Carta Econômica

Propaganda
Carta Econômica
Novembro de 2014
Gustav Gorski
Economista-Chefe
João Fernandes
Economista
[email protected]
[email protected]
O resultado das eleições reelegeu Dilma Rousseff para o segundo mandato na presidência da república. Em
uma eleição apertada, a presidente eleita ganhou com uma margem de 3 milhões de votos, e mostrou um
país totalmente dividido. A divisão não só foi geográfica, mas também em termos de renda e de bem-estar
social. Geograficamente, os estados do Nordeste e do Norte votaram maciçamente em Dilma, enquanto nas
outras regiões Aécio foi vencedor. Em termos de renda, os municípios com maior renda votar em Aécio e os
de menor renda em Dilma. Em relação ao bem-estar, os municípios com maior IDH votaram em Aécio e os
com menor IDH votaram em Dilma. Não obstante a correlação entre as regiões Nordeste e Norte com baixo
nível de renda e IDH, definitivamente, a eleição mostrou um país dividido. Ainda não houve anúncio de novas
equipes para o novo governo.
O comportamento da atividade econômica no Brasil é de elevada preocupação. Não só os indicadores têm
apresentado retração, mas também há uma enorme incerteza acerca do comportamento futuro da conjuntura
econômica e política no Brasil. A produção industrial, que apresentou leve melhora nos dois últimos meses,
acumula estoques excessivos. O setor de serviços, pela primeira vez para a série de dados, apresenta
crescimento real negativo. O comércio, com exceção de farmácias e cosméticos, retrai o volume de vendas. A
massa salarial apresenta crescimento próximo de zero. As contas públicas apresentam descontrole somente
visto nos anos 80. O superávit primário em setembro foi R$ 25 bilhões negativos e o acumulado no ano é de
R$ 14 bilhões negativos, pior resultado da série histórica. Os níveis de confiança que não estão nas mínimas
históricas, estão a seu caminho. Reiteramos nossa visão negativa para a economia neste ano e no próximo,
com uma projeção de crescimento nulo do PIB em 2014, e 0,8% em 2015.
A inflação firmou em patamar elevado. Após suavizar em julho e agosto, setembro e outubro mostraram
aceleração dos números. Alimentos voltou a subir, os núcleos de inflação aceleraram e há chance de
rompimento do teto da meta no final de 2014. Mesmo com a atividade fraca, não há sinalização de
suavização da inflação. A incerteza gerada na economia pelo excesso de intervencionismo causou ineficiência
ao setor produtivo que mesmo que a recessão no primeiro semestre não houve melhora no cenário para
inflação. Dado isso, apesar de esperamos que a fraqueza econômica afete positivamente a alta dos preços,
estamos mais pessimistas com este processo. Nossa expectativa para a inflação ao consumidor em 2014 é de
6,2% e para 2015, estamos revisando nosso número, com uma incerteza acima do usual para este tipo de
projeção.
Em relação à política monetária, o Banco Central, em uma decisão que surpreendeu todos os economistas
consultados, elevou a meta para a taxa Selic em 25 pontos base, para 11,25%. Mesmo após um embate
eleitoral onde o governo reeleito utilizou a retórica de que juros elevados não fazem parte dos instrumentos
de combate à inflação, o Copom elevou os juros em uma decisão com votação dividida. O argumento do
comitê de política monetária é que a desvalorização cambial afetou os balanços de risco para inflação. Esta
decisão tornou o cenário de juros para 2015 bastante incerto e dependente na nova equipe econômica ainda
não escolhida por Dilma. Esperamos que a Selic termine 2014 em 11,50% e o cenário para 2015 é bastante
incerto e depende diretamente das escolhas que serão feitas para os cargos executivos da política econômica.
As informações acerca do cenário econômico externo mostraram um cenário dual, isto é, EUA mostrando
crescimento e Europa e China desacelerando. Os dados econômicos de China e Europa continuam apontando
para desaceleração. Em relação à Europa, ouve queda forte da produção industrial e a inflação aproxima-se
de zero, com chance da região entrar novamente em recessão. Nos EUA, há melhor contínua dos indicadores
de atividade econômica, principalmente aqueles ligados ao mercado de trabalho. O Banco Central norteamericano (Fed) encerrou seu programa de compra de títulos e sinalizou fortemente que o início de elevação
de juros está próximo.
A Quantitas Gestão de Recursos S.A. não comercializa nem distribui cotas de fundos de investimento ou qualquer outro ativo financeiro. As informações contidas neste documento foram
produzidas pela Quantitas Gestão de Recursos S.A. dentro das condições atuais de mercado e conjuntura. Todas as recomendações e estimativas aqui apresentadas derivam de nosso julgamento
e podem ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. Ressaltamos que rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura. As informações do presente material são
exclusivamente informativas. Recomendamos ao investidor a leitura cuidadosa do prospecto e do regulamento dos fundos de investimento ao aplicar seus recursos. Ressaltamos que os fundos de
investimentos não contam com a garantia do administrador, gestor, de qualquer mecanismo de seguro ou fundo garantidor de crédito - FGC. A Quantitas Gestão de Recursos S.A. não se
responsabiliza por decisões de investimento tomadas com base nos dados aqui divulgados.
Download