EsquizofrEnia

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Esquizofrenia
O transtorno esquizofrênico é uma doença heterogênea caracterizada pela presença de
sintomas psicóticos com precária consciência da doença (insight) em relação aos seus sintomas e a
sua condição clínica geral. Fatores neurobiológicos e vulnerabilidade a estressores associam-se e são reforçados por dificuldades e experiências
traumáticas. Acomete cerca de 1% da população independentemente de etnia1, afetando igualmente homens e mulheres. Os sintomas raramente
se iniciam antes da puberdade e após os 50 anos. Porém o início é mais precoce no homem e, nas mulheres, o curso pode ser mais brando com
melhor prognóstico e possibilidade de adaptação social. O início pode se manifestar de forma aguda com comportamento seriamente perturbado
ou insidioso, com desenvolvimento gradual de ideias e condutas estranhas.
Sintomas característicos do transtorno esquizofrênico indicam a profunda perda da relação Eu—mundo pela fusão entre o ser do paciente
e o mundo externo.
Principais sintomas
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Percepção delirante: significação delirante de uma percepção normal, uma espécie de revelação;
Alucinações auditivas: caracterizadas por vozes que comentam ou comandam as ações do paciente;
Eco do pensamento: o paciente escuta os seus próprios pensamentos;
Difusão do pensamento: seus pensamentos podem ser ouvidos ou percebidos por outras pessoas;
Roubo do pensamento: seu pensamento é extraído de sua mente como se fosse roubado;
Vivências de influência na esfera corporal: uma força ou um ser externo influencia as funções de seu corpo;
Vivências de influência sobre o pensamento: o paciente recebe pensamentos de fora ou os mesmos lhe são impostos.
Recentemente, os quadros esquizofrênicos têm sido diferenciados em três subtipos principais:
Síndrome positiva ou produtiva
Caracterizada pela presença de manifestações novas, floridas e produtivas denominadas “sintomas positivos”.
1. 2.
3. 4. 5. 6. Alucinações, ilusões, ou pseudoalucinações auditivas, visuais ou de outro tipo;
Ideias delirantes de conteúdo paranoide ou autorreferente, de influência ou de outra natureza;
Comportamento bizarro e atos impulsivos;
Agitação psicomotora;
Ideias bizarras;
Produções linguísticas novas como neologismos e parafasias.
Síndrome negativa ou deficitária
Caracterizada pela perda de certas funções psíquicas e empobrecimento global da vida afetiva, cognitiva e social do
individuo, pelo embotamento, distanciamento afetivo e retração social, denominado por Bleuler de síndrome autistica.
1. 2. 3. 4. 5. Distanciamento afetivo: perda da capacidade de sintonizar afetivamente no contato interpessoal;
Retração social: isolamento progressivo do convívio social;
Diminuição da fluência verbal;
Empobrecimento da linguagem e do pensamento;
Diminuição da vontade e dificuldade ou incapacidade de realizar ações, tarefas, trabalhos que exijam iniciativa e organização
comportamental e persistência;
6. Negligência em relação a si;
7. Lentificação e empobrecimento psicomotor.
Síndrome desorganizada
Corresponde ao subtipo de esquizofrenia hebefrênica.
1. Pensamento desorganizado: vai do leve afrouxamento das associações até a total desagregação com pensamento incompreensível;
2. Comportamentos desorganizados e incompreensíveis (bizarros);
3. Afeto inadequado, ambivalente e pueril (infantil).
Uma das principais dimensões do prognóstico da esquizofrenia é o ajustamento social. Apresentam-se, em geral, fragilizados, com
dificuldades no relacionamento com outras pessoas, nas atividades de trabalho, isolados socialmente e dependentes de seus familiares.
Transtorno afetivo bipolar
O Transtorno afetivo bipolar (TAB), antes denominado “psicose maníaco-depressiva”, é um transtorno mental caracterizado por pelo menos dois
episódios repetidos nos quais o humor e os níveis de atividade do paciente estão significativamente perturbados com alternância entre episódios de elevação
do humor e aumento da atividade (mania) e rebaixamento do humor e diminuição da atividade e energia (depressão) ou ainda podendo ocorrer episódios com
sintomas maníacos e depressivos (mistos). Afeta cerca de 1,2% da população geral com início prevalente na adolescência, sendo que cerca de 10% a 20%
dos adultos relatam seus primeiros sintomas antes dos dez anos. Não há diferença entre os sexos para o TAB.
Os episódios de alterações do humor podem se alternar entre crises depressivas, maníacas, hipomaníacas (mania com sintomas mais leves)
ou episódios mistos. O transtorno pode evoluir com ou sem períodos de eutimia (humor sem alterações) ou ainda com ciclagem de episódios de (hipo)
mania para episódios depressivos ou mistos. (CID-10)
Sintomas de mania
Duração de pelo menos uma semana ou sintomas suficientemente graves para alterar as atividades sociais.
Humor varia de levemente eufórico a uma excitação incontrolável;
Aumento da autoestima, fazendo o paciente se sentir superior;
Sentimento de engrandecimento do Eu;
Diminuição da necessidade de sono;
Produção verbal muito rápida, fluente e persistente, podendo
apresentar perda das concatenações lógicas;
Tendência irresistível de falar sem parar;
Atenção voluntária diminuída e espontânea aumentada
(distraibilidade);
Agitação psicomotora;
Irritabilidade até a franca agressividade, algumas vezes sem objetivos
precisos;
Arrogância;
Desinibição social e sexual com comportamentos inadequados;
Tendência geral a comprar objetos ou a dar seus pertences;
Ideias de grandeza, de poder, de importância social, podendo chegar a
delírios de grandeza ou de poder;
Alucinações geralmente auditivas com conteúdo de grandeza.
Ideias de culpa ou de arrependimento, ruminações com mágoas antigas;
Ideias de morte, pensamentos, planos ou atos suicidas;
Déficit de atenção, concentração e memória;
Dificuldade para tomar decisões;
Autoestima diminuída;
Lentificação psicomotora;
Diminuição e lentificação da fala com empobrecimento do conteúdo;
Recusa à alimentação, interação pessoal (negativismo);
Delírios de ruína, de miséria, de culpa;
Preocupação excessiva com doenças;
Alucinações geralmente auditivas com conteúdos depressivos;
Ideias paranoides congruentes com o humor depressivo.
Sintomas de depressão
Duração dos sintomas por pelo menos duas semanas.
Tristeza, melancolia, indiferença afetiva, sentimento de falta de
sentimento (não consegue sentir mais nada), tédio, aborrecimento
crônico, irritabilidade aumentada, angústia, ansiedade, desespero,
desesperança;
Incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida (anedonia);
Fadiga, cansaço fácil, sente o corpo pesado;
Desânimo, diminuição da vontade;
Aumento (hipersonia) ou diminuição (insonia) do sono;
Perda ou aumento do apetite;
Diminuição do desejo (libido) e da resposta sexual (disfunção erétil,
orgasmo retardado ou abolido);
Ideias negativas, pessimismo;
Os episódios podem ser caracterizados como leves, moderados ou graves com ou sem sintomas psicóticos (delirios e alucinações).
Por exemplo, a pessoa em mania acredita que é extremamente rica ou ainda que é uma pessoa famosa. O abuso de álcool e de outras drogas
também é frequente.
O tratamento é fundamental para a remissão dos episódios e para a prevenção de recaídas. A presença de sintomas residuais pode
aumentar o risco da ocorrência de novos episódios. Um dos fatores de risco mais associados à recorrência de episódios é a não aderência ao
tratamento, tendo em vista o caráter crônico do transtorno, assim como a necessidade de tratamento em longo prazo e o desconhecimento sobre
os efeitos das medicações.
Referências:
1. Regier DA, Narrow WE, Rae DS, Manderscheid RW, Locke BZ, Goodwin FK. The de facto US mental and addictive disorders service system. Epidemiologic catchment area
prospective 1-year prevalence rates of disorders and services. Archives of General Psychiatry. 1993 Feb;50(2):85-94.
2. Mueser KT and McGurk SR. Schizophrenia. Lancet. 2004 Jun 19;363(9426):2063-2072.
3. Kessler RC, Berglund P, Demler O, Jin R, Merikangas KR, Walters EE. Lifetime prevalence and age-of-onset distributions of DSM-IV disorders in the National Comorbidity Survey
Replication. Arch Gen Psychiatry. 2005 Jun;62(6):593-602.
4. Goodwin FK, Jamison KR. (2007) Manic-Depressive Illness: Bipolar Disorders and Recurrent Depression, Second Edition. Oxford University Press:New York.
5. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Coord. Organiz. Mund. Da Saúde; trad. Dorgival Caetano.
Porto Alegre, 1993.
6. Dalgalarrondo P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2ª. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
7. Shirakawa I, Mari JJ, Chaves AC (Eds).O desafio da Esquizofrenia. São Paulo: Lemos editorial, 1998.
8. PORTO, J. A. (Org.); Del Porto KO (Org.); Grinberg LP (Org.). Transtorno Bipolar: fenomenologia, clínica e terapêutica. 1. ed. São Paulo - Rio de Janeiro: Atheneu, 2009. v. 1. 688 p.
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1621577 - produzido em julho/2011
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