ó – As observações de Warren e Wellek (197- , p. 120) norteiam o olhar sobre a fonte antiga a medida que observam que a posição social do escritor está fundida com a o estudo do público a que este se dirige e do qual depende financeiramente. Segundo eles: ―Até mesmo o patrono aristocrático é um público - e, muitas vezes, um público exigente, que espera da obra não só uma adulação pessoal, mas também um conformismo com as convenções de sua classe‖. O trabalho do historiador consiste, portanto em problematizar a fonte literária e buscar nela aspectos da sociedade na qual ela foi criada. Os autores Warren e Wellek estabelecem quais relações poder-se-ia buscar na literatura para entender a sociedade na qual ela foi criada e tratam também dos limites da mesma nessa busca. Os autores defendem que não se pode, por exemplo, estabelecer uma simples relação entre a vida e a obra do autor, pois essa relação é algo bem mais complexo do que uma relação de causa e efeito (WARREN; WELLEK, 197- , p. 89-91). Tratam também da dificuldade de estabelecer elementos que, com segurança, sejam autobiográficos. Tratando das relações entre a literatura e a sociedade, que afinal seria aquela que interessaria a pesquisa histórica, os autores enumeram os vários pontos que devem ser pensados na análise (WARREN; WELLEK, 197- , p. 115): Temos, primeiramente, a sociologia do escritor e da profissão e das instituições da literatura, toda a questão da base econômica da produção literária, a origem e a condição social do escritor, a sua ideologia social, que pode encontrar expressão em afirmações e actividades extraliterárias. Depois, temos o problema do conteúdo social, das implicações e finalidades sociais das obras literárias em si próprias. Por último, temos o problema do público e da verdadeira influência social da literatura. Todos esses são aspectos que devem ser observados e discutidos quando se elege uma fonte seja ela de qualquer período histórico. No caso de Juvenal, percebe-se que independentemente da origem social do autor, ele participa da defesa dos ideais das ordens mais altas da sociedade romana, que muito provavelmente era das classes mais altas ou ainda, dependia delas para suas publicações. A fim de se entender a fonte aqui apresentada é preciso destacar alguns pontos e características a respeito do gênero escrito por Juvenal, a sátira. Nesse gênero literário que possui regras específicas é bastante comum, e até mesmo tradicional, o ataque aos problemas morais e à vida cotidiana (VITORINO, 2006, p. 268). 490