Cursinho Triu – História / Professores: Léo e Julie Aula 1: Pré

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Cursinho Triu – História / Professores: Léo e Julie
Aula 1: Pré-História e Antiguidade Oriental
Como já vimos na aula anterior, as divisões da história em períodos e eras são sempre
feitas posteriormente a ela e são subjetivas. Um dos exemplos mais nítidos desse processo de
construção da história é a chamada “pré-história”. As primeiras divisões e periodizações do
período da pré-história acontecem no século XIX. Primeiramente ela foi dividida em Idade da
Pedra, Idade do Bronze e Idade do Ferro (priorizando as mudanças nas técnicas de fabricação
dos povos), e em seguida o sistema foi apurado, dividindo a Idade da Pedra em paleolítico,
mesolítico e neolítico. Ao final dessa idade se encerraria a pré-história e se iniciaria a chamada
Idade dos Metais. Apesar de parecer confuso, essa classificação é apenas uma dentre muitas
possíveis, e o importante é lembrar que tais parâmetros funcionam quando relacionados a
culturas e povos pré-históricos do Mediterrâneo e da Eurásia (podendo não se aplicar, por
exemplo, a povos pré-históricos da América).
Apesar de abranger um período longo e heterogêneo, podemos destacar em toda essa
pré-história pelo menos um momento chave que nos ajudará a entender as demais civilizações
e povos da antiguidade: a chamada revolução neolítica. Esse é um dos nomes dados a um
processo amplo de inovação e transformações técnicas, sociais, econômicas, produtivas e
culturais que alterariam o modo de vida, a organização e a produção de alimentos dos grupos
humanos. Foi nesse período que houve as primeiras tentativas de domesticação de plantas e
da prática do cultivo (dando início a agricultura e a chamada Revolução Agrícola). Talvez não
pareça grande coisa, mas foram essas inovações que permitiram a transformação de grupos
pequenos e móveis em sociedades sedentárias. Essa mudança também demandou a criação
da figura de um líder que pudesse controlar, gerir e organizar a vida e as relações nesses novos
espaços, ou seja, foi criada a noção de poder político centralizado, ou seja, o Estado.O fim da
pré-história é marcado por essa série de mudanças nos diferentes aspectos das vidas desses
povos, fazendo com que surgissem as civilizações (grupos humanos estáveis que mantém
relações entre si, pertencendo a mesma matriz cultural), além da escrita.
As primeiras civilizações se localizavam no Oriente Médio e nordeste da África em
regiões férteis, banhadas por rios (região do Crescente Fértil). Outras características comuns a
elas são a teocracia, o politeísmo e a falta de mobilidade e estratificação sociais.
O processo de formação do Egito se deu através da união de pequenas comunidades
para possibilitar o aumento da produção agrícola (que sustentava sua economia), formando os
núcleos denominados nomos. Essa relação tão estreita e importante dos egípcios com o rio
Nilo foi cristalizada na famosa frase do historiador Heródoto: “o Egito é uma dádiva do Nilo”.
Entretanto, não podemos enxergar o rio e a natureza como totalmente definidores do modo
de vida dessa civilização. A sociedade egípcia não foi obra somente da natureza, o
planejamento do Estado e o trabalho de muitos camponeses foram fundamentais para o bom
aproveitamento dos recursos naturais. Os egípcios eram politeístas, ou seja, acreditavam em
muitos deuses, que muitas vezes personificavam elementos e forças da natureza. Além disso,
acreditavam no “mito da passagem das almas” – que consistia na punição e julgamento de
todos após a morte, definindo para onde as almas iriam. Essa crença nos ajuda a compreender
a importância para os egípcios de rituais como a mumificação e a construção das grandiosas
pirâmides.
A região chamada de mesopotâmia, localizada entre os rios Tigre e Eufrates (o que
hoje é o Iraque), foi marcada por instabilidades nas relações políticas entre os povos que ali
foram se estabelecendo (como sumérios, acádios, assírios e babilônios). Dentre eles, um dos
domínios que mais nos deixou vestígios de sua cultura foi o domínio da babilônia. Seu extenso
domínio se deu, principalmente, pelo governo de Hamurábi, submetendo outras cidades ao
pode político dos babilônios. O mais conhecido traço da cultura babilônica talvez tenha sido o
Código de Hamurábi, um conjunto de leis que regiam a civilização. Dentre eles a “lei de Talião”
merece destaque especial. Conhecida pela máxima “olho por olho, dente por dente”, ela não
significava somente a aplicação de uma pena equivalente ao crime cometido, na prática, ela
garantia aos cidadãos direitos equivalentes à sua condição. Ou seja, em uma civilização
hierarquizada como aquela, as leis eram mais severas quando aplicadas às pessoas mais
pobres.
Outra região importante foi a região do mediterrâneo. Foi lá que se originaram os
hebreus, que foram marcados por uma “história de deslocamentos” (Caldeia [região do
Iraque] ao Egito [em que foram prisioneiros durante 400 anos], do Egito [libertados e guiados
por Moisés] à Terra prometida [Canaã, na Palestina]). Sua religião monoteísta foi uma das
grandes influências éticas e morais na sociedade ocidental. Com a destruição de Jerusalém
pelos romanos, no ano 70 depois de Cristo, os hebreus se dispersaram pelo mundo, mantendo
seus costumes religiosos e forte identidade cultural, mas não tinham mais nenhum território.
Localizando-se no que hoje é o Líbano e parte da Síria, os fenícios, caracterizavam-se
pela navegação e comércio no mar mediterrâneo. Seus governantes eram chamados de
sufetas. Uma das grandes importâncias da cultura fenícia foi o desenvolvimento do alfabeto
(de 22 letras) e uma escrita alfabética (que deu origem ao latim), em decorrência do intenso
comércio realizado por eles e a demanda por uma escrita rápida (se comparada aos hieróglifos
egípcios).
Os persas, que se localizavam onde hoje é o Irã, se destacam por suas grandes
conquistas (que foram até as margens do rio Indo), sendo derrotados apenas em 330 a.C. por
Alexandre da Macedônia. Seu território era dividido em “províncias” chamadas satrápias,
lideradas pelos sátrapas (sempre membros da aristocracia). Cada sátrapa respondia ao Rei e
tinha grande liberdade de ação. Essa estrutura fora criada pelo extenso domínio territorial
persa, dessa forma, nota-se certa “autonomia” cultural de cada domínio (desde que fosse
concedido ao povo persa o domínio político e pagamento de impostos). A religião persa era o
zoroastrismo, caracterizado pelo princípio dualista de duas forças que duelavam
constantemente – o bem e o mal. O grande feito da civilização persa foi o de deslocar o centro
político da antiguidade para o leste e criar as bases para a futura dominação grega (no império
de Alexandre).
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