Trabalho - SOVERGS

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VIGILÂNCIA DA RAIVA, ATRAVÉS DE EXAMES LABORATORIAIS DE
ENCÉFALOS, EM FLORIANÓPOLIS, SC
RABIES SURVEILLANCE THROUGH BRAINS LABORATORY TESTING IN
FLORIANÓPOLIS-SC
Gilson Luiz Borges Corrêa¹, Fábio de Melo Chaves Indá¹
RESUMO
No período de janeiro de 2010 a janeiro de 2011, foram colhidas 147 amostras de encéfalos de
cães, gatos e morcegos, no Centro de Controle de Zoonoses, na cidade de Florianópolis, SC,
com objetivo de monitorar a circulação do vírus rábico. Depois de enviadas à Companhia
Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC), para exame laboratorial
de raiva, todas as amostras apresentaram resultados negativos, após análise pelas técnicas de
Imunofluorescência Direta e Prova Biológica. Destacou-se a importância do envio de
fragmentos de Sistema Nervoso Central para vigilância da raiva e como método auxiliar para
decisão de protocolo vacinal.
Palavras-chave: Raiva. Vigilância Epidemiológica. Diagnóstico Laboratorial.
SUMMARY
From January 2010 to January 2011 were collected 147 samples of brains from dogs, cats and
bats, at the Zoonosis Control Center in the city of Florianópolis - SC, in order to monitor the
circulation of the rabies virus. Once sent to the Integrated Agricultural Development
Company of Santa Catarina (CIDASC) for rabies laboratory testing through Direct
Immunofluorescence assay and Biological Evidence, all samples resulted negative. It was
highlighted the importance of sending central nervous system fragments for rabies
surveillance and as a method to decision vaccination protocol.
Key words: Rabies. Epidemiological Surveillance. Diagnostic laboratory testing.
A raiva é uma enfermidade infecto-contagiosa causada por um RNA vírus, da família
Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus, que atinge o Sistema Nervoso Central (SNC) de
mamíferos, provocando encefalomielite aguda e mortal. Classificada como uma
antropozoonose, o principal mecanismo de transmissão ocorre pelo contato de um hospedeiro
suscetível com a saliva de um animal infectado, através de mordedura, arranhadura e
lambedura em ferimentos ou mucosas, por onde o vírus penetra. Após ser inoculado em um
hospedeiro o vírus multiplica-se no local da lesão. Em seguida atinge os terminais nervosos
por onde progride até chegar ao SNC. Depois, se dissemina de forma centrífuga para os
nervos periféricos, propagando-se a diversos órgãos e glândulas salivares, por onde é
eliminado (WARREL & WARREL, 2004).
Devido à elevada letalidade, é considerada uma das zoonoses mais temidas pelo
homem, exigindo constante vigilância. Em Santa Catarina, segundo informações da Diretoria
de Vigilância Epidemiológica (DIVE, 2007), o último caso de raiva humana ocorreu em 1981.
No entanto, exames laboratoriais de materiais encefálicos oriundos de animais revelaram que
o vírus rábico ainda está presente em nosso meio, atingindo especialmente bovinos e eqüinos,
demonstrando que é preciso manter cuidados permanentes. Os estudos epidemiológicos locais
permitem estabelecer o nível de complexidade das enfermidades, sendo fundamentais na
_______________________
¹Médico Veterinário – Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis – SC
Autor a ser contactado: Gilson Luiz Borges Corrêa. Endereço para correspondência: CCZ de Florianópolis-SC.
Rodovia SC 401, Km 114, Itacorubi. Cep: 8803-2005. e-mail: [email protected]
definição de estratégias operacionais (CORREA et al, 1998). Como esse vírus consegue
manter-se na natureza através de diferentes ciclos de transmissão, adaptando-se em uma
diversidade de hospedeiros, é um exemplo clássico de complexidade, necessitando
permanente Vigilância nos campos epidemiológico e ambiental. Objetivou-se com este estudo
monitorar a circulação do vírus rábico no município de Florianópolis, SC.
No período entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, foram colhidas amostras de
material encefálico de cães e gatos que vieram a óbito no Centro de Controle de Zoonoses
(CCZ), apresentando sintomatologia nervosa, oriundos do município de Florianópolis, no
Estado de Santa Catarina e examinados os cadáveres de três morcegos suspeitos, encontrados
mortos em vias públicas. Para a colheita de encéfalos utilizou-se a técnica de necropsia
descrita no Manual de Diagnóstico Laboratorial da Raiva do Ministério da Saúde (BRASIL,
2008). Após a extração, o material foi acondicionado em frascos plásticos estéreis,
identificados, protocolados, congelados e enviados à CIDASC, para pesquisa de vírus rábico,
através das técnicas padrões de Imunofluorescência Direta (IFD) e Prova Biológica.
Das 147 amostras de encéfalos colhidas no CCZ de Florianópolis 134 eram de cães, 10
de gatos e 3 de quirópteros, da Família Molossidae, e todas apresentaram resultados negativos
para raiva, nos testes de IFD e provas Biológicas. É importante salientar que essa quantidade
está em conformidade com a meta anual de 120 amostras, pactuada na Programação de Ações
da Vigilância em Saúde – PAVS, para monitoramento da raiva no município de Florianópolis,
SC, e é concordante com SCHNEIDER (1990) que sugere o envio de 0,2% da população
canina estimada para uma área sob monitoramento.
De acordo com SILVA & FREITAS (2007) o Estado de Santa Catarina é considerado
área controlada para raiva, ou seja, não apresenta circulação da variante canina do vírus em
cães e gatos e não realiza campanha oficial de vacinação, com exceção de situações em que se
configure necessidade de bloqueio de foco.
Essa condição exige um monitoramento constante e eficaz de amostras de material
nervoso, para manter uma boa vigilância epidemiológica (SCHNEIDER et al, 1996) porque
mesmo constatando-se uma redução dos casos de raiva transmitidos por cães no meio urbano,
o ciclo silvestre tem emergido no país, com detecção em morcegos e outros mamíferos
silvestres possibilitando a circulação de diferentes variantes virais entre caninos e felinos
(BRASIL, 2010).
Segundo DEL CIAMPO et al. (2000) dentre os principais acidentes na infância
destacam-se as mordeduras animais, atingindo a faixa etária entre um a quinze anos e uma das
formas de reduzir esse quadro é através de intervenções educativas nas comunidades,
priorizando a educação em saúde e ambiental para as crianças.
Em Santa Catarina, o cenário não é diferente, pois o número de agravos por
exposições e atendimentos anti-rábicos atinge a média de 12.000 notificações/ano (SILVA &
FREITAS, 2007) reforçando a importância da colheita de material encefálico para realização
de diagnóstico da raiva, quando não for possível a observação por dez dias de caninos e
felinos agressores. Essa é uma medida sanitária essencial na escolha dos esquemas de
tratamentos a serem adotados, de alto custo na assistência.
Os resultados obtidos neste trabalho indicam que o monitoramento laboratorial da
raiva urbana no município de Florianópolis, SC, tem sido eficaz, além de auxiliar na definição
do protocolo vacinal, nos casos de agravos notificados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Diagnóstico Laboratorial da Raiva. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 108 p. 2008.
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