Economia de guerra pela água

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Economia de guerra pela água
José Luiz Domingues
Os países ricos da Europa passam por situações constrangedoras e difíceis por causa da escassez de
água para as suas populações.
Em um artigo recente pela agência Rets, vimos uma notícia impensável na Inglaterra. No fim de junho,
o prefeito de Londres, Ken Livingstone, fez uma declaração polêmica: "Não dêem descarga se forem
apenas urinar".
A frase foi manchete de todos os jornais ingleses e entrou para o folclore político britânico, mas fazia
parte de um contexto maior. O governo estava em meio a uma campanha pela economia de água na
capital inglesa, uma das cidades que mais consomem recursos hídricos no mundo.
Cada londrino gasta, em média, 165 litros de água por dia, 30% a mais do que a média das grandes
cidades européias, de acordo com dados da própria administração pública britânica. Para comparação,
em São Paulo o gasto médio tem sido de 200 litros por pessoa, com variações em função da época do
ano.
Por isso a prefeitura de Londres chega a cogitar proibir o uso de mangueiras para lavar carros e de
aspersores para regar quintais caso uma campanha educacional recém-lançada não surta efeito.
“Quero que os londrinos façam pequenas mudanças para economizar água sem afetar sua qualidade
de vida", explica o prefeito, que teme a necessidade de racionamentos em um futuro próximo.
O problema é as nações mais ricas tem um consumo altíssimo de água, mas não tem as fontes
suficientes para atender sua demanda. A conseqüência é que a água começa a ser um problema
político e econômico em algumas regiões do Primeiro Mundo.
Sabemos que, quando se fala em problema político e econômico no primeiro mundo, quem paga o
pato somos nós. Temos muitos exemplos de como os países ricos são capazes de fazer qualquer
coisa pelo que querem ou necessitam.
A água potável sempre foi e ainda será causa de lutas pela soberania nacional. Nas tentativas de
internacionalizar a Amazônia não querem só a riqueza biológica ou do solo. Querem tudo, a começar
pela água doce, que hoje é retirada de graça dos nossos rios e usada como lastro nos porões de
navios de carga.
Estamos por enquanto em uma situação privilegiada no Brasil. Até a campanha criativa, séria e bem
humorada do SOS Mata Atlântica com o lema “faça xixi no banho”, é discutida e muitas vezes
repreendida com energia por parte da população.
Ainda por algum tempo poderemos dispor de água e de seus benefícios. Entretanto, devemos reativar
as discussões e efetivar uma tomada de decisões para aperfeiçoar o uso dos recursos hídricos, mantêlos com qualidade e utilizá-los com eficiência.
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