Contra a Exploração e o Empobrecimento

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3 Milhões de Trabalhadores/as da Têxtil e Vestuário do Bangladesh sujeitos a
brutal exploração e privados dos seus direitos mais elementares pelo patronato
local e pelas grandes marcas e cadeias de distribuição e retalho internacionais
(europeias e americanas)
Em Abril, com a derrocada de um edifício de oito andares e onde laboravam 5
empresas, 1.127 trabalhadores/as foram assassinados/as e cerca de 2.500
ficaram feridos, muitos com elevada gravidade, em resultado da avidez pelo lucro
desenfreado dos patrões locais e das grandes marcas e cadeias de distribuição
internacionais e de uma globalização sem regras sociais, ao serviço do capital
financeiro.
Após o protesto e a luta de centenas de milhares de trabalhadores/as da têxtil e
vestuário do Bangladesh, contra o assassínio dos seus camaradas, as condições
laborais inumanas a que eram sujeitas, a violenta exploração da sua força de trabalho,
a denúncia e a solidariedade do movimento sindical internacional e de outros
movimentos e organizações, o Governo foi obrigado a prender alguns dos
responsáveis pela tragédia, algumas empresas sem condições de segurança e
protecção foram encerradas. Foi criada uma comissão composta pelos sindicatos
locais, patrões, Governo, marcas e cadeias de distribuição, Federação Sindical da
Indústria Mundial (Industriall Global Union), organizações não governamentais, com o
acompanhamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que aprovou até 15
de Maio "um Acordo sobre a prevenção de incêndios e segurança na construção no
Bangladesh", ver documento 1 - ver documento 2.
1
No dia 9 de Maio no Bangladesch um novo incêndio numa empresa têxtil matou 8
trabalhadores/as. No dia 23 de Maio realizou-se a primeira reunião dos
subscritores do Acordo em Genebra, na sede da OIT, com a presença de 39 marcas e
cadeias de distribuição internacionais, com o objectivo de passar à execução dos
conteúdos do Acordo. Existem ainda algumas marcas poderosas que não aderiram ao
Acordo a exemplo da GAP, WALLMART; NIKE, RALPH, LAUREN e ADIDAS, pelo que
continuam os esforços para a sua adesão.
Segundo dados publicados, o Bangladesch é hoje ao nível mundial, o segundo
país produtor de têxteis e vestuário. Das suas exportações, 80% são de têxteis e
vestuário, a maioria exportadas para a Europa, USA e Canadá. As condições de
trabalho nos têxteis e vestuário no Bangladesch estão em patamares que poderemos
caracterizar hoje como trabalho escravo; não existem condições para a livre
sindicalização e organização; não existe o direito à negociação colectiva. Em 2010 o
salário mínimo nos têxteis e vestuário chegou às 3.000 takas (equivalente a 38 dólares
ou a 29 euros), salário que ainda hoje se mantém. Agora os sindicatos bengalis
apresentaram uma proposta para as 5.000 takas (equivalentes a 63 dólares ou a 48,5
euros) para aplicação imediata e uma grelha de aumentos salariais até 2015,
procurando atingir um salário mínimo "vital".
Este modelo industrial existente no Bangladesch a exemplo de outros países,
assenta na violenta exploração dos/as trabalhadores/as, sem condições de
segurança e protecção no trabalho, onde os acidentes mortais são o dia a dia de quem
trabalha, em benefício do patronato local e internacional, que não olha a meios para
alcançar lucros fabulosos. Esta realidade social torna clara a necessidade de
continuarmos a denunciar o modelo de globalização neoliberal e capitalista e a exigir a
regulação do comércio global.
Muitas das marcas e cadeias de distribuição e retalho, europeias e americanas, que
hoje produzem os seus produtos em regime de subcontratação no Bangladesh, onde
impõem preços esmagados até ao limite, para se apropriarem do máximo valor da
cadeia, são as mesmas que nas últimas décadas encerraram as suas empresas em
Portugal, deixando atrás de si desemprego e a instabilidade de milhares de famílias.
A FESETE manifesta a sua solidariedade aos trabalhadores/as dos têxteis e
vestuário do Bangladesch e espera que a acção do movimento sindical
internacional no apoio à luta pelos direitos e liberdades sindicais, pelo trabalho
digno e pela saúde e segurança no trabalho, seja uma realidade no futuro
próximo.
2
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