Quinta do Vallado

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Arquitetura
Quinta do Vallado:
projeto da nova Adega
OS
PRÉMIOS
FAD
SÃO UM DOS MAIS IMPORTANTES
GALARDÕES DE ARQUITETURA IBÉRICA E A NOVA
ADEGA
DA
ARQUITETO
QUINTA DO VALLADO, DA AUTORIA DO
FRANCISCO VIEIRA DE CAMPOS, É UM DOS
PROJETOS PORTUGUESES PRESTIGIADOS COM UM
LUGAR NA FINAL.
NO TOTAL, HÁ 8 PROJETOS PORTU-
GUESES FINALISTAS NAS VÁRIAS CATEGORIAS.
A QUINTA, CUJAS ORIGENS REMONTAM A 1716, CONSEGUIU CONSERVAR AS SUAS ESTRUTURAS HISTÓRICAS
E APOSTOU NA CONSTRUÇÃO DE UMA ADEGA QUE SE
INTEGRA NA PAISAGEM, COMPONDO HARMONIOSAMENTE UM QUADRO QUE TEM TANTO DE BELO COMO DE
INTENSO. O EDIFÍCIO DA ADEGA EXIBE UMA IDENTIDADE
CLEAN, DISTINTA, LINEAR E CONTEMPORÂNEA, QUE
PRIVILEGIA PARA OS REVESTIMENTOS EXTERIORES O
XISTO, MATÉRIA-PRIMA POR EXCELÊNCIA DO
DOURO,
DO SEU SOLO, DAS SUAS ENCOSTAS E SOCALCOS.
Num território único e deslumbrante como o Douro, qualquer intervenção teria que ser cirúrgica e esse foi o primeiro desafio - respeitar a paisagem sem deixar de afirmar a identidade distintiva do projeto. Cada gesto teria
que ser incisivo, adequando-se ao programa e conquistando uma expressividade que valorizasse tanto o edificado como a paisagem onde seria inserido.
Fotógrafo: Fernando Guerra I FG+SG
O projeto de expansão da Quinta do Vallado incluía duas
vertentes ligadas ao vinho - produção e lazer - e um desafio suplementar: manter e integrar as edificações pré-existentes num novo conjunto de linguagem marcadamente
contemporânea, sublinhando mas reconvertendo o elevado valor patrimonial original.
A unificação de todos estes propósitos não dispensou um
enorme e obrigatório rigor técnico e a precisão própria da
simplicidade, tanto nos materiais como nas formas, assegurando um impacto mínimo na paisagem, mas usando a
mesma economia de meios na conceção de espaços de
forte plasticidade. A sedução do visitante foi sempre parte
deste jogo.
A necessidade de manter a sua posição no mercado da
indústria dos vinhos, assim como a vontade de responder
às novas dinâmicas e exigências da vertente turística do
Douro Vinhateiro, justifica a necessidade de ampliação da
Adega e das funções da casa senhorial existente.
Fotógrafo: Fernando Guerra I FG+SG
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As duas vertentes ligadas ao vinho - produção e lazer estão contempladas num único projeto global e integrador, que contempla simultaneamente a remodelação e
ampliação da Adega, com obras de beneficiação, modernização e ampliação das instalações de vinificação, e
ainda uma pequena unidade hoteleira - Hotel Rural da
Quinta do Vallado.
A proposta de ampliação da Adega na Quinta do Vallado concilia a necessidade de expansão da adega existente com a correta integração na paisagem natural.
A intervenção prevê a manutenção dos edifícios existentes,
complementando-os com a reestruturação necessária à construção de novos edifícios: unidade hoteleira, armazém de fermentação, armazém de barricas e receção.
Numa encosta de forte pendente em risco de erosão, o projeto
considera a conservação e preservação dos processos naturais
e biológicos indispensáveis à garantia dos ecossistemas existentes.
O projeto respeita a drenagem natural dos terrenos, bem como
os ecossistemas da REN, construindo sem os destruir.
Assegura-se uma correta integração paisagística.
Fotógrafo: Fernando Guerra I FG+SG
A resolução/ampliação de uma Adega que funciona por gravidade obriga ao entendimento de todo o sistema produtivo e a
um grande rigor, disciplina e restrição na implantação das cotas
dos edifícios.
A compreensão do funcionamento por gravidade no processo
de fabrico do vinho, que estabelece uma forte dependência
entre a implantação das várias construções e a topografia do
terreno, torna-se assim estruturante.
A necessidade de compatibilizar o espaço íngreme, disponível
para a inserção das novas construções, com as instalações
existentes, procurando dar ao conjunto um forte carácter unitário, foi um dos maiores desafios.
Uma grande massa encrostada no terreno remata numa consola. Os edifícios ora se agarram ao solo, tornando-se rocha e barreira física, ora se soltam, permitindo o seu atravessamento.
O projeto concilia a estrutura e as infraestruturas, de modo a
que todas as instalações e equipamentos estejam devidamente
integrados.
Fotógrafo: Fernando Guerra I FG+SG
O armazém de barricas, com volume exterior paralelepipédico e
espaço interior abobadado, apresenta uma massividade que permite um bom desempenho térmico (inércia térmica). A omissão do
material não resistente da parede cria a possibilidade da criação
duma caixa-de-ar, simultaneamente túnel de infraestruturas e sistema de ventilação natural.
Todos os volumes são construídos em betão com acabamento
bujardado no interior enquanto no exterior são revestidos a pedra
de xisto tratada de forma contemporânea.
INSERÇÃO
URBANA E PAISAGÍSTICA
As obras de expansão da Adega da Quinta do Vallado salvaguardam o equilíbrio ecológico natural onde estão integradas, de
modo a que a solução tenha um impacto mínimo.
Fotógrafo: Fernando Guerra I FG+SG
A intervenção respeita e adapta-se à topografia do terreno e privilegia a utilização de materiais permeáveis ou semipermeáveis nos
pavimentos, bem como o recurso a materiais perecíveis nos equipamentos de apoio, como o xisto.
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Arquitetura
ARMAZÉM
DE
BARRICAS
O armazém de barricas procura criar uma relação de equilíbrio e tensão entre edifício e topografia, integrando-se no
terreno sem deixar de afirmar a sua natureza artificial.
Como um objeto de Land Art, o edifício, simultaneamente,
autonomiza-se e dialoga com a paisagem, tomando como
base a topografia dos socalcos do Douro.
A implantação, do edifício permite simultaneamente responder às exigências técnicas do programa (criação de uma
plataforma de nível/de uma adega de gravidade) e preservar
a topografia/caminhos existentes.
Fotógrafo: Alberto Plácido
A área de construção é distribuída num só piso, abobadado
e compartimentado em quatro espaços. Com capacidade
para receber cerca de 1176 barricas, esta área inclui ainda
espaço exterior para manobras de carga e descarga de veículos.
RECEÇÃO
O acesso dos visitantes é autónomo da expedição do produto acabado, e situa-se à cota baixa. O espaço da receção,
integrado na lógica do terreno em socalcos, contempla um
pátio exterior.
Destinada a receber os futuros visitantes da Quinta do
Vallado, a receção inicia um percurso por todas as etapas da
fabricação do vinho, passando pela cave de barricas e culminando no armazém de fermentação.
CONSTRUÇÃO/MATERIAIS
Conciliação da estrutura e infraestrutura na conceção de uma
forma ancestral abobadada da Adega de barricas, onde a massividade das paredes permite o controle da temperatura e da
humidade, cruciais na qualidade do vinho.
Fotógrafo: Alberto Plácido
Dado o forte impacto da paisagem envolvente onde está inserido, o
projeto concentra-se em procurar o carácter do local, caracterizado por
uma encosta de topografia em socalcos de xisto.
REMODELAÇÃO
E
AMPLIAÇÃO
DA
Todos os volumes são revestidos a pedra de xisto tratado de
forma contemporânea e os caixilhos são em aço pintado a forja.
ADEGA (GRAVIDADE)
A intervenção prevê a manutenção dos edifícios existentes, complementando-os com a reestruturação necessária à construção de um
novo armazém de barricas.
ARMAZÉM
DE
FERMENTAÇÃO
O armazém de fermentação, situado à cota mais elevada, faz a
reconstrução integral do edifício em ruínas. A cobertura do edifício é
acessível, sendo através dela que se inicia todo o processo de fabrico
do vinho, já que se trata de uma adega que funciona por gravidade - o
que obriga a uma grande precisão, disciplina e exigência na implantação das construções. O edifício está completamente camuflado num
muro de xisto que prolonga os muros existentes. Dois acessos feitos
por túneis conduzem ao armazém existente numa cota inferior e ao
novo armazém de barricas.
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Fotógrafo: Alberto Plácido
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