análise termopluviométrica e balanço hídrico

Propaganda
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
ANÁLISE TERMOPLUVIOMÉTRICA E BALANÇO HÍDRICO
CLIMATOLÓGICO DOS DADOS DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DO
PEIXE – TO
TATIANA DINIZ PRUDENTE1
ALINE DE FREITAS ROLDÃO2
ROBERTO ROSA3
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo a análise da temperatura e da pluviosidade e
também o cálculo do balanço hídrico climatológico, a fim de identificar os períodos com deficiência e
excedente hídrico, a partir dos dados da estação meteorológica do Peixe. Essa estação faz parte da
rede de estações convencionais do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e localiza-se no
município do Peixe/TO, nas coordenadas 12,02º de latitude sul e 48,35º de longitude oeste. Foi
utilizada uma série histórica do período de 1980 a 2014. O balanço hídrico foi determinado a partir do
método de Thorthwaite e Mather (1955), com capacidade de água disponível no solo (CAD) de 100
mm, como valor padrão. As médias das precipitações pluviométricas e da temperatura foram 1507,0
mm e 26,1ºC, respectivamente. A região apresenta sete meses de deficiência hídrica no solo com
total acumulado de 563,5 mm e o excedente ocorre nos meses de novembro a março com 503,0 mm.
Palavras-chave: Balanço hídrico; temperatura; precipitação.
Abstract: This study aims to analyze temperature and precipitation and also the calculation of
climatic water balance in order to identify periods with disabilities and water surplus, from data of
meteorological station Peixe. This station is part of the network of conventional stations of the National
Institute of Meteorology (INMET) and is located in the municipality of Peixe/TO in the south latitude
coordinates 12.02º and 48.35º west longitude. It was used a historical series of 1980 and 2014. The
water balance was determined from the Thorthwaite and Mather method (1955), with available water
capacity in the soil (CAD) of 100 mm, as standard value. The mean precipitation and temperature
were 1507.0 mm and 26.1ºC, respectively. The region features seven months of water deficit in the
soil with an accumulated total of 563.5 mm and the excess occurs in the months from November to
March with 503.0 mm.
Key-words: Water balance; temperature; precipitation.
1 – Introdução
O conhecimento do clima, especialmente dos elementos temperatura e
precipitação pluviométrica são essenciais para as diversas atividades humanas,
dentre as quais incluem a agricultura, atividade essa que possui relação direta com
1
- Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail
de contato: [email protected]
2
- Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail de
contato: [email protected]
3
- Docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail de
contato: [email protected]
7576
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
as condições climáticas. Sendo assim, é de grande importância o entendimento da
dinâmica do clima de um determinado local, independentemente de sua escala
espacial de análise.
O conhecimento dos totais pluviométricos anuais médios, ou ano-a-ano, são
muito importantes para qualquer política de planejamento econômico
regional, uma vez que fornecem parâmetros indispensáveis para avaliação
do potencial hídrico de que podem dispor os planos de irrigação dos solos,
de regularização dos rios, de abastecimento de suas populações dentre
outros, cujo êxito de empreendimento depende dos níveis de disponibilidade
de recursos hídricos (NIMER,E; BRANDÃO, A.M.P.M, 1989, p. 16).
Segundo Ayoade (2010), os elementos climáticos precipitação e temperatura
são os mais discutidos em relação ao tempo atmosférico. No caso da temperatura,
essa é considerada a condição que causa o fluxo de calor que passa de uma
substância para outra.
Quanto à distribuição na superfície da Terra, pode-se dizer que a da
precipitação é bem mais complexa se comparada a da temperatura, uma vez que
toda precipitação é resultante do resfriamento adiabático devido à ascensão das
massas de ar e a maior ocorrência de chuvas ocorre justamente nas áreas de
ascensão das massas (AYOADE, 2010).
Tanto a temperatura quanto a precipitação pluviométrica demonstram-se de
grande relevância para estudos que visam servir como fontes de subsídios para
melhores planejamentos, sejam estudos voltados para clima e agricultura, mas
também os que analisam regiões propícias à ocorrência de incêndios florestais. O
balanço hídrico climatológico também é essencial para essas pesquisas.
O balanço hídrico é uma primeira avaliação de uma região, que se determina
a contabilização de água de uma determinada camada do solo onde se defini os
períodos secos (deficiência hídrica) e úmidos (excedente hídrico) de um
determinado local (REICHARDT, 1990).
Dentro desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo a análise da
temperatura e da pluviosidade e também o cálculo do balanço hídrico climatológico,
a fim de identificar os períodos com deficiência e excedente hídrico, a partir dos
dados da estação meteorológica do Peixe.
7577
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
A estação meteorológica do Peixe faz parte da rede de estações
convencionais do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e localiza-se no
município do Peixe, porção sul do estado do Tocantins (TO), nas coordenadas
12,02º de latitude sul e 48,35º de longitude oeste, com altitude de 242,5 metros.
Para a realização da pesquisa foi utilizada uma série histórica, englobando o período
de 1980 a 2014, o correspondente a 35 anos.
2 – Procedimentos Metodológicos
Foram utilizados dados das temperaturas médias do ar e das precipitações
pluviométricas, obtidos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, da
estação meteorológica do Peixe durante o período de 1980 a 2014, perfazendo um
total de 35 anos.
Os dados foram tratados e organizados através do Microsoft Office Excel,
obtendo dessa maneira as médias mensais e anuais das temperaturas e das
precipitações pluviométricas, as quais foram necessárias para o cálculo do balanço
hídrico.
O balanço hídrico climatológico foi feito com base na metodologia de
Thornthwaite e Mather (1955), com capacidade de água disponível no solo (CAD) de
100 mm, como valor padrão. Como resultado do balanço hídrico, foram adquiridos
os valores dos excedentes e déficits hídricos de cada ano. Para facilitar os cálculos
dos balanços hídricos foi utilizada uma planilha elaborada por Rollin e Sentelhas
(1999).
3 – Resultados e Discussões
A área localiza-se na bacia do rio Tocantins e possui níveis altimétricos baixos
apresentando clima típico do Cerrado. Existem duas estações distintas, uma
chuvosa e de grande excedente hídrico e outra marcada por deficiência hídrica.
Segundo a classificação climática proposta por Wilhelm Köppen, cuja
sistemática se fundamente nos regimes térmico e pluviométrico e na distribuição das
associações vegetais (VIANELLO; ALVES, 1991), pode-se classificar a região de
estudo, como pertencente ao tipo climático Aw (Tropical de Savana, com inverno
7578
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
seco e verão chuvoso). Sendo que o “A” indica que o clima é tropical chuvoso e o
“w” indica que as chuvas são concentradas no verão.
De modo a apresentar as características gerais do comportamento médio das
temperaturas e das precipitações pluviométricas, a Figura 01 ilustra o Climograma
dos dados da estação do Peixe.
Figura 01 – Climograma da Estação do Peixe (1980-2014)
Fonte: INMET (2015) – Acessado em maio de 2015
Organização: os autores
As médias das precipitações pluviométricas e da temperatura são 1507,0 mm
e 26,1°C, respectivamente. Os meses com maiores registros de chuvas são janeiro,
dezembro e março, com médias mensais de 286,8 mm, 280,2 mm e 239,5 mm,
respectivamente. Já os meses com menores registros pluviométricos são julho (0,6
mm), agosto (1,5 mm) e junho (5,5 mm). Quanto às temperaturas, os meses com as
médias mais elevadas são setembro (27,8°C), outubro (27,6°C) e novembro (26,5°C)
e os que registram as menores médias de temperatura são junho (24,7°C) e julho
(24,4°C).
O resultado do balanço hídrico médio mensal para a estação do Peixe,
durante o período de 1980 a 2014, está apresentado na Tabela 01 e Figura 02.
7579
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Tabela 01 - Balanço Hídrico Climatológico para Estação do Peixe – TO, durante o período de 1980 a
2014, segundo o método proposto por Thornthwaite & Mather (1955).
Meses
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Anual
T
(°C)
25,8
25,8
26,0
26,4
25,9
24,7
24,4
26,1
27,8
27,6
26,5
25,9
26,1
P
(mm)
286,8
210,8
239,5
121,3
21,8
5,5
0,6
1,5
32,3
109,1
197,4
280,2
1507,0
ETP
(mm)
135,0
120,5
132,5
132,1
125,0
98,8
98,9
126,7
158,7
163,0
140,1
136,2
1567,4
DEF
(mm)
0,2
0,6
1,0
14,2
56,8
77,3
91,5
122,3
125,5
61,2
10,0
3,2
563,5
EXC
(mm)
143,9
92,0
107,9
26,7
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
16,2
116,3
503,0
T = Temperatura do ar; P = Precipitação; ETP = Evapotranspiração Potencial; DEF = Deficiência
Hídrica e EXC = Excedente Hídrico.
Fonte: INMET (2015) – Acessado em maio de 2015
Organização: os autores
Figura 02 – Extrato do Balanço hídrico para Estação do Peixe (1980-2014)
Fonte: INMET (2015) - Acessado em maio de 2015
Organização: os autores
7580
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
As médias dos déficits e excedentes hídricos são 563,5 mm e 503,0 mm,
respectivamente, sendo que os meses que apresentam maior deficiência hídrica são
junho, julho, agosto e setembro. Nessa época as condições climáticas estão
propicias a ocorrência de incêndios florestais e o entendimento do comportamento
climático pode servir como fonte de subsídio para um maior planejamento, a fim de
minimizar os efeitos causados pelo fogo.
Apesar do mês de outubro já apresentar uma precipitação de 109,1 mm, suas
chuvas não são suficientes para tornar este mês efetivamente úmido. A carência de
umidade nos solos faz com que esse mês seja deficitário de água.
Na Figura 03, é apresentada a deficiência, excedente, retirada e reposição
hídrica para Estação do Peixe no período de 35 anos (1980-2014).
Figura 03 – Deficiência, excedente, retirada e reposição hídrica para Estação do Peixe (1980-2014)
Fonte: INMET (2015) – Acessado em maio de 2015
Organização: os autores
A partir do balanço hídrico, pode-se observar que o período mais seco do ano
estende-se entre abril e outubro, com a máxima deficiência hídrica sendo atingida no
mês de setembro.
7581
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Pode-se notar também que nos meses de novembro e dezembro ocorre
reposição hídrica e, considerando-se uma capacidade de água disponível de 100
mm, somente em dezembro começa a ocorrer excedente hídrico que persiste até
março.
4 – Considerações Finais
A região apresenta duas estações distintas, uma chuvosa e com excedente
hídrico e outra marcada por ausência de precipitação e deficiência hídrica. Os
meses mais chuvosos são novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março. E os
meses que apresentam maior deficiência hídrica são junho, julho, agosto e
setembro.
Os meses que registram as maiores médias da temperatura coincidem com
os meses com maiores registros de chuvas e consequentemente com os períodos
de maiores excedentes hídricos. Em contrapartida, os meses que registram as
temperaturas mais amenas são justamente os que possuem uma forte deficiência
hídrica em virtude da ausência de precipitação pluviométrica, o que pode ser notado
principalmente nos meses de junho, julho e agosto.
O balanço hídrico mostrou que a reposição hídrica ocorre nos meses de
novembro e dezembro, o excedente hídrico ocorre de dezembro a março e o déficit
hídrico ocorre de abril a outubro.
Referências
AYOADE, J. O. Introdução a Climatologia para os trópicos. Tradução de Maria
Juraci Zani dos Santos, revisão de Suely Bastos; coordenação editorial de Antonio
Christofoletti. 14ª Edição: Rio de Janeiro, 2010.
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA – INMET. Disponível em:
<http://www.inmet.gov.br/portal/>. Acesso em maio de 2015.
NIMER,E; BRANDÃO, A.M.P.M. Balanço hídrico e clima da região dos cerrados.
Rio de Janeiro: IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais,
1989.
REICHARDT, K. A água em sistemas agrícolas. Barueri (SP): Manole, 1990.
7582
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
ROLIM, G. S. & SENTELHAS, P. C. Balanço hídrico normal por Thorntwaite e
Mather(1955). Piracicaba: ESALQ/USP – Departamento de Ciências Exatas: Área
de Física e Meteorologia, 1999.
THORNTHWAITE, C. W.; MATHER, J. R. The water balance. Publications in
Climatology. New Jersey, Drexel Institute of Technology, 104p. 1955.
VIANELLO, R.L., ALVES, A.R. Meteorologia Básica e Aplicações. Viçosa, UFV,
Impr. Univ., 1991.
7583
Download