A terapia cognitivo-comportamental no tratamento das

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A terapia cognitivo-comportamental no tratamento das dependências tecnológicas
Igor Lins Lemos1
A cibercultura oferece diversas possibilidades de entretenimento e imersão em
seus mais conhecidos desdobramentos: o celular, a Internet e os jogos eletrônicos. Esta é
uma indústria em franca ascensão, que atinge a maior parte da população mundial,
independentemente de faixa etária ou classe social. Apesar dos conhecidos benefícios
deste uso, como a possibilidade de melhoria no processo de comunicação, experiências
lúdicas, o trabalho em equipe e a realização de pesquisas acadêmicas, a literatura
científica alerta para a possibilidade de que o uso inadequado destes recursos possa se
configurar como transtornos psiquiátricos contemporâneos.
Apesar de ainda não serem bem compreendidas as causas (etiologia) e a
frequência com que este fenômeno ocorre na população (epidemiologia), recentemente o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), catalogou o
Transtorno do Jogo pela Internet como um possível transtorno psiquiátrico. Apesar da
especificação deste transtorno, circunscrito ao cenário dos jogos eletrônicos, é possível
considerar que existem sintomas comuns a todos os transtornos vinculados à tecnologia:
o uso excessivo, a dificuldade em interromper a prática, interferências negativas no
rendimento profissional e/ou acadêmico, necessidade de gastar cada vez mais do tempo
livre com o uso de recursos eletrônicos, alterações de humor quando o uso é interrompido,
dentre outros.
Considera-se que este é um assunto relevante e que possui prognóstico negativo,
ou seja, cada vez mais usuários irão adoecer diante destas possíveis dependências
tecnológicas. Apesar disso, diversos estudos já foram realizados, enfatizando a eficácia
da terapia cognitivo-comportamental no tratamento destas psicopatologias, tanto em
atendimento em individual como em grupo.
A psicoterapia irá auxiliar o paciente a modificar o seu funcionamento
desadaptativo nos níveis cognitivos, comportamentais e emocionais. Desta forma, o
psicoterapeuta irá ajudar o paciente a compreender e reestruturar quais são os
pensamentos que o levam a despender muito tempo com estes recursos, verificar quais
são as vantagens e desvantagens do uso problemático de tecnologia, facilitar ao paciente
o encontro de outras atividades prazerosas distintas do campo tecnológico e planejar em
quais momentos do dia estes recursos serão utilizados. A auto-observação, a ajuda de um
familiar no monitoramento destas atividades, a prevenção de recaída, o uso de cartões de
lembrete e descoberta dos padrões que guiam a dependência são outras estratégias
igualmente válidas.
Doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Mestre
em Psicologia Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental
Avançada Universidade de Pernambuco (UPE) Professor Pós-graduação Psicoterapeuta cognitivocomportamental (CRP 02/14577) Pesquisador, clínico e palestrante na área de dependências tecnológicas.
Psicoterapeuta certificado pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC)
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