o uso de metilfenidato/rispiridona em pacientes

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O USO DE METILFENIDATO/RISPIRIDONA EM PACIENTES COM TDA(H) NA FAIXA
ETÁRIA DE 08 A 14 ANOS COMO COADJUVANTE DO TRATAMENTO
PSICOTERÁPICO NA MELHORIA DO DESEMPENHO ESCOLAR E SOCIAL.
Lucia Gollner1
UNESPAR-Faficop-PR
RESUMO:Trata-se de um trabalho de pesquisa que investiga o uso de psicoestimulantes nos
indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, uma síndrome neuropsicológica condição crônica de saúde, que atinge de perto uma população de crianças em idade escolar e,
adultos (incidência estimada é de 3% a 6% da população infantil e aproximadamente 2% dos
adultos), predominando o sexo masculino. A síndrome se caracteriza por uma combinação de
sintomas: desatenção; hiperatividade e impulsividade, sendo o principal sintoma a desatenção. O
TDAH leva o portador a um comportamento inadequado, desassossegado, agressividade, desatento,
impulsivo, anti-social, apresentando baixa auto-estima e gerando um transtorno bio-psico-social. As
pessoas com TDA/H ou DDA(H) possuem uma discrepância entre o desenvolvimento mental,
desde o aspecto global e o nível de inteligência geral, como nas atividades psicomotoras que
envolvem os pré-requisitos: noção do esquema corporal, lateralidade, equilíbrio, e as diversas
percepções etc.). Tais comprometimentos afetam de perto o processo educacional pelo fato de
serem, indutores de fracassos e dificuldades na aprendizagem da língua escrita, da leitura,
ortografia, discalculia enfim, na área de linguagem (decodificação e interpretação de signos). O
trabalho objetivou comparar a efetividade dos psicoestimulantes (metilfenidato e rispiridona) nos
desempenhos escolar e social, de 16 pacientes com Distúrbio de Déficit de Atenção a partir de
avaliação psicodiagnóstica no tocante ao desempenho escolar e social antes da introdução da
medicação e, após, com ajustes de posologia conforme prescrição do neuropediatra. Os pacientes
receberam atendimentos multidisciplinares (médico, psicólogo e pedagogo) atrelados ao uso de
psicoestimulantes com dosagem adequada a cada caso, sendo reavaliados transcorridos seis meses
de tratamento, obtendo resultados positivos em 13 pacientes, com sensível modificação no âmbito
do aprendizado e no convívio social. A relevância da pesquisa se verifica pelo conhecimento da
ação dos quimioterápicos (metilfenidato e rispiridona) na evolução positiva do aprendizado escolar
e uma melhor adaptação do paciente ao seu meio social.
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[email protected]
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O USO DE METILFENIDATO/RISPIRIDONA EM PACIENTES COM TDA(H) NA FAIXA
ETÁRIA DE 08 A 14 ANOS COMO COADJUVANTE DO TRATAMENTO
PSICOTERÁPICO NA MELHORIA DO DESEMPENHO ESCOLAR E SOCIAL.
REVISÃO DE LITERATURA
O Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA; DA/HI), também tratado por
alguns autores por Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade-TDA(H) é um
distúrbio bio-psicossocial, tendo em vista que há uma disfunção neurológica em nível de
neurotransmissor.
Trata-se
de
uma
disfunção
originária
de
um
distúrbio
dos
neurotransmissores, os responsáveis pelo transporte dos impulsos nervosos nos neurônios e
que no caso ao nível do pré –frontal, a dopamina deixaria de estar irrigando o sistema
gerando na criança um déficit de atenção/hiperatividade
Conforme Silva (2003, p.16) o DDA é uma
síndrome caracterizada por um distúrbio comportamental/atitudinal típico
que muitas vezes pode vir acompanhado da tríade desatenção,
hiperatividade e impulsividade, podendo ou não apresentar hiperatividade
física, mas, jamais deixará de apresentar forte tendência à dispersão.
Desatenção, hiperatividade, impulsividade são transtornos investigados
para se diagnosticar o TDA(H). São encontrados TDAH com predomínio de sintomas de
desatenção de elevada taxa com prejuízo acadêmico; TDAH com predomínio de sintomas
de hiperatividade/impulsividade e altas taxas de rejeição e de impopularidade; TDAH
combinado apresentando uma elevada taxa de prejuízo acadêmico, com maior presença de
sintomas de conduta, de oposição e desafio. O Transtorno de Déficit de Atenção
/Hiperatividade muitas vezes está atrelado a Comorbidades: TDA/H e Transtornos
Disruptivos (transtorno de conduta e transtorno opositor ente 15 e 20%);TDA/H e
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transtornos de Ansiedade aproximadamente 25% ; TDA/H e abuso e/ou dependência de
drogas entre 9 e 40%.
No tocante ao tratamento relata Greenhill (1999) faz-se necessário o
tratamento contínuo com psicoestimulantes em crianças, adolescentes e adultos. Na
literatura verifica-se que o metilfenidato seria a primeira escolha para o tratamento do
TDAH e retardo mental leve (PEARSON et al., 2003) e a rispiridona tem-se mostrado
eficaz no tratamento de curto e longo prazo para sintomas disruptivos em crianças
limítrofes ou com inteligência abaixo da média (FINDLING et al., 2004). O agravante nos
casos de TDA/H é a presença do distúrbio de comportamento; distúrbio de linguagem
(dislexia e discalculia); a falta de internalização da lateralidade; descontrole motor (
ausência ou aquisição tardia do esquema corporal) e nível de aprendizagem deficitário. A
síndrome de TDA/H pode vir acompanhada de Distúrbio Bipolar, depressões; transtorno de
Tourette (tiques), déficit de inteligência.
Grünspun (1992) advoga o uso de psicoestimulantes derivados das
anfetaminas, escreve que a benzedrina age com eficácia no tratamento de crianças com a
Síndrome Hipercinética.
Correia Filho et all, encontraram uma resposta melhor e mais efetiva com
a utilização da risperidona do que com o metilfenidato nos casos de TDA/H (especialmente
os acompanhados de hiperatividade). Na maioria dos casos o consenso médico é de se
tratar com fármacos de uso contínuo atrelado ao tratamento psicológico e orientação na
escola.
No presente trabalho fez-se um estudo comparativo da efetividade dos
psicoestimulantes em crianças com TDA/H. Os pacientes foram identificados como
portadores da síndrome, submetidos às avaliações pedagógicas, psicológicas com
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acompanhamento de neuropediatra. Receberam atendimento multidisciplinar (médico,
psicólogo e pedagogo) atrelado ao uso psicoestimulantes com dosagem adequada. Quanto
ao acompanhamento psicoterápico foram feitas intervenções de socionomia (psicodramas e
sociodramas). As sessões de psicodramas eram realizadas uma vez por semana –
individualmente - com duração de 45 minutos, já os sociodramas eram feitos em grupo
divididos em pacientes de 08 a 10 anos e outro de 11 a 14 anos, uma vez por semana, com
duração de 45 minutos.
METODOLOGIA
Utilizou-se o método de abordagem hipotético-dedutivo, haja vista, existir
uma lacuna sobre o uso e a interferência do Metilfenidato/Rispiridona no desenvolvimento
cognitivo e comportamental em crianças e adolescentes – sem deficiência mental - na faixa
etária de 08 a 14 anos. No procedimento da pesquisa se empregou o método comparativo
sendo investigados 16 alunos do curso fundamental (1a a 4ª series) com idades variando de
8 a 14 anos da Escola Municipal “Iracema Torres” no município de Tamarana –PR, todos
eles do sexo masculino, apresentando distúrbios de aprendizagem, distúrbios de
comportamento e de linguagem (dislexia; discalculia; dislalia) sujeitos identificados por: A
e B (8 anos e 1 mês; 8 anos e 3 meses) freqüentando a 1a. série não sabiam ler nem
escrever (TDAH- do tipo misto); C (9anos) 2a. série – reconhece as letras do próprio nome
(TDA sem hiperatividade apresentando Transtorno Bipolar ); D (10 anos e 2 meses) 2a.
série - escreve o próprio nome porém, com muita dificuldade e caso seja interrompido no
meio não consegue dar prosseguimento (TDAH do tipo misto); E (10 anos a 6 meses) 2a
série - reconhece o alfabeto, consegue fazer cópias, não consegue produzir textos e na
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matemática conta até 30, faz adição até 2 casas decimais(TDA sem hiperatividade com
Transtorno Bipolar; F (11anos a 3 meses) 3a série- escreve o nome de pessoas conhecidas,
conhece o alfabeto, não consegue silabar; faz reprodução de textos; na parte numérica conta
até 50, faz operações de adição e subtração com até três casas (TDA); G (11a 5m) 3a. série
–consegue ler com dificuldades, reproduz textos com trocas de letras; faz adição, subtração
e multiplicação da tabuada de 2 (TDAH com comportamento opositor e Transtorno
Bipolar); H (11a 8m) 4a. série lê e escreve precariamente, não consegue copiar do quadro
nem segue leitura quando solicitado; na parte numérica consegue fazer adição e subtração
com parcelas com 1 dígito (TDAH do tipo misto); I (12 a) 4a. série não consegue lê; faz
cópia de pequenos trechos; escreve o nome; faz adição com parcelas de dois dígitos (TDAH
do tipo misto); J (12 a 2 m) 4a. série constrói um texto pobre, reproduz com qualidade a
partir da lousa e de livros, reconhece os numerais(conta até 90), faz as quatro operações
com apenas dois dígitos entre as parcelas (TDA com comportamento opositor e Transtorno
Bipolar); L (13anos); M (14a 1m) 4a. série lêem com bastante dificuldade, apresentando
troca de letras, reconhecem os numerais, somam com parcelas de até 3 dígitos, subtraem
com parcelas de 2 dígitos) L com TDAH com impulsividade e M com TDAH misto); N
(14
a 4m)
2a. série
com grave distúrbio de linguagem-dislexia; gagueira
discalculia.(TDAH do tipo misto); O (14 a 10m) 3a. série faz reprodução de
palavras,reproduz o próprio nome, apresenta comprometimento sério com relação a
matemática (TDA com comportamento opositor e transtorno Bipolar).
Durante a pesquisa empregaram-se as técnicas de: observação direta
intensiva consistindo em entrevista estruturada com os pais, e com os professores e, numa
outra etapa, observação da criança direta extensiva através de protocolo investigativo de
TDA/H-Escala de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade a ser respondido pelo
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professor. Com o teste Escala de Inteligência para crianças de David Wechsler (WISC III),
pode-se verificar as diversas áreas que envolvem o desempenho da criança e adolescente. O
uso do teste de Metropolitano forneceu os elementos necessários para diferenciar os grupos
de crianças que clinicamente apresentavam determinadas dificuldades na aprendizagem da
leitura e da escrita distintas de outros distúrbios como dislexia, quadros de afasia de
evolução e distúrbio de déficit de atenção. Utilizou-se a Sociometria como técnica
quantitativa para verificar o comportamento interfamiliar e intergrupal do paciente com
TDA/H.
ANÁLISE DOS RESULTADOS:
Tratamento Estatístico: verificou-se a variável de controle do uso do
Metilfenidato/Rispiridona da seguinte forma: grupo A: crianças e adolescentes não
submetidas ao Metilfenidato/Rispiridona; após seis meses de uso da medicação fez-se nova
testagem para verificar se houve alteração no desempenho cognitivo e comportamental;
grupo B: as crianças e adolescentes do Grupo A submetidas ao Metilfenidato com ajuste da
posologia diária e parte do grupo foi prescrita inicialmente metilfenidato (ritalina) pelo
neuropediatra e tendo observado que os pacientes (A; C; D e) não responderam
positivamente ao tratamento farmacológico, sendo então introduzida a Rispiridona com
posologia de uma dose/dia e no decorrer de dois meses, ajustada para duas doses/dia – uma
pela manhã e outra à noite. Trasncorridos seis meses de uso contínuo dos
psicoestimulantes, intervenções psicoterapias e apóio do neuropediatra e da equipe
pedagógica da escola, pôde-se perceber que 81,25% dos casos (13 dos 16 pacientes)
responderam bem ao conjunto de técnicas e procedimentos utilizados. Após a avaliação
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com o WISC III os alunos que inicialmente foram identificados com níveis de inteligência
inferiores ao seu grupo etário, decorrente da seqüela do quadro de TDA(H), na segunda
aferição encontrou-se níveis de inteligência compatíveis com a idade cronológica de cada
paciente; e os indivíduos conscientes de suas limitações e de suas competências
conseguiram aprender a lidar com as suas dificuldades, tiveram o “moral” elevado
passando a se comportar adequadamente nos diversos ambientes da sociedade e obtiveram
um desempenho escolar positivo.
REFERÊNCIAS
CORREA FILHO, A. G.; Rohde, L. A. Árvore de decisão terapêutica do uso de
psicofármacos no transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e comorbidadesem
crianças. Infanto, 6(2):83-91, 1998.
FINDLING et al.,. J. Am. Acad. Child Adolesc. Psychiatry .2004
GREENHILL, L. L.; HALPERIN, J. M.; ABIKOFF, H. Stimulant medications. J Am Acad
Child Adolesc Psychiatry, 38(5):503-512, 19
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de A . Metodologia do trabalho científico. São
Paulo: Atlas, 1992.
GRÜNSPUN, H. Distúrbios psiquiátricos da criança. 3ª ed. São Paulo: Ateneu, 1992.
PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamentos dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre:
Artmed, 1985.
PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar. São Paulo: Caso do Psicólogo, 1999.
ROHDE, L.A.; BIEDERMAN, J.; ZIMMERMANN, H.; SCHMITZ, M.; MARTINS, S.;
TRAMONTINA, S. - Exploring ADHD Age-of-onset Criterion in Brazilian Adolescents.
European Child Adolesc Psychiatry 9: 212-8, 2000.
SILVA, Ana Beatriz B. Mentes inquietas. São Paulo: Gente, 2003.
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