Boletim Regional do Banco Central do Brasil

Sumário executivo
A evolução favorável dos fundamentos
macroeconômicos encontra-se refletida nos indicadores
relativos a todas as regiões do país. Nesse sentido, registramse aumentos expressivos nos níveis de emprego regionais,
com a ampliação da geração de postos de trabalho, na
sua maior parte no mercado formal, refletindo o maior
dinamismo dos setores produtivos. O crescimento robusto
das vendas do comércio varejista atinge todas as regiões e
mostra, geograficamente, maior homogeneidade do que em
anos anteriores, corroborando a consolidação do processo de
expansão econômica. A ampliação dos fluxos de comércio
internacional, igualmente generalizada entre as regiões, é mais
uma evidência da disseminação do dinamismo econômico,
que se reflete sobre as trajetórias das importações e das
exportações. A inflação encontra-se contida nas diversas
regiões, mas apresenta alguns sinais de aceleração mais intensa
onde o aquecimento econômico mostra-se mais pronunciado,
como em Minas Gerais que registrou, entre os estados, a maior
taxa para os preços livres no ano, até agosto.
As magnitudes e as características do atual ciclo de
expansão divergem, naturalmente, de região para região,
em linha com suas especificidades, tais como composição
setorial da atividade econômica, participação relativa
das atividades industriais e impactos do crescimento da
renda. De maneira geral, são perceptíveis, sobretudo nos
dados de vendas do comércio, os impactos da recuperação
agrícola sobre as economias do Sul e Centro-Oeste e dos
efeitos dos programas de transferência de renda no Norte
e Nordeste. Do mesmo modo, a indústria apresenta maior
dinamismo nas regiões em que as atividades concentram-se
na produção de equipamentos de transporte, particularmente
automóveis, cuja demanda segue impulsionada pela melhora
nas condições do mercado de crédito; e naquelas em que a
indústria extrativa mineral, estimulada pelas exportações
crescentes, exerce papel preponderante.
A economia da região Norte experimenta expansão
acentuada, apresentando, de janeiro a julho deste ano,
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o maior aumento no volume de vendas varejistas entre
as regiões, 10,3%. Da mesma maneira, a geração de
emprego registra elevação robusta na região, em especial
nos setores de construção civil, serviços e comércio, e as
vendas externas, particularmente de produtos básicos, têm
acompanhado o desempenho positivo observado em âmbito
nacional. Assinale-se que a indústria amazonense tem se
ressentido da perda de competitividade de seus produtos
no comércio internacional, em especial no que se refere à
indústria de itens eletrônicos e de comunicação. Em sentido
inverso, a indústria do Pará, particularmente a extrativa,
segue se beneficiando da expansão da demanda externa,
com as exportações de minerais metálicos registrando
aumentos expressivos nos últimos anos, trajetória mantida
no trimestre encerrado em julho deste ano, em relação ao
mesmo período de 2006.
Na região Nordeste, o crescimento das vendas no
varejo segue se destacando em 2007, beneficiado, a exemplo
da Região Norte, tanto pela expansão do crédito quanto pela
elevação da renda disponível proporcionada pelos recursos
dos programas sociais de transferência de renda do governo
federal. Sazonalmente, as vendas na região Nordeste foram
impulsionadas pelo período de festas juninas, com maiores
efeitos em Pernambuco e na Bahia. A economia nordestina
também se favoreceu da expansão das exportações, que
atingiram nível recorde para o trimestre maio a julho, com
destaque para as expansões nas vendas de produtos básicos,
refletindo os maiores embarques de minério de ferro, e
de manufaturados, influenciados pelas vendas de resina
politereftalato de etila (PET), em decorrência da implantação,
em Pernambuco, da maior fábrica mundial desse produto, em
fevereiro. A produção industrial da região, embora apresente
tendência positiva, manteve-se relativamente estável de maio
a julho, relativamente ao trimestre encerrado em abril, mas
vem mostrando oscilações, ao longo do ano, associadas às
manutenções técnicas no processo de refino e exploração de
óleo, segmento importante no setor secundário nordestino.
Como contraponto à evolução favorável dos indicadores
econômicos no Nordeste, ressalte-se que a escassez de
chuva nos últimos meses provocou a revisão das estimativas
para o desempenho agrícola regional, reduzindo a previsão
da safra para este ano, sobretudo no Ceará. Ainda assim,
prevalece o prognóstico de expansão na produção para
culturas importantes da região como soja, milho, algodão,
mandioca e cana-de-açúcar.
A recuperação do setor agropecuário tem beneficiado
a economia no Centro-Oeste. O comércio e a indústria
mostram tendência positiva, a despeito do comportamento
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ainda instável ao longo dos últimos meses, e taxas de
crescimento, no ano, próximas às das demais regiões do
país, contrariamente ao observado em 2006, quando a região
apresentou desempenho bastante inferior, influenciado pela
redução de renda no campo. Assinale-se que a expansão das
exportações de minerais e produtos agrícolas, em especial
do complexo soja, vem exercendo importante estímulo
à economia do Centro-Oeste. Nesse cenário, a região
registrou, de janeiro a julho deste ano, relativamente a igual
período de 2006, o maior crescimento regional na criação
de empregos.
Na região Sudeste, seguiu-se destacando o dinamismo
da indústria, impulsionado por desempenhos favoráveis em
todos estados e, particularmente em Minas Gerais e São
Paulo, cujas produções indústriais registraram, no trimestre
encerrado em julho, ante o trimestre finalizado em abril,
altas significativamente maiores do que a média nacional.
Ressalte-se que a atividade fabril nesses estados tem sido
beneficiada pela expansão da produção de bens de consumo
duráveis, com ênfase em automóveis e componentes,
segmentos nos quais o aumento da demanda reflete, entre
outros fatores, a ampliação da renda e, principalmente,
do crédito. Além da indústria, os indicadores da região
ratificaram a continuidade dos ciclos de expansão da geração
de emprego, das vendas varejistas e dos fluxos de comércio
com o exterior. Em relação à atividade agropecuária,
ressalte-se o avanço da lavoura de cana-de-açúcar sobre
áreas anteriormente destinadas a outras culturas, em especial
à soja e a pastagens.
A economia da região Sul, a exemplo do registrado
no Centro-Oeste, tem sido influenciada, ao longo deste
ano, pela recuperação do setor agropecuário. Os efeitos são
percebidos tanto na elevação da produção agrícola, como
na retomada da expansão industrial, que concentra parte
significativa de suas atividades na produção de insumos e
equipamentos para a agricultura. No período maio a julho,
a expansão industrial seguiu mostrando vigor, evidenciado
em aumentos significativos na produção e no número de
ocupados. A geração de empregos no Sul, nos primeiros sete
meses de 2007, superou, acentuadamente, a de igual período
de 2006, com destaque para os setores industrial, comércio
e construção civil.
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