- Associação Brasileira de Horticultura

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Controle da Mosca Branca na Cultura do Tomateiro, Por Meio de
Diferentes Inseticidas Aplicados Via Drench.
José Usan Torres Brandão Filho1; Osni Callegari1; Luciano Hiroyuki Kajihara2; Almir
José Peretto.
Depto. De Agronomia/UEM, Av. Colombo 5.790, 87020-900, [email protected], Maringá-PR. 2Hokko do
1
Brasil-Ind. Quím. E Agropec. Ltda.
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência de alguns inseticidas
aplicados no colo da planta em diferentes doses visando o controle da mosca branca
(Bemisia argentifolli) na cultura do tomateiro. Assim, conduziu-se o presente trabalho no
município de Maringá – PR. no mês de fevereiro 2003 num plantio de tomate híbrido
Débora Plus cultivado a céu aberto, utilizando-se o delineamento estatístico experimental
de blocos ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos avaliados
foram os inseticidas clothianidin 500 g/kg PM em três doses (5,00 g, 7,50 g e 10,00 g
i.a./20 L de água), thiametoxan 250 g/kg WG (7,50 g i.a./20 L), imidacloprid 700 g/kg
GRDA (10,50 g i.a./20 L) e testemunha sem inseticidas. A aplicação foi realizada
imediatamente após o transplante das mudas na forma de um jato dirigido à base (colo)
da planta, com a finalidade de molhar (drench) o solo em contato com a mesma. Os
resultados mostraram que o tratamento com o inseticida clothianidin na dose de 10,00 g i.
a./20 L de água, controlou com boa eficiência o ataque da mosca branca nas plantas de
tomate até aos 15 dias após a aplicação.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Bemisia argentifolli, clothianidin, imidacloprid,
thiametoxan, drench.
ABSTRACT
Control of silverleaf withefly on tomato crop with insecticides to the drench
application. The aim of this work was to evaluate the efficiency of insecticides applied at
different rates on the control of silverleaf withfly (Bemisia argentifolli), in tomato crop with
drench application. This research was carried out in Maringá city, Paraná State, during
February 2003, on tomato crop hybrid Debora Plus under unprotected conditions, using a
randomized blocks design with six treatments and four replicates. The treatments
evaluated were insecticides clothianidin 500 g/kg WP in three rates (5.00 g, 7.50 g and
10.00 g a. i./20 L water), thiametoxan 250 g/kg WG (7.50 g a.i./20 L), imidacloprid 700
g/kg GRDA (10.50 g a.i./20 L) and check without insecticides. Spraying was accomplished
immediately after transplantation of the seedling in drench application on base plant. The
results showed that clothianidin applied at 10.00 g a.i./20 L provided efficient control of
whitefly up to 15 days after application.
Keywords: Lycopersicon esculentum, Bemisia argentifolli, clothianidin, imidacloprid,
thiametoxan, drench application.
Vários fatores têm dificultado o aumento da produtividade para a cultura do
tomateiro, dentre os quais, as pragas assumem um papel de relevada importância.
Os geminivirus, transmitidos pela mosca branca (Bemisia tabaci e B. argentifolii)
apresentam-se como um dos principais fatores limitantes na produção de tomate na
região Nordeste do Brasil, acarretando, em algumas áreas, perdas de até 100% (Bezerra
et al., 1997).
Dessa forma, a mosca branca pode causar danos à cultura do tomateiro tanto na
fase adulta como na de ninfa. Nas plantas de tomate, produz danos diretos pela sucção
da seiva, com conseqüente indução do amadurecimento irregular dos frutos, prejudicando
sua qualidade comercial e favorecendo o aparecimento de fumagina (fungos que se
nutrem de excreções açucaradas dos insetos). Além disso, são insetos vetores de
geminiviroses, provocando indiretamente prejuízos maiores, mesmo quando presentes
em baixas populações (Ferreira & Ávidos, 1998).
Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência de alguns
inseticidas aplicados na forma de esguicho direcionado à base (colo) da planta (drench),
na cultura do tomateiro conduzida a céu aberto, visando o controle da mosca branca
(Bemisia argentifolii).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no município de Maringá – PR no mês de fevereiro de
2003, utilizando-se o cultivar de tomate “Débora Plus”. As mudas foram produzidas em
bandejas multicelulares de poliestireno expandido com 200 células. A semeadura foi
realizada no dia 22.01.03 e o transplante das mudas 22 dias após a semeadura, no
sistema de linhas simples e condução das plantas a ser realizada na forma de
tutoramento em “V” a céu aberto. O espaçamento utilizado foi de 0,25 m entre plantas x
1,50 m entre linhas. As irrigações foram sempre realizadas por meio de gotejadores nas
linhas de plantio. Utilizou-se o delineamento estatístico experimental de blocos ao acaso
com seis tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi constituída por uma área de
5,52 m2 (1,30 m de largura x 4,25 m de comprimento), sendo formada por uma linha de
plantio com 17 plantas. Dessa forma, a área total do experimento foi de 133,48 m2. Para
efeito de avaliações, foram consideradas como parcela útil, as 13 plantas centrais de
cada parcela, desprezando-se as duas de cada extremidade. Os tratamentos estudados
com os ingredientes ativos e as respectivas doses utilizadas encontram-se relacionados
nas Tabelas 1 e 2. Os produtos inseticidas nas respectivas doses estudadas foram
aplicados imediatamente após o transplante das mudas para o local definitivo (canteiros),
no dia 13.02.03. Essas aplicações foram em forma de esguicho onde cada planta
recebeu a dose pré-determinada de acordo com cada tratamento. Esse esguicho era
direcionado à base (colo) da planta, com a finalidade de molhar (drench) o solo em
contato com a muda pela solução inseticida. Para tanto, utilizou-se um aparelho costal
específico para proporcionar o referido esguicho, o qual (aparelho) à base de CO2, foi
regulado para a pressão constante de 25 PSI, equipado com um bico específico para
proporcionar o esguicho direcionado ao colo da planta. A vazão utilizada foi de 35,0 mL
de calda para cada planta, o que permitiu um gasto de 1074,0 L. de calda inseticida por
hectare. Foram realizadas cinco avaliações visando verificar o índice de ataque de mosca
branca (Bemisia argentifolii) nas plantas de tomateiro da área experimental. Tais
avaliações foram realizadas aos 01, 04, 07, 10 e 15 DAA (Dias Após a Aplicação),
respectivamente nos dias 14.02, 17.02, 20.02, 23.02 e 28.02.03. Para tanto, utilizou-se
como metodologia, a contagem do número de adultos vivos de mosca branca
encontrados nas 13 plantas das parcelas úteis. Essas contagens sempre foram
realizadas por meio de dois avaliadores, onde cada planta, ainda pequena, era tocada
vigorosamente com as mãos, com a finalidade de provocar o vôo dos referidos insetos
(moscas brancas). Dessa forma, o número de insetos presentes em cada planta era
anotado pelos dois avaliadores, com o objetivo de eliminar possíveis erros de contagem.
Para efeito de cálculos e de análise estatística utilizou-se a soma do total de moscas
brancas encontradas nas 13 plantas de cada parcela útil e, a média aritmética das quatro
repetições expressou o nível de ataque em cada tratamento. Os resultados foram
submetidos à análise de variância pelo teste F. Em seguida, as médias foram
transformadas para
x  0,5 e comparadas entre si por meio do teste de Tukey, em nível
de 5% de probabilidade. As porcentagens de eficiência dos inseticidas testados foram
calculadas pela fórmula de Abbott, de acordo com Nakano et al. (1981).
Tabela 1. Inseticidas utilizados, com os respectivos ingredientes ativos, formulações,
grupos químicos e classes toxicológicas. Maringá – PR, 2003
Ingrediente ativo
Formulação
Grupo químico
Clothianidin 500 g/kg
Pó molhável
Neonicotinóide
Imidacloprid 700 g/kg
Grânulos dispersíveis
Nitroguanidinas
Thiametoxan 250 g/kg
Granulado dispersível
Neonicotinóide
Classe
toxicológica
*
IV
III
* Produto em fase de registro e classe toxicológica não definida.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 encontram-se os resultados obtidos segundo as avaliações realizadas
ao longo do trabalho. De acordo com os dados obtidos no tratamento testemunha,
observa-se índice crescente de ataque mosca branca (Bemisia argentifolii) nas plantas de
tomateiro até o final do ensaio.
Tabela 2. Efeitos dos tratamentos com inseticidas aplicados via “drench” na cultura do
tomateiro, visando o controle da mosca branca (Bemisia argentifolli). Maringá –
PR, 2003
Tratamentos
Doses2
Médias1 do número de insetos por parcela
(ingredientes
(i.a./20 L )
01 DAA 04 DAA
07 DAA
10 DAA 15 DAA
ativos)
1-Clothianidin
500
8,25 a
2,00 b
17,25 b
22,50 b
35,00 b
5,00 g
g/kg
2-Clothianidin
500
7,25 a
1,75 b
9,50 c
15,25 b
25,50 bc
7,50 g
g/kg
3-Clothianidin
500
7,25 a
0,50 b
6,50 c
9,00 b
14,50 c
10,00 g
g/kg
4-Thiametoxan 250
5,75 a
0,75 b
8,50 c
12,50 b
19,00 c
7,50 g
g/kg
5-Imidacloprid 700
11,75 a
2,25 b
11,50 bc
13,25 b
20,25 c
10,50 g
g/kg
6-Testemunha
--13,25 a
13,75 a
41,25 a
65,00 a
72,25 a
C. V. (%)
--17,21
21,39
9,86
16,31
11,36
As médias apresentadas referem-se ao número de adultos de moscas brancas encontradas vivas em 13
plantas de tomateiro por parcela nas quatro repetições. Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não
diferem entre si, pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade.
1
2
Doses dos produtos comerciais por 20 litros de água.
No decorrer dos trabalhos, o controle foi significativo para todos os tratamentos
com inseticidas aplicados no “colo” das plantas nas doses testadas, porém com
comportamentos diferenciados de controle entre as doses e os produtos testados a partir
de sete dias após a aplicação. Dessa forma, os tratamentos constituídos pelos inseticidas
clothianidin nas doses de 7,50 g e 10,00 g i.a./20 L; thiametoxan na dose de 7,50 g i.a./20
L e imidacloprid na dose de 10,50 g i.a./20 L reduziram o nível populacional da mosca
branca em níveis significativos até aos 15 DAA.
Entretanto, quando se observam os índices de eficiências obtidos (Tabela 3), o
inseticida clothianidin na dose de 10,00 g i.a./20 L de água apresentou tendência de
melhor controle, ao reduzir o índice de adultos de mosca branca (Bemisia argentifolii) nas
plantas de tomateiro acima de 80% em relação à testemunha, até os 15 DAA,
demonstrando bom efeito residual de controle até essa data.
Tabela 3. Porcentagens de eficiência dos tratamentos com inseticidas aplicados via
“drench” na cultura do tomate, visando o controle da mosca branca (Bemisia
argentifolli). Maringá – PR, 2003
Porcentagens de eficiência1
Doses
Tratamentos
(i.a./100L)
01 DAA 04 DAA 07 DAA 10 DAA 15 DAA
1-Clothianidin 500 g/kg
5,00 g
37,7
85,4
58,2
65,4
51,6
2-Clothianidin 500 g/kg
7,50 g
45,3
87,3
77,0
76,5
64,7
3-Clothianidin 500 g/kg
10,00 g
45,3
96,4
84,2
86,2
80,0
4-Thiametoxan 250 g/kg 10,50 g
56,6
94,5
79,4
80,8
73,7
5-Imidacloprid 700 g/kg
7,50 g
11,3
83,6
72,1
79,6
72,0
1
Porcentagem de eficiência calculada de acordo com a fórmula de Abbott.
LITERATURA CITADA
BEZERRA, I.C. LIMA, M.F.; RIBEIRO, S.G.; GIORDANO, L.B.; ÁVILA, A.C. Occurrence of
geminivírus in tomato producing áreas in submedio São Francisco. Fitopatologia
Brasileira. 22 (Suplemento): p.331, 1997.
FERREIRA, L.T.; ÁVIDOS, M.F.D. Mosca branca: presença indesejável no Brasil.
Biotecnologia – Ciência e Desenvolvimento. Brasília, n.4, 1998, p.22-26.
NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R.A. Entomologia Econômica. São Paulo:
Livroceres, 1981, 314p.
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