Investigação “screening” da presença de metais em tintas para

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Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
Investigação “screening” da presença de metais em tintas para
tatuagens por fluorescência de raios X
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Juliana Terra (PQ), Gustavo G. Shimamoto (PG)*, Selma G. A. Pacheco (PG),
1
Maria Izabel M. S. Bueno (PQ)
1
IQ – UNICAMP, CP 6154, CEP 13083-970, Campinas-SP, Brasil. *e-mail: [email protected]
2
FACCAMP, Rua Guatemala nº167, Jd. América, Campo Limpo Paulista-SP, CEP 13231-230.
Palavras Chave: metais, tintas, tatuagem, fluorescência de raios X.
Introdução
A prática da tatuagem é realizada há vários séculos
com o propósito de enfeitar o corpo e incluir-se em
determinado grupo sociocultural. A popularidade da
tatuagem tem aumentado entre homens e mulheres
de diversas faixas etárias e grupos sociais.
Os diversos pigmentos utilizados nessas tintas
podem ser derivados de sais de cobalto, de cádmio,
de mercúrio, de manganês. Além disso, são
utilizados também óxido de ferro, sulfeto de cádmio,
1
dióxido de titânio e o óxido de zinco . Vários desses
compostos citados são prejudiciais à saúde, mesmo
2
em
baixas
concentrações .
Problemas
dermatológicos podem surgir em função do contato
íntimo e constante entre a pele e os pigmentos.
Neste contexto, um estudo com diversas tintas
brasileiras para tatuagens foi realizado com o
objetivo de identificar e quantificar os metais
presentes. As análises foram feitas utilizando a
técnica de fluorescência de raios X (FRX),
espectrômetro Shimatzu®, modelo EDX-700 com
tubo de Rh e detector semicondutor de Si(Li). Os
teores de metais foram quantificados, segundo o
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Método dos Parâmetros Fundamentais .
Resultados e Discussão
Para este estudo, foram utilizadas amostras das
mais diversas colorações e tonalidades: branco,
vermelho, marrom, rosa, amarelo, laranja, verde,
azul e preto. Os elementos identificados na maior
parte das amostras foram o Fe (97%) e Si (52%). A
presença de Fe está relacionada às misturas de
óxidos de ferro, que conferem principalmente
coloração marrom, vermelho e rosa, sendo
amplamente aplicado nas indústrias de pigmentos;
enquanto o silício está relacionado à matriz das
amostras. Os principais metais considerados de alta
toxicidade encontrados nas tintas foram Mn e Ti,
além de Cr, que é considerado alergênico.
A exposição ao Mn está relacionada com
problemas neurológicos, diminuição das funções
intelectuais e sintomas psiquiátricos similares à
4
doença de Parkinson . Apesar da larga e intensa
aplicação do TiO2, este composto tem sido
caracterizado como uma substância potencialmente
cancerígena. Por fim, de acordo com Basketter et al.
para garantir a saúde do usuário com exposição
a
36 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
constante a Cr em produtos aderidos à pele, sua
concentração não devem ultrapassar 1 ppm (mg/kg).
Esse contexto reforça a necessidade de uma
atenção especial dos reguladores públicos.
As faixas de concentração de todos os elementos
detectados estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Informações obtidas para os elementos
presentes nas amostras de tinta para tatuagem.
Elemento
Si
P
S
K
Ca
Ti
Cr
Mn
Fe
Zr
Faixa
(102 mg kg-1)
2,3 - 13
1,6 - 4,2
0,171 - 0,7
0,036 - 0,07695
0,024 - 0,24
1 – 21
0,090 - 0,664
0,045 – 3,3
0,308 - 24
0,0116 - 0,028
% de amostras que
apresentaram o elemento
52
7
24
4
38
47
9
23
97
4
Antes preocupada exclusivamente com possíveis
doenças proporcionadas por agulhas e acessórios
utilizados na realização de tatuagem, a ANVISA
estendeu, em 2010, a obrigatoriedade de
regularização das tintas utilizadas para esta prática.
Apesar de ser um primeiro passo, a legislação
corrente não estabelece quais os metais que podem
estar presentes nestas amostras e nem a
concentração dos mesmos.
Conclusões
Os resultados obtidos permitiram verificar que a
proposta, envolvendo a técnica de FRX, pode ser
uma alternativa rápida, de baixo custo e sem
consumo de reagentes para verificar e quantificar
metais nas tintas para tatuagem.
Agradecimentos
À CAPES, ao CNPq e à FAPESP.
____________________
1
Kaatz, M.; Elsner, P.; Bauer, A. Clin. Dermatol. 2008, 26, 35
Basketter, D. A.; Angelini, G.; Ingber, A.; Kern, P. S.; Menné, T.
Contact Dermatitis 2003, 49, 1.
3
Jenkins, R.; De Vries, J. L.; Practical X-Ray Spectrometry, 2nd ed.,
Springer: New York, 1970.
4
Hernández, R. B.; Farina, M.; Espósito, B. P.; Souza-Pinto, N. C.;
Barbosa Jr, F.; Suñol, C. Tocicol. Sci. 2011, 124(2), 414.
2
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