa guerra que há-de vir, em tanta gente que há-de
morrer e ir para o Inferno. Que pena! Se deixassem de ofender a Deus, nem vinha a guerra, nem iam para o Inferno.
Um dia fui a sua casa para estar um pouco com ela.
Encontrei-a sentada na cama muito pensativa.
- Jacinta? Que estás a pensar?
- Na guerra que há-de vir. Há-de morrer muita gente e vai
quase todo para o Inferno. Hão-de ser arrasadas muitas casas
e mortos muitos padres”.
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c) Comentários à 2ª. profecia
c1) “Tanta gente há-de morrer”
Os mortos na guerra foram calculados entre 50 a 100
milhões. Oxalá a primeira parte da profecia não se tivesse
verificado!
c2) “Hão-de ser mortos muitos padres”
Sacerdotes, sabemos que morreram muitos milhares. Só
no Campo de Concentração de Dachau pereceram 2.579.
c3) “Hão-de ser arrasadas muitas casas”
Para aliviar a angústia da Irmã Consolata pela destruição de
tantas casas, na sua amada cidade de Turim, como consequência dos violentos bombardeamentos aéreos, Jesus convidava-a ao mesmo pensamento de fé:
“ Consolata, as casas reconstroem-se; as almas que se perdem, não. Oh! E não será melhor salvar as almas e perder as
casas do que perder aquelas eternamente e salvar estas?”
(Dezembro de 1942).
O que a beata Jacinta criança predisse acerca da destruição de muitas casas concretizou-se.
A guerra provocou uma destruição nunca antes verificada. A prová-lo, estão as dezenas de cidades totalmente destruídas pelos bombardeamentos.
Claro que numa guerra o lema é “matar ou morrer” e
quando os Alemães iniciaram esta guerra aérea em 1940
com o bombardeamento de Coventry, na Inglaterra, os
“Aliados” fizeram o mesmo e foram aos poucos destruindo
18
dezenas de cidades Alemãs, com o particular destaque para
Dresden. Entre a Terça-Feira de Carnaval e a Quarta-Feira de
Cinzas, foram mortas mais de 40 mil pessoas.
2) O grande sinal
a) Profecia de nossa Senhora de Fátima
“Quando virdes uma noite alumiada sabei que é o grande
sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus
crimes, por meio de guerras, de fome e de perseguições à
igreja e ao Santo Padre”. (13 de Julho de 1917)
b) Entrevista da Serva de Deus Irmã Lúcia
Pergunta:
- Em que data se deu a aurora boreal de que fala a Irmã Lúcia? Pode fornecer alguns esclarecimentos a seu respeito?
Resposta:
- Vi-a. Os únicos esclarecimentos que posso dar é que, ao vêla, tive o pressentimento de que não era uma aurora boreal
natural, mas sim a luz predita por nossa Senhora em 13 de
Julho de 1917, como sinal da próxima guerra.
Não parece haver dúvida aceitável de que realmente foi
“uma aurora boreal natural”, facto que em nada impede que
também fosse, simultâneamente, “ sinal da próxima guerra:
Cfr. Sebastião Martins dos Reis: “ Fátima - As suas provas e
os seus problemas”, Lisboa, 1953, pp. 244-248.
Além disso nam a Irmã Lúcia é intransigente no seu ponto de
vista, pois se limita a uma opinião pessoal, como confessou
depois: “Se examinarem bem, verão que não foi (aurora
19
boreal natural)….. da forma que se apresentou tal aurora;
mas seja o que quiserem”.
c) Descrição do grande sinal
Noite de 25 para 26 de Janeiro de 1938 – Quem
presenciou essa “luz desconhecida” tremia dos pés à cabeça,
profundamente aterrorizado.
Todo o céu parecia arder”
Nuvens vermelhas, em chamas de fogo, corriam velozmente em todo o espaço celeste.
Irradiavam a sua luz cor de sangue sobre as pessoas, as
árvores e os edifícios.
Dava a impressão de que um imenso incêndio ia abrasar
toda a terra.
Muitas pessoas choravam, julgando terem chegado ao fim
da sua vida na Terra. E os que tinham fé rezavam em voz alta,
implorando a Misericórdia de Deus.
E os descrentes, contagiados pela oração dos que rezavam
punham de lado o seu ateísmo, batendo no peito, improvisando uma oração a Deus que nunca tinham procurado
conhecer.
Este sinal (…) era sim para todo o povo daquela época, do
nosso tempo e do tempo que se irá seguir.
Este grande sinal é um grande aviso, um convite de Deus
Todo Poderoso, mas Pai de misericórdia, chamando à emenda de vida os que andam pelo caminho do pecado.
No dia 26 de Janeiro os jornais procuravam explicar o
acontecimento como uma aurora boreal.
A Serva de Deus, Irmã Lúcia, em carta ao senhor bispo de
Leiria escreveu: “V Exª. Revma. não ignora como, há alguns
anos, Deus manifestava esse sinal que os astrónomos quise-
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ram designar com o nome de “aurora boreal”. Não sei.
Parece-me que, se examinassem bem, veriam que que não
foi nem podia ser, da forma que se apresentou tal aurora!”.
Tal luz cobriu o espaço celeste de vermelho carregado.
Não foi produzida nem pela luz do Sol nem da Lua, mas uma
energia nuclear….
O que dizem os especialistas em energia nuclear – Em Novembro de 1982, 24º. encontro anual da Divisão dos Físicos
de Plasma, em Nova Orleães, o Doutor McNally fez uma
exposição sobre o “grande sinal” de 1938 que tinha sido
predito em Fátima.
Após alguns anos de estudos e pesquisas, o Doutor McNally estava capacitado para mostrar que “este grande sinal”
não era uma aurora boreal natural, mas era como uma falsa
aurora crida por uma explosão nuclear.
Milhões de pessoas pensaram que era o fim do mundo.
Mas a imprensa secular assegurou-as de que “aquela luz estranha” era justamente uma invulgar aurora boreal”.
“ Lúcia sabia que era o grande sinal do aviso da guerra. Ela
informou o Senhor Bispo de Leiria. O mundo, porém, não foi
informado”). – “Voice of the Sacred Horts” – Voz dos Sagrados Corações – Janeiro – Fevereiro de 1994.
Se a “explosão nuclear criada” não foi produzida por um
engenho humano, é fácil pensar que foi pela acção do poder
de Deus, empregando um choque de alguns átomos na
atmosfera.
Outros cientistas afirmam: se uma super-bomba nuclear
explodir na atmosfera, queimará o oxigénio, causando a
morte a muitos milhões de pessoas.
Afirmam igualmente: uma super-bomba, explodindo no
mar, pode produzir em cadeia o incêndio de todo o oceano.
21
Deus, Todo-Poderoso, criou a atmosfera que nos fornece
o oxigénio indispensável para a respiração e purificação do
sangue.
Se a grande multidão dos homens continuar em guerra e
desprezo contra Ele, essa multidão pode perecer no fogo da
atmosfera a arder.
Aquela luz desconhecida da noite de 25 para 26 de Janeiro
de 1938, é um sério aviso do que acontecerá se não houver
emenda de vida.
Estamos na alternativa.
- Ou a conversão e volta para Deus;
- Ou fogo que dará a morte a maus e a bons, numa
extensíssima parte da Terra.
3) Consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria
a) Nossa Senhora em Fátima
Para a impedir (a guerra), virei pedir a consagração da Rússia
a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábado. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se
converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo
mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons
serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer,
várias nações serão aniquiladas. Por fim o meu Imaculado
Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia,
que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo
de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé.
22
b) Antes da consagração de 1942
Íntimamente, tenho falado com nosso Senhor do assunto e
há pouco perguntava-Lhe porque não convertia a Rússia sem
que Sua Santidade fizesse essa consagração. “Porque quero
que toda a Minha Igreja reconheça essa consagração como
um triunfo do Coração Imaculado de Maria, para depois estender o seu culto e pôr, ao lado da devoção do Meu Divino
Coração, a devoção deste Imaculado Coração.”
(…) O Santo Padre! Ora muito pelo Santo Padre. Ele há-de fazê-la, mas será tarde (…)” . (Serva de Deus Irmã Lúcia, carta
de 18-5-1936).
Em Agosto de 1936, Jesus queixa-Se de nada se ter feito
pela consagração e manda escrever ao Papa, senão o flagelo,
que está a castigar a Espanha (ou seja, a guerra civil
espanhola) estender-se-á ao mundo inteiro.
Em Janeiro de 1939, Jesus comunica à beata Alexandrina
de Balazar “ que o mundo está suspenso por um fio, fragilíssimo. Ou o Santo Padre se move a consagrá-lo ou o castigo
virá sobre o mundo. E acrescentava que a Sua Mãe era o remédio para tudo.
Pouco depois, a 2 de Março, o venerável Pio XII era eleito
Papa. Dezoito dias depois, isto é, a 20 de Março, Jesus disse à
beata Alexandrina:
“Será este o Papa que fará a consagração”
(….) Por esse acto (a consagração) Ele teria aplacado a Sua
Justiça e perdoado ao mundo o flagelo da guerra, que desde
(a guerra civil de Espanha) a Rússia vai promovendo pelas
23
Nações. (….) A não ser a intervenção desse acto, pelo qual
nos será concedida a paz, (….) (Serva de Deus Irmã Lúcia,
carta de 21-1-1940)
P.S: A Serva de Deus a Irmã Lúcia não diz isto por acaso, pois
mal a consagração foi feita, como vamos ver mais à frente,
os Alemães, que estavam na ofensiva em todas as frentes,
começaram a perder terreno em todas as frentes, até à derrota final. O que teria acontecido se a consagração tivesse
sido feita antes da guerra? Possivelmente, e é o mais provável, não teria havido guerra.
(….) Deus, se quiser, pode fazer que a causa (da consagração) ande depressa. Mas, para castigo do Mundo, deixa que
vá devagar. A Sua Justiça, provocada pelos nossos pecados,
assim o exige. (Serva de Deus Irmã Lúcia, carta de 24-41940).
(…) Quanto à consagração da Rússia, não se fez no mês de
Maio, como V. Rev.cia esperava. Há-de fazer-se, mas não já.
Deus permitiu-o agora, assim, para punir o Mundo dos seus
crimes. Bem o merecemos. Depois atenderá às nossas po
bres orações. (Serva de Deus Irmã Lúcia, Carta de 15-7-1940).
Recebi carta do Sr. Pe. José Bernardo Gonçalves e do Senhor
bispo de Gurza, mandando-me escrever a Sua Santidade…
Passei com este duas horas de joelhos diante de nosso Senhor exposto: “ (…) Sua Santidade obterá a ABREVIAÇÃO
destes dias de tribulação, se atender a Meus desejos, fazendo um Acto de Consagração ao Imaculado Coração de Maria,
do mundo inteiro, com menção especial pela Rússia….”(Serva
de Deus Irmã Lúcia, carta de 22 de Outubro de 1940).
24
Em várias comunicações íntimas, nosso Senhor não tem
deixado de insistir neste pedido, prometendo ultimamente,
se Vossa Santidade se digna fazer a consagração do Mundo
ao Imaculado Coração de Maria, com menção especial da
Rússia, e ordenar que em união com Vossa Santidade e ao
mesmo tempo a façam também todos os Bispos do Mundo,
abreviar os dia da tribulação, com que tem determinado punir as Nações de seus crimes, por meio da guerra, da fome e
das perseguições à Santa Igreja e a Vossa Santidade. (Serva
de Deus Irmã Lúcia, carta ao venerável Pio XII, de 2 de
Dezembro de 1940).
c) A guerra, antes e depois da consagração de 1942
A Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, era constituída pelo choque de dois grandes blocos: a Alemanha, Itália e
Japão contra os aliados: Estados Unidos, Inglaterra, Rússia e
França.
Se este segundo bloco não merecia inteira confiança por
causa da participação da Rússia, contudo, o primeiro era muito pior por causa do predomínio da tirania Nazista Alemã.
Na Primavera de 1942, a guerra lavrava com furor. Hitler,
senhor de quase toda a Europa, estava perto de dominar os
seus dois poderosos adversários- Inglaterra e Rússia – cortando-lhes o fornecimento de petróleo. Se o conseguisse, venceria a guerra, pois o petróleo tornara-se absolutamente indispensável para a movimentação dos aviões, tanques, máquinas de guerra e tropas.
Estalinegrado, chave do petróleo para a Rússia, e Suez,
para a Inglaterra, estavam prestes a cair nas mãos do Nazismo. A vitória de uma potência anti-cristã e anti-religiosa,
como era o Nazismo, fazia prever dias muito maus para o
cristianismo e especialmente para a Igreja Católica, obra de
25
Jesus, de descendência Judia. Hitler mostrava-se furiosamente decidido a exterminar os Judeus e as suas obras. E
efectivamente mandou matar mais de seis milhões.
Nesta hora sombria e de extremo perigo para a fé, o
venerável Pio Xll voltou-se para Aquela que tantas vezes, no
decorrer dos séculos, tinha socorrido a Igreja ameaçada. Tal
facto foi anunciado por Jesus à beata Alexandrina de Balazar
a 22 de Maio de 1942:
“O Coração do Papa, o coração de ouro, está resolvido a
consagrar o mundo ao Imaculado Coração de Maria. Que
dita, que alegria para o mundo ser consagrado, pertencer
mais que nunca à Mãe de Jesus”
A 31 de Outubro de 1942, dirigindo-se ao povo Português,
que celebrava o jubileu das aparições de nossa Senhora em
Fátima e que era também o jubileu da consagração episcopal
do Papa, consagrou o mundo ao Imaculado Coração de
Maria, suplicando a paz para os homens em guerra.
Disse então o Papa:
“Hoje, que o quarto ano de guerra amanheceu mais sombrio ainda, um sinistro alastrar do conflito, hoje mais que
nunca só nos resta a confiança em Deus e, como Medianeira
perante o trono Divino, Aquela que um Nosso Predecessor (o
Papa Bento XV) no primeiro conflito mundial, mandou invocar como Rainha da Paz.”
Voltando-se para nossa Senhora exclama:
-“ A Vós, ao Vosso Coração Imaculado, nesta hora trágica
da história humana, confiamos entregamos e consagramos
não só a Santa Igreja….mas também todo o mundo”…
Para a Rússia fazia festa “menção especial”:
“ Aos povos pelo erro ou pela discórdia separados,
nomeadamente `aqueles que Vos professam singular
devoção, onde não havia casa que não ostentasse a Vossa
26
veneranda ícono (Rússia), dai-lhes a paz e reconduzi-os ao
único redil de Cristo, sob o único e verdadeiro Pastor”.
Cumpria deste modo o venerável Pio Xll os pedidos que a
Serva de Deus a Irmã Lúcia lhe tinha dirigido carta de 2 de
Dezembro de 1940:
“Em várias comunicações íntimas, nosso Senhor não tem
deixado de insistir neste pedido, prometendo ultimamente
se Vossa Santidade se dignar fazer a consagração do mundo
ao Imaculado Coração de Maria com menção especial pela
Rússia e ordenar que, em união com Vossa Santidade e, ao
mesmo tempo, a façam também todos os bispos do mundo,
abreviar os dias de tribulação com que tem determinado
punir as Nações dos seus crimes, por meio da guerra, da
fome e de várias perseguições à Santa Igreja e a Vossa Santidade”.
A promessa CUMPRIU-SE – Prometeu Nossa Senhora que
se o Papa Lhe consagrar o mundo com “menção” especial da
Rússia”, a guerra seria abreviada e as suas consequências
atenuadas. A promessa cumpriu-se? Inteiramente.
Até ao dia da Consagração, 31 de Outubro de 1942, não
tinham os aliados alcançado vitória de considerável alcance.
Mas de lá em diante começaram a tê-las tão palpáveis que a
17 de Novembro, o Presidente dos Estados Unidos, declarava”. “Nos últimos 14 dias recebemos muitas e boas notícias. Parece que, afinal, tomámos a iniciativa da guerra”….
E que notícias eram estas?
A 3 de Novembro, três dias depois da Consagração, os Ingleses venceram as tropas de Hitler em El Alamein, perto da
fronteira do Egipto rumo a Suez e desde aquela data as tropas Alemãs foram recuando sem cessar.
A 7 de Novembro, os aliados desembarcaram no Norte de
África. Comentando o facto, dizia Roosevelt:
27
- Na História citar-se-á este desembarque como o primeiro passo para a libertação da França e dos outros Países.
Do outro lado, os Russos, a 19 de Novembro, cortaram a
linha avançada Alemã e no dia 23 isolaram o sexto exército
Alemão que sitiava Estalinegrado. Desde aquela data começava a retirada incontida das tropas de Hitler.
Um observador militar escreveu na revista Francesa “La
France Livre” (página 258, 259 e 266): “ Desde Novembro, as
tropas de Hitler entraram em retirada em todos os campos
de batalha, desde a África tórrida até às estepes da Rússia. A
reviravolta foi repentina e quase ao mesmo tempo de um
extremo ao outro da imensa linha de batalha”. TERÁ SIDO
NOSSA SENHORA? – Agora dirá alguém: Isto foi logo depois
da Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, é
verdade. Mas terá sido mesmo por intervenção de Nossa
Senhora?
Para nos mostrar que era verdadeiramente Ela que
intervinha, fez que todas as vitórias coincidissem em festas
Suas:
A 2 de Fevereiro de 1943, festa da Purificação de Nossa
Senhora, Estalinegrado foi libertada.
13 de Maio de 1943, Nossa Senhora de Fátima, cai Tunis, o
último ponto no Norte de África ocupado pelos Alemães, que
retiram para a Sicília.
8 de Setembro de 1943, natividade de Nossa Senhora,
rende-se a Itália fascista.
15 de Agosto de 1944, Assunção de Nossa Senhora, os
aliados desembarcam em Toulon, França, o que lhes permite
atacar Hitler desde os dois flancos da frente Francesa.
12 de Setembro de 1944, Santíssimo Nome de Maria, os
aliados conseguem atravessar a fronteira da Alemanha, o
que provoca a derrota rápida daquela Nação.
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15 de Agosto de 1945, Assunção de Nossa Senhora, rendese o Japão.
8 de Setembro de 1945, Natividade de Nossa Senhora, o
Japão assina o tratado de paz.
(….) (Deus) promete o fim da guerra para breve em atenção
ao acto que se dignou fazer Sua Santidade. (Carta da Serva
de Deus Irmã Lúcia um Padre Superior, 4-5-1943).
4) O Coração Imaculado de Maria protege quem a Ela se
consagra
O padre Blaisot, pároco de Saussey (Mancha) escreveu:
- “Esta paróquia, da diocese de Coutances, consagrou-se
ao Imaculado Coração de Maria. A 11 de Julho de 1944 fez,
por escrito, a promessa de erigir uma estátua de nossa Senhora de Fátima na praça pública, se a povoação fosse preservada das destruições da guerra.
Em Junho de 1945, Saussey encontrava-se em plena zona
de combate, muito perto do local de desembarque das tropas Americanas. Contudo, a 29 de Julho, data do aniversário
da consagração, todo o território da freguesia estava libertado sem que uma só casa tivesse sido beliscada, que um
único habitante tivesse sido ferido. A ordem de fazer ir pelos
ares um grande depósito Alemão de munições ficou sem se
cumprir”.
E o pároco de Martres (Pás de Calais) escreveu:
- A 5 de Outubro de 1974 inaugurou-se uma estátua de
Nossa Senhora de Fátima na praça em frente da igreja paroquial. Este monumento ergueu-se em cumprimento de um
voto feito em 1944 pela povoação. Como na região ficavam
29
várias rampas de lançamento de bombas V l, os bombardeamentos eram incessantes sobre a nossa freguesia. Pois
não houve vítimas. Um dia, principalmente quando os homens voltavam do trabalho, foram surpreendidos por um
bombardeamento maior. Deitaram-se ao chão e, quando se
ergueram, nenhum tinha sofrido a mais pequena beliscadura
apesar de o chão em volta ter ficado crivado de balas.
Os padres da União de S. João, que têm um seminário na
diocese da Guarda, começaram, ainda antes da ll Guerra, a
propagar os pedidos de Nossa Senhora de Fátima e, consequentemente, a consagração ao Coração Imaculado, em várias paróquias da Alemanha, inclusivamente em Berlim, onde
um razoável grupo de senhoras se consagrou.
Na última fase do conflito, quando Berlim caiu em poder
do exército Russo, foi um desastre colossal, segundo o que
contou um dos sacerdotes.
Cerca de noventa por cento das filhas daquela cidade
foram, nessa altura, vítimas da brutalidade dos soldados
russos que as violentaram e maltrataram, a ponto de
algumas terem morrido no acto. De entre as consagradas,
nem uma foi molestada.
(Deus) promete o fim da guerra para breve em atenção ao
acto que se dignou fazer Sua Santidade. ( Carta da Serva de
Deus Irmã Lúcia a um Padre Superior, 4-5-1943).
5) Aumento da tribulação
22-10-1940- Recebi carta do Sr. Pe. José Bernardo Gonçalves e do Sr. Bispo de Gurza, mandando-me escrever a Sua
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Santidade… Passei com este fim duas horas de joelhos diante
de Nosso Senhor exposto:
….(….) A tribulação continuará e aumentará. Punirei as
Nações dos seus crimes, pela guerra, pela fome, e pela
perseguição à Minha Igreja”.
6) O fim da guerra
a) A aparição de 15 de Maio 1944 em Bonate
Diz a vidente (Adelaide): “Muitas pessoas me tinham
recomendado que dissesse a nossa Senhora para curar os
seus filhos e para perguntas quando viria a paz. Disse tudo a
Nossa Senhora que me respondeu:
Diz-lhes que se querem que os filhos se curem devem
fazer penitência, rezar muito e evitar certos pecados. Se os
homens fizerem penitência a guerra acabará dentro de dois
meses, senão em pouco menos de dois anos.
Rezou comigo uma dezena do terço e depois lentamente
afastou-Se até que desapareceu”.
Da multidão de pessoas que chegaram sucessivamente,
acreditaram ter feito toda aquela penitência e orações que
nossa Senhora pediu e pensaram que a guerra acabaria em
dois meses. Ao invés disso, dois meses depois daquele 15 de
Maio, na quinta-feira 20 de Julho, aconteceu o atentado a
Hitler que provocou o início do declínio da Alemanha e a sua
derrota. A guerra durou ainda até ao Verão de 1945, com a
diminuição gradativa das hostilidades. Nossa Senhora tinha
previsto correctamente: “pouco menos de dois anos”.
(Internet).
31
b) O sangue dos mártires
A guerra terminará quando o sangue derramado pelos mártires fôr bastante para aplacar a Divina Justiça. (Serva de
Deus Irmã Lúcia, carta de 21-1-1940).
c) Quando terminou a guerra
Vejamos que a verdadeira rendição se deu em Reims, no
quartel-general de Eisenhower, mas Estaline exigiu que a
rendição se fizesse no dia seguinte, no quartel-general das
forças armadas Soviéticas em Berlim, já que foram os Soviéticos que mais sofreram com a Guerra, tendo perdido 26 milhões de pessoas.
Mas como a cerimónia se havia atrasado, tendo-se iniciado seis minutos após a meia-noite, portanto já no dia 9 de
Maio, hoje as cerimónias da rendição Alemã são comemoradas, conforme os Países e interesses, em três dias
diferentes.
7) As nações
a) Profecia
Em outra comunicação por Março (?) de 1939, nosso
Senhor disse-me ainda:
- (….) O momento aproxima-se em que os rigores da Mi
nha Justiça vão a punir os crimes de várias Nações. Algumas
serão aniquiladas. Por fim, os rigores da Minha Justiça cairão
mais severamente sobre aquelas que querem destruir o Meu
Reino nas almas.” (Serva de Deus Irmã Lúcia)
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P.S: Possivelmente esta mensagem refere-se na primeira par
te aos Países que foram ocupados pela Alemanha e pelo Japão. “ Aniquiladas” refere-se certamente à Estónia, Lituânia e
Letónia que foram ocupadas pela Rússia e desapareceram
como Países independentes até perto de 1990. A última par
te refere-se certamente à Alemanha e ao Japão, que perse
guiram os cristãos e perderam a guerra.
b) França
Razões da derrota:
b 1) Marechal Pétain
A 16 de Junho de 1940 a França rendeu-se.
O assombro e pasmo espalhou-se por todo o mundo. Uma
das Nações mais fortes e heróicas da Terra ficava derrotada
só depois de dois meses de luta com os Alemães. Onde esta
va a França de Santa Joana d’Arc, de Conde, de Napoleão?
Porque ficou tão depressa derrotada?
Por causa da imoralidade. A impureza é o verme que cor
rói os sentimentos nobres, estraga a coragem, liquida a força,
amarfanha a vida.
O Marechal Pétain, chefe da França, que assinou o armistício, deu a razão: “A nossa derrota veio dos relaxamentos. O
espírito de gozo destruiu o que o espírito de sacrifício tinha
edificado”. Poucos meses depois dizia o mesmo Marechal di
rigindo-se à juventude:
“ Atmosfera malsã, em que cresceram muitos dos vossos
pais, amoleceu a sua coragem, levou-os pela estrada florida
do prazer à pior catástrofe da nossa História”.
33
b 2) Madre Yvone Aimée de Jesus
“A França está muito castigada, mas Deus quer purificá-la
antes de lhe dar a vitória”
“ A França expia o seu fortíssimo gosto pelo prazer, os seus
erros, as suas negligências”
17 de Junho de 1940- “ Apesar desta suspensão dos combates, a França não está perdida. Ela levantar-se-á de novo
quando Deus tiver julgado que esta humilhação que Ele lhe
infligiu terá dado os seus frutos. É preciso acreditar nisso e
preparamo-nos para a próxima primavera por uma vida melhor e mais fervorosa”.
20 de Junho 1940 – “ Possa a França e cada indivíduo
compreender a penosa lição que Deus nos inflige e voltar a
sentimentos mais cristãos….mais generosos. O bom Deus é o
Mestre. Ele quis no-lo lembrar”
“A França pecou muito – e nas melhores famílias, entre os
sacerdotes, entre os religiosos - não havia bastante espírito
de sacrifício, não havia muita piedade verdadeira, não havia
muita mortificação. Eis o que mereceu o castigo, como também as nossas leis contra as Suas Leis. Deus quer que a França se torne o Seu povo escolhido. Ela tornar-se-lo-á mas é
preciso obtê-lo”.
c) Alemanha
Se a Madre Yvone Aimée descobria na fraqueza moral ou es
piritual das Franceses as razões profundas da derrota de
1940, ela não discernia por então um pouco de virtude no
povo Alemão.
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Talvez ela não estivesse longe – onde ela via uma doutrina
de orgulho e de domínio - fora o flagelo de Deus para purificar a França antes de lhe dar a vitória. Mas que este nazismo seria por sua vez destruído. (….) “Quando dois povos se
guerreiam(….) o que triunfa em primeiro lugar não está mais
em segurança que o outro porque a sua vez virá em tempo
futuro. Deus castiga uns pelos outros e geralmente Ele casti
ga aqueles pelos quais Ele castiga os outros”.
8) Venerável Pio XII e Hitler
a) Profecias
O Santo Padre terá muito que sofrer (Nossa Senhora em
Fátima, 13 de Julho de 1917)
Nosso Senhor determinou punir as Nações dos seus crimes por meio das perseguições (….) a Vossa Santidade (carta
da serva de Deus Irmã Lúcia ao venerável Pio Xll, de 2 de
Dezembro de 1940)
b) Antes de chegar ao pontificado
Antes de cingir a tiara papal, tinha sido núncio apostólico em
Munique e em Berlim, precisamente no período da I Grande
Guerra (1914-1918), altura em que Adolfo Hitler, austríaco,
recusado pelo Exército do seu país, se alistou no alemão e ga
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nhou fama de «invulnerável», depois de se ter esquivado a
vários ataques do inimigo, tendo até sido condecorado com a
Cruz de Ferro.
Com a subida a chanceler do ex-soldado do 16.º Regimento
de Infantaria da reserva do reino da Baviera (Alemanha), «o
Papa cria que Hitler estava possesso pelo demónio; por isso
fazia exorcismos à distância na sua capela, como contavam o
sobrinho Carlo Pacelli e outras testemunhas; um episódio foi
verificado pelo jesuíta Peter Gumpel, relator da causa de
beatificação» de Pio XII.
O que provocou a «irritação» de Hitler com o pontífice foi a
publicação da encíclica «Mit brennender Sorge» («Com profunda preocupação»), na qual se denuncia «a repressão da
liberdade religiosa, [e] o culto idolátrico da raça».
«Dissemos vigorosamente que nós,os católicos, não podemos banir os sábios ensinamentos do Antigo Testamento»,
afirmou Pio XII, citado por Ballo.
«Espiritualmente, somos todos semitas", dirá o Papa alguns
meses depois», remata o autor.
«Mit brennender Sorge» foi publicada em Março de 1937, e
é uma das raras encíclicas publicadas em alemão, tendo sido
impressa secretamente na Alemanha e lida em todos os templos católicos, o que motivou perseguições a vários religiosos
e seguidores da Igreja de Roma.
«Tenho de agir pela paz, mesmo correndo um risco como
este [a conjura contra Hitler] para eliminar a loucura nazi»,
escreveu Pio XII, citado por Ballo.
O Papa reagiu também de forma «fria» e com relutância à
36
capitulação dos bispos austríacos, que três dias depois da
entrada pacífica de Hitler na Áustria, assinaram uma declaração de apoio ao que se apresentou como «a integração
austríaca no Reich germânico».
O cardeal-arcebispo de Viena, Teodoro Innitzer, líder da Igreja austríaca, acrescentou à sua assinatura uma saudação nazi,
tendo sido de imediato chamado ao Vaticano, e motivou
uma forte repreensão e repulsa de Pio XII que o acusou de
«ingénuo», e questionou se nunca lera «uma página» da
obra «Mein Kampf», na qual Hitler expõe a sua doutrina
nacional-socialista.
c) Como Papa
Em 8 de Setembro de 1943, Adolfo Hitler deu ordens para
tomar de assalto o Vaticano e deportar o venerável Pio Xll.
A revelação deste episódio foi feita na cidade de Rimini
pelo ex-Presidente da Republica Italiano, Giulio Andrioti, du
rante a apresentação do último livro escrito pelo investigador
Andrea Tornielli.
Publicado pela editora Italiana Piemme, o livro de Tornielli
intitula-se: “ Pio Xll: o Papa dos Hebreus”.
(….) o antigo presidente Italiano revelou aos presentes o
inventário estenográfico do general Wolff, chefe das temidas
“SS” em Itália. Nele, o oficial nazi relata que Hitler lhe deu
ordens para “destruir o Vaticano” e prender o sumo Pontífice, para depois desterrá-lo.
O desterro do venerável Pio Xll, segundo a narração do
general Wolff, teria lugar no Liechtenstein, um ducado então
neutral. Mas porque estava pouco decidido a aplicar a ordem
37
de Hi-tler, o chefe das “SS” Italianas solicitou um encontro
reser-vado com o Papa, a quem lhe revelou as intenções do
seu líder.
Hitler projectou levar o venerável Pio XII e os seus mais direc
tos colaboradores para a Alemanha, a fim de fazer calar aque
las vozes e aquelas pessoas que mais impediam os seus pro
jectos.
A 5 de Fevereiro de 1944, o embaixador alemão junto da
Santa Sé, doutor Weissatzer, foi recebido em audiência pelo
Papa. Anunciou ao Santo Padre que, em vista da inclusão de
Roma na frente de batalha e do seu possível ataque pelas for
ças aliadas, o seu Governo tinha determinado tomar as medi
das necessárias para a protecção e segurança do Papa e cola
boradores.
O seu governo estava a preparar na Alemanha uma residência digna do Chefe da Cristandade.
O venerável Pio XII compreendeu imediatamente o que
queria dizer o embaixador, e respondeu energicamente:
- Senhor embaixador, queira comunicar ao seu Governo
que o Papa não só se nega a abandonar Roma, suceda o que
suceder, mas que, desde agora, protesta contra a inqualificável violência projectada, mais contra o Vigário de Cristo
que contra a nossa humilde pessoa. Se persistirem na realização de tão ímpio projecto, o Vigário de Cristo protestará
diante do mundo inteiro. Certamente V. Exª. não desconhecerá o que a História nos conta de Napoleão, depois que praticou uma violência semelhante contra os nossos predecessores Pio VI e Pio VII, de santa memória.
O embaixador, como que fulminado, retirou-se perturbadíssimo.
38
Na manhã do dia seguinte, 6 de Fevereiro, foram urgentemente convocados todos os cardeais da Cúria Romana, que
se comprometeram com juramento a obedecer sempre ao
Papa e compartilhar o seu destino. Às 11 horas em ponto en
contravam-se reunidos na sala do Consistório. O venerável
Pio XII, depois de lhes notificar a tempestuosa entrevista da
Véspera com o embaixador alemão concluiu:
- Veneráveis Irmãos, a Divina Proviência talvez nos depare
um transe doloroso. Seja feita a Vontade de Deus! Parece-me
supérfluo afirmar que, suceda o que suceder, jamais abandonaremos a Sé Apostólica, como nem a nossa amada Roma.
Só cederemos perante a violência. Em tal caso, tomaremos
todas as medidas para que o mundo saiba que o Vigário de
Cristo não cederá, nem sequer diante da eventualidade de
terminar a sua vida terrena num campo de concentração.
Mais que a nossa, preocupa-nos a vossa, veneráveis Irmãos.
Por isso vos desligamos do juramento de obediência e da
obrigação de compartilhar o nosso destino. Todos ficais livres
para proceder como julgardes mais conveniente à vossa segu
rança.
Sucedeu então um facto impressionante. Todos os cardeais responderam que nunca, nem por nenhum motivo,
abandonariam o Sumo Pontífice, cuja sorte queriam acompanhar. Para estarem mais junto dele e prontos para qualquer contingência, pediam autorização para se transladarem
para a cidade do Vaticano.
Por uma intervenção especial de Deus, a Alemanha não
levou avante o seu intento. Foi o fruto de muitas orações e,
de um modo particular, da beata Alexandrina.
No extase de 6 de Novembro de 1940, pediu a Jesus a Sua
protecção especial para o venerável Pio XII, e obteve esta res
posta:
“O Santo Padre será poupado. O dragão vermelho e raivo39
so, que é o mundo, não ousará tocar no seu corpo. Mas a sua
alma será vítima dele”.
Quando em 1943 as ameaças de rapto se tornaram mais
patentes, a beata Alexandrina escreveu uma longa carta ao
Santo Padre, para lhe assegurar que oferecera a sua vida por
ele e que Jesus lhe garantira que nada lhe haveria de aconte
cer.
Sabe-se que o Governo português também não ficou
indiferente perante esta dolorosa perspectiva e ofereceu
refúgio ao venerável Pio XII, em Portugal, destinando-lhe o
mosteiro de Mafra para sua residência.
Quando o nosso embaixador junto da Santa Sé, Doutor
António Carneiro Pacheco, terminou a sua missão no Vatica
no, ouviu estas textuais palavras do Papa:
“Diga ao senhor Salazar que nunca esquecerei o seu
oferecimento”
O venerável Pio XII chegou mesmo a escolher o cardealpatriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira,para
tomar conta do Governo da Santa Igreja.
Myron Taylor, representante dos Estados Unidos junto
do Papa, veio a Lisboa com uma carta ultra-confidencial, em
que o Santo Padre, no caso de ser preso ou desterrado, confiava este cargo ao senhor cardeal-patriarca.
Em Dezembro de 1955, a revista francesa “Paris Match”
publicou a seguinte afirmação:
“Paris Match está em condições de revelar que Pio XII
previu que podia ser impedido, em consequência de uma
invasão, de exercer as suas funções pastorais. O Patriarca de
Lisboa, cardeal Cerejeira, está na posse de um sobrescrito
ultra-confidencial, referente a essa eventualidade. Era ele,
cardeal Cerejeira quem, se fosse necessário, garantiria a
administração da Igreja”
40
9) A 2ª. Guerra na História
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que
durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do
mundo — incluindo todas as grandes potências — organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo.
Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100
milhões de militares mobilizados. Em estado de "guerra
total", os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade económica, industrial e científica a serviço dos esforços
de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e
militares. Marcado por um número significante de ataques
contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que
armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito
mais letal da história da humanidade, resultando entre 50 a
mais de 70 milhões de mortes.
Geralmente considera-se o ponto inicial da guerra como sen
do a invasão da Polónia pela Alemanha Nazista em 1 de Se
tembro de 1939 e subsequentes declarações de guerra con
tra a Alemanha pela França e pela maioria dos países do Império Britânico e da Commonwealth. Alguns países já estavam em guerra nesta época, como Etiópia e o Reino de Itália
na Segunda Guerra Ítalo-Etíope e China e Japão na Segunda
Guerra Sino-Japonesa. Muitos dos que não se envolveram
inicialmente acabaram aderindo ao conflito em resposta a
eventos como a invasão da União Soviética pelos alemães e
os ataques japoneses contra as forças dos Estados Unidos no
Pacífico em Pearl Harbour e em colónias ultra-marítimas
britânicas, que resultou em declarações de guerra contra o
Japão pelos Estados Unidos, Países Baixos e o Commonwealth Britânico.
A guerra terminou com a vitória dos Aliados em 1945, alteran
41
do significativamente o alinhamento político e a estrutura
social mundial.
42
VI – A PENÍNSULA IBÉRICA
1) A vida pecaminosa do povo português
(….) Mas apesar de tudo, o Coração do nosso Bom Deus e O
da nossa Mãe do Céu continuam tristes e amargurados.
Portugal, na sua maioria, não corresponde às Suas graças
nem ao Seu Amor. Lamenta-Se com frequência da vida pecaminosa da maioria do povo, mesmo daqueles que se dizem
católicos praticantes. Mas sobretudo queixam-Se muito da
vida tíbia, indiferente e comodista da maioria do clero, religiosos e religiosas. É pequenino, muito limitado o número
das almas com quem Se encontram no sacrifício e na vida
íntima no amor. ( Serva de Deus Irmã Lúcia a um Padre Supe
rior, 19-12-1940).
(….) Nosso Senhor está descontente e amargurado com os
pecados do Mundo e com os de Portugal, queixando-Se da
falta de correspondência, vida pecaminosa do povo, em espe
cial da tibieza, indiferença e vida demasiado cómoda que le
va a maioria dos sacerdotes, religiosos e religiosas. É limita
díssimo o número das almas com quem Se encontra na ora
ção e no sacrifício. (carta de 10-1-1941 ao senhor CardealPatriarca de Lisboa).
2) Escapámos
a) da guerra civil espanhola, pela consagração de 1931
De onde partiu a ideia da consagração de 1931? Da Irmã Lúcia. No seu convento, em Espanha, a Irmã Lúcia foi informada
do desejo do Céu de que Portugal fosse consagrado solene43
mente ao Imaculado Coração de Maria, e ela, através do seu
Bispo, D. José da Silva, convenceu os Bispos portugueses a to
mar esta acção decisiva. Assim, durante um retiro comum
feito em 1931, os Bispos determinaram consagrar Portugal
colectiva e solenemente ao Imaculado Coração de Maria.
Esta Consagração fez-se em 13 de Maio de 1931, durante a
qual o Cardeal Cerejeira dirigiu-se assim a nossa Senhora:
Os Pastores escolhidos pelo Vosso Filho para vigiar e alimentar em Seu nome as ovelhas que Ele resgatou pelo preço do
Seu Sangue – nesta ‘Terra de Santa Maria’, cujo nome não
pode ser pronunciado sem se pronunciar o Vosso – vêm hoje
– como representantes oficiais e consagrados dos seus reba
nhos e num acto de ‘homenagem’ filial, de fé, amor e confian
ça – consagrar solenemente a nação portuguesa ao Vosso
Imaculado Coração. Tomai-a das nossas frágeis mãos para as
Vossas; defendei-a e guardai-a como Vossa propriedade;
fazei com que Jesus reine, vença e impere nele; pois fora
d’Ele não há salvação.
Estes bispos colocaram assim Portugal sob a protecção de
nossa Senhora, poupando a nação ao contágio comunista
que estava a alastrar por toda a Europa, e especialmente em
Espanha, pois as coisas estavam a “aquecer” nesse país, com
a implantação da República. Talvez por isso foi muito oportuna esta consagração. Portugal não se envolveu nos acontecimentos que se estavam a desenrolar em Espanha e acabou
por escapar à guerra civil espanhola (1936-1939), que começou 5 anos depois.
Em 1936, os bispos portugueses fizeram uma promessa solene de que, se nossa Senhora protegesse Portugal da guerra
civil espanhola, expressariam a sua gratidão renovando a con
sagração nacional ao Imaculado Coração de Maria. Em acção
de graças por esse facto, os bispos portugueses renovaram a
consagração anterior, a 13 de Maio de 1938.
44
b) da 2ª. guerra mundial, pela promessa e pelas consagração
ao Coração Imaculado de Maria pelos bispos portugueses
Nos fins de Abril de 1940, os bispos de Portugal, reunidos
em Fátima, para o seu costumado retiro, sentiam-se preocupados com dois problemas, assim descritos pelo Cardeal Patriarca Dom Manuel Cerejeira:
“ Dois eram os problemas que nessa ocasião preocupavam
o Episcopado de Portugal: a Concordata e a paz.
Quanto ao primeiro ponto “depois de alguns anos de árduos esforços e difíceis negociações”, entrara-se numa fase
tão intrincada e custosa, que no princípio da nossa reunião
foi-nos comunicado que pareciam perdidas as esperanças de
se obter a desejada Convenção entre a Santa Sé e o Governo
Português.
A guerra mundial que ensanguentava já tantas nações da
Europa, e que ameaçava estender as suas devastadoras labaredas até nós, era outro grave problema que obsidiava o nosso espírito. O que então sabíamos e que documentos recentes já têm manifestado e que outros no futuro virão revelar,
evidenciavam o perigo iminente de sermos envolvidos na catástrofe. Perdidas ou quase perdidas as esperanças de encon
trar, por meios humanos, a solução para estas preocupações,
volvemos o nosso olhar suplicante para Aquele a Quem tudo
é possível. Diante do Santíssimo Sacramento solenemente
exposto, os 20 Prelados presentes, proferimos o voto seguin
te:
- “Ó Jesus, Mestre Divino, nosso Senhor e nosso Deus, que
nos confiastes as Igrejas de Portugal, por um inefável acto de
amor e predilecção, nós, os Pastores por vós escolhidos, con
fiando na Vossa palavra “ pedi e dar-se-vos-á “ imploramos
do Vosso Coração a graça de dardes a Portugal um Estatuto
45
no qual o Estado reconheça à Vossa Igreja a sua liberdade e
direitos.
E também a de poupardes ao povo português os horrores
da guerra que ensanguenta a Europa.
E para obter estas graças nós fazemos o voto de tomar nas
nossas mãos, patrocinando com a nossa autoridade e influência, a construção de um monumento em honra da realeza
do Vosso Divino Coração, a elevar na cabeça do Império Português.
Apresentamo-Vos esta súplica e este voto por intermédio
do Coração Imaculado de Maria Vossa e nossa Mãe, Amem”.
Esta súplica foi atendida benignamente e sem demora.
Continua o Cardeal Cerejeira:
-“Maravilhoso efeito da intervenção divina! Menos de 48
horas depois, era-nos comunicado, ainda em Fátima, que
estavam resolvidas todas as dificuldades para a assinatura da
Concordata, e passados 15 dias (7 de Maio) era ela oficialmente apresentada à Nação.
Tinha a Concordata por objectivo – que julgamos ter-se
atingido o que ela própria diz no proémio “regular por mútuo
acordo e de modo estável a situação jurídica da Igreja em
Portugal, para a paz e maior bem da Igreja e do Estado”.
O Senhor concedeu-nos também a graça de não sermos
envolvidos na guerra.
A este grande favor divino se referiu o mesmo Cardeal na
soleníssima inauguração do Monumento a Cristo – Rei, a 17
de Maio de 1959, em Almada:
- Quem o voto foi aceite, sabe-o todo o Portugal e o Mundo. Mas antes que Portugal o soubesse, alguma resposta foi
dada vinda do Céu. Cerca de sete meses depois (de feito o
voto), a 2 de Dezembro do mesmo ano (1940), a vidente e
confidente da Virgem escrevia ao Papa Pio XII, o Papa de
46
santa e altíssima memória, o Papa que podemos chamar de
Fátima:
“Santíssimo Padre, se é que na união da minha alma com
Deus não sou enganada, nosso Senhor promete, em atenção
à Consagração que os Excelentíssimos Prelados fizeram da
Nação ao Imaculado Coração de Maria (13 de Maio de 1938),
uma protecção especial à nossa Pátria durante esta guerra
(1939 – 1945), e que esta protecção será a prova das graças
que concederia às outras nações se, como elas, lhe tivessem
sido consagradas.”
Sim, Portugal foi ouvido: O voto está cumprido!”
Mesmo o venerável Pio XII expressou o seu espanto por
Portugal ter sido poupado aos horrores da guerra civil espanhola e à ameaça do comunismo. Numa alocução ao povo
português, o Papa falou do “Perigo Vermelho, tão ameaçador
e tão perto de vós, e todavia evitado de forma tão inesperada”
3) 2ª Guerra Mundial
A) Profecias
a) Beata Jacinta Marto
Aterrada com a antevisão da futura guerra, volta-se certa
vez para Lúcia, sua companheira predilecta, e diz-lhe:
-Olha eu vou para o Céu, e quando vires de noite essa luz
que aquela Senhora disse que vem antes, foge para lá tam
bém.
-Não vês que para o Céu não se pode fugir?
-É verdade, não podes. Mas não tenhas medo. Eu no Céu
hei-de pedir muito por ti, pelo Santo Padre, por Portugal, pa
47
ra que a guerra não venha para cá e por todos os sacerdotes”.
Só Deus sabe quanto terão contribuído as orações deste
pequenino anjo para que a guerra não assolasse o nosso País.
“Às vezes dizia-me também:
-Tenho pena de ti. O Francisco e eu vamos para o Céu, e
vais ficar cá sozinha. Pedia a Nossa Senhora para te levar
também para o Céu, mas Ela quer que fiques cá mais algum
tempo! Quando vier a guerra, não tenhas medo. No Céu eu
peço por ti”
Outra obra: “Memórias da Irmã Lúcia “, 3ª edição, Maio de
1978, Postulação, Fátima, página 100-101.
b) Serva de Deus Irmã Lúcia
Em 6 de Fevereiro de 1939, sete meses antes do início da
guerra, a Serva de Deus escreveu ao seu bispo, D. José da Sil
va, e disse-lhe que a guerra estava iminente, mas em seguida
referiu-se a uma promessa miraculosa. Disse ela: “Nesta guer
ra horrível, Portugal seria poupado por causa da consagração
nacional ao Imaculado Coração de Maria, feita pelos bispos.
(….) Neste momento será bom não esquecermos que nosso
Senhor, ao prometer uma protecção especial à nossa Nação,
a declarou também culpada e lhe anunciou também algo que
sofrer. Esse algo consistirá em consequência de guerras es
trangeiras, que se poderão tornar mais ou menos graves, se
gundo a nossa correspondência aos desejos de nosso Senhor.
(carta de 10-1-1941, ao senhor Cardeal- Patriarca, página 61)
48
c) beata Alexandrina de Balazar
Em 4 de Julho de 1940, Alexandrina foi arrebatada em
êxtase. Estava presente o seu director espiritual, a quem ela
ditou logo em seguida:
-“Depois duma breve oração e da oferta de mim mesma
com as outras vítimas, em união com a Mãe do Céu, para
obter que Jesus libertasse Portugal do terrível flagelo da
guerra, fui subitamente escutada. Jesus teve pressa em responder-me:
Pedi e recebereis. Pedi com confiança. Portugal será salvo.
Mas ai dele se não corresponder a tão grande graça! Confia:
é Jesus quem o diz, e não engana”.
B) A invasão da Península Ibérica pelos alemães
a) Estivemos quase para ser invadidos
Alguma coisa se vai conhecendo dos sucessos da última
Guerra.
Uma das coisas que se sabe é que Portugal esteve mesmo
para entrar na luta.
Alemães e Italianos fizeram o plano de atravessarem a Espanha para conquistarem Gibraltar e se apoderarem da nossa pátria. Com os portos da Espanha, com Gibraltar, com Lagos, no Algarve, com Lisboa e Porto, com as ilhas dos Açores
e Cabo Verde ficariam senhores do Mar Mediterrâneo e do
Oceano Atlântico.
Ai dos navios Ingleses que atravessassem os mares!
Seriam logo afundados. A Inglaterra ficaria sem gasolina para
as má-quinas de guerra e sem alimento para a sustentação
do povo. Assim não teria outro remédio se não render-se.
49
As coisas iam muito mal para os Ingleses. No primeiro ano
de guerra os Alemães afundaram 1.206 navios aliados com o
peso total de 4 milhões de toneladas
No ano de 1941 afundaram mais 4 milhões de toneladas.
Só em 3 meses, desde Março a Maio de 1941, os Ingleses per
deram 142 navios com 818 mil toneladas. Os estaleiros Ameri
canos e Ingleses continuavam a construir, mas por cada novo
navio eram afundados três.
Era terrível! A Inglaterra corria risco da derrota. Muito pior
seria se os Alemães se apoderassem dos nossos portos.
Era esse na verdade o plano de Hitler. O chefe Alemão traçou a Directriz nº 18, ou a chamada operação “Feliz”, para a
ocupação da Península Ibérica.
O Marechal Blaskowitz foi encarregado do comando dos
exércitos invasores, que constariam de 8 divisões. Uma esquadra de 2 mil aviões foi entregue ao general Richthofen.
Uma divisão Panzer, sob o comando do general Schmidt,
avançaria imediatamente desde Cáceres na Espanha sobre
Lisboa e Porto a fim de ocupar a nossa pátria e impedir o
desembarque Inglês.
A 31 de Dezembro de 1940 Hitler escreveu a Mussolini:
“Tínhamos completado todos os preparativos para atravessar
a fronteira Espanhola no dia 10 de Janeiro (de 1941) e alcançar Gibraltar em meados de Fevereiro.” E depois viriam sobre
Portugal.
Tão grande foi o perigo que esteve preparado para o governo Português mudar a capital para os Açores.
No dia 11 de Agosto de 1941 Churchill, primeiro ministro
da Inglaterra, escreve: “O Presidente dos Estados Unidos
recebeu uma carta do Doutor Salazar na qual claramente se
indica que ele está encarando os Açores como um local para
onde se dirigir com o seu governo no caso de Portugal ser
invadido pelos Alemães. Devido à antiga aliança de Portugal
50
com a Inglaterra, o Doutor Salazar confia no auxílio britânico
durante a sua estadia forçada naquelas ilhas.”
Já vedes: grande foi o perigo em que estivemos metidos!
Mas as dificuldades não vieram só dos Alemães. Também
os Ingleses e Americanos estiveram para tomar conta de Por
tugal, antes que os Alemães cá chegassem. O Presidente dos
Estados Unidos deu em 1941 ordem aos chefes dos Estados
Maiores das Forças Armadas para terem preparada e pronta
uma força de fuzileiros navais destinados à ocupação dos
Açores. Seria seu comandante o general Holand Smith.
E se o fizessem? Os Alemães chegariam logo, e Portugal
tornar-se-ia campo de batalha. As nossas cidades seriam
arrazadas, a indústria e agricultura ficariam destruídas, o povo e sobretudo os soldados cairiam aos milhares ensopando
com o seu sangue a nossa terra.
b) Salazar evita a passagem dos alemães pela Espanha
É, pois, de felicitar a pessoa que, acima de tudo, respeita a
verdade e que a profere sem receio às pessoas vendidas à
calúnia, às ideologias.
Aconteceu, assim, com António Manuel Barbosa, que foi
ministro das Finanças no Governo de Salazar durante dez
anos: de 1955 a 1965.
Em entrevista ao “Publico”, Pinto Barbosa disse em
resposta à seguinte pergunta do entrevistador “como é que
aqui se reagiu aos primeiros tempos da guerra? A colónia
Alemã não festejou os triunfos de Hitler?”.
“Lembro-me disso e há uma coisa que vem a propósito,
por causa da apresentação do relatório do ouro (Relatório
Mário Soares). O Dr. Salazar, enquanto se defrontava com as
pressões Alemãs para que o volfrâmio não faltasse, garantia,
ao mesmo tempo, um empréstimo aos Ingleses, com uma
51
taxa simbólica, que só em 1968 veio a ser liquidado. Esse
empréstimo garantiu aos Ingleses o abastecimento das
conservas, de volfrâmio e de tudo o mais.”
O entrevistador fez a Pinto Barbosa outra pergunta:
“ Afonso Costa levou Portugal a participar na guerra 19141918. Salazar optou pela neutralidade. Qual deles teve a
verdadeira posição de Estado?”.
E Pinto Barbosa respondeu:
“Acho que a neutralidade foi a melhor solução que o Dr.
Salazar podia ter encontrado. Ele soube correr riscos, mas
evitou piores riscos para o País”.
Esta resposta tem plena confirmação, se recordarmos a
resposta que Salazar deu a Franco, quando este se encontrou
com Hitler no sul da França e expressou o desejo de que as
tropas Alemãs avançassem pela Espanha sobre Gibraltar.
Pessoas ligadas ao Ministério dos Estrangeiros sabiam
bem como Salazar acompanhou esse encontro e preveniu as
consequências.
Uma dessas pessoas contou o que se passara e fê-lo nestes termos: Salazar esteve atento ao que se passara e deu
ordem a um dos membros mais categorizados do Ministério,
Luís Norton de Matos, para, durante o dia e durante a noite
em que se efectuava o encontro entre Hitler e Franco.
Durante a noite chegou informação oficial do Governo de
Madrid a comunicar que o Governo de Madrid estava disposto a ceder ao pedido de Hitler.
Salazar respondeu imediatamente com decisão firme,
dizendo que se o governo Espanhol fizesse essa cedência, o
Governo Português poria o território nacional ao dispor dos
Aliados.
Não sabemos se Franco esperava tal resposta, sabemos,
no entanto, que Salazar com a decisão tomada salvou a
Península de uma invasão Alemã e, ao mesmo tempo, evitou
52
que a Península se transformasse em campo bélico entre
Alemães e Aliados.
(…..) Pinto Barbosa antecipou-se felizmente. É que na en
trevista que lhe foi feita no dia 14 de Novembro, deste ano
de 1999, deu a resposta devida.
O jornalista perguntou:
“ Quando Hitler veio conferenciar com Franco, em 1941,
não receou a ocupação da Península Ibérica?”.
Pinto Barbosa respondeu:
“Claro, certamente que o Salazar teve consciência disso,
mas conseguiu, junto de Franco, evitar a passagem do
Alemães pela Espanha. Houve ali delicadas e grandes
hesitações, para não lhes chamar outra coisa, em torno da
questão de Gibraltar. O Franco teve outras contrapartidas.
Ele deve ter recebido, da parte dos Aliados, alguma
promessa”.
c) O general Franco e a invasão da Península
O Chefe de Estado Espanhol é um homem forte, destemido e que confia em Deus.
Quando tem de resolver qualquer assunto importante, vai
pedir a bênção a nosso Senhor.
Durante a guerra apresentou-se-lhe Von Moltke, como en
viado de Hitler. Exigia que a Espanha dentro de 48 horas
entrasse na guerra ao lado da Alemanha. Em caso contrário,
logo que passasse esse prazo, os exércitos alemães invadi
riam a Espanha pelos Pirinéus.
Os embaixadores da Inglaterra e dos Estados Unidos souberam das pretensões Alemãs. Apresentaram-se imediata
mente a Franco dizendo que eram as suas tropas que invadi
53
riam a Espanha se ela não entrasse na guerra a favor dos
aliados dentro de 48 horas. O Chefe de Estado diz a uns e a
outros que responderá depois.
A situação era tremenda. Não sabia que fazer. Quando
ficou só, pediu ao capelão que expusesse o Santíssimo.
Permaneceu em adoração mais de uma hora. Depois da Bên
ção ficou tranquilo.
Que aconteceu? Em menos de 24 horas deu um ataque de
apendicite a Von Molke, que veio a falecer quase repentinamente. Hitler mudou os seus planos. Por isso os Aliados reti
raram as suas ameaças contra a Espanha. E a Nação continuou em paz. Aqui está o efeito da oração.
54
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