Jornal Hemominas

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J o r n a l
9912269925-DRMG
HEMOMINAS
Nº 43 – JANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO/2016
Adair Gomez
Hemominas adota prazo de 30
dias após o término dos sintomas
de dengue, zika ou chikungunya
para que os doadores possam
realizar novas doações de sangue
Todos os candidatos passam pela triagem clínica antes de realizar a doação
Adair Gomez
Adair Gomez
Equipe da Fundação Hemominas
apresentou os resultados de 2015 para o
Conselho Curador em reunião no BDMG
A secretária-adjunta de Saúde, Alzira
de Oliveira Jorge, esteve presente na
abertura do Encontro de Rede, em BH
Nesta edição
Livro HTLV, Artigo Técnico e Sugestão de Leitura
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J o r n a l
Nº 43 - Janeiro, fevereiro e março/2016
MOBILIZAÇÃO
E d i t o r i a l
A ação do mosquito Aedes aegypti não dá sinais de trégua e fica mais forte a cada ano. A dengue é um problema que desafia a
todos, e que agora vem acompanhada de outros perigos. O problema não é só uma questão de saúde pública, mas também de
educação, comunicação e mobilização. Cabe a todos prevenir essas doenças que podem trazer tristeza para muitas famílias.
Para combater essa epidemia, é essencial a colaboração daqueles que detêm a informação, disseminando-as de forma
responsável. Trata-se de um exemplo de cidadania e de respeito com os semelhantes
Nesta edição, explicamos como a Fundação Hemominas trabalha para aumentar a segurança transfusional em momentos
como este em todas as suas unidades, que puderam discutir esse e outros assuntos através do Encontro de Rede, realizado em
março. Relacionando o tema da epidemia de dengue e dos novos vírus com a segurança transfusional, trazemos na Sugestão
de Leitura dois artigos internacionais publicados recentemente.
Ainda neste número, falamos um pouco sobre a importância das caravanas de doadores para o reforço nos estoques de
sangue, além do minissimpósio e lançamento da sexta edição do livro HTLV, além de um Artigo Técnico sobre a dificuldade
no diagnóstico da Doença de von Willebrand, doença pouco conhecida pela população.
Boa leitura!
Fundação Hemominas
Júnia Guimarães Mourão Cioffi
Presidente
Geraldo Luiz Moreira Guedes
Vice-presidente
Maria Isabel Pereira Rafael Maia
Chefia de Gabinete
Fernando Valadares Basques
Diretor Técnico-Científico
Kelly Nogueira Guerra
Diretora de Atuação Estratégica
Marcelus Fernandes Lima
Diretor de Planejamento, Gestão e
Finanças
Magda Valéria Bonfim
Procuradora
Lucimara Ribeiro Pereira
Auditora Seccional
Regina Vasconcelos
Assessora de Comunicação Social
F a l e
c o n o s c o
Rua Grão Pará, 882 – Sala 606
Bairro Funcionários
CEP 30150-340
Belo Horizonte–MG
Telefone: (31) 3768-7440
Fax: (31) 3281-3842
[email protected]
www.hemominas.mg.gov.br
Jornal Hemominas – nº 43 – Janeiro, Fevereiro e Março/2016
Editora: Isabela Muradas / Redação: Heloísa Machado, Isabela Muradas, Júnia Brasil, Margareth Pettersen e Aline Reis (estagiária)
Conselho Editorial: Fernando Valadares Basques, Marina Lobato Martins, Mitiko Murao e Júnia Brasil
Diagramação: Isabela Muradas
Impressão: XXXXXXX / Tiragem: 1200 exemplares
Hemominas leva contribuições ao Programa Planeja Sangue
Em fevereiro deste ano, a Hemominas participou de mais uma etapa
do Programa Planeja Sangue, em Brasília. A presidente da Fundação, Júnia
Cioffi, e a diretora de Atuação Estratégica, Kelly Nogueira, apresentaram
como contribuição a seleção de informações que compõe o planejamento
em hemoterapia estadual.
Tal conteúdo, que integra o Plano
Diretor Estadual de Sangue e Hemoderivados de Minas Gerais, pode ser estabelecido como modelo para todos os
Estados. O programa Planeja Sangue
- Planejamento e Gestão de Sistema
e Serviços de Saúde continua em discussão nacional, sob coordenação do
Ministério da Saúde/ Coordenação
Nacional de Sangue e Hemoderivados.
O Planeja Sangue é um programa
do Ministério da Saúde, com foco na
gestão e estruturação das redes de
serviços para suprir a demanda de atenção hematológica e hemoterápica,
alinhada aos princípios do SUS.
De acordo com Júnia Cioffi, nesta etapa o foco foi a criação de indicadores para nortear a produção de
hemocomponentes dentro do contexto da Hemorrede e da Rede de Atenção e Saúde. “Vimos a necessidade
de padronização de indicadores para
alinhamento com o restante do país
e já estamos elaborando nosso Plano
Diretor dentro das recomendações do
projeto”, disse a presidente.
Arquivo
Representantes de hemocentros públicos do
país se reuniram em Brasília
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Nº 43 - Janeiro, fevereiro e março/2016
Segurança na triagem de doadores é foco na Hemominas
O rigor na triagem clínica dos candidatos à doação de sangue já é um
procedimento usual da Fundação Hemominas. Esse procedimento é fundamental para resguardar a saúde de quem
doa e de quem recebe o sangue doado.
Nestes momentos em que a preocupação com as epidemias da dengue, da
zika e da chikungunya está crescente,
a procura por informações sobre as
formas de transmissão desses vírus é
latente. Segundo Fernando Basques, diretor Técnico-científico da Hemominas,
existem relatos de detecção dos vírus
em sangue de doadores e, portanto, é
considerada possível a transmissão por
transfusão. “Mas ainda são necessários
mais estudos para definir a eficácia dessa transmissão, ou seja, a capacidade de
infectar os receptores. Além disso, é alto
o percentual de pessoas que se infectam
com esses arbovírus e não apresentam
sintomas”. Estima-se que até 80% dos
casos de dengue e zika e 25% de chikungunya sejam assintomáticos.
Em 10 de dezembro de 2015, a Coordenação Geral do Sangue a Hemo-
derivados do Ministério da Saúde,
publicou uma primeira nota técnica
informando a necessidade de se adotar critérios quanto à doação de sangue
para as arboviroses (dengue, chikungunya e zika) transmitidas pelo Aedes
aegypti . Foi definido que em áreas não
endêmicas (livres ainda de transmissão
das doenças) seria adotado o prazo de
30 dias de inaptidão para pessoas que
tivessem viajado para áreas com transmissão ativa (endêmicas). Para todas as
três (3) arboviroses foi adotado o prazo
de 30 dias após o término dos sintomas
para realizar a doação. Em caso de dengue hemorrágico, é necessário aguardar
seis (6) meses após a cura.
A partir do dia 22 de dezembro,
o critério relativo a viagens para área
endêmica foi excluído da orientação
nacional; entretanto, os hemocentros
poderiam manter, de acordo com suas
características epidemiológicas, critérios mais restritivos. A Fundação Hemominas optou por manter o critério de
viagens a áreas epidêmicas/endêmicas
para as Unidades que se situam em área
não endêmica. As unidades situadas em
Belo Horizonte, Betim e Uberlândia,
por estarem situadas em área de alta
incidência de dengue, não adotam esse
critério desde 30 de dezembro de 2015.
Importante também salientar que
se nos sete (7) dias após a doação de
sangue o doador apresente sintomas
de processos infecciosos, ele deverá
informar o serviço de hemoterapia em
que doou para que seja possível resgatar eventuais hemocomponentes e/ou
acompanhar os receptores. “Esse procedimento sempre foi executado pela
Fundação Hemominas e faz parte dos
requisitos de segurança transfusional”,
explicou o diretor.
Para Fernando Basques, é importante ressaltar que não existe qualquer
risco para os doadores durante o processo de doação e que é de vital importância manter os estoques de sangue dentro
dos limites de segurança. Os candidatos
à doação são entrevistados e somente
aqueles que apresentam risco clínico
e epidemiológico para transmissão de
doenças não poderão doar sangue.
Hemominas passa por avaliação do Ministério da Saúde
Integrantes da Comissão de Assessoramento Técnico à Qualificação
Nacional da Hemorrede Pública
(CAT-QNHP), os engenheiros clínicos
Cícero Daniel Ferreira de Sousa e Luis
Renato Franco Hagmann de Figueiredo visitaram a Fundação Hemominas em março para avaliar os serviços
de hemoterapia, com foco na área de
Gestão de Equipamentos. Na primeira
etapa da visita técnica, eles se reuniram
com a presidente Júnia Cioffi, diretores
e assessores da Fundação. Em seguida,
já no Hemocentro de Belo Horizonte
(HBH), os engenheiros deram uma
palestra sobre Gestão de Equipamentos e nos três dias seguintes percorreram as instalações locais.
Acompanhados por membros do
Comitê de Avaliação Tecnológica da
Fundação e pela equipe de Manutenção e Equipamentos (MEC), os engenheiros fizeram uma vistoria minuciosa nos equipamentos prediais, elétricos
e de laboratório, na qual foram evidenciados alguns pontos a serem trabalhados para melhor desempenho
dos serviços. Segundo Cícero Daniel,
o procedimento se estende a todos os
hemocentros públicos do país – o HBH
foi o primeiro a ser visitado este ano.
Segundo os consultores, embora
sejam necessárias pequenas mudanças
no controle de equipamentos, “o que
destacamos é a capacidade e o conhecimento técnico do grupo de gestão
de equipamentos e também o envolvimento e comprometimento da equipe
técnica dos laboratórios. Daqui, levamos a experiência que vamos compartilhar com outros hemocentros”.
Ao final, os engenheiros fizeram
um relatório de diagnóstico, segundo
os parâmetros da CAT-QNHP, instituída no âmbito do Sistema Nacional de
Sangue, Componentes e Derivados (Sinasan). A proposta é subsidiar o planejamento e ações necessárias para melhoria do processo, visando sempre a
melhoria dos serviços de hematologia
e hemoterapia.
Avaliação positiva
Para o diretor Técnico-Científico da
Fundação, Fernando Basques, a visita
técnica foi positiva: “A possibilidade
de troca de informações, com a avaliação de nossa capacitação e controle
de equipamentos faz com que possamos imprimir melhorias contínuas no
nosso sistema de gestão da qualidade”,
observou.
Também o diretor de Planejamento, Gestão e Finanças, Marcelus Fernandes Lima, considerou boa a percepção dos consultores: “Pela avaliação
preliminar dos consultores, verifica-se
um alto grau de desempenho da equipe
de manutenção, assim como das áreas
técnicas visitadas, aos quais, orgulhosamente, cumprimento. Contudo,
houve observações de alguns processos
sobre os quais devemos nos debruçar
para obter melhor desenvolvimento e
assertividade dos mesmos”.
Adair Gomez
Os engenheiros clínicos do Ministério da
Saúde avaliaram os equipamentos do HBH
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Nº 43 - Janeiro, fevereiro e março/2016
Grupo de pesquisa realiza simpósio e lança livro sobre HTLV
Adair Gomez
serviços em 62 municí- presidente.
Várias pesquisas desenvolvidas pepios que atendem todo
o estado mineiro”, afir- los membros do GIPH foram apresentadas durante o evento. A responsável
mou Jordana.
O compromisso com pelo Departamento de Microbiologia
a conscientização do -ICB/UFMG, Edel Figueiredo, falou
HTLV foi reafirmado sobre os testes para a vacinoterapia.
por Juliana Uesono, do Carlos Brites, coordenador da FaculDepartamento de DST, dade de Medicina da UFBA, trouxe
Aids e Hepatites Virais dados sobre a coinfecção HIV-HTLV,
doMinistério da Saúde. relacionando a realidade no Brasil com
Juliana informou sobre a cidade de Salvador. Já Luiz Cláudio
um novo tratamento Romanelli (Hemominas/BH) discorpara os pacientes desse reu sobre o tratamento da infecção
vírus. “Conseguimos e suas possíveis complicações neuParticipantes do GIPH durante o minissimpósio de HTLV incorporar no SUS o rológicas. Luiz Alcântara da Fiocruz/
uso do medicamento BA citou projetos de aplicativos para
antirretroviral
zido- celular como forma de divulgação da
A Fundação Hemominas e o Grupo
doença. Fechando as apresentações,
vudina,
para
tratamento
de
leucemia
Interdisciplinar de Pesquisa em HTLV
(GIPH) realizaram, no dia 23 de e linfoma de células T associado ao João Gabriel Ribas, da Fundação Sarah
em BH, relatou como é feito o tratamarço, um minissimpósio e o lança- HTLV-1, confirmou Juliana.
mento na instituição.
A
presidente
da
Associação
dos
mento da sexta edição do livro HTLV
Destaque também para a particiPortadores
do
Vírus
HTLV
Vitamore,
- Coleção Cadernos Hemominas.
pação
de Adijeane Oliveira de Jesus,
Sandra
do
Valle,
foi
responsável
pelo
Cerca de 40 pessoas compareceram ao
colaboradora
na elaboração do livro,
tema
“Vivendo
com
HTLV”.
Sandra
evento, que aconteceu no auditório do
Hemocentro de Belo Horizonte e con- falou sobre o envolvimento da socie- paciente e representante da Associação
tou com a presença de representantes dade na divulgação do vírus. “Desde HTLVida, grupo de apoio aos portadoda Fundação Sarah Kubitschek em a década de 70 existe o HTLV. Minha res de HTLV do estado da Bahia. Ela
BH, Universidade Federal Fluminense vontade, às vezes, é jogar a toalha, mas informou o quanto é difícil conseguir
(UFF), Universidade Federal da Bahia quando eu participo de eventos como divulgação para esse assunto. “O que
motiva participar desses simpósios
(UFBA), Faculdade de Medicina de esse, ganho forças”, finalizou Sandra.
A partir da sugestão de Sandra do é o número crescente de pacientes.
Campos (FMC), Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), Hospital Valle, presidente da Associação dos Dra. Anna Bárbara me convidou para
das Clínicas, Ministério da Saúde, Fi- Portadores do Vírus HTLV – Vita- participar da elaboração do livro, conocruz, secretarias Estadual e Munici- more, do Rio de janeiro, o dia de re- tando como fazemos a assistência no
pal de Saúde e de associações de pes- alização do minissimpósio em Minas nosso Estado e fiquei muito feliz em
soas com o vírus, da Bahia e do Rio de Gerais foi aprovado como marco na poder participar”, ressaltou.
A versão eletrônica da sexta edição
luta pelo tratamento integral das pesJaneiro.
do
livro HTLV – Cadernos Hemomisoas
com
o
vírus
HTLV
e
tornou-se
A médica e pesquisadora da Henas,
lançado no Dia Nacional de Eno
“Dia
Nacional
de
Enfrentamento
mominas, Anna Bárbara Proietti, tamfrentamento
do HTLV – 23 de março,
do
HTLV”.
Em
vários
estados
foram
bém coordenadora do GIPH, deu as
está
publicada
no portal Hemominas
propostas
ações
simultâneas
para
que
boas vindas aos presentes, ressaltando
a importância do minissimpósio e do o dia 23 de março possa, a partir deste www.hemominas.mg.gov.br/publilivro para dar divulgação da gravidade ano, entrar nas agendas de atenção à cacoes.
Adair Gomez
da infecção pelo vírus HTLV. “Foram saúde e assistência aos portadores do
mais de 73 pesquisadores e colabo- HTLV.
A presidente da Heradores para o livro. “As pessoas não
sabem que têm o HTLV e quando mominas, Júnia Cioffi,
descobrem ficam atordoadas com o se solidarizou com os
diagnóstico”, destacou Anna Bárbara. pacientes e parabenizou
Entre os palestrantes estava a co- os profissionais que atuordenadora do setor de Doenças Sex- am nas pesquisas sobre
ualmente Transmissíveis (DST), Aids o HTLV. “A Hemominas
e Hepatites Virais da Secretaria de tem orgulho de ser a
Estado de Saúde (SES/MG), Jordana sede deste grupo. Temos
Costa Lima. Ela mostrou como fun- grande vocação para
ciona atualmente o programa da rede pesquisa e tecnologia.
DSTs/Aids e Hepatites em Minas Ge- A nossa vontade é que o
rais. “Desde 2015, já existe um trabal- GIPH continue seu traho com grupos específicos para HTLV. balho na Hemominas
Hoje temos vigilância epidemiológica, para seguir trazendo
assistência, centro de testagem e a- conhecimento à popu- O livro HTLV já está em sua sexta edição
conselhamento e farmácias. Temos 17 lação” parabenizou a
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A r t i g o
T é c n i c o
A Doença de von Willebrand (DVW)
é uma coagulopatia hereditária congênita
causada por defeitos qualitativos ou quantitativos do Fator de von Willebrand (FvW).
O FvW circula na forma de multímeros e
promove a adesão das plaquetas ao subendotélio em caso de lesão. Além disso,
o FvW se associa ao FVIII em circulação
e retarda sua degradação. Há três tipos
primários da doença (tipos 1, 2 e 3), sendo
essa a coagulopatia mais comum nas populações humanas. A sua prevalência varia
de 0,8% a 2,0% dependendo da população
estudada. A complexidade da doença e a
heterogeneidade clínica são fatores que levam às dificuldades no correto diagnóstico
da DVW. Além disso, defeitos no gene do
FvW podem nem sempre ser a única causa
da doença, podendo haver genes modificadores, como por exemplo, o grupo sanguíneo ABO que afeta significativamente os
níveis plasmáticos do FvW.
A DvW tipo 1 é um defeito quantitativo
parcial do FvW. Por outro lado, a ausência
completa do FvW é classificada como DVW
tipo 3. A DvW tipo 2 é caracterizada por defeitos qualitativos do FvW, sendo dividida
nos subtipos: 2A (diminuição/ausência
dos multímeros de alto peso molecular do
FvW), 2B (aumento da afinidade do FvW
pela glicoproteína de membrana plaquetária GPIb), 2M (diminuição da ligação do
FvW às plaquetas mesmo na presença de
Nº 43 - Janeiro, fevereiro e março/2016
O desafio do diagnóstico de pacientes com Doença de von Willebrand
Autor: Daniel Gonçalves Chaves*
multímeros de alto peso) e 2N (diminuição
da afinidade do FvW pelo FVIII). O tipo 1
é o mais frequente e compreende 60-80%
dos casos. O tipo 2 varia entre 7-30% dos
casos e o tipo 3 representa 5-20% dos casos.
Os indivíduos com DVW podem apresentar episódios de sangramento anormal, podendo ocorrer sangramentos de diferentes
intensidades. Os sintomas mais comuns da
DVW incluem: epistaxe, aumento do fluxo
menstrual e sangramento excessivo mesmo
após pequenos acidentes e também após
procedimentos cirúrgicos.
O diagnóstico da DVW requer uma série de procedimentos laboratoriais de alto
custo quase sempre indisponíveis nos laboratórios dos centros brasileiros. Portanto,
ainda hoje é um grande desafio a distinção
e o correto diagnóstico e tratamento dos
casos suspeitos de DVW. Isso leva a um
relativo negligenciamento diagnóstico da
DVW em muitos centros de hematologia e
hemoterapia. Apesar de ser a coagulopatia
mais frequente, a DVW é subdiagnosticada
no Brasil e estima-se que, somente em Minas Gerais, cerca de 200 mil casos não são
conhecidos, sendo que destes, 20 mil são
indivíduos com sintomatologia da doença.
A Fundação Hemominas tem cerca de 600
pacientes cadastrados com possível diagnóstico de DVW.
Atualmente, os testes laboratoriais de triagem realizados na maioria dos centros bra-
sileiros não são suficientes para a definição
do tipo 1 e dos subtipos 2 (2A, 2B, 2M e 2N)
da DVW. No Laboratório de Hematologia
da Fundação Hemominas são realizados
os testes FvW:Rco (cofator de ristocetina),
FvW:Ag (FvW antígeno), RIPA (teste de
agregação plaquetária induzida pela ristocetina) e dosagem do FVIII:C. A inclusão
de testes como teste de ligação do FvW ao
colágeno (FvW:CB) e teste de ligação do
FvW ao FVIII (FvW:FVIII) permitiriam o
diagnóstico correto de aproximadamente
90% dos pacientes.
No Brasil, são raros os estudos da DVW
em termos de epidemiologia genética ou
pesquisas tecnológicas visando implantação de testes diagnósticos validados. Recentemente a Fapemig aprovou o projeto
“Desenvolvimento e implantação de testes
para diagnóstico e acompanhamento especializado de pacientes com doença de von
Willebrand no estado de Minas Gerais” que
será desenvolvido no Serviço de Pesquisa
da Fundação Hemominas. Essa será uma
grande oportunidade para padronizar os
testes ainda não realizados na instituição e
estudar a viabilidade de incluí-los na rotina.
Além disso, será interessante discutir os
resultados obtidos com as equipes ambulatoriais, laboratoriais e de direção para que
novas estratégias de diagnóstico e acompanhamento dos pacientes possam ser estruturadas e implantadas.
* Biólogo, mestre em Bioquímica e Imunologia. Doutor em Imunologia pelo Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.
Gestores da Hemominas se reúnem para discutir melhorias
Discutir o contexto atual e identificar oportunidades de melhorias nos
processos foi o objetivo do encontro
que reuniu coordenadores, diretores,
assessores e gerentes da Hemominas
no início de março, em Belo Horizonte.
A secretária-adjunta de Saúde,
Alzira de Oliveira Jorge, esteve presente na abertura do encontro. Ela
falou sobre as dificuldades que o Estado vive atualmente, o que têm refletido
na área da saúde. A secretária reafirmou a importância do SUS para o país
e pediu empenho de todos para que o
Sistema Único de Saúde não perca seu
propósito, que é garantir o acesso integral e gratuito para toda a população
brasileira.
A presidente da Hemominas, Júnia
Cioffi agradeceu o apoio da Secretaria e também falou sobre o momento
pelo qual o Brasil passa. “Durante a
sua história, a Hemominas passou por
vários desafios. Conseguimos superálos porque trabalhamos com dedicação”, afirmou Júnia.
Durante a manhã, o tema abordado foi a “Gestão Participativa”, projeto
estadual que visa promover processos
participativos na gestão das políticas
públicas. Os participantes foram divididos em grupos para compilar as
sugestões dadas pelos servidores de
cada unidade para as questões levantadas durante o “Seminário Estadual
de Gestão Participativa”. O Colegiado
de Gestão Participativa na Fundação
Hemominas terá a participação de seis
membros, sendo um representante da
diretoria, três servidores e dois gestores, que serão indicados pelos participantes deste Encontro de Rede.
Plano Diretor
O segundo dia do encontro foi marcado por oficinas para discutir ações de
melhorias no atendimento ao cidadão.
Foram apresentadas aos servidores as
informações levantadas para a elaboração do Plano Diretor Estadual de
Sangue e Hemoderivados 2016/2019.
O último dia do Encontro foi dedicado a informes internos de cada diretoria da Hemominas, entre eles as
ações de transparência sobre o Encontro de Rede, realizado via convênio
761670/2011 do Ministério da Saúde.
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Nº 43 - Janeiro, fevereiro e março/2016
Arquivo
Caravanas reforçam estoque de sangue da rede Hemominas
O grupo formado por moradores de Unaí, no noroeste de MG, percorreu uma distância
de 300 km para realizar a doação de sangue no Hemonúcleo de Patos de Minas
Os períodos de férias e festividades
e atualmente o aumento nos casos
de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti têm contribuído
para a queda no comparecimento dos
doadores de sangue nas unidades da
Fundação Hemominas. Nesse sentido,
as caravanas aparecem como importantes aliadas para aumentar o núme-
ro de doadores em todo o Estado.
As caravanas podem ser caracterizadas como grupos de pessoas que se
mobilizam e comparecem às unidades
de coleta com a finalidade da realização
da doação de sangue. “Ações como essas servem para sensibilizar a população a doar sangue e assim contribuir
para que os estoques dos hemocentros
sejam estabilizados. Considero muito
admirável um doador percorrer uma
grande distância para exercer um ato
tão nobre”, afirma Simone de Lima,
captadora do Hemonúcleo de Patos de
Minas.
Já para Helen Dupin, responsável
pelo setor de Captação de Doadores
do Hemocentro de Belo Horizonte,
a participação das caravanas é de extrema importância, pois ajudam no
resultado das ações da unidade. “O
compromisso delas reforça os nossos
estoques nos finais de semana, quando
o número de doadores relativamente é
menor”, destacou.
Ao formar uma caravana para
doação de sangue, é importante que os
grupos interessados façam um contato
prévio com o Setor de Captação de
Doadores presente em cada unidade
da Hemominas. Esse setor irá programar as melhores datas para as doações
do grupo, registrá-lo e fornecer todas
as orientações. Para saber a unidade
da Fundação mais próxima, os organizadores devem ligar para o telefone
155, opção 8 (ligação gratuita).
Em 2015, a Fundação Hemominas
recebeu mais de 350 mil candidatos à
doação em suas unidades.
Algumas caravanas do primeiro trimestre
Neste primeiro trimestre, a
Fundação Hemominas recebeu diversos grupos para a realização das
doações de sangue:
Unaí – O Hemonúcleo de Patos de Minas recebeu, em fevereiro, a caravana
composta por 41 candidatos à doação
de sangue do município, localizado a
300km da unidade.
Guanhães – A caravana levou 24 pessoas ao Hemocentro de Belo Horizonte, também em fevereiro. O grupo
conta com a liderança de Jovane Alves,
doador fidelizado que se dispõe a
acompanhá-los em todas as idas ao
Hemocentro. Para amenizar o cansaço
da viagem, o grupo recebeu o apoio
do grupo teatral da Associação “Anjos
do Amor” de Belo Horizonte. Eles trabalham em parceria com a caravana e
prestam solidariedade aos doadores,
transformando a sala de espera em um
ambiente lúdico de alegrias e brincadeiras.
São João da Lagoa - No Dia Internacional da Mulher, 8 março, o Hemocentro Regional de Montes Claros recebeu caravana de São João da Lagoa.
O grupo foi composto apenas de mulheres, que foram comemorar a data.
Segundo Rosana Martins, captadora
do Hemocentro, “a ação é de grande
importância, pois demonstra que as
mulheres são realmente parceiras do
Hemocentro, tendo presença marcante o ano todo, auxiliando sempre
na manutenção de nossos estoques!”
Barão de Cocais – A caravana que saiu
de Barão de Cocais (97 km da capital)
com destino ao Hemocentro de Belo
Horizonte era composta por 12 integrantes, que doaram em benefício de
pessoas conhecidas que estão hospitalizadas na capital. Eucimara Aparecida
de Souza, integrante do grupo, disse
que “o esforço de viajar quilômetros
para fazer uma doação não custa sacrifícios, frente ao benefício de doar
vida a outras pessoas”. Ela afirmou ter
ciência de que faz uma boa ação.
Conceição do Mato Dentro – A caravana vinda do município era composta por oito integrantes e também teve
como destino o Hemocentro de Belo
Horizonte. Altamiro Simões é doador frequente da Hemominas e vem
a BH a cada quatro meses. Desta vez,
ele trouxe mais sete pessoas. “Tenho
prazer em doar, vejo como um compromisso social ajudar as pessoas hospitalizadas que certamente precisam
da nossa doação”.
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Orientações Gerais
• Todo candidato à doação de sangue
deverá apresentar documento de
identidade original e oficial com foto;
• É necessário dormir bem na noite
anterior à doação;
•Não ingerir bebida alcoólica nas 12
horas que antecedem à doação;
Nº 43 - Janeiro, fevereiro e março/2016
• O uso de medicamento, inclusive
para enjoo, pode impedir a realização
da doação;
• O motorista do veículo que transporta o grupo de doadores não deverá
doar sangue nessa ocasião;
• A doação de sangue não pode ser
feita em jejum. Pela manhã, o candidato à doação deverá tomar o lanche
normalmente, evitando alimentos gordurosos. Após o almoço é necessário
aguardar três (3) horas para realizar a
doação;
• O atendimento aos candidatos à
doação será sequencial, por ordem de
chegada e de cumprimento de cada
uma das etapas do processo de conscientização, cadastro, triagem e coleta;
• As doações em grupo ou caravanas
são mais demoradas. Haverá um intervalo de tempo entre o término da
doação dos primeiros e últimos candidatos.
A doação é 100% voluntária e beneficia qualquer pessoa independente de
parentesco. É importante lembrar que o
sangue é essencial para os atendimentos de urgência, realização de cirurgias
eletivas de grande porte e tratamento de
pessoas com doenças crônicas, além de
doenças oncológicas variadas que necessitam de transfusão frequentemente.
Representantes do grupo teatral da
Associação “Anjos do Amor”, e doadores de
Guanhães, em frente ao Hemocentro de BH
Foto: Adair Gomez
São João Nepomuceno: Em janeiro,
26 pessoas percorreram os 65 km de
distância entre São João Nepomuceno
e Juiz de Fora para doar sangue no
Hemocentro de Juiz de Fora em prol
de um paciente de leucemia de 8 anos.
Itaúna: integrantes da caravana formada por capoeiristas, relataram a experiência da doação de sangue.
“No dia 18/03, o grupo saiu de
Itaúna para Divinópolis no início da
manhã com destino ao Hemonúcleo
de Divinópolis. Ao chegar no local,
participaram de uma triagem, fizeram
cadastro e passaram pela triagem médica para saberem se poderiam doar.
Todo o processo foi rápido. “Não tem
nem palavras para descrever o ato de
doar, é você estar salvando uma vida.
Você fica poucos minutos lá e sabe que
o resultado vai durar muito mais tempo do que você levou doando sangue.
Lá estava cheio de gente doando. Nós
saímos de lá felizes por ter ajudado”,
Eduardo Nogueira Mello, integrante da
caravana.
Desde janeiro a Abadá – Capoeira sangue, vimos a necessidade de reforçar
(Associação Brasileira de Apoio e De- a importância da doação de sangue.
senvolvimento da Arte-Capoeira) pro- Queremos divulgar isso não só para os
move a campanha de doação de sangue capoeiristas, mas, também para toda a
em Itaúna. A instituição sempre re- comunidade. É importante as pessoas
alizou ações em prol da causa, entre- terem consciência de que um dia elas,
tanto, após uma das capoeiras precisar ou alguém próximo a elas, podem prede doadores para ajudar seu pai, que cisar de um doador de sangue”, expliestava com sérios problemas de saúde, cou Denis.
Divulgação
a campanha ganhou ainda
mais atenção dos capoeiristas
da cidade.
Segundo o organizador,
Denis Mariano (Instrutor
Filhote), a campanha “Capoeirista Sangue Bom” busca
despertar o sentimento de
solidariedade nas pessoas,
organizando caravanas de
doações de sangue coletivas
no banco de sangue da região,
a unidade da Hemominas
em Divinópolis. “Essa é uma
das causas que sempre foi
defendida pela Abadá – Capoeira. Entretanto, quando Miguel Nunes, doador que acompanhou a caravana
tivemos uma pessoa ligada a do grupo Abadá-Capoeira ao Hemonúcleo de
nós precisando de doadores de Divinópolis
8
J o r n a l
Nº 43 - Janeiro, fevereiro e março/2016
S u g e s t ã o
d e
L e i t u r a
Marina Lobato, gerente de Desenvolvimento Técncico-científico da Hemominas, sugere dois artigos sobre qual
o impacto que os casos de dengue e zika
podem ter quanto à segurança transfusional e as implicações no suprimento de
sangue.
O artigo de Teo e colaboradores
apresenta uma boa revisão sobre
diferentes aspectos da infecção pelo
vírus da dengue (DENV), como as
características clínicas e a transmissão, especialmente quanto ao risco de
transmissão de DENV por transfusão.
Embora possa ser considerado antigo,
de 2009, o artigo apresenta questões
ainda não resolvidas sobre o impacto
da epidemia de dengue na doação de
sangue e no suprimento dos hemocomponentes, e quais as estratégias que
podem ser adotadas para minimizar o
risco da transmissão viral. A inaptidão
do doador por sintomas relacionados à
Is dengue a threat to the blood supply?*
A dengue é uma ameaça para o fornecimento de sangue?
Autores: D Teo* 1, LC Ng † 1, S Lam*.
Potential for Zika virus transmission through blood transfusion
demonstrated during an outbreak in French Polynesia**
Potencial de transmissão do vírus Zika por transfusão de sangue
durante surto na Polinésia Francesa
Autores: D Musso1, T Nhan1, E Robin1, C Roche1, D Bierlaire2, K Zisou1,
A Shan Yan1, V M Cao-Lormeau1, J Broult2
dengue pode ser uma dessas medidas,
sendo de baixo custo, mas que leva a
grande perda de doadores. Os autores
chamam a atenção que numa epidemia, os casos de infecções transmitidas
por transfusões representam apenas
uma pequena fração do total de infecções. Além disso, para os casos relatados de transmissão por transfusão,
a infecção viral não teve um desfecho
mais grave.
O artigo também comenta sobre
o uso inapropriado de transfusão de
plaquetas para tratar pacientes com
dengue, o que acaba por agravar o
estoque nos bancos de sangue do
hemocomponente e colocar em risco
desnecessário de transfusão o próprio
paciente.
O segundo artigo relata as medidas tomadas para se evitar a transmissão por transfusão do zika vírus
(ZIKAV) na epidemia vivida pela Polinésia Francesa em 2013/2014. Naquela
região, a prevalência de ZIKAV foi de
3% entre 1.505 doadores de sangue
assintomáticos testados por real time
RT-PCR. Os autores enfatizam a importância de rapidamente se adaptar
os procedimentos para a segurança
transfusional em uma situação de epidemia.
*1These authors contributed equally to this work / †Environmental Health Institute, National Environment Agency, Singapore / * Blood Services Group,
Health Sciences Authority, Singapore
O artigo está disponível em www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2713854/
** 1Unit of Emerging Infectious Diseases, Institut Louis Malardé, Tahiti, French Polynesia / 2Centre hospitalier du Taaone, Tahiti, French Polynesia
O artigo está disponível em www.eurosurveillance.org/ViewArticle.aspx?ArticleId=20761
Hemominas apresenta resultados para Conselho Curador
O Conselho Curador da Fundação
Hemominas se reuniu, ordinariamente,
no dia 18 de março, para aprovação das
contas e ações realizadas em 2015. Este
órgão máximo de deliberação da instituição tem como presidente o secretário
de Estado de Saúde, Fausto Pereira dos
Santos, e como secretária executiva a
presidente da Hemominas, Júnia Cioffi.
Os membros designados são os representantes da Fapemig, Elza Fernandes
de Araújo; da Secretaria de Estado de
Fazenda, Sueli Fátima Silveira Costa;
da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, André de Abreu Rei;
e membros convidados: representante
do Ministério da Saúde, João Paulo
Baccara; da UFMG, Benigna Maria de
Oliveira; do Conselho Regional de Medicina, Roberto Paolinelli de Castro;
com notória experiência em Administração, Fernando Antônio França Sette
Pinheiro; com notória experiência em
Saúde, Marcos Borato Viana; e dos pacientes, Maria Zenó Soares da Silva.
Júnia Cioffi abriu o encontro apresentando as diretorias da Hemominas e
ressaltando a importância do Conselho
Curador para avaliação dos processos e
propostas de melhorias da instituição.
O secretário de Saúde, Fausto Pereira dos Santos, pontuou as expectativas
para 2016 e afirmou que Minas Gerais
atravessa um período de dificuldades
e que adaptações são necessárias para
que o cidadão continue a ser atendido
da melhor forma possível. “Temos que
continuar trabalhando para garantir a
qualidade dos serviços, pois saúde é responsabilidade de todos”, disse.
Além da apresentação sobre a estrutura orgânica e gestão estratégica,
financeira e funcional da Hemominas,
para também foi discutida alteração
no regimento do Conselho Curador,
que inclui a eleição de dois servidores
da rede Hemominas – um da capital
e outro do interior, com alternação a
cada dois anos.
Após as ponderações, os membros
do Conselho saudaram a Hemominas
pelo desempenho da instituição, que
vem garantindo serviços de qualidade
para o cidadão.
Júnia Cioffi agradeceu as considerações do Conselho Curador e afirmou
que a avaliação positiva do trabalho
que está sendo feito na Fundação Hemominas por parte do órgão promove
motivação para os servidores.
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