FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO E A

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UFPB – PRG _____________________________________________________________X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA 4CEDFEMT02 FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO E A FORMAÇÃO DOCENTE (1) (3) Joseane Abílio de Sousa Ferreira Maria do Socorro Xavier Batista Centro de Educação/Departamento de Fundamentação da Educação/MONITORIA RESUMO Este trabalho apresenta resultados preliminares das atividades realizadas no projeto de monitoria denominado Fundamentos sociológicos da educação do campo e a formação de educadores. O texto faz uma breve análise acerca da contribuição dos teóricos que desenvolveram estudos sobre a sociedade e a educação, sobretudo, as contribuições que fundamentam as práticas educativas da Educação do Campo. Apresenta as idéias dos educadores socialistas que fundamentam as propostas de educação do campo e descreve as atividades desenvolvidas, os procedimentos metodológicos e as conclusões preliminares. Introdução O presente artigo apresenta resultados preliminares das atividades realizadas no projeto de monitoria denominado Fundamentos sociológicos da educação do campo e a formação de educadores, no período de agosto a dezembro de 2006, sob orientação da professora Drª. Maria do Socorro Xavier Batista, do Departamento de Fundamentação da Educação do Centro de Educação, da UFPB. Trata­se de uma análise e reflexão sobre a contribuição dos teóricos que desenvolveram estudos voltados para questões sócias, sobretudo, as contribuições que fundamentam as práticas educativas da Educação do Campo. Este projeto tem propiciado um aprofundamento dos conhecimentos sociológicos e metodológicos fundamentais para capacitação e formação discente. Ele tem se efetivado através da execução de atividades como: acompanhamento na preparação e na realização das aulas; no estudo dos textos e nos debates em sala de aula. Este trabalho é de fundamental importância para contribuir para a capacitação discente através do aprofundamento do conhecimento sociológico das práticas educativas em seus aspectos teóricos e metodológicos, de difusão e produção do conhecimento. O conhecimento sociológico como fundamento da formação de educadores O conhecimento sociológico é de fundamental importância para a formação dos educadores. A disciplina Sociologia da Educação aparece como obrigatória nos fundamentos teórico­metodológicos da educação. Sendo a pedagogia um campo interdisciplinar, estuda a educação e suas relações com o meio; no caso desta disciplina estudamos a educação, a sociedade e os enfoques teóricos. Sociologia que contribuem para compreensão crítica das relações sociais, políticas, econômicas e culturais; no qual o contexto educacional contribui para um a formação humanizadora, ética e acima de tudo crítica. Que seja capaz de formar indivíduos que transformem a realidade e entendem as funções das coisas. Trata­se de uma pesquisa de grande relevância, pois trabalha com questões que discutem como e quais as contribuições do pensamento dos grandes sociólogos: Emile Durkheim, Karl Marx, Louis Althusser e Antonio Gramsci. Numa perspectiva da construção de uma pesquisa que promova um real aprendizado para a capacitação discente, nos aspectos teóricos, metodológicos e na produção do conhecimento. A educação comporta todos os processos que contribuem para a formação e mudança da consciência e do caráter das pessoas. A análise da vida social fundamentava­se em uma dialética que tentava ocasionar mudança através de fatos concretos. É não, ter na educação o meio de dominação política, que servi a conduta do comunismo. Marx enfatiza que a mudança organizacional tem que ser na estrutura social, quando diz que: (...) A educação é peculiar no sentido de que...” de um lado, é preciso que as circunstâncias sociais mudem para que se estabeleça um sistema adequado de educação, mas, de outro lado é necessário um sistema educacional adequado para produzir­se a mudança das circunstâncias sociais” (MARX,1964, p.83). ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ (1) (3) Monitor(a) bolsi sta(a) Prof(a) Ori ent ador(a)/Coordenador(a).
UFPB – PRG _____________________________________________________________X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA Visto que, as estruturas sociais econômicas, ideológicas e políticas são interligadas com as contradições internas desta luta de classes. Neste contexto, a divisão social do trabalho e os interesses do capital, legitimam e corroboram as desigualdades sociais. A função básica da educação é justamente a de transmitir os valores morais, o professor exerce o seu poder em nome da sociedade instituída. Os fatos sociais são considerados como externo e coercitivos de que a relação entre educação e sociedade, abriu as portas do conflito em educação. Dessa maneira, o meio social é analisado como local de uma enorme segmentação, diferentes grupos lutando por recursos limitados. A educação do Campo como uma política voltada para formação de sujeitos autônomos. O movimento de lutas por uma educação do campo vem­se construindo historicamente num processo lento que remonta às lutas dos setores populares por educação e de uma luta por espaço para todos e pela igualdade social. A Educação do Campo difere da Educação rural por apresentar interesses dos camponeses que são divergentes das práticas sociais e educativas dos latifundiários. O conceito de educação rural remete­se à maneira com a sociedade concebia o meio rural; como um espaço de dependência e aplicabilidade dos conhecimentos produzidos na zona urbana. Como uma educação atrasada, precária e de baixa qualidade; norteada por princípios pensados e elaborados por sujeitos que nem conheçam e não participam daquela vivência. Para o movimento Por uma Educação Básica do Campo, que congrega os vários movimentos camponeses e pensar o campo como território alcançado e a Educação do Campo como tarefa intrínseca ao desenvolvimento dos sujeitos do campo, que vivem e constroem histórias a cada dia. As reflexões sobre estas práticas vislumbram questões que partam dos saberes construídos no território, de forma que a teoria se processe a partir da prática. Que os sujeitos da Educação do Campo sejam sujeitos do campo: os agricultores, camponeses, assentados, ribeirinhos, lavradores, bóias­frias e roceiros. Neste sentido, esses grupos sociais necessitam de uma política educacional própria que atenda e garanta o desenvolvimento cultural e socioeconômico, de maneira à fortalecer e organizar suas relações sociais legitimando assim, suas identidades e culturas. Uma educação que viabilize a importância de permanência na terra, valorizando o local e suas produções; analisando suas dimensões sociais e políticas. Como afirma Molina (2004) quando diz que só possível com uma educação voltada para os seus interesses, suas necessidades, suas identidades, aspectos não considerados pelo paradigma da educação rural. A Educação do Campo precisa contribuir com as mediações do território da agricultura familiar, aprofundando suas concepções num discurso coletivo que contribua para desconstrução da relação hierárquica que há entre campo e cidade, propiciando assim, que haja a concretização de uma complementaridade entre campo e cidade para o desenvolvimento socioeconômico de uma determinada localidade. Deste modo a educação do campo contribui para a formulação de um pensamento contra­hegemônico, o qual visa a formação de sujeitos capazes de transformação. Nesse processo de educação é de grande relevância as dimensões da pedagogia Crítica possibilitando a reflexão da práxis educativa; a Pedagogia do Oprimido voltada para o diálogo e a emancipação; e por último, a Pedagogia do Movimento na qual remete­se as experiências dos próprios movimentos sociais. O pensamento educacional socialista fundamentou os movimentos sociais na construção e elaboração de uma pedagogia que inspira a Educação do Campo. Especialmente as idéias do educador Pistrak e do pedagogo Makarenko, dos quais o movimento busca elementos para estabelecer uma relação entre trabalho e educação, na perspectiva de proporcionar uma educação que rompa a dicotomia entre trabalho manual e intelectual. O trabalho como princípio educativo que permeia todas as práticas educativas, ocasionando um procedimento pedagógico que reúna ensino e trabalho prático e produtivo. A educação proposta por esses educadores socialistas Pistrak e Makarenko encontra­ se inserida num processo de maior amplitude do que simplesmente escola quanto espaço físico. Esta se pauta por uma formação integral e uma educação politécnica. Desta forma a escola estaria estruturada e organizada segundo a orientação de todos os envolvidos no trabalho. Segundo Leudeman (2002, p. 278)
UFPB – PRG _____________________________________________________________X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA Para Makarenco, a vida prática seria o critério do trabalho vivo da pedagogia comunista. No lugar dos parâmetros ideais, eternos e absolutos, Makarenco definiu as tarefas concretas: produto de um planejamento consciente, racional, das necessidades sociais, sempre em transformação, num processo dialético. Pistrak (1981) é um educador socialista que desenvolveu suas idéias na União Soviética Socialista que entendia a Escola do Trabalho como um instrumento capaz de possibilitar ao ser humano a compreensão do seu papel na luta internacional contra o capitalismo, o espaço ocupado pela classe trabalhadora nessa luta para que cada um saiba, no seu espaço, travar a luta contra as velhas estruturas. A Escola do Trabalho fundamentar­se­ia no estudo das relações do homem com a realidade atual e na auto­organização dos alunos. Deste modo, a educação precisa ser construída mediante as necessidades das massas, mas sem torna­se massificada. Tendo o princípio da coletividade como eixo norteador dos conhecimentos discutidos, abordados e elaborados em qualquer local, não necessariamente a instituição escolar. A educação socialista acredita que as crianças são sujeitos fundamentais para alcançarmos o objetivo da educação comunista. Formação na fase inicial para os direitos coletivos e igualdade social. Propiciando um aprendizado que comungue com a prática social da realidade dos educandos; enfocando diretrizes pedagógicas que reúna e reflita os resultados da produção acadêmica no trabalho realizado. Para tanto, é preciso que seja ofertada uma formação docente que inclua: 1. Projeto político pedagógico da Educação do Campo estruturado na realidade do campo e organização um perfil profissional dos educadores do campo; 2. Garantia de uma formação profissional e docente gratuita, específica e de qualidade; 3. Diferença no modo de avaliação para o ingresso em concursos, por tratar de educadores que trabalham em redes de escolas do campo; 4. Propiciar uma qualificação que valorize os profissionais com: espaço físico adequado, piso salarial e perspectivas de atuação nesta linha, bem como, políticas de real atuação no campo educacional. Se faz pertinente uma reflexão crítica sobre a prática educativa no campo, torna­se uma exigência tanto da relação teoria/prática como da metodologia aplicada ­ por tratar de pedagogias fundadas na ética e no respeito à cultura e dignidade ­ a ação pedagógica permeada por mudanças. O fato de prática educativa estar ligada com a formação específica dos educadores é por ambas serem pré­requisitos para a promoção de uma prática enquanto campo social da formação humana. A Educação do Campo corrobora como as idéias da Reforma Agrária, da agricultura camponesa e as da agroecologia popular; quando assume uma postura que luta em contraposição à visão capitalista de enxergar o campo como local de mão de­obra barata a serviço dom mercado. A luta dos Movimentos Sociais Por Uma Educação do Campo não requer somente o direito à educação, mas o direito de acesso no e do campo. Que de acordo com Caldart (2002) é definida por: No: o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o povo tem o direito a uma educação pensada desde o seu lugar é com a sua participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas e sociais. Com vista nisto, não se trata de uma discussão meramente da comunidade ou de um determinado meio, a grande questão é de acesso às políticas públicas, pois somente assim, o problema terá uma proeminência maior, universalizando a educação como direito de todos os povos do campo. É claro que a política educacional descrita pelos os movimentos sociais torna­se muito mais utópica do que uma política de possíveis condições de concretização. Pelo o fato do desenvolvimento de suas atividades estarem imersos em relações sociais conflitantes e excludentes. Considerações finais As analises que empreendemos até o momento sobre as proposições do movimento por uma educação do campo nos faz perceber um avanço em termos das elaborações teóricas, das reflexões que os movimentos sociais vêm proporcionando para a teoria educacional, bem como para desenvolver novas metodologias e práticas educativas que
UFPB – PRG _____________________________________________________________X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA possibilitem aos educandos uma participação ativa não só no processo educacional mas também, na luta pela ampliação dos direitos sociais e especialmente o direito à educação por parte dos camponeses, de todos os povos do campo, que ao longo do processo histórico brasileiro sofreram múltiplas exclusões especialmente no tocante ao acesso à educação de qualidade e voltada para seus interesses. Referências CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra. São Paulo: Expressão Popular, 2004, p. 315­405. FREIRE, Paulo.Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa/Paulo Freire.­ São Paulo:Paz e Terra, 1996.­ (Coleção Leitura) LEUDEMAN, Cecília da Silveira. Anton Makarenko vida e obra­ a pedagogia na revolução/ Cecília da Silveira Leudeman.­ São Paulo: Expressõa Pupular, 2002. MAKARENKO, Anton S. Problemas da educação escolar. Moscovo: Progresso, 1986. OLINA, Mônica Catagna. Desafios para os Educadores e as Educadoras do Campo. In: KOLLING, Edgar J., CERIOLI, Paulo Ricardo, CALDART, Roseli Salete. Educação do campo: identidade e políticas públicas. Brasília: Articulação Nacional Por Uma Educação do Campo, 2002, caderno 4. PISTRAK. Fundamentos da Escola do Trabalho. São Paulo: Brasiliense, 1981, pp. 07­23. (Tradução: Daniel Aarão Reis Filho)
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