museu judaico - Universidade Fernando Pessoa

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UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA | CURSO DE ARQUITECTURA E URBANISMO
> C O M P O S I Ç Ã O II
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Jewish Museum – ANÁLISE CRITICA E TEÓRICA / REGISTO FOTOGRÁFICO DO EDÍFICIO
João António Laranjeiro da Silva, n.º14006
072004
> DANIEL LIBESKIND
Nascido em 1946 na Polónia do Pós-Guerra Daniel
Libeskind tornou-se cidadão americano em 1965.
Começou por estudar música e alcançou o grau de
arquitecto em 1970 conseguindo ainda uma pósgraduação em História e Teoria da Arquitectura em 1971.
Somente iniciou a sua prática em arquitectura em 1990,
em Berlim, após ter ganho o concurso para o Museu
Judaico, em 1989, este apenas abriu ao público em 1999.
A sua prática vai desde a construção de grandes
instituições culturais, incluindo museus e salas de
concertos, passando por urbanismo e planeamento
territorial, até ao desenho de palcos, instalações e
exposições.
Libeskind leccionou em varias universidades por todo o
mundo, o seu trabalho é exposto de forma extensa nos
mais importantes museus e galerias e viu muitas das suas
obras publicadas nas mais diversas línguas.
As suas ideias (DESCONSTRUTIVISMO) influenciaram a nova
geração de arquitectos e daqueles interessados no
desenvolvimento futuro das cidades.
> A HISTÓRIA DO “JEWISH MUSEUM” DE BERLIN
>A discussão acerca da construção de
um museu judaico em Berlin desenrolouse ao longo de ¼ de século. Muitos
estudiosos e sobreviventes do holocausto
discutiram este assunto, e as implicações
da construção de um museu judaico em
Berlin;
>Por fim em 1988 o projecto da obra foi a
concurso,
após
vários
os
anos
de
discussão;
>Daniel Libeskind também foi um dos
convidados
para
o
concurso
internacional, o qual ganhou, muitos
dizem que foi devido ao facto de ele
próprio ser judeu;
> O PROGRAMA DO PROJECTO
Ao ler o programa proposto, Daniel Libeskind, sentiu que este não correspondia
ao que ele já tinha investigado e estudado (de salientar a sua estreita ligação
com o holocausto onde ele perdeu parte dos seus familiares e ao facto de
também ter nascido em Lods na Polónia a poucas centenas de Kms de Berlin).
Três ideias básicas serviram de fundamento para o desenho do Museu Judaico
de Daniel Libeskind em Berlin:
1.
A impossibilidade de compreender a história de Berlin sem compreender a
grande contribuição intelectual, económica e cultural dos judeus;
2. Necessidade de integrar o significado do holocausto (física e espiritualmente)
na consciência e memória da cidade de Berlin;
3. Que só o assumir a realidade de um vazio de vida judia em Berlim poderá
levar a história de Berlim e da Europa a um futuro humano.
> O PROJECTO
O nome oficial do projecto “Jewish Museum” foi mudado por Daniel Libeskind
para “Between the lines” (entre as linhas). O nome surgiu do facto do projecto
ser acerca de duas linhas, uma de pensamento e organização e outra acerca
das relações humanas. Onde uma é direita mas partida em vários fragmentos e
outra é torta e indefinidamente continua.
Na elaboração do projecto ele agarrou-se a quatro “pilares” abaixo referidos:
1. Á irracional ligação matricial entre os nomes e datas das vitimas do
holocausto e à forma da estrela de David;
2. A um trecho do 2º acto de “Mores and Oran” de Schonbegois, onde este
autor através do silêncio e da “não musica” consegue passar a mensagem;
3. A memória de todos os berlinenses deportados durante o holocausto;
4. Um texto do primeiro livro de Walter Benjemins chamado “One Way Street” ;
> O RESULTADO
> O edifício desenhado pelo arquitecto Daniel Libeskind é violento. Antes
de qualquer exposição ter sido montada, o museu recebeu cerca de 400
mil visitantes. Sem nada para expor excepto o edifício. É obra. Diz quem
visitou que o simples percorrer do museu é um murro no estômago. Sem
dúvida não é um lugar agradável para se estar.
> LOCALIZAÇÃO
> O local da obra é no centro velho de Berlin, chamado de Lindenstrasse,
perto de um distinto seminário (Collegienhaus) e do antigo muro;
> O edifício ocupa mais de 10.000m2.
> INTEGRAÇÃO URBANA
> O edifício é muito humilde à escala urbana da cidade, onde existem bem
próximo edifícios com 12-15 andares, mas bem integrado e agarrado em
relação à vizinhança.
> O museu é cercado de jardins bem cuidados e bem integrados com o
programa arquitectónico;
> O EXTERIOR
> O museu é constituído por um edifício de 3 andares, muito anguloso com
planta em forma de zig-zag e com uma fachada principal muito pequena;
> As suas fenestrações são uma série de rasgos (feridas) na pele de folhas
de zinco rebitadas que cobrem todo o edifício, e que não deixam
transparecer para o exterior nenhuma organização espacial interior;
> O INTERIOR
Dentro do edifício existem 3 percursos diferentes que possuem 3 histórias
programaticamente distintas:
1.
O primeiro e mais longo conduz-nos através das escadas principais para a
história de Berlin e para espaços de exposição representando a
exterminação de judeus;
2. O segundo percurso conduz os visitantes a um jardim exterior (“jardim do
êxodo”), ao E.T.A. Hoffmans Garden, que representa o exílio e emigração
dos judeus da Alemanha. Este jardim exterior construído em solo inclinado
provoca ao visitante uma sensação de desorientação. Lá existem 49 pilares
formando um labirinto quadrado. Em cima de cada um, estão canteiros
com pequenas árvores de carvalho, cujos ramos se entrelaçam como
numa floresta. O canteiro do meio é o único com terra de Israel.
3. O terceiro percurso conduz-nos ao museu propriamente dito. No seu interior
espaços abertos criam sensações de vazio e claustrofobia.
> PERCURSO DO VISITANTE
> A entrada faz-se a partir de um edifício de estilo barroco, adjacente ao
actual museu, através de um túnel subterrâneo, provocando logo à partida
uma desorientação visual.
> Ao entrar pela base o visitante ouve atrás de si a porta a fechar-se que
será reaberta passado 3 minutos.
> Não há nada nesse calabouço. Só paredes sem pintura e uma fresta de
luz, num dos cantos do topo.
> Pisos e paredes são irregulares, sugerindo pânico, desamparo e frio;
> Musico erudito antes de ser
arquitecto, Libeskind transformou o
betão em sensações.
O chão de betão em bruto em alguns
corredores subterrâneos produzem ao
caminhar o som de lixas (fazendo-nos
vir à memória o som de grupos de
pessoa a arrastarem-se nos campos de
concentração).
Nos corredores que unem a torre ao
jardim, há vitrines com cartas,
documento, fotografias e objectos de
pessoas que foram enviadas a campos
de concentração.
É a única referência explicita que o
visitante vê sobre os judeus mortos
pelos nazistas.
Não há no museu fotos dos horrores dos
campos de concentração, pois como
diz a directora do museu: “Há muitos
museus sobre o holocausto no mundo.
A nossa proposta é diferente”.
A incorporação de vazios, da ausência,
de áreas intrânsitaveis em partes do
edíficio (os “voids” do museu de Berlin)
e a roptura da continuidade espacial,
com ângulos, recortes e deslocamentos
inusitados, são alguns traços que
caracterizam a sua vertente
desconstrutivista.
Do corredor da continuidade, nasce
uma escada que leva aos outros
andares, onde se expõe a história dos
judeus na Alemanha.
Um elemento bem calculado nesta
obra (e como em todas de Daniel
Libeskind) é o impacto emocional dos
espaços; este edifício consegue privar
o visitante do seu senso de orientação
e de uma ordem espacial préconcebida, abrindo brechas para a
memória e suas associações;
Alterna-se a claustrofobia com a
vertigem com a agorafobia com a
solidão com a dor com a libertação
num dinamismo ímpar; o corpo é
alterado pelo espaço.
Já no fim do percurso uma porta pesada em
ferro dá-nos acesso à torre do holocausto (uma
torre de 5 andares representa o holocausto, o
assassinato de milhões de judeus nos campos de
extermínio). Tal como se passa em todo o edifício
esta parte possui um acabamento a grosso em
betão. Aqui o corpo é violado por tensões e
horrores, solidão e angústia ao ponto da psicose,
sendo o visitante confrontado com medos e
temores (haverá algo mais aterrador que uma
sala escura, vazia, onde apenas se perscruta um
mundo exterior por uma ténue luz e o som da
vida que não é nossa? Onde cada um se
confronta com os seus demónios........talvez só a
luz me instigue mais medo que a escuridão.....),
vertigens e incómodos, sonhos e fobias.
< FIM >
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