Gramática a favor da leitura e da escrita

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Prática Pedagógica
Gramática a favor da
leitura e da escrita
O tempo de pedir a classificação de frases
descontextualizadas ficou para trás. Aprenda como
trabalhar o tema durante o estudo dos textos de diversos
gêneros
Elisângela Fernandes
Imagine-se tendo de escrever uma oração
coordenada assindética e conjugar o verbo "ver"
na segunda pessoa do plural do pretérito
imperfeito do subjuntivo. Lembrou-se do tempo
de escola? Felizmente, o objetivo das aulas de
Língua Portuguesa não é mais classificar frases
soltas ou apenas decorar nomenclaturas e
conjugações, e sim formar leitores e escritores
competentes. Para isso, é necessário ensinar a
análise linguística do texto, que é o grande objeto
de estudo. É aí que entra a gramática.
De acordo com Jacqueline Peixoto Barbosa, docente da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), "a gramática precisa estar a serviço das práticas
de linguagem e adquirir esse conhecimento leva tempo para os alunos".
Conforme eles aprendem os conceitos que regem o funcionamento da língua,
vão se tornando mais críticos e conscientes das estratégias que possuem para
compreender a leitura e se fazer entender por meio da escrita.
A maioria dos professores, porém, segue ensinando da forma tradicional, sem
articular a gramática com o texto. Quem aderiu à nova concepção também
enfrenta problemas, pois não aprendeu como deve ser esse trabalho. "A questão
não está resolvida nem na escola nem na academia", diz Roxane Rojo, docente
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "A análise linguística ficou
restrita às características gerais de cada gênero, mas isso não basta. É preciso
chegar às unidades menores."
Esse estudo minucioso não se resume à simples definição do que é verbo, sujeito
e predicado, como no passado. "A adoção de uma nomenclatura, em qualquer
campo de saber, não deve ter como fim o seu próprio aprendizado. Mas saber
nomear as partes do texto de acordo com a função que exercem nele facilita sua
descrição e análise", explica Juanito Ornelas de Avelar, professor da Unicamp e
autor do material do programa Rede São Paulo de Formação Docente (Redefor).
Para ajudar você a trabalhar a gramática de forma eficiente, apresentamos três
estratégias propostas pela pesquisadora argentina Mirta Castedo - que podem
ser realizadas desde os primeiros anos durante as atividades de análise
linguística. Elas ocorrem em pausas de um projeto, durante atividades
específicas para resolver um problema; nas situações contextualizadas, dentro
de um projeto didático; e em situações descontextualizadas, durante sequências
didáticas e atividades permanentes. Confira, nas próximas páginas, como
professoras de 4º, 7º e 9º anos as colocaram em prática.
Uma pausa para aprender mais sobre verbos
Na EMEF Professora Ana Isabel C. Ferreira, em Mogi-Mirim, a 160 quilômetros de
São Paulo, Leila Mara de Oliveira Canavesi realiza com o 4º ano o projeto
Confabulando com Fábulas, que resultará em um livro. Ela aproveita os
momentos de leitura e escrita para fazer a análise linguística e propõe atividades
contextualizadas para ensinar conteúdos gramaticais, como os verbos. Também
aborda questões de ortografia e pontuação (ponto final, parágrafo e travessão).
Ao analisar a reescrita de O Vento e o Sol, ela viu que muitas crianças usavam
"ão" para escrever os verbos no passado. Para que elas superassem o erro, Leila
fez uma pausa no projeto, pois dificilmente as fábulas teriam ações no futuro
para contrapor com outras no passado. Essa estratégia - suspender as atividades
de um projeto para que se elabore um conhecimento necessário ao andamento
dele - é uma das propostas de Mirta Castedo. Conteúdo aprendido, Leila
retornou ao planejamento, pois a turma já era capaz de solucionar o problema
detectado no início.
O Vento e o Sol
O sol e o vento estavão disputando quem era mais forte os dois virão um viajante e
o sol disse:
- Você primeiro. O vento soprou com muita força e desistiu. Então o sol brilhou com o
esplendor e assim o viajante tirou o casaco.
Moral O amor constroi, a violência arruína.
1. Passado ou futuro?
Leila pediu que os estudantes analisassem o texto à direita, retirado de um site, e
localizassem acontecimentos passados e futuros. "À medida que iam comentando,
perguntava como classificar as palavras citadas até eles se lembrarem da definição
de verbo vista dias antes, em outra atividade." Destacando alguns trechos, ela os
levou a perceber que, diferentemente do que ocorre nas fábulas, a reportagem traz
verbos no passado e no futuro.
Leia a reportagem a seguir e identifique se ela traz fatos já ocorridos ou
que vão acontecer.
Sem surpresas, Fifa anuncia sedes da Copa do Mundo de 2014
Thales Calipo
Em Nassau (Bahamas), 31/05/2009 - 15h36
O mistério chegou ao fim. Após 19 meses da escolha do Brasil como palco da Copa
do Mundo de 2014, a Fifa divulgou, neste domingo, em Nassau, nas Bahamas, o
nome das 12 sedes do Mundial. Sem muitas surpresas, foram confirmadas Belo
Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus
(AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA)
e São Paulo (SP). (...) Todos os estádios que foram indicados, por exemplo,
precisarão ser reformados ou ainda totalmente construídos. (...)
Fonte esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2009/05/31/ult59u198679.jhtm
2. O sentido é o que importa
A professora propôs a atividade à direita, informando que o desafio era garantir que
as frases estivessem gramaticalmente corretas e fossem fiéis à notícia lida. Durante
a revisão coletiva, a turma entendeu que algumas lacunas podiam ser preenchidas
tanto com "ão" como com "am", mas que para manter o sentido do texto original era
preciso fazer as escolhas adequadas.
Considere o que o grupo discutiu e preencha as lacunas usando os verbos
entre parênteses. Escolha quais deverão ser escritos no futuro.
Alguns dos estádios brasileiros necessitam de reformas urgentes. Para que possam
sediar a Copa do Mundo de 2014, alguns estádios precisarão (precisar) ser
reformados.
As partidas da Copa do Mundo acontecerão (acontecer) em doze cidades brasileiras,
mas todos os brasileiros assistirão (assistir) aos jogos pela TV. Algumas cidades
ficaram (ficar) de fora na disputa pela sede das partidas dos jogos da Copa.
Os estádios do Morumbi, em São Paulo, e do Maracanã, no Rio de Janeiro,foram
(ser) confirmados como palcos de jogos da Copa do Mundo de 2014. As cidades
escolhidas para sediar os jogos da Copa do Mundo receberão (receber) torcedores
do mundo todo.
Fonte Coletânea de Atividades - 3ª série. Ler e Escrever. Material produzido pela Secretaria da Educação do Estado de São
Paulo.
3. Do singular para o plural
De volta ao projeto, os alunos identificaram em A Lebre e a Tartaruga os verbos no
passado e, em duplas, os redigiram no passado e no futuro. Todos tiveram de ficar
atentos para não errar no plural e já que no texto eles apareciam no singular.
A Lebre e a Tartaruga
A lebre vivia a se gabar de que era o mais veloz de todos os animais. Até o dia em
que encontrou a tartaruga.
- Eu tenho certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei a vencedora -desafiou
a tartaruga.
A lebre caiu na gargalhada.
- Uma corrida? Eu e você? Essa é boa!
Fonte Fábulas de Esopo, Jean de La Fontaine, Lúcia Tulchinski (adapt.), 40 págs., Ed. Scipione, tel. 4003-3061, 31,50 reais
Veja a lista com alguns verbos que aparecem na fábula A Lebre e a
Tartaruga e escreva-os no tempo passado e no futuro
Verbo
Passado
Futuro
A lebre e a tartaruga (elas)...
A lebre e a tartaruga (elas)...
viver
viviam
viverão
encontrar
encontraram
encontrarão
desafiar
desafiaram
desafiarão
cair
caíram
cairão
4. Hora de criar a regra
As duplas analisaram o que havia em comum na terminação dos verbos e
escreveram uma possível regra para o uso do "ão" e do "am". Revisada, ela foi parar
num cartaz.
Dupla 1 No Futuro acaba com ão e o passado com am.
Dupla 2 Nós usamos am no final porque está no passado e usamos ão no final
porque está no futuro.
Dupla 3 O ão significa futuro e o am passado.
Quando o verbo está no PASSADO e se refere a mais de uma pessoa, termina com
AM. Quando o verbo está no FUTURO e se refere a mais de uma pessoa, termina
com ÃO.
O estudo da coesão dentro e fora do projeto
Em 2011, os alunos do 7º ano da Escola Castanheiras, em Santana de Parnaíba,
região metropolitana de São Paulo, escreveram uma revista. Para dar cabo da
tarefa, a professora Silvia Letícia de Andrade ensinou crônica narrativa, notícia,
entrevista, artigo de opinião, resenha crítica e reportagem. Ela tratou dos
marcadores de coesão textual - em especial os pronomes, as conjunções e os
casos de elipse do sujeito. Em atividades de leitura e escrita, ensinou como usálos para indicar informações novas e retomá- las, evitando repetições. "A turma
tinha de ver esses elementos como instrumentos para a construção dos textos."
A professora utilizou duas estratégias propostas por Mirta Castedo. Primeiro,
aproveitou as situações descontextualizadas. Sem relação com o projeto didático
em andamento, elas serviram para ensinar conteúdos previstos, como o conceito
de sujeito. De volta ao projeto, propôs situações em que a turma podia
aproveitar o conhecimento construído para resolver problemas de coesão
surgidos durante a produção das reportagens.
1. Foco no sujeito
Numa pausa do projeto de produção da revista, Silvia explicou à turma o que são os
períodos simples e compostos, além da função de cada expressão ou palavra dentro
das orações. Para que os alunos identificassem e classificassem o sujeito,
localizassem o núcleo dele e a classe gramatical do núcleo, a professora entregou a
crônica à direita, em que ela introduziu repetições intencionalmente.
O trecho abaixo é uma adaptação do início da crônica Quando Se É Jovem e
Forte, de Affonso Romano de Sant'Anna. Leia-o e faça a atividade.
Uma vez uma mulher me disse: vocês jovens não sabem a força que têm. A mulher
falava isso como se a mulher colocasse uma coroa de louros num herói. A mulher
falava isto como se não apenas eu, mas todos os jovens fôssemos um grego
olímpico ou um daqueles índios parrudões nos rituais da reserva Xingu.
De certa maneira, a mulher dizia: vocês têm o cetro na mão. E eu, jovem, tendo o
cetro na mão, não o via.
Aquela frase me fez olhar a mulher de onde a mulher falava: do lugar da não
juventude. A mulher expressava seu encantamento a partir de uma lacuna. A mulher
se colocava propositadamente no crepúsculo e com suas palavras me iluminava.
Reescreva o texto, eliminando as repetições da expressão "a mulher".
Uma vez uma mulher me disse: vocês jovens não sabem a força de têm. Ela
falava isto como se colocasse uma coroa de louros num herói. Falava isto como
se não apenas eu, mas todos os jovens fôssemos um grego olímpico ou um
daqueles índios parrudões nos rituais da reserva do Xingu. De certa maneira, a
mulher dizia: vocês têm o cetro na mão. E eu, jovem, tendo o cetro, não o via.
Reescrita sem repetições
A professora pediu que os jovens reescrevessem o texto evitando usar tantas vezes
a palavra "mulher". Eles deram conta da tarefa (veja o exemplo acima). Depois da
correção coletiva, todos receberam o original da crônica e discutiram os recursos
empregados pelo autor para evitar as repetições sem mudança de sentido. Por fim,
Silvia listou os recursos gramaticais utilizados pelos próprios alunos durante a tarefa
e fez a sistematização. "Eles reconheceram que a adaptação que eu distribuí era
cansativa e pobre. A importância da releitura e da revisão do texto, assim, se tornou
clara para todos."
2. Organização textual
Durante o trabalho de conceitualização do sujeito, iniciou-se a leitura de reportagens,
como a mostrada à direita. Em seguida, a turma observou os elementos que
ajudaram na organização textual, como pronomes e contrações, usados para evitar
repetições.
Leia e identifique elementos que colaboram na organização textual
Eu tenho nome
Pipa, Bacalhau, Rolha de Poço, Quatro-Olhos, Lombriga, Nerd, Gaguinha... Na hora
de inventar apelidos idiotas, a galera esbanja criatividade! Se a gente fosse fazer
uma lista deles, pode apostar, ela não acabaria nunca! Essa história de ficar zoando
com os amigos, colocando neles apelidos maldosos, é uma tremenda sacanagem.
Quando um colega aponta o outro na hora do recreio e fala "Lá vai a Baleia fora
d?água", a intenção pode até ser divertir a turma, provocando risos em uns e outros.
Mas na verdade, o que acaba causando é muita mágoa em quem está na berlinda,
sendo alvo da gozação. Então, nesse tipo de "brincadeira", não tem nada de
engraçado, não. Atitudes que ofendem e magoam não têm nada de divertido. Quem
já sentiu na pele a dor de receber um apelido desses sabe disso muito bem.
Fonte Revista Atrevidinha, nº 11, março de 2005.
Um sujeito, diferentes termos
Silvia propôs que os alunos realizassem com ela a atividade à direita. Dessa
maneira, ela mostrou como os sujeitos eram recuperados pelo autor do texto para
garantir a coerência dele. A turma identificou diferentes exemplos. Na frase "Se a
gente fosse fazer uma lista deles, ela não acabaria nunca!", o sujeito ela (um
pronome) substitui uma lista, termo já citado. Para retomar "nesse tipo de
brincadeira", o autor escreveu "atitudes que ofendem e magoam".
Complete o quadro com os sujeitos relacionados aos verbos da primeira
coluna e com a forma alternativa como são citados.
Verbo
Esbanja
Sujeito
Outra forma como
aparece no texto
A galera
Não aparece
Fosse fazer A gente
Não aparece
Acabaria
Uma lista
Ela
Aponta
Acaba
causando
Um colega
Um colega (oculto)
Oculto
Um colega
Tem
Nesse tipo de brincadeira
Atitudes que ofendem e
magoam
Têm
Atitudes que ofendem e magoam
Nesse tipo de brincadeira
Sabe
Quem já sentiu na pele a dor de receber
um apelido desses
Não aparece
3. Produção de parágrafos
Antes de a turma escrever as reportagens, Silvia propôs um desafio: organizar
alguns dados em períodos bem elaborados, articulados entre si e sem repetições.
Eram nove parágrafos, como o mostrado à direita, que formavam o texto Ser Famoso
Não É Troféu. Para ajudar, ela apresentou uma lista de pronomes e expressões de
explicação e causa, citação, oposição e conclusão, além das temporais. Cada aluno
passou seu texto para um colega revisar. Na hora da correção coletiva, todos
receberam um modelo com uma das possíveis construções para comparar com as
suas e depois socializaram as diferentes formas de produzir os parágrafos.
Organize as informações apresentadas em parágrafos. Eles devem formar
um texto coeso.
Dados
O professor de teatro Beto Silveira, de 54 anos, tem uma opinião. Essa opinião é
uma má notícia para quem acredita já ter nascido pronto para ser artista. A opinião
do professor Beto Silveira é a de que o segredo do sucesso na profissão é trabalho e
não talento. "Acabou o tempo de pensar que os artistas são inspirados por Deus."
Parágrafo
Segundo o professor de teatro Beto Silveira "acabou o tempo de pensar que os
artistas são inspirados por Deus" - má notícia para aqueles que acreditam ter
nascido prontos para o sucesso.
Numa sequência didática, o uso das conjunções
Os alunos do 9º ano da Escola Verde Que Te Quero Verde, em São Vicente, a 77
quilômetros de São Paulo, estudaram artigo de opinião. Patricia Maraccini Nusa
incluiu numa sequência didática atividades sobre a função das conjunções e
demonstrou como elas podem produzir sentidos e ajudar na produção de textos
argumentativos. As atividades de análise e reflexão sobre a língua ocorreram em
paralelo às de leitura e escrita e foram planejadas para promover a reflexão
sobre as características do gênero. Os alunos escreveram artigos e, na revisão,
focaram o uso das conjunções.
O trabalho feito por Patricia se enquadra no que Mirta Castedo chama de
situações descontextualizadas, que são realizadas em sequências didáticas e
atividades permanentes. Esses momentos permitem mostrar à turma, de forma
coordenada, informações surgidas em diferentes contextos. Além disso,
possibilitam discutir conteúdos não incluídos no material trabalhado ao longo do
projeto. Esse conhecimento acaba sendo recuperado em futuras produções de
textos.
1. Em destaque, as conjunções
Depois da leitura e da análise do artigo à direita, Patricia elegeu conjunções
coordenativas e subordinativas presentes nele. "É mais fácil aprendê-las ao mesmo
tempo do que separadas." Ela destacou apenas as que julgou serem familiares aos
alunos e recorrentes em suas produções.
Troque os termos destacados por outros.
Quando Termina a Adolescência?
(...) Agora as crianças já começam a se comportar como adolescentes muito tempo
antes de a puberdade se manifestar e continuam se comportando e vivendo assim
por muito mais tempo. Mas essa fase tem de terminar perto dos 20 anos.
(...) Qual a diferença entre o adulto e o adolescente? Justamente essa: o adolescente
ainda está a caminho de ter autonomia sobre sua vida. Os pais, mesmo que à
distância e discretamente, ainda tutelam os passos do filho adolescente, e não sem
razão. É que, para estes, ainda é prioritário e natural pensar primeiro no tempo
presente, no prazer, na diversão, e só depois - às vezes tarde demais - nas
consequências que suas atitudes e comportamentos podem provocar...
(...) Situações desse tipo não faltam numa sociedade que trata seus cidadãos de
modo infantilizado e os faz acreditar - e muitos acreditam - que isso é feito para o
bem-estar deles. Por isso, é bom que pais e educadores pensem com carinho na
educação que praticam: para que crianças e adolescentes atinjam a vida adulta é
preciso que sejam tratados de modo coerente e sejam responsabilizados, pouco a
pouco, por aquilo que são capazes de arcar.
Fonte blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2007-05-16_2007-05-31.html. Publicado em 22/5/2007
Termos com o mesmo sentido
Após a substituição das palavras marcadas por outras, como as relacionadas à
direita, todos discutiram se as produções tinham preservado o sentido original. Veio,
então, a questão: "Considerando o aspecto gramatical, o que essas palavras têm em
comum?" Só depois de ouvir as respostas, a professora disse que a conjunção é
uma classe gramatical e apresentou exemplos. Para explicar a função que ela exerce
no texto, aproveitou a fala dos estudantes.
Mas = Contudo
Mesmo que = Embora
E = Mas também
Por isso = Portanto
Mas = Entretanto
Mesmo que = Desde que
E = Seja
Por isso = Portanto
2. Na gramática, outros exemplos
Como tarefa para casa, a professora pediu que os alunos fizessem uma pesquisa
sobre as conjunções em uma gramática. Na aula seguinte, eles confrontaram a
tarefa com as hipóteses e observações levantadas anteriormente e se admiraram
com a quantidade de exemplos encontrados. A professora explicou que não era
necessário decorar todas nem mesmo classificá-las de forma rígida. O importante,
ela avisou, era compreender a acepção que apresentavam no texto e apresentou
diferentes trechos em que as conjunções apareciam.
3. A função no texto
A turma já conhecia vários tipos de conjunção, mas precisava refletir mais sobre seu
uso. Patricia propôs atividades em que era preciso identificá-las, indicar o(s)
sentido(s) delas ou substituí-las mantendo o sentido, como no poema à direita.
Durante a correção, ela perguntou se o "e" em destaque tinha o sentido de adição.
Todos entenderam a quebra de expectativa que o "e" traz ao poema, pela ideia de
adversidade. Depois, analisaram outros textos para determinar a função dessa
conjunção.
Leia o poema de Millôr Fernandes a seguir e escreva qual o sentido da
conjunção "e" destacada. Explique.
Poeminha Tentando Justificar Minha Incultura
Ler na cama
É uma difícil operação
Me viro e me reviro
E não encontro posição.
Mas se, afinal,
Consigo um cômodo abandono,
Pego no sono
O "e" tem o sentido de mas e não de adição.
4. Diferentes sentidos
Depois de ler os versos da canção à direita, os alunos responderam que a conjunção
"como" traz o significado de comparação. A professora explicou que ela também
pode aparecer como conjunção causal. Na gramática, eles verificaram que, quando
dois elementos coordenados, num processo de correlação, aparecem iniciados pela
conjunção "ou", eles obrigatoriamente se excluem. No trecho da canção, verificaram
que o sentido de exclusão também pode aparecer com a presença de apenas um
"ou".
Indique o sentido das conjunções destacadas deste trecho da canção Roda
Viva, de Chico Buarque de Hollanda.
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
O "como" mostra a comparação entre duas coisas e o "ou" dá a ideia de exclusão.
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http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2007-05-16_2007-05-31.html
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 254, 01 de Agosto de 2012
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