a formação do professor e a sua preparação para utilizar

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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A SUA PREPARAÇÃO PARA UTILIZAR AS
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO
Tecnologias e mídias educacionais
Claudimery Chagas Dzierva – Mestranda PUC- PR
Elisete Matos – Professora PUC-PR
Resumo
Este texto apresenta uma reflexão sobre o professor e sua preparação para o uso
das TICs. Parte de uma análise de estamos vivendo em um mundo em constante
evolução, para as quais as transformações são marcantes e aceleradas. Sendo
assim a evolução desta sociedade exige um educador atualizado, em contínuo
processo de reflexão, em busca de uma autonomia com responsabilidade sobre
seus atos. Questiona-se então se os cursos de formação profissional
acompanham este desenvolvimento? Diante dessa argumentação encontra-se o
objeto dessa investigação, o profissional em formação não está recebendo uma
formação “que o auxilie a ajustar sua didática às novas realidades da sociedade,
do
conhecimento,
do
aluno,
dos
diversos
universos
culturais...”(LIBÂNEO,2001,p.10), o educador já formado, resiste às mudanças,
teme as inovações, como pode então ensinar, num sociedade que respira
desenvolvimento e crescimento, que vêm criando novas formas de convivência,
novos textos, novas leituras, novas escritas onde o aprimoramento deu espaço a
criação de ferramentas que modificam as formas de interação, em tempos e
espaços nunca antes imaginados Atualmente são muitos os profissionais adeptos
de recursos tecnológicos, mas, “o valor da tecnologia não está nela em si mesma,
mas depende do uso que dela fazemos. Portanto a eficiência ou eficácia de um
recurso na educação depende mais de quem o utiliza, da forma e freqüência com
que o professor o aplica em suas aulas. Para fazer parte da tecnologia de
informação e comunicação é preciso inovar a prática docente, Coscarelli(2002) diz
também que “o atributo de velho ou novo não está no produto, no artefato em si
mesmo, ou na cronologia das invenções, mas depende da significação do
humano, do uso que fazemos dele”.
Palavras-chave: evolução – sociedade – professor – formação – tecnologia
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A SUA PREPARAÇÃO PARA UTILIZAR AS
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO
Tecnologias e mídias educacionais
Claudimery Chagas Dzierva – Mestranda PUC- PR
Elisete Lucia de Matos – Professora PUC-PR
INTRODUÇÃO
Ao refletirmos sobre o desenvolvimento da sociedade, e inserido a isto está o
desenvolvimento do homem, constatamos que não existiria evolução social se o
homem não fosse um ser em constante transformação. Viajando no tempo, no
início da vida humana podemos encontrar dados que comprovam o quanto o
homem é um ser dotado de potencialidades e capacidades, exemplo disso seria a
observação que fez da natureza. O homem primitivo, percebendo seu ambiente e
seu ciclo de vida compreendeu-se como parte desse ciclo, foi capaz de registrar
suas observações com tal habilidade que desde então vem utilizando esses
registros para criar artefatos cada vez mais aprimorados, satisfazendo e
atendendo às suas necessidades e desejos mais imediatos.
Ao adquirir cultura, desenvolveu também uma determinada tecnologia, a qual
esteve presente desde o momento da criação de objetos para defesa, de uso
pessoal, da invenção da roda e de instrumentos de trabalho. Todos com o
propósito de dar ao cotidiano segurança, conforto e controle do ambiente a sua
volta.
Nesta crescente evolução, o homem passou por fases de grande crescimento
e aprimoramento. Estes momentos de conquistas foram perpetuados por meio da
comunicação, primeiramente através da linguagem de gestos e ritos, chegando a
uma oralidade mais complexa a fala e por último a escrita, que passa a ser um
“meio” de registro e preservação da cultura desenvolvida para a transmissão às
novas gerações. Com esta linguagem o homem encontra o recurso necessário
para manter vivos os saberes adquiridos ao longo do tempo.
Atualmente tem-se a disposição diferentes instrumentos para manter a
memória das civilizações e a segurança do acervo cultural alcançado, garantindo
a continuidade histórica. O acesso a esses instrumentos, que são os registros da
evolução da humanidade, é proporcionado em vários ambientes, como a escola,
que oportuniza através da habilitação à leitura e a escrita o conhecimento cultural
acervado por tantas gerações. Na escola, que tem como um dos seus objetivos a
“formação comum indispensável para o exercício da cidadania”(Art.22, Lei n.º
9394/96), todas as ciências estão presentes, tendo no professor o mediador que,
com uso de diferentes metodologias, explora com os aprendizes todo o
conhecimento desenvolvido e acumulado pelo homem ao longo de sua história.
Desta forma, é necessário salientar que os recursos para a aquisição de
conhecimento e informação estão transformando as relações de tempo e espaço.
O educador que possui esta nova concepção, em sala de aula utiliza novas
ferramentas, cria um novo ambiente de ensino-aprendizagem, construindo uma
nova articulação entre tecnologia e educação.
Diante desse contexto social e educacional é pertinente investigar: O que é
necessário na preparação
inicial e continuada, nos cursos de formação de
professores, para um melhor reconhecimento da utilização das tecnologias da
informação e da comunicação na educação?
Sociedade, Tecnologia e o Professor
Ao se estudar o desenvolvimento tecnológico e sua relação com a sociedade, não
pode-se deixar de lado o que defendiam Marx e Engels, segundo Mion e Saito (2001,122):
( ... )o conhecimento científico-tecnológico e, por extensão, os equipamentos
tecnológicos estão aí e podem aliviar a população – os seres humanos – do fardo pesado
de trabalho, da ignorância, das crenças, da fome, da miséria e da opressão. Se a
população ainda não tem acesso a esse conhecimento científico e se este não faz parte do
nosso universo cultural, não é culpa da ciência, da tecnologia ou da população.
O pensamento desses dois filósofos, do século passado, nunca esteve tão
atual, suas colocações são pertinentes e relevantes, fazendo uma análise da
sociedade atual, fica claro que as evoluções pela quais a humanidade passou, não
foram capazes de minimizar as dificuldades e desigualdades sociais permitindo
que todos, sem distinção, tivessem acesso às transformações ocorridas. O que se
percebe é que a tecnologia desenvolvida, à serviço do homem, para facilitar o seu
dia-a-dia, promete melhores condições de vida, o problema está em como esta
evolução chega a cada pessoa e se chega que meios tem este cidadão para dela
apropriar-se?
Muitas
vezes,
algumas
pessoas vivem
à
margem
dessa
transformações, passando pela vida sem se quer conhecê-las. Sendo assim, à luz
desse pensamento se faz necessário uma análise do desenvolvimento
tecnológico-científico-social, para chegar a refletir sobre o papel da escola, a
formação dos professores e as novas tecnologias.
Vivendo em um mundo em constante evolução, as transformações são
marcantes e aceleradas. Do homem que começou registrando suas observações,
sentimentos e informações utilizando-se das paredes das cavernas com pedaços
de carvão e pedra, a partir disso e passando por várias transformações criou a
consciência de seus atos, passou a ser o “cidadão” que com um simples toque no
teclado de um computador registra e ou recebe um sem-número de informações
eliminando distâncias, rompendo barreiras. Em algumas fases evolutivas do
homem e da sociedade, houve um grande impacto que por vezes causou espanto,
medo, insegurança, interesse. Esses fatores dependiam do momento, do
indivíduo, de suas relações grupais, do papel social exercido, etc. As grandes
mudanças estão carregadas de certezas e dúvidas, pois o homem evolui de um
estágio para o outro constantemente, buscando aprimoramento, conforto,
tranqüilidade, segurança e poder, visando melhoria da qualidade de vida.
Nem sempre esta busca foi coerente e sadia. Temos exemplos de que na
“sede” pelo desenvolvimento o homem usou e abusou da sua capacidade
intelectual e do poder, para em beneficio próprio alcançar condições de vida mais
favoráveis, “o meio em que vivemos está permeado pelo uso de técnicas e
recursos tecnológicos, alguns interiorizados de tal modo que já nem são
lembrados ou considerados como tal...”(CARNEIRO,2002,p.11). Para ilustrar
podemos citar o armamento militar, a criação da bomba atômica, a exploração
desordenada da flora e fauna, as viagens espaciais. Em contra partida
encontramos pesquisas e descobertas muito positivas para a vida do homem, no
campo da ciência médica, onde instrumentos e aparelhos surgiram dando garantia
de vida às pessoas, a genética, com suas pesquisas e revelações, que almejam
mudar os rumos da história do homem na terra. Enfim, estas transformações estão
em todos os setores da vida, a ciência do pensar e do fazer, que cria conceitos e
objetos, que estuda as relações sociais e que inventa ferramentas para facilitar o
dia a dia, atingiu o cotidiano das pessoas com uma rapidez para a qual não se tem
consciência exata, nem tão pouco estamos preparados.
Analisando o processo de desenvolvimento social, podemos focar atenção
especial para a escola. Onde está e como está ela posta neste contexto evolutivo?
Se todos os setores da vida humana transformaram-se, há por parte da educação
um acompanhamento desse processo? Os Parâmetros Curriculares Nacionais
recomendam que, “...os tempos e os campos da educação devem ser repensados,
completar-se e interpenetrar-se, de modo que, cada indivíduo, ao longo de sua
vida, possa tirar o melhor proveito de um ambiente educativo em constante
transformação.”( PCN,1998,p.17). Analisando a caminhada realizada pela escola
poderemos refletir o quanto esta já se transformou e ainda passa por
transformações. Nas escolas em que existiam as classes multi-seriadas, temos
hoje uma estrutura organizada por ciclos que atendem a parâmetros definidos
para cada etapa. Há uma preocupação com o tempo de cada aluno aprender,
respeitando o ritmo individual, a aprendizagem deve ser significativa onde o aluno
possa perceber que aquilo que aprende na escola tem aplicação em seu dia-a-dia.
Se a escola ainda tem muitos problemas a sanar, atualmente há uma questão que
precisa de atenção: a formação dos profissionais da educação. Quem é este
profissional? Em que bases fundamenta-se para pensar e agir? Que objetivos
deseja alcançar? Como reflete a respeito de sua prática, de que forma planeja,
como utiliza os recursos a sua disposição com vistas a melhorar suas
metodologias, e por fim que concepção de avaliação norteia seu fazer
pedagógico? Ao pensar um profissional assim, devemos pensar em um educador
global que tem uma visão planetária, holística, em que o todo e as partes são
interdependentes entre si. Também deve ser um profissional preparado para os
desafios
da sala de aula, comprometido com o processo educativo que se
atualiza constantemente, na medida em que as necessidades surgem, “se há algo
de realmente importante que o professor possa fazer para seus alunos é ensinarlhes a aprender e isto significa dar exemplo da necessidade e da possibilidade do
permanente aprendizado e dar testemunho de que este aprendizado é
prazeroso”.(PCNEN,2002,p.242). Não podemos mais conceber que para ser
professor seja preciso “ter dom”, pois esta era uma visão do século passado, que
representava o pensamento de uma sociedade que começava a dar os primeiros
passos permitindo a saída da mulher, do lar, ajudando no sustento da família.
Hoje as concepções são outras e temos profissionais de ambos os sexos na
escola,
portanto
precisamos
encarar
com
profissionalismo,
competência,
responsabilidade, criticidade e reflexão fundamentada na auto-observação e como
propõe os Parâmetros Curriculares Nacionais – os professores com essas novas
atitudes são promotores e partícipes de escolas que reconhecem como espaço de
formação profissional ininterrupta. (PCNEM, 2002,p.244). Se os documentos
oficiais e a constante evolução da sociedade exigem um educador atualizado, em
contínuo processo de reflexão, como indica Libâneo, em busca de uma autonomia
com responsabilidade sobre seus atos, questiona-se então se os cursos de
formação profissional acompanham este desenvolvimento?
Conclusão
Observando a realidade das escolas e do professor encontramos um
quadro preocupante: as escolas estão sucateadas, falta de profissionais em
alguns os setores, há o acumulo de funções, a estrutura física é deficitária e
caótica. Em relação ao professor o primeiro item a destacar é a falta de motivação,
em segundo a carga horária intensa, com o objetivo de melhorar o salário e a
qualidade de vida. E a grande falha está no despreparo, na falta de programas de
formação permanente, propiciados pelas instituições ou procurados pelos
professores. Diante dessa argumentação encontra-se o objeto dessa investigação,
o profissional em formação não está recebendo nas universidades uma formação
“que o auxilie a ajustar sua didática às novas realidades da sociedade, do
conhecimento, do aluno, dos diversos universos culturais...”(LIBÂNEO,2001,p.10),
o educador já formado, resiste às mudanças, teme as inovações, como pode
então ensinar, num sociedade que respira desenvolvimento e crescimento, que
vêm criando novas formas de convivência, novos textos, novas leituras, novas
escritas onde o aprimoramento deu espaço a criação de ferramentas que
modificam as formas de interação, em tempos e espaços nunca antes imaginados.
Na educação o desenvolvimento chega lento e encontram barreiras estruturais e
humanas, os métodos educacionais quando surgem permanecem por muito tempo
intocáveis, as metodologias para ensinar são repetições daquelas que o próprio
professor experimentou nos bancos escolares. Dentre os poucos recursos
tecnológicos que o professor utiliza na maioria das vezes são o giz, a lousa e o
livro didático, a TV e o vídeo cassete, quando usados por alguns profissionais,
servem para “gastar” o tempo de aula. Observa-se que alguns professores não
aplicam o recurso tecnológico como aliado ao processo ensino-aprendizagem,
pois não o contemplam no planejamento de sua disciplina, para complementar e
valorizar suas aulas. Atualmente são muitos os profissionais adeptos de recursos
tecnológicos, mas, “o valor da tecnologia não está nela em si mesma, mas
depende do uso que dela fazemos.”(COSCARELLI,2002, P.46). Sendo assim a
eficiência ou eficácia de um recurso na educação depende mais de quem o utiliza,
da forma e freqüência com que o professor o aplica em suas aulas. Muitos
educadores, não sabem ou nunca usaram e consideram desnecessário alguns
recursos. O que esta por trás de toda esta resistência às novas tecnologias
disponíveis? De acordo com Coscarelli (2002), o uso que fazemos dos recursos
tecnológicos depende do contexto institucional no qual estamos inseridos. Isto
significa dizer que muitas vezes os professores deixam de aplicar recursos
tecnológicos na sala de aula, por falta de conhecimento, de interesse em buscar
algo que atrairá mais a atenção dos alunos para atender a uma melhor
aprendizagem ou mesmo por saber que exigirá muito mais de cada um.
Para fazer parte da tecnologia de informação e comunicação é preciso
inovar a prática docente, Coscarelli(2002) diz também que “o atributo de velho ou
novo não está no produto, no artefato em si mesmo, ou na cronologia das
invenções, mas depende da significação do humano, do uso que fazemos dele”. É
necessário querer, ousar, ver o mundo de um outro modo. Perceber que hoje o
mundo exige um cidadão mais preparado, com conhecimento e informação, para
que possa agir como sujeito e não como objeto de sua história, que saiba fazer
uma leitura crítica das transformações que ocorrem em escala mundial.
Para Carneiro(2002,p.51) “...nem a escola, nem a tecnologia são neutras”.
Sendo assim o professor precisa posicionar-se, discutir a utilização das
tecnologias, estabelecer objetivos para sua aplicação, precisa tomar conhecimento
de que está acontecendo uma mudança de paradigmas na educação
acompanhada pela evolução das tecnologias, que o novo pode assustar mas não
pode intimidar.
REFERÊNCIAS
ALVES, N. ( Org.). Formação de professores: pensar e fazer. 6. Ed. São Paulo,
SP: Cortez, 2001. ( Coleção Questões da Nossa Época; v. 1).
Brasil, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da
Educação, 1999.
CARNEIRO, R. Informática na educação: representações sociais do cotidiano.
São Paulo, SP: Cortez, 2002.
( Coleção Questões da Nossa Época; v. 96).
COSCARELLI, C. V.( Org.). Novas Tecnologias, novos textos, novas formas de
pensar. Belo Horizonte, MG. Autêntica, 2002.
LIBÂNEO,J.C. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências
educacionais e profissão docente. 5. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2001. ( Coleção
Questões da Nossa Época; v. 67).
Linguagens, códigos e suas tecnologias./ Secretaria da Educação Média e
Tecnológica – Brasília: MEC; SEMTEC, 2002. ( PCN + Ensino Médio: Orientações
Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais.).
MION, R. A.; SAITO, C. H.( Org. ) Investigação-Ação: Mudando o trabalho de
formar professores. Ponta Grossa, PR: Gráfica Planeta, 2001.
MORAES, R. A Informática na educação. Rio de Janeiro, RJ: DP&A,2002. ( O
que você precisa saber sobre).
PÁTIO, Revista pedagógica. Porto Alegre, RG. ARTMED, Ano 2002.
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